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Dissertação de Márcia da Silva Pereira Castro “Implementação da Política de Assistência Social em Mossoró/RN: uma avaliação a partir dos centros de

Pequeno I I Médio Grande Metrópole

PRODUÇÕES CIENTÍFICAS ABORDANDO O TEMA: IMPLANTAÇÃO DE CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS)

2.1 Destaques dos trabalhos analisados

2.1.5 Dissertação de Márcia da Silva Pereira Castro “Implementação da Política de Assistência Social em Mossoró/RN: uma avaliação a partir dos centros de

referência da assistencial social” (2009):

Trata da atual PNAS como instrumento que regulamenta a organização e a prestação de medidas socioassistenciais. Situa Mossoró/RN, município qualificado como autônomo na gestão da assistência social, que possui cinco CRAS (instalados em 2006) e como equipamentos públicos, são considerados as principais unidades de proteção social básica. Também conhecido como Casa da Família, o CRAS, dentre outros programas e serviços, oferta o PAIF, o ProJovem Adolescente, serviços de convivência socioeducativa, encaminhamentos para outras políticas públicas ou rede de serviços socioassistenciais e a prestação de informações.

A investigação foi realizada com pesquisa bibliográfica e documental, estudo de campo, entrevista com profissionais, gerente, gestora e estudos realizados entre 2005 e 2007. O Município de Mossoró/RN, é de grande porte, com 234.390 habitantes,

apresentava gestão plena, possui 38 bairros e 11 favelas. A implementação da Política Nacional de Assistência Social em Mossoró/RN possui um histórico de investimento orçamentário de 3% a 5%, desde 2000, e desde 2004 tem atingido até 10%, segundo a gestora entrevistada.

O Plano Plurianual 2006-2009 e o Plano Decenal 2008-2018 apresentam um esforço de aprimoramento da implementação da Política de Assistência Social no município, provendo os CRAS e CREAS com equipes qualificadas; identificando a população em situação de risco e vulnerabilidade através de diagnósticos sociais; mantendo intercâmbio ou desenvolvendo atividades conjuntas com organizações da rede conveniada. A partir de 2008, foi implantado um processo seletivo para composição das equipes dos CRAS, ultrapassando a composição de equipes por afinidades, indicações políticas e da gestão municipal.

Dentre os cinco CRAS, somente um não está instalado em área de vulnerabilidade social. Cada CRAS tem meta de atendimento de mil famílias, com 5 mil referenciadas, e trabalham com o PAIF como o principal programa, desenvolve atividades socioassistenciais com crianças e adolescentes, integrantes do PETI e Projovem Adolescente, grupos de convivência e sociabilidade com crianças e idosos; acompanham as famílias participantes do PBF e o cumprimento das condicionalidades.

Os CRAS propuseram-se a uma variedade de ações: visitas domiciliares socioeconômicas; levantamento das necessidades das famílias; grupos, oficinas de convivência e de trabalho socioeducativo para as famílias, seus membros e indivíduos; encaminhamentos e acompanhamento de famílias, seus membros e indivíduos à rede de assistência; reuniões e ações comunitárias; articulação e fortalecimento dos grupos sociais locais; atividades lúdicas nos domicílios com famílias em que haja crianças com deficiência; palestras voltadas à comunidade e às famílias, seus membros e indivíduos; ações de capacitação e inserção produtiva; campanhas socioeducativas; levantamento do perfil socioeconômico das famílias cadastradas; identificação de famílias com perfil para o PBF e orientação sobre as condicionalidades do programa.

Em 2006, apresentava-se a necessidade de alargamento de tempo para efetivação do SUAS no município, pelas questões de recursos e apropriação do marco legal pela equipe de gestão. Entre 2007 e 2008, verificava-se ainda falta de equipe efetiva, infraestrutura insatisfatória, ociosidade do espaço, pois muitas atividades ainda não estavam sendo executadas. A situação dos CRAS era bastante heterogênea em relação aos serviços, atividades, equipe, número de famílias atendidas, espaço para atividades em grupo, coordenação da unidade, conforme dados de monitoramento do MDS em 2008.

No final de 2008, houve o reordenamento dos CRAS, com o estabelecimento do Plano Decenal e o diagnóstico social do município. Nesse momento, também ocorreu a mudança da gestora e o processo seletivo redefinindo uma nova equipe dos CRAS. Nessa etapa, há o movimento de implementação dos CRAS, revendo os processos de trabalho em relação aos programas, serviços, atividades e ações. O PAIF permanece como principal referência dos CRAS, na perspectiva familiar, trabalhando a sociabilidade e os vínculos familiares.

Nos grupos de convivência disponibilizados, os de idosos são os mais frequentados e de maior assiduidade, os grupos de convivência voltados a crianças tem frequência menor. O Projovem Adolescente é desenvolvido em cada CRAS, que conta com grupos de 25 jovens; as atividades previstas são realizadas, à exceção da inclusão digital, por falta de equipamentos e recursos. O encaminhamento das famílias às demais políticas públicas é uma das atividades previstas e realizadas.

Apesar de contar com demanda significativa, os CRAS são desconhecidos pela comunidade em geral e, quando o conhecem fisicamente, ainda assim desconhecem os serviços, programas e atividades a que tem direito. Não há infraestrutura nos CRAS que possibilite o acesso ao CadÚnico, constituindo-se em um obstáculo para a agilidade dos atendimentos.

Os cinco CRAS são heterogêneos em seus espaços, um conta com piscina e quadra, outros não têm sala para grupos e fazem rodízio de salas para os atendimentos; não há salas apropriadas para as atividades lúdicas (adolescentes), e a qualidade dos

serviços fica comprometida pelos fatores de localização e espaço físico. Quanto mais estruturado, maior sua demanda; há unidades com lista de espera, enquanto outras realizam busca por usuários.

Em relação à equipe profissional, no início de 2009, alguns profissionais foram desonerados, desfalcando as equipes que se encontravam estruturadas de forma satisfatória, e parte dos serviços foi paralisada, permanecendo basicamente os acompanhamentos individuais e encaminhamentos no trabalho dos CRAS. O processo seletivo das equipes, realizado em 2008, reverteu uma situação, pois até então a maioria eram funcionários comissionados. Ressalta-se que, até então, os assistentes sociais tinham carga horária de 20 horas semanais. Após o processo seletivo, houve uma alteração do perfil dos recursos humanos e capacitação das equipes dos CRAS.

A equipe é composta por profissionais heterogêneos quanto à sua experiência: alguns com mais de três anos de atuação e outros recém-formados, reconhecem a importância do CRAS na PNAS, articulação da rede, participação das ONGs, principalmente do Conselho Tutelar e PETI. Há o relato de muitas situações, onde o profissional necessita realizar a cobertura de funções por faltas ou duplicidade de função, por inexistência do referido profissional na equipe. As equipes não têm suprido a demanda dos CRAS, pois o perfil requerido pelas famílias não se adapta às exigências mínimas do processo seletivo realizado.

Quanto ao financiamento da Assistência social, entre 2000 e 2006 o orçamento da área no município apresentou-se em torno de 3,72% e 5,86%, sendo que a esfera estadual não contribui significativamente. O município, atualmente, investe em torno de 10% do orçamento, segundo a gestora atual, que dispõe de autonomia para direcioná- los. O acompanhamento dos CRAS é realizado pela gerência responsável e as deficiências são consideradas para o planejamento e o direcionamento dos recursos, com aval do CMAS. Uma observação importante feita pelos profissionais dos CRAS é que os recursos são decididos pelo órgão gestor, a equipe somente programa as atividades da unidade.

O processo de implementação da PNAS/SUAS e dos CRAS está permeado por limites e possibilidades e no município apresenta-se com as seguintes características:

- desde a LOAS, a participação e a descentralização da Assistência Social estão presentes, mas ganhou mais força e destaque com a PNAS/SUAS, através do pacto legal entre os três entes federativos, ressaltando a omissão dos governos estaduais;

- o enfoque para a matricialidade e a territorialidade também ganham destaque para o fortalecimento da política, apesar de algumas críticas;

- Mossoró não destoa do cenário nacional: convivem com a falta de recursos estaduais para o processo de avaliação, monitoramento e capacitação da equipe dos CRAS, sobrecarregando o município, que deveria investir na oferta de serviços;

- além dos cinco CRAS na Proteção Social Básica, o município conta com 20 unidades, chamadas Casas da Nossa Gente, com atuação similar aos CRAS, mas compostos por profissionais comissionados (assistentes sociais e outros profissionais não qualificados para a Assistência Social) com grupos do Projovem Adolescente e Idosos, bem como pessoal da saúde para atendimentos básicos. Essa situação demonstra um paralelismo de ações que se diferencia pela qualidade e qualificação da equipe e dos serviços prestados;

- outro fenômeno significativo é a falta de informações pelos usuários de seus direitos, limitando o acesso aos benefícios, programas e serviços. A falta de documentação também é comum entre a população usuária;

- a alteração da composição e perfil das equipes dos CRAS, superação das ações paternalistas e clientelistas, constituem-se em grandes avanços, embora prevaleçam, nas Casas da Minha Gente, cooptações por afinidades políticas;

- várias adequações políticas e culturais foram realizadas para implementação do Suas, os princípios democráticos previstos encontram-se ainda limitados, mas em processo de reafirmação, como previsto na LOAS;

- a prestação de serviços pela rede conveniada é presente e significativa, por órgãos públicos e privados, e o crescimento de redes solidárias, que podem ser explicadas pela ausência do Estado em alguns espaços;

- Os limites apontados são superáveis, e as potencialidades devem ser impulsionadas pela PNAS/SUAS, para que esta venha a ser reconhecida como um direito de cidadania por todos e para todos.

Observa que a implementação de uma nova política, não é algo linear e desprovida de dificuldades, e em Mossoró, ao analisar os CRAS nos seus aspectos de programas, serviços, atividades, ações, equipe, infraestrutura, financiamento, há um forte traço de imprevisão, e possivelmente de improvisação. As diferenças e contradições dos textos normativos com as realidades locais implicam diferentes operacionalizações: existência de demanda latente, a duplicidade das unidades Casas da Minha Gente e CRAS, ausência de concurso público, rotatividade dos profissionais, perspectiva da seletividade versus universalidade, formalidade versus informalidade.

O Município de Mossoró necessita ter cuidado com a duplicidade das ações, ações focalizadas e pontuais, pouca atenção da gestão pública para com a PNAS/SUAS. Recomenda que se tenha como parâmetro o processo de implementação das políticas de Assistência Social anteriores, para superação de erros e dificuldades, ampliando as experiências que já foram realizadas com êxito: controle social pelos conselhos, seleção regular da equipe técnica efetiva e qualificada, acesso da população aos processos avaliativos. Para isso, torna-se necessário a recorrência aos modelos teórico-analíticos de implementação de políticas públicas para maior efetividade.

2.1.6 Dissertação de Maria Lucimar Pereira Martins - “O processo de implantação

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