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ESTUDO PRINCIPAL

4.2. ESTRATÉGIA E HIPÓTESES

4.3.2. DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA

Sendo o objectivo do nosso trabalho realizar um estudo que recolha elementos indiciadores dos efeitos das emoções no comportamento humano, e especificamente junto a jovens estudantes do Ensino Superior, procurámos seleccionar uma amostra que nos oferecesse condições de fiabilidade em termos de representação do universo onde se situa.

Nesse sentido, foram aplicados 146 inquéritos, a estudantes de cursos de áreas científicas diferenciadas, para que com esta heterogeneidade pudéssemos garantir uma maior abrangência de nossas conclusões. As áreas e cursos que participaram no trabalho foram Ciências Exactas, representada por 36 estudantes do curso de Engenharia Eléctrica e Electrónica, Ciências Sociais e Humanas, com 23 estudantes do curso de Psicologia e 38 estudantes do curso Turismo, Ciências Naturais, com 19 estudantes do curso de Dietética, Ciências Empresariais, com 30 estudantes do curso de Gestão. A amostra era constituída por 86 jovens do género feminino e 60 do género masculino, todos estudantes dos dois primeiros anos dos respectivos cursos. Foi solicitado a estes estudantes que comparecessem a uma outra sessão de trabalho, cerca de 11-13 dias após a primeira.

A idade média dos estudantes era, à época da realização do trabalho, de 21,9 anos com um desvio-padrão de 5. Em relação ao género, a média das idades era de 22,8 anos e desvio-padrão igual a 5,6 para o masculino, e média de 21,3 anos com desvio- padrão de 4,6 para o feminino.

4.4. INSTRUMENTO

Este passo da investigação consistiu na preparação de um cenário adequado aos propósitos objectivados no trabalho – a administração de estímulos emocionais, sua análise e a avaliação dos seus efeitos, numa perspectiva comunicacional, nos sujeitos seleccionados consoante os critérios da amostragem, antes referidos.

Foi delineada uma intervenção padronizada, a ser aplicada às diversas subamostras, com o objectivo de veicular mensagens significativas e de proporcionar aos sujeitos condições de transmitirem com facilidade, rapidez e exactidão as suas impressões acerca do que observavam. Estas intervenções estavam condicionadas a decorrer dentro de um espaço de tempo que não provocasse cansaço e mantivesse um bom nível de motivação por parte dos sujeitos.

Foi necessário montar uma sessão experimental e elaborar as "ferramentas" de trabalho para a sua efectivação: uma selecção dos videogramas considerados mais representativos (Estudo Prévio) e a montagem de um instrumento que servisse para a execução, por parte dos sujeitos, de uma análise valorativa e de uma síntese de cada um dos videogramas, consistindo este passo na sessão que passaremos a denominar "Descrição". Para cumprimento dos objectivos relativos aos efeitos da passagem de um período de tempo determinado na assimilação e na retenção das mensagens, foi feita uma nova sessão, denominada de "Recordação".

ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO PARA RECOLHA DE INFORMAÇÃO

Sendo a questão central desta investigação o estudo da influência da intensidade emocional no processo comunicacional, tornou-se necessária a elaboração de um instrumental que, de forma capaz e fidedigna, fornecesse informação pertinente e em condições de ser trabalhada e analisada.

O instrumento devia ser adaptável às sessões de trabalho propostas, em que a mensagem, isto é, o objecto a ser visionado e analisado pelos sujeitos fossem os videogramas. Tinha de corresponder de forma clara, à expressão de emoções, e dar indicações precisas da intensidade com que o sujeito as sentisse. Deveria, ainda, conter um espaço para a elaboração de um relato descritivo sintético do conteúdo de cada videograma (sessão "Descrição"), destinado a ser comparado a um novo relato, a ser

posteriormente elaborado, numa sessão subsequente ("Recordação"), em consonância com os objectivos estabelecidos para o estudo.

Por último, devia fornecer aos sujeitos instruções precisas, condições de utilização rápida e fácil, e ao investigador, facilidades para recolha e tratamento dos dados.

Assim, ponderados os condicionalismos e objectivos propostos neste estudo, criou-se um instrumento que, para cada um dos doze videogramas, continha subescalas da Time Attitude Scale ("TAS"), de Nuttin (ver capítulo 1) para avaliação do videograma, e solicitava, ainda, aos sujeitos, que num prazo máximo de dois minutos descrevessem o conteúdo do videograma projectado (ver anexo 3).

Lembramos que a "TAS", como descrito anteriormente (capítulo 1), é uma escala constituída por pares de adjectivos, que na sua maioria correspondem a atitudes ou qualidades opostas. Desagradável, agradável; triste, alegre são alguns exemplos. Os adjectivos estão separados por uma escala, graduada, onde no caso deste trabalho o sujeito procedia à classificação da intensidade que atribuía em cada tópico ao videograma visionado.

Basicamente concebida com o intuito de avaliar atitudes, apresenta-se bastante conveniente para os objectivos deste trabalho, à medida que os termos escolhidos para a compor representam um fundo emotivo, ao estabelecerem a ligação anteriormente descrita nas suas raízes conceptuais entre as atitudes, a motivação e a emoção. Como discutido anteriormente, dada a variabilidade das emoções, a sua distinção mais evidente e precisa é, exactamente, se as emoções são positivas ou negativas. Ora, é esta a distinção que a "TAS" também faz, ao utilizar na constituição de cada um dos seus tópicos adjectivos de sentidos opostos, um de cunho positivo e outro negativo.

A limitação do tempo disponível para a aplicação do instrumento, e a conveniência experimental do tipo de dados a serem recolhidos orientou a escolha para utilização neste trabalho, de três subescalas da "TAS", correspondentes aos factores Avaliação Afectiva, Estrutura e Valor.

A Avaliação Afectiva justifica-se, com o intuito de obtermos um posicionamento pessoal de cada sujeito e onde este possa expor aspectos do seu sentir acerca do conteúdo de cada videograma. A Estrutura destina-se a que seja feita uma avaliação com maior ênfase na capacidade organizativa e comunicacional do conteúdo das

mensagens observadas. O Valor tem em vista a recolha de informação relacionada ao sentido representado pela mensagem na experiência e vivências dos sujeitos que a avaliam.

Com a execução de um relato sintético de características descritivas, pretendemos possibilitar aos sujeitos que exponham livremente as suas impressões sobre cada videograma, para assim constituirmos um referencial personalizado, espontâneo e apto a ser analisado nos termos do seu conteúdo.

APRESENTAÇÃO DOS VIDEOGRAMAS

Foram utilizados os videogramas seleccionados no Estudo Prévio, e representativos das intensidades emocionais de tipos positivo, neutro e negativo. A ordem de projecção dos videogramas foi objecto de reflexão, uma vez que considerámos que poderia provocar interferências não controláveis na percepção dos sujeitos e assim influir nos resultados da investigação.

Foram previstas as possibilidades de os videogramas poderem influir uns sobre os outros, induzindo à elaboração de uma eventual hierarquização, ou seja, tomando como exemplo um conjunto de tipo positivo, poderia estabelecer-se uma ordenação distinguindo os mais positivos, os mais ou menos positivos e os menos positivos, ou ainda, uma sequência de alguns videogramas de tipo negativo poderia potenciar as características positivas de um videograma de outro tipo que seja apresentado a seguir.

As sequências mais prolongadas de algum dos tipos de videograma também poderiam fazer com que estes tivessem suas características tipológicas minimizadas, em razão da acomodação perceptiva devida à monotonia.

Por último, o estabelecimento de uma sequência aleatória também não garantiria a eliminação dos riscos mencionados, apenas os deixaria em função do acaso.

Hipóteses de Apresentação dos Videogramas

A. Apresentação dos videogramas por ordem de projecção aleatória.