• Nenhum resultado encontrado

2 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

2.3 Distribuição dos dados por gêneros / Explicação das tabelas

Dando continuidade à organização deste corpus, primeiro se enumerou cada estrofe e cada linha dentro do seu arquivo, em seguida, fez-se uma tabela no programa Microsoft Excel 2007 contendo cinco colunas; a primeira com o número do documento, a página, o número da estrofe e a linha; para exemplificar tem-se 2:328:51:1, em que 2 é o número do documento, 328 é a página deste documento, 51 é o número da estrofe, e 1 é o numero da linha. A segunda coluna foi colocada as palavras que apresentaram diferenças ortográficas; A terceira, para análise das diferenças gráficas. Para exemplificação tem-se o vocábulo asylo, segundo o qual pontua-se que foi usada a letra Yem vez deI. A quarta coluna destina-se a recorrências dos vocábulos nos textos, enquanto a última é reservada para a grafia atual das palavras.

Em algumas análises fez-se um levantamento de todos os vocábulos que apresentam uma grafia diversa da ortografia atual utilizada no Brasil, e acrescentou- se mais uma coluna para a etimologia das palavras com o objetivo de melhor entender a mudança ocorrida nas palavras. A tabela abaixo exemplifica uma amostra do processo de análise dos corpora, podendo observar em anexo todo o processo de análise.

Quadro 2.1 - Processo de Análise dos Corpora DOC/PAG/ ESTROF/LIN VOCABULÁRIO DIFERENÇAS GRÁFICAS OCORRÊNCIA GRAFIA ATUAL ETIMOLOGIA 1: 313:1:2 Harpas de Ouro Asylo uso da letra Y

em vez de I 2: 323:6:2 Asilo lat. Asýlum

1:315:6:3 Harpas de

Ouro Oiro

I em lugar de

U 1:8:6;1:17:1 Ouro lat. Aurum

1:315: 5:5 Harpas de Ouro Ceos Uso da letra O ao invés de U, falta do acento agudo na vogal

1:5:6;1:15:4;1:19:4 Céus lat. caelumsxiii ceo, 1: 1/04

Manifesto da Guerra da

Balaiada

Prezidente Troca da letra S pela letra Z 1:5:3:10/11, 6:2, 6:9,8:16 Presidente praesidens,éntis. lat 2:1/21

Ofício da Guerra da

Balaiada

Deos Troca da letra U pela letra O 3:25, 4/14,6:15 Deus Deus, dei’ lat. 17:09:21

Proclamação da Guerra da

Balaiada

Acabaçe Uso da letra Ç em vez do

dígrafo SS - Acabasse lat. *accapáre Jornal 1 O Semmanario Maranhense

Belleza Duplicação da letra L - Beleza Provç.at.vulg. *bellitia belleza Jornal 2 O globo Chapeos Troca da vogal U por O e falta do acento agudo na tônica

- Chapéus cappellus, i lat.tar.

Jornal 2

O Federalista Catechismo

Uso do dígrafo CH em

vez da letra C - Catecismo

lat.

Catechismus Fonte: Elaborado pela própria autora.

A partir desta análise avaliou-se com exatidão a extensão de cada documento. Primeiro fez-se, com o auxílio da ferramenta do Word 2007 – contar palavras – o levantamento da quantidade de palavras utilizadas. No livro de Poesias Harpas de Ouro realizou-se a contagem das palavras das estrofes, totalizando 9.547 palavras; nos documentos da Guerra da Balaiada foram 6.965 palavras. Dentro desse número de palavras do Livro de poesia foram analisadas em média 1.147, enquanto nos documentos da Guerra da Balaiada foram aproximadamente 1.089 palavras analisadas nos Jornais, não houve uma contagem devido ao fato de os

textos estarem no fac-símile e não ter uma transcrição digitalizada, o que dificultou a contagem dessas palavras. Outra razão foi que os jornais serviram de parâmetros para comparação de algumas palavras, pois se trata de um gênero escrito por poetas e jornalistas daquela época

Nesses documentos, as análises, de forma geral, foram áridas, fez-se um estudo pormenorizado de cada parte de um todo, para conhecer melhor sua natureza, relações, causas etc., e assim poder compará-los. Todas as ocorrências de letras foram analisadas para representar a ortografia real da língua portuguesa no século em estudo.

Após esse procedimento, os dados foram organizados em categorias, para análise, tais como: duplicação de consoantes, acentuação, tipo de pontuação, tipo de variação, letras mudas, ditongos, dígrafos, encontro consonantal etc. Isso permitiu interpretar as regras de emprego das letras e das demais marcas da escrita nesses documentos em estudo.

Conforme Massini-Cagliari e Cagliari (1998), a ortografia do século em estudo teve suas transformações a partir da origem etimológica, como afirmam quando dizem que a ortografia da Língua Portuguesa sempre foi etimológica, uma vez que tem suas origens no latim.

Para a análise de comparação e interpretação dos dados buscou-se em gramáticas dos séculos anteriores, tais como a Arte da Grammatica da Lingua

Portuguesa, Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza, Orthographia da Lingoa Portyvesa dentre outras, a teoria necessária, assim como nos tratados de

ortografia, pois estes estudos são fundamentais para os gramáticos por representarem as regras de emprego e uso da grafia portuguesa. Além dessas pesquisas, estudar toda a história da ortografia escrita por especialistas nesta área, tais como os mais variados trabalhos de Luiz Carlos Cagliari, Gladis Massini_ Cagliari, os de Nina Catach, os de Geoffrey Sampson, os de Charles Higounet, ajudaram a compreender o uso e modificações da escrita ortográfica da Língua Portuguesa no Brasil e em Portugal no decorrer dos séculos. Obteve-se, ainda, como fundamentação histórica, os relatos dos ortógrafos Duarte Nunes de Leão, Madureira Feijó, Sebastião José Mello, Ioam Franco Barretto, Fernão de Oliveira, dentre outros, com relação às regras de emprego e uso das letras do alfabeto.

Nessa perspectiva, falar das transformações das regras, usos da ortografia e demais marcas de escrita, retirados das poesias de Sousândrade e dos documentos sobre a Guerra da Balaiada, no século XIX, possibilitou estudar, pesquisar,

descrever, analisar e demonstrar um tipo de sistema ortográfico, no qual estão contidas as mudanças que ocorreram durante os séculos anteriores e o século em estudo.

Após todo o levantamento dos corporadepoemas, ofícios e jornais, fez-se um confronto entre eles com o objetivo de confirmar se os dados tabulados eram semelhantes ou possuíam regras diferentes, apesar de todos serem escritos no mesmo século. Fez-se um cotejamento entre os documentos para ver se o que relataram os gramáticos antigos é o que de fato aconteceu na transformação da ortografia do século XIX.