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SISTEMA DE GESTÃO PARA RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL E VOLUMOSOS 

Situação 1 – Regiões onde as organizações já se acham em processo de consolidação de sua atuação como rede, com necessidade de apoio para manutenção

4.3.3. Diretrizes operacionais do programa

Como mencionado anteriormente, entende-se que, este programa deve seguir diretrizes gerais institucionais e operacionais definidas consensualmente pelo Consórcio, mas deve também manter a flexibilidade operacional no sentido de, sem perder os benefícios regionais de ganhos de escala e escopo, respeitar algumas especificidades locais. Estas especificidades incluem tanto o perfil mais geral dos Municípios, pequeno e médio porte, como o perfil dos catadores, o modo de atuação dos mesmos em cada cidade, incluindo os outros agentes que também atuam na coleta seletiva no nível local. Por outro lado, os diagnósticos municipais deixam clara a baixa produtividade dos sistemas atualmente em execução21, reforçando assim uma necessidade de reformulação destes programas.

Em linhas gerais as diretrizes operacionais propostas incluem as modalidades de coleta (PEVs e PaP), a setorização/ área de abrangência dos agentes executores, a definição destes agentes e de suas atribuições, bem como as etapas que sucedem a coleta – beneficiamento e comercialização – buscando assim trabalhar na perspectiva do fomento da cadeia produtiva de recicláveis. Neste sentido indicam-se algumas diretrizes:

– promoção da interlocução entre o poder público local e os agentes envolvidos em programas de coleta seletiva na perspectiva de definição dos modelos mais adequados caso a caso, com a clara definição da atribuição de cada parte envolvida;

19 Durante pronunciamento oficial do Ministro do Meio Ambiente no Festival Lixo & Cidadania, realizado

em setembro de 2009 e divulgação na página eletrônica do Ministério.

20 Fonte: Agência Brasil, no Rio. 15/10/2009, às 18h54 por Vladimir Platonow. 21 De acordo com os diagnósticos municipais, em particular capítulos 5, 6 e 7.

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– formalização e legalização das organizações de catadores e, eventualmente, constituição de novas organizações;

– capacitação dos catadores, considerando a perspectiva de formação de uma rede como proposto nas diretrizes gerais do programa;

– implantação de programas piloto, no sentido de validar os modelos propostos, definindo a modalidade a ser adotada e a área de abrangência de cada um dos agentes envolvidos na coleta;

– estruturação de galpões/unidades de triagem existentes e, se necessário implantação de novas unidades locais ou intermunicipais;

– desenvolvimento de ações informativas e educativas, e

– criação de Central regional de Beneficiamento e Comercialização.

Algumas considerações são apresentadas sobre as duas modalidades de coleta propostas.

Coleta: modalidade PEVs

Ressalta-se que na RMGV a modalidade de coleta seletiva sob a forma de PEVs é a mais difundida atualmente em termos de volume coletado, o que não necessariamente signifique ser a mais adequada vista a baixa produtividade dos programas na região. Por outro lado, uma das diretrizes para o manejo dos resíduos da construção civil (RCC), objeto deste capitulo, é a implantação de Pontos de Entrega para RCC, que recebam também materiais recicláveis, oriundos dos resíduos domiciliares e comerciais, seguindo assim a mesma modalidade dos PEVs. Na proposta apresentada para o manejo dos RCCs, a remoção dos materiais recicláveis ficaria sob responsabilidade prioritária de organizações de catadores, podendo ser removido também por outros agentes executores que venham a ser envolvidos.

Entende-se, contudo, que o sucesso desta modalidade depende da cooperação dos geradores destes tipos de materiais no sentido de encaminha-los voluntariamente a estes pontos de entrega. Esta adesão pode ser maximizada por meio de campanhas de orientação e sensibilização, cujas diretrizes estão descritas no Capítulo 7 Diretrizes para o Programa de Educação Ambiental, Mobilização Social e Comunicação, deste capitulo.

Estes materiais seriam, posteriormente, encaminhados aos galpões de triagem, gerenciados pelas organizações de catadores, para beneficiamento primário. As organizações de catadores dos Municípios de maior porte da RMGV – Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra - já dispõem destes espaços. Necessitam, contudo de investimentos para melhor estruturação. Esta necessidade foi, inclusive apontada no

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estudo “Projetos para o desenvolvimento da Cadeia Recicláveis na Grande Vitória”22, que chegou a estimar valores para as referidas reformas.

A fim de expandir a abrangência do programa, deve-se considerar a necessidade de ampliação progressiva do numero de galpões para estocagem, triagem e beneficiamento primário dos materiais coletados.

No caso dos Municípios de Viana e Fundão, de porte populacional menor e, até a data de realização dos mapeamentos citados no item 4.2 deste capítulo, não acusaram a presença de organizações de catadores, caberia avaliar de que forma os materiais seriam recolhidos dos PEVs.

Para o Município de Guarapari, que apresenta porte populacional intermediário e tem forte apelo turístico, com expressiva geração de recicláveis, especialmente em épocas de férias, caberia um estudo mais detalhado da forma mais adequada de desenvolver o programa de coleta seletiva, considerando a implantação de galpões para estocagem e triagem.

Coleta: modalidade Porta a Porta

Atualmente esta modalidade vem sendo desenvolvida nos Municípios de Guarapari, pela associação de catadores ASCAMARG, em Cariacica, pela Associação Nova Rosa da Penha II e em Vila Velha, pela Associação ASCAVIVE.

Sugere-se o fortalecimento das ações já em andamento. No caso de ampliação para outras áreas da cidade destes Municípios e implantação em outros Municípios, o planejamento de ações-piloto é fundamental. Diante dos altos custos de transporte e como meio de garantir produtividade, uma alternativa é iniciar a implantação desta modalidade em pontos de elevada concentração de recicláveis, como repartições publicas, bairros com alta concentração de condomínios, rede pública e privada de ensino, estabelecimentos comerciais de grande porte, como shopping centers. Esta é estratégia adotada pelas organizações de catadores da RMGV que realizam a coleta desta forma.

Independe do (s) desenho (s) a ser adotado em cada Município, propõe-se que os materiais sejam encaminhados inicialmente para os galpões/unidades de triagem distribuídos entre os Municípios e, posteriormente, para uma Central de Beneficiamento e Comercialização.

A proposta é de que esta Central atenda a todos os Municípios da RMGV, o que torna de definição geográfica de sua localização estratégica para viabilizar o transporte dos materiais a partir de cada um dos Municípios.

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Este Estudo, elaborado em 2007 desenvolve uma proposta de modelo de gestão que busca articular o fluxo dos materiais reaproveitáveis, integrando as ações do poder público com as ações de mercado e inclui os quatro maiores Municípios da RMGV.

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Como citado anteriormente, uma das alternativas para a gestão desta Central é que inicialmente ela seja gerenciada pelo Consórcio Público, por meio de contratação de empresa privada, e que, gradualmente esta responsabilidade seja transferida a uma rede de catadores. Neste cenário esta rede de catadores poderia ficar responsável não apenas pela Central, mas também pelo gerenciamento das etapas anteriores, desde a coleta dos materiais nas unidades de triagem distribuídas nos Municípios da RMGV que estariam todas integradas a rede e, neste caso seriam referidas como entrepostos.

A tabela 12 e a figura 9 apresentam uma síntese do programa no que tange as responsabilidades e atribuições regionais e locais e a operacionalização do programa, respectivamente.

Tabela 12: Programa de coleta seletiva: proposta de ações e divisão das responsabilidades e atribuições

Ações Responsável

Definição das diretrizes do programa

de coleta seletiva. Consórcio público

Estruturação do programa. Consórcio público/ Município Capacitação dos catadores, visando

inclusive a estruturação em rede Consórcio público Diretrizes

Gerais

Execução operacional da coleta seletiva (contratação direta de organizações de catadores, contratação por licitação de agentes privados).

Município

Articulação dos agentes da cadeia

produtiva de recicláveis. Consorcio Público Definição do modelo a ser adotado

(modalidade, abrangência, setorização etc).

Município Definição do Programa de

mobilização social e educação ambiental e sanitária e assistência técnica aos Municípios no processo de implementação.

Consórcio público

Implementação de ações de educação ambiental e sanitária direcionadas à população para adesão efetiva ao programa.

Consórcio público/ Município Definição de instrumentos de controle

de produtividade. Consórcio público

Diretrizes Especificas Implementação de ações de monitoramento e fiscalização. Consórcio público/ Município

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Ações Responsável

Definição das diretrizes do programa

de coleta seletiva. Consórcio público

Estruturação do programa. Consórcio público/ Município Capacitação dos catadores, visando

inclusive a estruturação em rede Consórcio público Diretrizes

Gerais

Execução operacional da coleta seletiva (contratação direta de organizações de catadores, contratação por licitação de agentes privados).

Município

Cogerenciamento da Central de Beneficiamento e Comercialização, caso venha a ser criada.

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