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Do modo de 1er O modo de 1er consiste em dividir.

Caput IX: De modo legendi Modus legendi in dividendo constat

CAPÍTULO 9: Do modo de 1er O modo de 1er consiste em dividir.

Toda divisão começa das coisas finitas e progride até as infi­ nitas. Tudo aquilo que é finito é mais conhecido e mais compre­ ensível pela ciência. A aprendizagem começa das coisas que são mais notas e, pelo conhecimento delas, chega ao conheci­ mento das coisas ocultas. Além disso, nós investigamos com a razão, à qual é próprio dividir, quando descemos dos univer­ sais para os particulares dividindo e investigando a natureza de cada coisa. Com efeito, todo universal é mais determinado que seus particulares.

Quando ergo discimus, ab his incipere debemus quae magis sunt nota et determinata et complectentia, sicque paulatim des­ cendendo, et per divisionem singula distinguendo, eorum quae continentur naturam investigare.

Caput X: De meditatione

Meditatio est cogitatio frequens cum consilio, quae causam et originem, modum et utilitatem uniuscuiusque rei prudenter investigat.

Meditatio principium sumit a lectione, nullis tamen stringi­ tur regulis aut praeceptis lectionis. Delectatur enim quodam aperto decurrere spatio, ubi liberam contemplandae veritati aci­ em affigat, et nunc has, nunc illas rerum causas perstringere, nunc autem profunda quaeque penetrare, nihil anceps, nihil obs­ curum relinquere.

Principium ergo doctrinae est in lectione, consummatio in meditatione, quam si quis familiarius amare didicerit eique sae­ pius vacare voluerit, iucundam valde reddit vitam, et maximam in tribulatione praestat consolationem. Ea enim maxime est, quae animam a terrenorum actuum strepitu segregat, et in hac vita etiam aeternae quietis dulcedinem quodammodo praegusta­ re facit- Cumque iam per ea quae facta sunt eum qui fecit omnia quaerere didicerit et intelligere, tunc animum pariter et scientia erudit et laetitia perfundit, unde fit ut maximum in meditatione sit oblectamentum.

Tria sunt genera meditationis. Unum constat in circumspec­ tione morum, aliud in scrutatione mandatorum, tertium in in­ vestigatione divinorum operum. Mores sunt in vitiis et virtuti bus. Mandatum divinum, aliud praecipiens, aliud promittens, ali­ ud terrens. Opus Dei est, et quod creat potentia, et quod mode­ ratur sapientia, et quod cooperatur gratia.

Quae omnia, quanta sint admiratione digna, tanto magis quisque novit, quanto attentius Dei mirabilia meditari consuevit.

Quando, portanto, aprendemos, devemos começar pelas coi­ sas que são mais conhecidas, determinadas e abrangentes, e aí, descendo aos poucos e distinguindo pela divisão as coisas singu­ lares, investigar a natureza das coisas aí contidas.

1 h •? r 1 l:^ k ÍÍ-; CAPÍTULO 10: A meditação

A meditação é um pensar freqüente com discernimento, e ela investiga prudentemente a causa e a origem, o gênero e a uti­ lidade de cada coisa.

A meditação começa com a leitura, mas não se amarra a ne­ nhuma regra ou prescrição da leitura. Ela se deleita em correr pela campina aberta, onde fixa o livre olhar para a verdade a ser contemplada, e deleita-se em examinar ora estas ora aquelas causas, em penetrar as coisas profundas, em deixar nada ambí­ guo, nada obscuro.

O início da aprendizagem está na leitura, o fim na medita­ ção, e se alguém aprender a amá-la com mais intimidade e dedi­ car-se a ela com mais afinco, ela lhe torna a vida muito jucunda, e na tribulação oferece uma grandíssima consolação. Ela é, so­ bretudo, aquela que afasta a alma do estrépito dos afazeres ter­ renos, e, em certo qual modo, faz antegozar já nesta vida a doçu­ ra da paz eterna. E, após ter aprendíclo a querer e entender, pe­ las coisas que foram feitas, Aquele que fez tudo, ela inunda o es­ pírito igualmente de ciência e de alegria, de maneira que na me­ ditação aconteça o máximo de deleite.

Há três tipos de meditação. O primeiro consiste no exame da conduta, o segundo no conhecimento minucioso dos manda­ mentos, 0 terceiro na investigação das obras divinas, A conduta consiste nos vícios e nas virtudes. O mandamento divino é ora preceptivo, ora promitente, ora aterrador. É obra de Deus seja aquilo que a sua potência cria, seja aquilo que a sua Sapiência guia, seja aquilo que a sua graça reforça.

Todas estas coisas, de quanta admiração elas sejam dignas, tanto mais sabe-o o homem, quanto mais atentamente acostu­ mou-se a meditar as obras admirandas de Deus.

De memoria hoc maxime in praesenti praetermittendum non esse existimo, quod sicut ingenium dividendo investigat et invenit, ita memoria colligendo custodit.

Oportet ergo ut, quae discendo divisimus, commendanda memoriae colligamus. Colligere est ea de quibus prolixius vel scriptum vel disputatum est ad brevem quandam et compendio­ sam summam redigere, quae a maioribus epilogus, id est, brevis recapitulatio supradictorum appellata est. Habet namque omnis tractatio aliquod principium, cui tota rei veritas et vis sententiae innititur, et ad ipsum cuncta alia referuntur. Hoc quaerere et considerare colligere est.

Unus fons est et multi rivuli, quid anfractus fluminum se­ queris? Tene fontem et totum habes. Hoc idcirco dico, quoniam memoria hominis hebes est et brevitate gaudet, et, si in multa di­ viditur, fit minor in singulis. Debemus ergo in omni doctrina bre­ ve aliquid et certum colligere, quod in arcula memoriae reconda­ tur, unde postmodum, cum res exigit, reliqua deriventur. Hoc etiam saepe replicare et de ventre memoriae ad palatum revoca­ re necesse est, ne longa intermissione obsoleat.

Unde rogo té, o lector, ne nimium laeteris si multa legeris, sed si multa intellexeris nec tantum intellexeris sed retinere po­ tueris. Alioquin nec legere multum prodest, nec intelligere. Qua­ re superius me dixisse recolo eos qui doctrinae operam dant in­ genio et memoria indigere.

Caput XI: De memoria

Caput XII: De disciplina

Sapiens quidam cum de modo et forma discendi interroga­ retur:

Sobre a memória, considero agora que não pode ser esque­ cido isto: como o engenho investiga e descobre, dividindo, assim a memória guarda, resumindo.

Forçosamente, portanto, aquilo que dividimos aprendendo, devemos sintetizá-lo para ser confiado à memória. Resumir sig­ nifica reduzir aquilo do qual foi falado ou escrito prolixamente para uma compilação breve e compendiosa que os antigos cha­ mavam epílogo, isto é, uma breve recapitulação das coisas ditas antes. De fato, qualquer tratado possui algum conceito basilar, sobre o qual toda a verdade da coisa e a força da argumentação se baseiam, e a ele todas as outras coisas se referem. Procurar e centrar isto é resumir.

Há uma fonte e muitos riachos: por que você segue as tortuo­ sidades do rio? Fique com a fonte, e tem tudo. Afirmo que a me­ mória do homem é fraca e gosta de brevidade, e se ela se dissipa em muitas coisas, fica menor em cada uma delas. Devemos, por­ tanto, redigir em cada doutrina algo breve e certo, a ser deposi­ tado no arquivo da memória, do qual, em seguida, quando for necessário, as outras coisas derivem. Este resumo deve também ser revisitado freqüentemente e, do ventre da memória, ser cha­ mado de volta para o paladar, para que não desapareça em virtu­ de de um longo abandono.

Por isso, aconselho a você, estudante, a não alegrar-se ex­ cessivamente por 1er muitas coisas, mas por entender muitas coi­ sas, e não somente entender mas poder memorizar. Do contrá­ rio, não adianta 1er muito nem entender muito. Razão pela qual repito quanto disse acima, isto é, que as pessoas que se dedicam ao estudo necessitam de engenho e de memória.

CAPÍTULO 11: A memória