• Nenhum resultado encontrado

2 CONTEXTOS, ORIGEM E DEBATES DO PSF

NORMA INSTRUMENTO NORMATIVO AUTORIDADE QUE ASSINA PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO REGULAÇÃO ÁREA DE TEMPO DE VIGÊNCIA NOB 91 Resolução nº 258, de 07/01/91 Presidente do INAMPS Ausente Assistência 6 meses

2.1.2 Do financiamento seus mecanismos de repasse entre fundos de saúde

Segundo a Constituição Federal (CF, Parágrafo Único, artigo 198) o financiamento do SUS se dá pelo orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e Municípios, além de outras fontes. Portanto, o SUS é uma responsabilidade financeira dos três níveis de governo - federal, estadual e municipal.

Confirmando esse conceito, em setembro de 2000, foi aprovada a Emenda Constitucional 29 (EC-29) que determina a vinculação de receitas das três esferas de governo para o SUS, definindo percentuais mínimos de recursos para as ações e serviços de saúde, vinculados à arrecadação de impostos e às transferências constitucionais.

Provisoriamente, até que seja elaborada lei complementar, a EC-29 acresceu, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, o artigo 77, que define os recursos mínimos a serem aplicados, de 2000 a 2004, nas ações e serviços públicos de saúde, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Por outro lado, reforçou a obrigatoriedade desses recursos serem aplicados por meio dos respectivos Fundos de Saúde, que serão acompanhados e fiscalizados pelos Conselhos de Saúde correspondentes.

Portanto, desde o ano de 2000, passam a existir fontes de recursos e percentuais definidos para o SUS, o que antes não havia. A União terá que gastar no sistema, no mínimo, o valor empenhado no ano anterior acrescido da variação nominal do PIB – Produto Interno Bruto. Os Estados e o Distrito Federal terão que gastar, no mínimo, 12% do produto da arrecadação dos impostos próprios e dos que lhes são transferidos pela União, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos Municípios.

O Distrito Federal e os Municípios terão que gastar, no mínimo, 15% do produto da arrecadação dos impostos próprios e dos que lhes são transferidos pela União e, no caso dos municípios, também pelos Estados.

Com o advento da EC-29 estimou-se que o gasto público em saúde, em 2001, chegaria à casa dos R$ 40,4 bilhões. Destes, R$ 22,2 bilhões (55%) gastos pela esfera federal, R$ 7,7 bilhões (19%) pelos governos estaduais e R$ 10,5 bilhões (26%) pelos municípios.

São, fundamentalmente, três os mecanismos de transferência dos recursos do SUS da União para os estados, Distrito Federal e Municípios:

(1) Transferência fundo a fundo: os recursos são repassados diretamente do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos estaduais e municipais, independentemente de convênio ou qualquer outro instrumento congênere, segundo as condições de gestão.

(2) Transferência por serviços produzidos: os recursos são pagos diretamente a prestadores da rede estadual ou privados, contratados ou conveniados, contra apresentação de faturas, referentes a serviços realizados conforme programação e mediante prévia autorização do gestor, obedecendo às tabelas editadas pelo MS/SAS.

(3) Transferência por convênio: os recursos são repassados via convênio, visando à execução descentralizada de programa e ações de saúde, com interesses mútuos, ou ao cumprimento de emendas parlamentares ou, ainda, à assistência financeira suplementar. Quanto às emendas parlamentares, vale mencionar que o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou e homologou a Resolução33 de nº 360, de 1 de junho de 2006, que trata de disciplinar 33 Afirma Mendes (2006) que a aprovação dessa Resolução constitui medida de extrema importância para a

alocação dos recursos do SUS. Informa que na Lei Orçamentária Anual 2006, as emendas nominativas

a destinação das emendas parlamentares. De forma geral, segundo essa resolução, os recursos orçamentários e financeiros das emendas devem estar compatíveis com os Planos de Saúde Nacional, Estaduais e Municipais, considerando as reais necessidades e o perfil sócio- epidemiológico que os caracteriza. Cabe ao CNS indicar a melhor forma de alocação destes recursos. A primeira diretriz da Resolução diz que: “O MS somente executará o orçamento referente a Emendas Parlamentares, após aprovação do Conselho Nacional de Saúde, que apreciará o plano de aplicação e as justificativas”. (Resolução nº360, CNS).

Os recursos federais, devido à habilitação34 dos estados e municípios, passam a ser

transferidos diretamente do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais e Municipais, em observância ao mecanismo instituído pelo Decreto N° 1.232, de 30 de agosto de 1994.

Além das transferências do Fundo Nacional de Saúde, os Fundos Estaduais e Municipais recebem aportes de seus próprios orçamentos. Em alguns estados, há o repasse de recursos próprios para os Fundos Municipais de Saúde, de acordo com regras definidas no âmbito estadual.

Não se pode deixar de comentar que a área da saúde promoveu avanços significativos em termos de reforma do Estado. O Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde/SIOPS35 constitui mecanismo importante para essa reforma. Não há outra política

pública que vem acompanhando os recursos públicos anualmente. Por meio dos dados do SIOPS é possível dizer que, no tocante à participação das três esferas de governo no gasto público em saúde, a fonte federal caiu de 60,7% para 49,3% entre 1995 e 2004, e as fontes estadual/municipal cresceram de 39,3% para 50,5%, nesse mesmo período. Essa informação indica a força do processo de descentralização do SUS no país. (MENDES, 2006).

Analisam algumas entidades civis36 que o Orçamento da União visto como mera peça contábil

faz com que muitos pensem que a área de Saúde estaria satisfatoriamente financiada, pois correspondem a R$ 2,0 bilhões - valor significativamente alto, equiparável ao da unidade orçamentária Funasa, superior à Fiocruz, à ANSS e ao Grupo Hospitalar Conceição e ainda, um dos primeiros itens de despesa da unidade orçamentária Fundo Nacional de Saúde, ou seja, inferior somente aos itens Média e Alta Complexidade R$17,2 bilhões, PAB fixo R$ 2,3 bilhões e PACS/PSF R$ 2,6 bilhões.

34 A condição de Habilitação em Gestão Plena do Sistema de Estados e Municípios estabelecida na Norma

Operacional Básica - NOB SUS 01/96 e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS SUS 2002, fica mantida até a assinatura do Termo de Compromisso de Gestão constante nas Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde 2006.

35 A implantação do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde/SIOPS teve origem no

Conselho Nacional de Saúde em 1993, tendo sido considerado relevante pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão - PFDC - quando da instalação dos Inquéritos Civis Públicos nº 001/ 94 e 002/94 sobre o funcionamento e financiamento do SUS. Em 30 de abril de 1999, foi assinada a Portaria Interministerial nº 529 pelo Ministro da Saúde e pelo Procurador Geral da República, designando uma equipe para sua operacionalização. Sua institucionalização no âmbito do Ministério da Saúde se deu pela Portaria Conjunta MS/ Procuradoria Geral da República nº 1163, de 11 de outubro de 2000, posteriormente retificada pela Portaria Interministerial nº 446, de 16 de março de 2004, sendo, atualmente, coordenado pelo Departamento de Economia da Saúde/DES, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos/ SCTIE do Ministério da Saúde.

para 2006 estão previstos recursos de cerca de R$ 40 bilhões, só superados pelos gastos com benefícios previdenciários. Portanto, os problemas atuais da área de saúde deveriam ser atribuídos à má gestão destes recursos. Estes R$ 40 bilhões representam cerca de 7% da receita corrente bruta, mas este cálculo não expressa a realidade dos gastos do governo, pois dele já foram expurgados os recursos destinados ao pagamento de juros da dívida, que foram orçados em cerca de R$ 180 bilhões. Ou seja, se gasta mais de quatro vezes com pagamento de juros do que com saúde.

Esta situação fez com que o financiamento da saúde estagnasse entre US$ 120 e 150 públicos per capita, o que representa um gasto de, na melhor das hipóteses, menos que R$1,00 por dia por habitante. Isto significa menos que do que o gasto público em países vizinhos como Chile, México, Argentina, Panamá, Costa Rica, e menos que 10% em relação ao Canadá e aos países europeus. Enquanto nos países desenvolvidos, de todos os gastos com saúde, no mínimo 70% são de orçamentos públicos, no Brasil, quase 18 anos após a criação do SUS, permanecemos com apenas 45% dos orçamentos públicos nos gastos totais com saúde37.

(OMS, 2002).

Segundo dados da OMS (2002) relativos à comparação internacional em relação ao Produto Interno Bruto - PIB, nossos recursos públicos destinados à saúde significam 3,2%, correspondendo a patamares menores que os da Bolívia, Colômbia, África do Sul, Rússia, Venezuela, Uruguai, Argentina (5,12%), Cuba (6,25%), EUA (6,2%), Japão, Inglaterra, Austrália, Portugal, Itália, Canadá, França, Alemanha (8,1%).