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4 O SAÚDE DA FAMÍLIA NOS 12 MUNICÍPIOS PIONEIROS

4.8 Planaltina de Goiás (GO)

4.9.3 O PSF no município: Curitiba (PR)

A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba adotou o PSF como uma política local sendo implantado no município em 1992, antes da iniciativa do Ministério da Saúde. Fez essa opção por acreditar no potencial da organização da atenção básica como forma de estruturar os demais níveis do sistema. A responsabilidade primeira foi intervir em populações com indicadores epidemiológicos desfavoráveis.

O município teve a preocupação de iniciar a implantação das equipes, com base no princípio da eqüidade; com isso foi chegando aos locais de maior risco social, localizados na periferia da cidade onde a necessidade era maior; todavia também almejou-se que houvesse unidades em todos os distritos sanitários.

O processo de implantação se deu anterior à proposta do Ministério da Saúde, com algumas iniciativas locais. Posteriormente com a indução dessa estratégia pelo MS, seu incentivo financeiro, o município foi ampliando progressivamente a cobertura do PSF. É importante

lembrar que desde 1992, com experiências isoladas na Unidade de Saúde de Pompéia, seguida da Unidade de Saúde São José, criou-se condições e maturidade técnico-gerencial para seguir das unidades básica de saúde da periferia da cidade para as do centro.

É importante registrar também que as idéias de trabalhar no território, com foco nas famílias, em uma prática de vigilância à saúde, onde as unidades básicas fossem extensão dos espaços comunitários, vêm se dando na cidade de Curitiba desde os anos 90. Segundo as falas dos respondentes na entrevista coletiva, essas idéias foram influenciadas pela vinda de vários técnicos do Canadá e pelo convívio junto às experiências do Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre, e do município de Niterói. Além dos movimentos sociais organizados, esses participavam ativamente dos debates e questionamentos acerca do modelo de atenção à saúde necessário para as famílias e comunidades curitibanas. Portanto, pode-se dizer que a implantação do PSF foi motivada pela necessidade de melhorar a qualidade de vida e saúde daquela população.

O município de Curitiba conta hoje com 146 equipes, 1.193 Agentes Comunitários de Saúde, 116 equipes de saúde bucal, atuando em 46 unidades básicas de saúde da família, cuidado de 30.6% da população. As ESF estão distribuídas na zona urbana (periferia da cidade) e na zona rural. Nessas unidades, as equipes ofertam as ações e serviços básicos de saúde, para todas as famílias residentes naqueles territórios. O foco de sua atenção é dirigido para as crianças, mulheres, idosos e indivíduos em situações de riscos, a exemplo de hipertensão, diabetes e hanseníase, além das ações de saúde bucal, mental e de reabilitação.

Nas menções dos sujeitos coletivos na entrevista, as ações mais utilizadas nas unidades básicas de saúde são as consultas médicas, de enfermagem e os atendimentos odontológicos. Outra ação referida várias vezes foi a educação em saúde desenvolvida no ambulatório, nas visitas domiciliares e nas reuniões de grupos específicos.

É importante mencionar que persistem ainda na cidade de Curitiba as dificuldades de ordem técnica (captação de médicos generalistas) e de ordem financeira, no que se refere ao custeio das equipes. Além disso, há ainda dificuldades em capacitar todas as equipes.

Reconhece-se que, ao longo da história da implantação do PSF, a Secretaria Municipal de Saúde vem investindo na formação do pessoal envolvido nessa estratégia. Os respondentes lembram e citam os investimentos no I Curso de Especialização, com cooperação da Universidade de Toronto - Canadá, da residência em Saúde da Família, com apoio da Universidade Federal do Paraná, da Universidade Católica – PUC (PR), da Faculdade Evangélica de Medicina e dos treinamentos introdutórios e capacitações pontuais desenvolvidas pela própria Secretaria Municipal de Saúde.

Mesmo com estes esforços, os entrevistados citam algumas limitações:

[...] inicialmente a falta de financiamento principalmente por termos

iniciado o processo já na visão de equipe multiprofissional, onde a odontologia já estava inserida no processo desde o início, vem criando dificuldades no momento... a capacitação principalmente do profissional médico que passa a ter uma atuação como generalista, ainda é muito difícil, além do custeio, é claro.

Com o acentuando intercâmbio entre as unidades básicas de saúde e os demais níveis do sistema municipal, as equipes sentem-se à vontade para falar da central de marcação de consultas especializadas e do sistema de apoio ao diagnóstico e tratamento - SADT, como mecanismos de referência e contra-referência. Estas questões são tratadas nos espaços de discussões que ocorrem semanalmente nas unidades básicas, junto aos outros pontos do sistema para o planejamento e programações das atividades a serem desenvolvidas na área de abrangência.

Assim, apontam os principais resultados em relação ao trabalho das equipes do PSF desde a sua implantação:

[...] as equipes do PSF contribuem com o vínculo com a população da área

de abrangência... com a redução das intercorrências graves... com o maior controle das patologias crônicas... com o maior acompanhamento dos programas da unidade de Saúde.

Confirmam, portanto a efetividade do PSF em relação à organização do serviço e sua articulação com as comunidades, na medida em que expressam:

[...] a efetividade do PSF se consolida pela atuação no lócus familiar e pela

utilização dos recursos comunitários, ampliando assim as ações intersetoriais.

No tocante à ampliação do acesso aos serviços de saúde, consideram que o atendimento das equipes do PSF melhorou o acesso aos serviços básicos de saúde. Mas esperam continuar ampliando a cobertura das equipes conforme a necessidade da população. Esperam ainda formar uma estrutura bem consolidada para a atenção básica, tendo por base a estratégia Saúde da Família, podendo chegar a uma cobertura de 50 a 60%, com grande investimento em qualidade. Essas são as condições futuras para que o PSF continue contribuindo para a diminuição das desigualdades na saúde.

4.10 Joinville (SC)