Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho
[233], assegurando-se-lhes
[234]:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola
[235];
II - direito de ser respeitado por seus educadores
[236];
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias
escolares superiores
[237];
V - acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência
[239].
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo
pedagógico
[240], bem como participar da definição das propostas
educacionais
[241].
229 Vide arts. 6º e 205 a 214, da CF e disposições da Lei nº 9.394/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e Lei nº 10.172/2001, de 10/01/2001 - Institui o Plano Nacional de Educação (PNE). Vide também o Princípio 7°, da Declaração dos Direitos da Criança, de 1959; art. 28, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, de 1989; arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, com a nova redação que lhes foi dada pela Emenda Constitucional nº 53/2006, de 19/12/2006, que institui o Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB. Ainda sobre o FUNDEB, vide o disposto na Lei nº 11.494/2007, de 20/06/2007 e no Decreto nº 6.253/2007, de
13/11/2007. Por fim, vide o Decreto nº 6.094/2007, de 24/04/2007, que dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, pela União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das famílias e da comunidade, mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando a mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica.
230 Vide arts. 215 e 216, da CF e arts. 30 e 31, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, de 1989.
231 Vide art. 217, da CF; Lei nº 9.615/1998, de 24/03/1998 (também conhecida como “Lei Pelé”), que institui normas gerais sobre o desporto e Decreto nº 4.201/2002, de 18/04/2002, que dispõe sobre o Conselho Nacional do Esporte. 232 Vide art. 31, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, de 1989 e art.
6º, da CF.
233 O dispositivo traz alguns dos princípios que devem nortear a educação, reproduzindo em parte o enunciado do art. 205, da CF, que trata da matéria. A educação, portanto, não pode ser mero sinônimo de “ensino” das disciplinas tradicionais (português, matemática, história, geografia etc.), mas sim deve estar fundamentalmente voltada ao preparo para o exercício da cidadania, inclusive para o trabalho qualificado, através da aprendizagem/profissionalização e o ensino de seus direitos fundamentais, tal qual previsto no art. 32, §5º, da Lei nº 9.394/1996, que prevê a obrigatoriedade da inclusão, no currículo do ensino fundamental, de conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos
adolescentes, tendo como diretriz a Lei nº 8.069/1990. É, no entanto, conforme dispõe o citado art. 205 da CF e art. 4º, caput, do ECA, tarefa que não pode ficar apenas a cargo da escola, mas também deve ser desempenhada pela família e pela comunidade, que para tanto precisam se integrar e articular (cf. arts. 4º,
caput e 86, do ECA), cabendo ao Poder Público sua promoção, em todas as
esferas (inclusive via Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e de Educação). A participação da comunidade no processo educacional, prevista pelo art. 205, da CF, é também estimulada pela LDB, através de disposições como as contidas nos seus arts. 12, inciso VI, 13, inciso VI, 14, caput e inciso II, dentre outros. Vide também o disposto na Lei nº 11.129/2005, de 30/06/2005, que instituiu, no âmbito da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Programa Nacional de Inclusão de Jovens - ProJovem, programa emergencial e
experimental, destinado a executar ações integradas que propiciem aos jovens brasileiros, entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos, na forma de curso previsto no art. 81 da Lei nº 9.394/1996, de 20/12/1996, elevação do grau de escolaridade visando a conclusão do ensino fundamental, qualificação
profissional voltada a estimular a inserção produtiva cidadã e o desenvolvimento de ações comunitárias com práticas de solidariedade, exercício da cidadania e intervenção na realidade local, o Decreto nº 5.557/2005, de 05/10/2005, que a regulamentou, e a Resolução nº 03/2006, de 15/08/2006, do Conselho Nacional de Educação, que aprova as diretrizes e procedimentos técnico-pedagógicos para a sua efetiva implementação. Ainda sobre a matéria, vide o disposto no art. 29, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, de 1989 e Lei n°
11.788/2008, de 25/09/2008, que dispõe sobre o estágio de estudantes, assim definido como o “ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no
ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos”.
234 Vide art. 2º, da LDB.
235 Vide art. 206, inciso I, da CF e art. 3º, inciso I, da LDB. O direito à permanência na escola (assim como os demais relacionados à educação), é assegurado tanto aos alunos da rede pública quanto particular de ensino, não mais sendo
admissível a aplicação da “expulsão” do aluno a título de sanção disciplinar. Sobre a matéria, vide também o disposto na Lei nº 9.870/1999, de 23/11/1999, cujo art. 6º é expresso ao proibir a aplicação de qualquer sanção pedagógica, assim como a retenção de documentos, no caso de inadimplência das mensalidades escolares. O desligamento do aluno por inadimplência somente poderá ocorrer ao final do ano letivo ou, no ensino superior, ao final do semestre letivo quando a instituição adotar o regime didático semestral. Quando a lei fala em igualdade de condições para o acesso e permanência, está também implícita a necessidade de uma “adaptação” da metodologia de ensino aos novos tempos, de modo que a educação atenda as “necessidades pedagógicas” específicas do alunado, tal qual previsto no art. 100, caput, do ECA; arts. 4º, incisos VI e VII, 26, 28 e 37, da LDB e disposições correlatas contidas no PNE.
236 Vide art. 3º, inciso IV, da LDB. O direito ao respeito já é expressamente assegurado pelos arts. 15 e 17 do ECA, sendo ademais um “direito natural” inerente à pessoa humana. É absolutamente inconcebível se falar em “educação” sem que haja “respeito”, daí porque tal disposição legal até parece ociosa. No entanto, e mais uma vez utilizando a regra básica de hermenêutica jurídica segundo a qual “a lei não contém palavras inúteis”, mister se faz considerar que o sentido da norma é enfatizar a necessidade de que toda e qualquer
intervenção pedagógica realizada junto a crianças e adolescentes, por qualquer que seja o agente ou educador, deve ser centrada na idéia do respeito: respeito aos direitos fundamentais assegurados pela lei e pela Constituição Federal, respeito à individualidade de cada educando e às diferenças encontradas e, é claro, respeito à peculiar condição da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento (conforme art. 6º, in fine, do ECA), que precisam ser
adequadamente orientadas, amparadas e preparadas para que possam alcançar e exercer, em toda plenitude, sua cidadania. A violação deste direito pode importar na prática, por parte do educador, do crime previsto no art. 232, do ECA.
237 Reputa-se fundamental que os regimentos escolares estabeleçam a forma como será tal direito exercido, de preferência com a assistência dos pais ou
responsável, que precisam participar do processo educativo de seus filhos ou pupilos em todos os seus aspectos.
238 Vide art. 15, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, de 1989; art. 5º, incisos XVI, XVII e XVIII, da CF e art. 16, inciso VI, do ECA. O “preparo para
205, da CF, sem dúvida importa na devida informação quanto a seus direitos e deveres, assim como, na formação (e conscientização) política, no sentido mais puro da palavra, razão pela qual os Sistemas de Ensino devem estimular a criação de entidades estudantis, através das quais os jovens aprenderão a se organizar e reivindicar seus direitos, inclusive o de uma educação de qualidade para todos.
239 Vide arts. 3º, inciso VI e 4º, incisos I a IV, da LDB. Trata-se de um verdadeiro
princípio, que o quanto possível deve ser respeitados pelas autoridades
educacionais. Como alternativa, o art. 54, inciso VII, do ECA, a exemplo do previsto no art. 208, inciso VII, da CF e arts. 4º, inciso VIII, 10, inciso VII e 11, inciso VI, da LDB, prevêem a obrigatoriedade do fornecimento do transporte
escolar gratuito àqueles que tiverem de ser matriculados longe de suas
residências.
240 Vide art. 12, inciso VII, da LDB.
241 Regra decorrente dos citados arts. 205 e 227, caput, da CF, que preconizam o imprescindível (e indelegável) papel da família no processo de educação, formação e preparo para cidadania de crianças e adolescentes. Se o dever de
educar é também (e principalmente) de responsabilidade da família (tal qual
preconiza o art. 205, da CF), nada mais adequado do que o chamamento dos pais ou responsável para definição das propostas educacionais, o que abrange o processo de elaboração do próprio regimento escolar. A propósito, mais uma vez se destaca a necessidade de que os regimentos escolares estabeleçam a forma como os pais ou responsável poderão exercer tal direito/dever.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não
tiveram acesso na idade própria
[242];
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio
[243];
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino
[244];
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de
idade
[245];
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um
[246];
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente
trabalhador
[247];
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde
[248].
§ 1º. O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo
[249].
§ 2º. O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público ou sua oferta
irregular importa responsabilidade da autoridade competente
[250].
§ 3º. Compete ao Poder Público
[251]recensear os educandos no ensino
fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável
[252],
pela frequência à escola
[253].
242 Vide arts. 30, inciso VI, 208, inciso I e 211, §§1º e 2º, da CF; arts. 4º, inciso I, 6º, 32 e 87, §3º, da LDB e art. 208, inciso I, do ECA. Com a nova redação dada
aos arts. 6º e 87, §3º, inciso I, da LDB, pela Lei nº 11.114/2005, de 16/05/2005, a matrícula de crianças no ensino fundamental passou a ser
obrigatória a partir dos 06 (seis) anos de idade. Vide também o contido na
Resolução nº 03/2005, do Conselho Nacional de Educação (publ. DOU de 08/08/2005) que, dentre outras, ressalta que a antecipação da obrigatoriedade de matrícula no Ensino Fundamental aos seis anos de idade implica na ampliação da duração do Ensino Fundamental para nove anos, adota a nomenclatura Educação Infantil para a faixa etária até cinco (05) anos de idade e Ensino Fundamental, para a faixa etária de 06 a 14 anos de idade.
243 Vide art. 208, inciso II, da CF e art. 4º, inciso II, da LDB.
244 Vide arts. 208, inciso III e 227, §1º, inciso II, da CF; art. 208, inciso II, do ECA; art. 4º, inciso III, da LDB, arts. 24 a 29, do Decreto nº 3.298/1999 (que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência) e Dec. Legislativo nº 186/2008, de 09/07/2008, que aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007 e Decreto nº 6.949/2009, de 25/08/2009, que a promulga. A inclusão da pessoa com deficiência no sistema regular de ensino é uma meta a ser perseguida, porém deve ocorrer de forma cautelosa e responsável, de modo a permitir um atendimento
individualizado e especializado à criança e ao adolescente não apenas por parte
dos educadores, que devem receber a devida capacitação para o atendimento das necessidades pedagógicas específicas desta clientela, mas por parte de todo o Sistema de Ensino que, quando necessário, deverá proporcionar reforço escolar, atendimento psicossocial às famílias (se necessário com o apoio dos órgãos públicos encarregados da assistência social e saúde), e todos os meios idôneos a proporcionar não apenas a igualdade de acesso e permanência, mas também de sucesso na escola. Vide também o Decreto nº 6.571/2008, de 17/09/2008, que dispõe sobre o atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. 245 Vide arts. 7º, inciso XXV, 30, inciso VI, 208, inciso IV e 211, §2º, da CF; art. 4º,
inciso IV, da LDB; art. 208, inciso III, do ECA e art. 18, nº 3, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, de 1989. A creche e a pré-escola são
modalidades da chamada educação infantil, que como todos os demais níveis de ensino, na forma do art. 205, caput, da CF, constituem-se num “direito de
todos”. Assim sendo, embora não haja a obrigatoriedade dos pais matricularem
seus filhos em creche e pré-escola (como ocorre com o ensino fundamental), é
dever do Poder Público oferecer vagas para os que assim desejarem, inclusive,
na forma da Lei (art. 208, inciso III, do ECA), sob pena de responsabilidade. Neste sentido: RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA ARTIGOS 54 E 208
DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. MATRÍCULA E FREQUÊNCIA DE MENORES DE ZERO A SEIS ANOS EM CRECHE DA REDE PÚBLICA
MUNICIPAL. 1. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96, art. 4º, IV) asseguram o atendimento de crianças de zero a seis anos em creches e pré-escolas da rede pública. 2. Compete à Administração Pública propiciar às crianças de zero a seis anos acesso ao atendimento público educacional e a frequência em creches, de forma que, estando jungida ao princípio da legalidade, é seu dever assegurar que tais serviços sejam prestados mediante rede própria. 3. ‘Consagrado por um lado o dever do Estado, revela-se, pelo outro ângulo, o direito subjetivo da criança. Consectariamente, em função do princípio da inafastabilidade da jurisdição consagrado constitucionalmente, a todo direito corresponde uma ação que o assegura, sendo certo que todas as crianças nas condições estipuladas pela lei encartam-se na esfera desse direito e podem exigi-lo em juízo’ (R.Esp. nº 575.280-SP, relator para o acórdão Ministro Luiz Fux, DJ de 25/10/2004). 4.
A consideração de superlotação nas creches e de descumprimento da Lei Orçamentária Municipal deve ser comprovada pelo Município para que seja possível ao órgão julgador proferir decisão equilibrada na busca da conciliação entre o dever de prestar do ente público, suas reais possibilidades e as necessidades, sempre crescentes, da população na demanda por vagas no ensino pré-escolar. 5. No caso específico dos autos, não obstante tenha a municipalidade alegado falta de vagas e aplicação ‘in totum’ dos recursos orçamentários destinados ao ensino fundamental, nada provou; a questão manteve-se no campo das possibilidades. Por certo que, em se tratando de caso concreto no qual estão envolvidas apenas duas crianças, não haverá
superlotação de nenhuma creche. 6. Recurso especial provido. (STJ. 2ª T. R.Esp.
nº 577573/SP. Rel. João Otávio de Noronha. J. em 17/04/2007). A respeito da matéria, vale mencionar que com o advento da Lei nº 11.114/2005, de 16/05/2005, a matrícula de crianças no ensino fundamental passou a ser
obrigatória a partir dos 06 (seis) anos de idade, sendo que a pré-escola passa a
ter como idade-limite os 05 (cinco) anos. Por fim, vale lembrar que a oferta da educação infantil é de responsabilidade dos municípios, cabendo à União a função “redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos ... municípios”. Neste sentido, vide o Decreto
nº 6.494/2008, de 30/06/2008, que dispõe sobre o Programa Nacional de
Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil - Pro-Infância, destinado a apoiar os sistemas públicos de
educação infantil por meio da construção e reestruturação de creches e escolas de educação infantil das redes municipais e do Distrito Federal.
246 Vide art. 208, inciso V, da CF e art. 4º, inciso V, da LDB.
247 Vide arts. 7º, inciso XXXIII e 208, inciso VI, da CF e art. 4º, inciso VI, da LDB. Da inteligência do dispositivo, que vincula o ensino noturno ao trabalho do adolescente, fica claro que deve ser o quanto possível evitada a matrícula de crianças ou adolescentes no ensino noturno, o que somente deverá ocorrer caso comprovada a necessidade, em razão do trabalho, na condição de aprendiz, a partir dos 14 (quatorze) anos, ou trabalho regular, a partir dos 16 (dezesseis) anos de idade. Além dos “perigos” da noite, que por si só já não tornam recomendável o estudo no período noturno, parte-se do princípio que este é atentatório à convivência familiar da criança/adolescente com seus pais ou responsável, na medida em que estes geralmente trabalham durante o dia e somente teriam contato com aqueles à noite. O estudo noturno, portanto, reduz sobremaneira, quando não impede por completo, o contato diário da
criança/adolescente com seus pais ou responsável, expondo-os a perigos e a toda sorte de influência negativa externa, com evidentes prejuízos à sua formação. Importante também destacar que a proposta pedagógica oferecida aos adolescentes que trabalham, assim como aos jovens que apresentam defasagem idade-série, deve ser diferenciada e altamente especializada, de modo a atender suas necessidades pedagógicas específicas, respeitando as peculiaridades destas categorias de alunos. Os professores encarregados de ministrar as aulas também deverão ser adequadamente selecionados e capacitados (valendo neste sentido observar o disposto no art. 62, da LDB), devendo ser dado ênfase ao desenvolvimento de novas propostas relativas à metodologia, didática e avaliação tal qual previsto no art. 57, do ECA. Sobre a matéria: PROCESSUAL CIVIL. COLÉGIO PEDRO II. EXTINÇÃO DO CURSO
NOTURNO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. INTERESSES COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO E DIFUSOS. 1. O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública objetivando a manutenção do curso de ensino médio no período noturno oferecido pelo Colégio Pedro II - Unidade São Cristóvão, que teria sido ilegalmente suprimido pelo Diretor da
referida entidade educacional. 2. O direito à continuidade do curso noturno titularizado por um grupo de pessoas - alunos matriculados no estabelecimento de ensino - deriva de uma relação jurídica base com o Colégio Pedro II e não é passível de divisão, uma vez que a extinção desse turno acarretaria idêntico prejuízo a todos, mostrando-se completamente inviável sua quantificação individual. 3. Há que se considerar também os interesses daqueles que ainda não ingressaram no Colégio Pedro II e eventualmente podem ser atingidos pela extinção do curso noturno, ou seja, um grupo indeterminável de futuros alunos que titularizam direito difuso à manutenção desse turno de ensino. 4. Assim, a orientação adotada pela Corte de origem merece ser prestigiada, uma vez que os interesses envolvidos no litígio revestem-se da qualidade de coletivos e, por conseguinte, podem ser defendidos pelo Ministério Público em ação civil pública. 5. No mais, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece expressamente a legitimidade do Ministério Público para ingressar com ações fundadas em interesses coletivos ou difusos para garantir a oferta de ensino noturno regular adequado às condições do educando. 6. Recurso especial não provido. (STJ. 2ª
T. R.Esp. nº 933002/RJ. Rel. Min. Castro Meira. J. em 16/06/2009).
248 Vide art. 208, inciso VII, da CF e arts. 4º, inciso VIII, 10, inciso VII e 11, inciso VI, da LDB; Lei nº 10.880/2004, de 09/06/2004, que institui o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE e o Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos; Lei nº 11.947/2009, de 16/06/2009, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; Decreto nº 6.286/2007, de 05/12/2007 que institui o Programa Saúde na Escola - PSE, e Decreto nº 6.768/2009, de 10/02/2009, que Disciplina o Programa Caminho da Escola, através do qual a União, por intermédio do Ministério da Educação, apoia os sistemas públicos de educação básica dos Estados, Distrito Federal e Municípios na aquisição de veículos para transporte dos estudantes da zona rural. Através de tais programas, que devem estar articulados entre si (cf. art. 86, do ECA) e integrando a “rede de proteção dos direitos infanto-juvenis” que cada município está obrigado a implementar, se procura proporcionar reais
condições para que o aluno frequente a escola com aproveitamento, afinal, de
nada adianta a oferta meramente “formal” de vagas nas escolas, sendo necessário proporcionar às crianças e adolescentes os meios necessários ao
efetivo exercício do direito à educação. No Paraná, vide Lei Estadual nº
15.537/2007, de 12/06/2007, que dispõe sobre o fornecimento, na Rede de Ensino Estadual, de merenda diferenciada para estudantes diabéticos, hipoglicêmicos e celíacos. Sobre a matéria: ADMINISTRATIVO. AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO FEDERAL. VERBAS ALUSIVAS AO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR E AO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. A suspensão