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Dissertação de Solange Silva dos Santos Fidelis “O processo de implementação e implantação dos CRAS em municípios da região do oeste do

Pequeno I I Médio Grande Metrópole

PRODUÇÕES CIENTÍFICAS ABORDANDO O TEMA: IMPLANTAÇÃO DE CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS)

2.1 Destaques dos trabalhos analisados

2.1.9 Dissertação de Solange Silva dos Santos Fidelis “O processo de implementação e implantação dos CRAS em municípios da região do oeste do

O estudo objetivou conhecer de que forma tem se desenvolvido o processo de implementação e implantação dos CRAS na região oeste do Paraná, considerando a delimitação político-administrativa do Estado, pela Secretaria Estadual de Trabalho, Emprego e Promoção Social SETP, através do Escritório Regional de Cascavel, que contempla 34 municípios. Foi possível, a partir do contato direto com os sujeitos da pesquisa, sistematizar como está se constituindo o Suas nos municípios da região, considerando as distintas realidades estabelecidas na PNAS/SUAS, pelo índice populacional dos municípios, em grande porte e pequeno porte I e os níveis de gestão plena e básica. Na pesquisa de campo, foi utilizada a técnica de entrevista semiestruturada, com uma amostragem intencional de 20%, envolvendo sete municípios.

Os sujeitos da pesquisa abordados foram: na esfera estadual - um representante do escritório regional; na esfera municipal – um representante do órgão gestor e as coordenadoras dos CRAS pesquisados. A pesquisa foi realizada através de 14 entrevistas, em seis municípios, com nove assistentes sociais e uma psicóloga, e quatro representantes do órgão gestor. A região de Cascavel vem se destacando na implementação do SUAS no Estado do Paraná, com maior número de municípios em gestão básica e em plena, totalizando 34 municípios.

Na região, há municípios com os maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado e há a Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop). Ressalta-se que o cofinanciamento estadual é incipiente no conjunto dos municípios.

O processo de implantação e implementação dos CRAS foi descrito por município: Toledo (grande porte, gestão básica) = possui dois, somente um habilitado em 2006 - CRAS Pioneira e CRAS Europa, habilitado em 2009; Cascavel (grande porte, gestão plena) = com quatro instalados: norte, sul, leste e oeste, o primeiro implantado em 2005 e os outros três em 2006; Guaraniaçu (pequeno porte I, gestão básica) = um foi implantado em 2008; Campo Bonito (pequeno porte I, gestão básica) = um implantado em 2005; Catanduvas (pequeno porte I, gestão básica) = um, a partir de 2005; Diamante do Sul (pequeno porte I, gestão básica) = existe somente na formalidade; Diamante d’Oeste (pequeno porte I, gestão básica) = um, implantado em 2005.

Analisando de forma geral, na região oeste do Paraná, nos municípios de pequeno porte, os CRAS foram implantados em estruturas já existentes, priorizando a localização central, muitas vezes anexo à secretaria e ao órgão gestor. No tocante à identidade, consideram que os instalados em locais que já alocaram outros serviços anteriormente, dificultam a construção da identidade do equipamento; os anexos ou conjuntos com órgãos gestores também dificultam o estabelecimento de identidade.

Em relação às demandas mais significativas nos CRAS, nos municípios de grande porte: auxílio-alimentação, solicitação de documentos, BPC (casos esporádicos), mulheres são o público mais presente. Nos municípios de pequeno porte: auxílio- alimentação e solicitação de documentos. Alguns municípios não realizam o encaminhamento para o BPC.

O processo de implementação e implantação dos CRAS na região apresenta avanços, desafios e resistências, conforme indicações abaixo:

 instalados junto com o órgão gestor;

 dois municípios de pequeno porte, o PBF é gerenciado pela Educação;  somente o município de Toledo possui georreferenciamento;

 não há diagnóstico social oficial dos municípios;  grandes demandas pelo atendimento emergencial;

 dificuldades de realização de ações socioeducativas e de acompanhamento familiar;  equipes técnicas “mínimas”;

 assistência social com sobrecarga de questões afetas à Habitação e Saúde em pequenos municípios;

 entidade Provopar não está em funcionamento, mas realiza campanhas esporádicas, e ainda interfere com sua imagem e referência nos pequenos municípios;

 falta de veículos e motorista nos CRAS interfere na realização de visitas domiciliares;  atribuições dos CRAS estão sendo efetivadas parcialmente, voltadas somente à

execução direta;

 técnicos e alguns gestores não têm acesso e conhecimento do orçamento, dificultando o planejamento das ações;

 somente o Município de Cascavel está em gestão plena, os demais todos em gestão básica.

Quanto às instalações, dos 10 CRAS pesquisados, somente dois possuem estrutura própria, cinco são cedidos e três locados; em relação à privacidade, somente um foi avaliado como excelente e três como bons; na questão de segurança, um é excelente e cinco são bons; na acessibilidade, dois atingem o nível bom; ressalta-se a necessária e devida atenção aos projetos arquitetônicos.

No quesito dos veículos, é um grande entrave, pois há compartilhamento com demais órgãos e serviços. Quanto aos equipamentos eletrônicos todos os CRAS contam com computador, somente quatro com internet, quatro com televisão e um com DVD.

Os recursos humanos, conforme orientação da PNAS, nos municípios de grande porte, há quatro técnicos e quatro de nível médio. Nenhum dos municípios de grande porte pesquisado possui a equipe mínima prevista. Todos apresentaram um auxiliar administrativo e alguns a contratação de estagiários de Serviço Social. Nos municípios de pequeno porte, a previsão é de dois técnicos e dois de nível médio; todos possuem o mínimo, porém, há contratações por Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ou comissionados. Nem sempre há o cargo de coordenação do CRAS, principalmente nos municípios menores. Em relação aos gestores, duas são pedagogas e duas primeiras- damas

No que diz respeito aos programas, projetos, serviços e benefícios, todos desenvolvem programas e projetos do governo federal, voltados para famílias e gestantes. Somente um município de pequeno porte diz não realizar encaminhamento para o BPC e realizar atendimento de segunda via de documentos. As ações com crianças, jovens e idosos são pouco citadas, exceto o ProJovem.

Na concepção sobre o CRAS, novamente surgem referências que denotam conquistas na área: perspectiva de prevenção, proximidade com população, executor de serviços, unidade pública de atendimento da proteção social básica, porta de entrada para a Política de Assistência Social.

Quanto aos desafios para implantação do SUAS e do CRAS, são elencados vários aspectos, entre eles:

- necessidade de mudança de nomenclatura do órgão gestor;

- organograma compatível com estrutura atual;

- garantia de equipes para órgão gestor na execução dos serviços;

- implantação de sistema de monitoramento e avaliação com profissionais efetivos;

- mapeamento das vulnerabilidades;

- garantia de capacitação continuada para rede;

- implantação do sistema informatizado;

- garantir equipes compatíveis para atendimento nos CRAS e CREAS;

- reconhecimento da Política de Assistência Social como política pública pelos três poderes;

- aumento do orçamento;

- garantir a Política Municipal de Assistência Social;

- ampliar o atendimento sociofamiliar para o PBF;

- descentralizar o CadÚnico para os CRAS;

- definir o piso de referência na transferência para entidades;

- implantar o plano de cargos e salários;

- implantar o CRAS itinerante para a zona rural;

- readequar projetos de inclusão produtiva em parceria com a política do trabalho.

Os profissionais pesquisados ainda citam, em relação aos desafios: conhecer e aceitar o SUAS; superar a visão assistencialista; ampliar as equipes; aumentar a quantidade de CRAS; melhoria do espaço físico; criar mecanismos de visibilidade da

política para população; implantar, na administração pública, a estratégia do planejamento; superação do atendimento na lógica individual para o coletivo e a participação vinculada ao benefício material; investimento no trabalho com famílias; adequação dos profissionais e usuários à nova política; estratégias para a participação da população; formação da rede pública; trabalho em equipe; continuidade das discussões; efetiva participação dos usuários nos conselhos e no planejamento; condições de trabalho do órgão gestor estadual.

Foram avaliados, também, os avanços, a partir da implantação do SUAS e do CRAS, e foram citados:

- facilitam o acesso,

- contribuem para visibilidade da política para a população,

- habilitação do município,

- organização dos serviços,

- ampliação dos recursos humanos,

- separação do órgão gestor e do CRAS,

- nova concepção da Assistência Social,

- prefeitos discutindo a Assistência Social,

- secretarias não sendo conduzidas majoritariamente por primeiras-damas,

- mobilização dos usuários,

- rotina diferenciada de trabalho (reuniões de equipes para planejamento e reflexão das ações desenvolvidas em sete CRAS).

As prioridades apontadas para o processo são: ampliação dos serviços, da equipe e do número de CRAS; vontade política e técnica para efetivação do sistema e dos CRAS; organização dos serviços; melhoria das condições de trabalho; capacitações, qualificação e comprometimento dos profissionais; autonomia no trabalho e ações.

Na relação entre CRAS e órgão gestor, o panorama é positivo: boa relação, acessível, colaborativos, apoio para questões legais e de recursos, CRAS tem autonomia, porém surge também relação distante e centralidade das informações. Quanto à distinção das competências do CRAS e do órgão gestor relatam: no início obscuro, atualmente mais claro a distinção, falta maior integração, desordenado e confuso; questão do espaço físico compartilhado interfere na identidade e relação.

A autora, nas suas considerações finais, conclui que a realidade social está em permanente movimento, em uma dinâmica não linear, e que o SUAS proporcionou uma nova possibilidade de intervenção na realidade, materializando, através da organização e diretrizes, uma intervenção mais incisiva, com proximidade da realidade, estabelecimento de níveis de complexidade e pisos de financiamento, que avançam na estrutura da Política de Assistência Social.

Por fim, aponta e ressalta os principais avanços: ampliação de recursos humanos, construção de propostas coletivas pelas equipes dos CRAS, financiamento e recursos destinados pelas esferas de governo, estabelecimento de pisos de proteção, organização e facilidade de acesso as informações do SUAS – Suasweb, realização de capacitações, padronização de nomenclaturas, serviços e atendimentos nos CRAS.

2.1.10 Dissertação de Therese Abdel Messih Araújo - “O CRAS como estratégia

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