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4 O SAÚDE DA FAMÍLIA NOS 12 MUNICÍPIOS PIONEIROS

4.8 Planaltina de Goiás (GO)

4.8.3 O PSF no município: Planaltina de Goiás (GO)

O município de Planaltina de Goiás optou pelo PSF por ser uma estratégia capaz de trazer melhoria ao nível de saúde das famílias. Sua implantação se deu inicialmente pelas periferias da cidade, como forma de ampliar as ações dos Agentes Comunitários de Saúde - ACS. As experiências que influenciaram a tomada de decisão da SMS pela implantação dessa estratégia foram o modelo de médico de família de Cuba e a indução do Ministério da Saúde em 1994. Os critérios para definir as prioridades no processo de implantação que se deu de forma gradativa foram a distância das unidades do centro para a periferia, as altas taxas de mortalidade materna e infantil e as situações de risco de dengue e cólera.

Nessa direção os respondentes apontam

[...] as equipes foram implantadas lá nas periferias pela distância que

tinha... para as comunidades era difícil se deslocar de lá para o hospital, que ficava aqui no centro.

Nessa mesma direção, fica evidente que o PSF em Planaltina de Goiás tinha por finalidade ajudar a organizar a atenção básica, tendo na prevenção e promoção seus principais eixos de atuação. Portanto, cuidar das gestantes, das crianças, dos hipertensos, dos diabéticos, compunha o essencial da agenda de trabalho das equipes, conforme expressam os respondentes da entrevista coletiva:

[...] o PSF é uma estratégia que surgiu para prevenir as doenças, promover

a saúde, para a gente estar mais próximo das famílias... o PSF foi criado para que a família, a pessoa, o cidadão tivesse um primeiro atendimento, perto de suas casas.

Com isso confirma que dos objetivos do PSF, o que considera mais importante é a ação social do médico, dentista, enfermeiro e dos Agentes Comunitários de Saúde, constituindo-se em uma equipe de trabalho, cujo propósito é organizar as ações básicas de saúde de forma mais acolhedora e humana.

O estágio atual de implantação do PSF em Planaltina de Goiás é de 79,7%, de cobertura populacional, onde 22 unidades básicas de saúde da família contam com 22 equipes, 122 Agentes Comunitários de Saúde equipes e 12 equipes de saúde bucal. Essas unidades estão distribuídas na zona urbana e rural da cidade. Nelas, após a implantação do PSF, passaram a

ser ofertadas as ações odontológicas, de saúde da criança, como incentivo ao aleitamento, à imunização, ao acompanhamento do crescimento, saúde da mulher, com as consultas do pré- natal para as gestantes, o controle da diabete, hipertensão, as DST/AIDS, o planejamento familiar, e principalmente as visitas domiciliares, consideradas um investimento das equipes do PSF.

Dentre as ações ofertadas pelas unidades básicas de saúde da família, as consideradas mais utilizadas, pelos respondentes foram consultas aos hipertensos, ao pré-natal, consultas de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças e as reuniões com os grupos de idosos.

Quanto às mudanças ocorridas nas unidades básicas de saúde da família, por força da organização da atenção básica e das mudanças na situação de saúde da população, algumas falas podem melhor explicitar o que o grupo pensa a esse respeito. Na organização:

[...] aqui aconteceram muitas mudanças, por exemplo, a qualidade

melhorou muito do serviço. O fluxo para os hospitais diminuiu muito. O número de pessoas que são encaminhadas para o Distrito Federal foi diminuindo gradativamente. O Hospital não está tão sobrecarregado, os ambulatórios não estão tão sobrecarregados.

Seguem falando:

[...] a humanização no PSF é sinal de mudança... esse contato direto que a

gente tem com as famílias, a confiança que elas passam a ter na gente... tudo isso fortalece a atenção básica à saúde... o PSF tem contribuído, sem dúvida.

Por outro lado apontam que o município ainda não dispõe de um sistema de referência e contra-referência que possa assegurar a continuidade da atenção à saúde das famílias de forma integral. As equipes não têm condições de planejar, nem programar suas ações, tendo por base o Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB, em função da grande demanda. Os resultados do trabalho das equipes não são divulgados, nem mesmo no Conselho Municipal de Saúde, e os Agentes Comunitários de Saúde continuam sendo cobrados para conseguir consultas com especialistas e remédios para as famílias e comunidades, situação que os coloca em indisposição nas suas áreas de trabalho, para falar o mínimo.

Depois da exposição quanto às mudanças na organização da atenção básica, sintetizaram que as mudanças na situação de saúde da população passavam pela melhoria nos indicadores de saúde, a exemplo da redução da mortalidade materna; controle de hipertensão arterial; redução da desnutrição; aumento na adesão ao pré-natal, aumento do acompanhamento das

crianças. Finalizaram dizendo que as equipes do PSF contribuem para melhorias da qualidade vida da população, que passou a se preocupar com a prevenção e não só com a doença.

A Secretaria Municipal de Saúde relata que a efetividade do PSF ainda é muito relativa, pois depende de superarem as dificuldades estruturais e organizativas do sistema municipal de saúde. Por essa razão espera em um futuro próximo poder universalizar as ações do PSF, como forma de continuar ampliando o acesso aos serviços básicos de saúde e contribuir efetivamente com a diminuição das desigualdades na saúde, ainda tão presentes na cidade de Planaltina de Goiás.

4.9 Curitiba (PR)