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SISTEMA DE GESTÃO PARA RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL E VOLUMOSOS 

CAPACIDADE ÁREA DEMANDADA Triagem geral de resíduos

4. COLETA SELETIVA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

4.2. O panorama regional

O panorama regional, extraído da análise dos diagnósticos municipais, revela que a coleta seletiva e o funcionamento da cadeia produtiva dos materiais recicláveis é um desafio a ser enfrentado pelos sete Municípios da RMGV.

Como demonstrado na breve caracterização do cenário nacional, sabe-se que esta dificuldade atinge praticamente todos os Municípios brasileiros. Entretanto, como

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Excluindo-se a quantidade recolhida pela coleta seletiva de São Luis/MA – cujo valor pode ser considerado excessivo quando comparado ao de outros Municípios – a média da faixa 4 passa de 10,4 para 7,0 kg/hab./ano, o que também repercute sobre o total, reduzindo-o de 6,0 para 4,7 kg/hab./ano.

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registrado nos diagnósticos municipais, comparativamente aos parâmetros e indicadores do SNIS Resíduos Sólidos 200613, as iniciativas empreendidas na RMGV apresentaram índices de cobertura dos programas de coleta seletiva e de recuperação dos materiais recicláveis abaixo dos valores médios extraídos das amostras de Municípios similares.

Na RMGV, considerando os quatro Municípios – Vitória, Serra, Cariacica e Guarapari – que disponibilizaram informações sobre os seus programas de coleta seletiva, são coletadas mensalmente em torno de 180 toneladas de materiais recicláveis, entre as modalidades PaP e PEV, conforme tabela 10.

Tabela 10: Iniciativas de coleta seletiva desenvolvidas na RMGV

Município Quantidade coletada

(ton./mês) Modalidade de coleta

Vitória 100 PEVs (332 instalados) com apoio do

Poder Público

Vila Velha -- PaP realizada por organização de

catadores

Serra 3,2 PEVs (20 instalados) com apoio do

Poder Público

Viana -- --

Cariacica 20 PaP com apoio do Poder Público

Guarapari 58 PaP realizada por organização de

catadores

Fundão --- ---

TOTAL 181,2

Fonte: dados extraídos dos Diagnósticos Municipais (Produto 7)

Das experiências de coleta seletiva existentes no País e mais conhecidas porque participam de sistemas de informação, a exemplo do SNIS, pode-se dizer que os principais aspectos para a formulação de programas de coleta seletiva devem abordar além do índice de cobertura do serviço e da capacidade de recuperação dos materiais recicláveis, a combinação de modalidades; o conjunto dos agentes executores; e o perfil de organização dos catadores.

Salienta-se que o Estado do Espírito Santo se destaca por importantes iniciativas no campo da gestão dos resíduos sólidos, entre essas, a recente aprovação da política estadual de resíduos sólidos, o Programa Capixaba de Materiais Reaproveitáveis, o Comitê Gestor de Resíduos Sólidos (COGERES), a existência de associações de catadores, que contam inclusive com lideranças que atuam em fóruns regionais e nacionais e a rede Ecociência, que reúne empresários do Estado que operam na área do beneficiamento e reciclagem de materiais. Destaca-se, ainda, que o PDRS-RMGV

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O Ministério das Cidades divulgou o SNIS Resíduos Sólidos 2007 apenas em 17/10/2009, posteriormente à conclusão dos diagnósticos municipais e do documento com as proposições regionais, produtos que integram o PDRS-RMGV.

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constitui em si uma etapa muito importante do planejamento regionalizado que vem sendo desenvolvido pelo COMDEVIT, em um movimento estratégico de articulação do Governo Estadual e dos Municípios que integram a Região Metropolitana da Grande Vitória.

Neste sentido, as diretrizes gerais propostas para ancorar o programa de coleta seletiva de materiais recicláveis buscam superar as deficiências enfrentadas pelos Municípios e explorar o significativo potencial existente na região.

Com o objetivo de subsidiar a formulação das diretrizes gerais deste programa para a RMGV, retoma-se aqui os resultados do mapeamento dos principais agentes que participam de alguma forma da cadeia produtiva de materiais recicláveis na região. Sublinha-se, contudo, que não se tratou de um mapeamento com fins censitários14 e que certamente pode sofrer ajustes e atualizações.

A partir do mapeamento dos agentes, foi definida uma amostra15 para aplicação de questionários, elaborados especificamente para: catadores; depósitos/sucateiros e ferros velhos; empresas recicladoras.

Tabela 11: Atores mapeados na RMGV

Catadores Depósitos / Sucateiros / Ferros Velhos Emp. / Ind. Recicladoras Município

Não org. Org. Total (map.) Total (map.) Total (map.)

Vitória 254 46 300 29 - Vila Velha 370 16 386 31 - Serra 150 28 178 12 - Cariacica 10 27 37 15 - Guarapari 100 25 125 01 - Fundão 0 0 - 03 - Viana 10 0 10 03 - RMGV 1036 94 30 Total (quest.) 150 13 05

Na definição estatística da amostra, para a categoria de catadores adotou-se o cálculo para amostra estratificada e para os demais agentes a fórmula para amostra simplificada.

O universo de 150 catadores entrevistados atendeu à seguinte distribuição16: 17% de Cariacica; 48% Vitória; 8% Vila Velha; 12% Guarapari e 15% Serra.

14 Nos documentos dos diagnósticos municipais (Produto 7) encontra-se a descrição das fontes e

procedimentos adotados para a realização do mapeamento.

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O Anexo 3 dos diagnósticos municipais apresenta o embasamento estatístico adotado para definição da amostra bem como da distribuição da mesma entre o conjunto de Municípios na perspectiva de construção de um olhar regional.

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As informações contidas em cada um dos questionários permitem a construção de um panorama local, bem como regional, dos catadores no que tange ao perfil dos mesmos, a atividade em si por eles desempenhada, e, o nível de participação e organização alcançado.

Quanto ao perfil da categoria, a amostra evidenciou um nicho predominantemente masculino (66%), distribuído de forma relativamente semelhante entre catadores casados (41%) e solteiros (49%), e com uma expressiva parcela do grupo dispondo de documentação civil (82%). Apesar do baixo nível educacional (27% analfabetos e 47% com ensino fundamental incompleto) e da renda mensal individual inferior ao salário mínimo (R$ 260,00) apenas 20% do universo entrevistado estava inscrito em algum programa social.

O desemprego foi apontado por 82% como sendo a principal causa para o envolvimento com a atividade de catação, que vem sendo desempenhada entre 1 a 4 anos por 45% do grupo e entre 5 a 10 anos por 37% dos entrevistados. Apesar de 44% dos entrevistados participarem de alguma organização de catadores as condições de trabalho ainda se mostram bastante precárias, com menos de 40% do grupo dispondo de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e apenas 6% com acesso a caminhão para coleta/transporte dos materiais. A expressiva maioria dos entrevistados realiza a catação em um único Município, em geral o mesmo de sua residência, e tem como principais pontos de coleta residências, o comércio e a rua. Em termos de conhecimento de instancias formais de representatividade, um número reduzido dos entrevistados afirmou conhecer o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (26%) e o Fórum Estadual Lixo e Cidadania (29%). Com relação a participação em encontros e reuniões promovidos pela Prefeitura menos de um terço dos entrevistados afirmou haver participado, o que indica a necessidade de maior aproximação entre os gestores municipais e as organizações de catadores.

A figura 7 apresenta a distribuição espacial das oito organizações de catadores identificadas na região à ocasião do mapeamento.

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De acordo com os critérios adotados no mapeamento, no Município de Fundão não foi constatada existência regular de catadores e no Município de Viana não existem catadores organizados.

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4.3. Diretrizes gerais para a formulação do programa de coleta seletiva de