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Sunt namque in rebus alia quae nec principium habent nec finem, et haec aeterna nominantur, alia quae principium idem habent.

cessário haver tantas partes da filosofia, quantas são as diversi­ dades das coisas, às quais, como ficou daro, ela se refere.

I

CAPÍTULO 5; Da origem da teórica, da prática, da mecânica

A finalidade e a intenção de todas as ações e esforços huma­ nos, que são guiados pela Sapiência, devem mirar ou a restabe­ lecer a integridade da nossa natureza ou a mitigar a fatalidade das privações, às quais a vida presente está sujeita. Explicarei mais claramente o que acabo de dizer.

Duas coisas existem no homem, o bem e o mal, a natureza original e a sua depravação. O bem, sendo que é a natureza ori­ ginária, visto que se depravou, visto que ficou diminuto, deve ser restabelecido através do empenho pessoal. O mal, dado que é depravação, dado que é corrupção, sendo que não é a natureza originária, deve ser extirpado, E se não pode ser extirpado pela raiz, pelo menos deve ser reprimido com a aplicação de um re­ médio. Isto é exatamente aquilo que deve ser feito para que a na­ tureza seja recuperada e o vício eliminado.

A integridade da natureza humana, por sinal, se realiza de duas maneiras, pelo conhecimento e pela viftude, e esta é a úni­ ca semelhança que temos com as substâncias superiores e divi­ nas. De fato o homem, dado que não é uma natureza simples mas é composto de duas substâncias, é imortal no que diz respeito a uma parte dele, que é a mais importante e que, é necessário dizê-lo mais explícitamente, é ele mesmo. No que diz respeito à outra parte, que é passageira, que é a única conhecida por aque­ les que não sabem acreditar senão nos sentidos, o homem é sujei­ to à mortalidade e à mutabilidade, razão pela qual é necessário morrer todas as vezes que se perde aquilo que ele é. E esta é a úl­ tima das coisas, aquela que tem um princípio e um fim.

CAPÍTULO 6; Dos três típos de coisas

Entre as várias coisas há aquelas que não têm nem início nem fim, e estas são chamadas eternas, outras que têm um início, mas

sed nullo fine clauduntur, et dicuntur perpetua, alia quae et ini­ tium habent et finem, et haec sunt temporalia.

In primo ordine id constituimus cui non est aliud esse, et id quod est id est, cuius causa et effectus diversa non sunt, quod non aliunde sed a seraetipso subsistere habet, ut est solus natu­ rae genitor et artifex.

Illud vero cui aliud est esse, et id quod est, id est quod aliun­ de ad esse venit, et ex causa praecedente in actum profluxit, ut esse inciperet, natura est, quae mundum continet omnem; idque in gemina secatur: est quiddam quod a causis suis primordiali­ bus, ut esse incipiat, nullo movente, ad actum prodit solo divinae voluntatis arbitrio, ibique immutabile omnis finis atque vicissi­ tudinis expers consistit (eiusmodi sunt rerum substantiae quas Graeci ousias dicunt); et cuncta superlunaris mundi corpora, quae etiam ideo quod non mutentur, divina appellata sunt.

Tertia pars rerum est quae principium et finem habent, et per se ad esse non veniunt, sed sunt opera naturae, quae oriun­ tur super terram sub lunari globo, movente igne artifice, qui vi quadam descendit in res sensibiles procreandas.

De illis ergo dictum est; "Nihil in mundo moritur”, eo quod nulla essentia pereat. Non enim essentiae rerum transeunt, sed formae.

não são limitadas por nenhum fim, e sao ditas perpétuas, e ou­ tras que têm início e fim, e estas são as temporais.

Na primeira ordem situamos aquilo no qual não há diferen­ ça entre o “ser" e “aquilo que é", no qual a causa e o efeito não são duas coisas distintas, o qual possui o existir não em virtude de algo de fora, mas em virtude de si mesmo, como é o único pai e artífice da natureza”.

Na segunda ordem está aquilo no qual o “ser” e “aquilo que é” são distintos, ou seja, aquilo que vem a existir em virtude de algo de fora e veio à realidade por ação de uma causa anterior para que iniciasse a existir, e isto é a natureza, que circunda o mundo inteiro. Ela se divide em duas partes: uma parte é aquilo que começa a existir em virtude de suas causas originárias e, sem 0 concurso de outra coisa, passa para a existência atual uni­ camente por decisão da vontade divina, e a partir daí continua imutável e livre de qualquer fim ou mudança (deste tipo são as essências das coisas que os gregos chamam ousiai)-, a outra par­ te são todos os corpos do mundo supralunar, os quais, pelo fato que não mudam, foram também chamados divinos.

A terceira categoria das coisas são aquelas que têm um iní­ cio e um fim, e não vêm à existência por si mesmas, mas são

obras da natureza, as quais nascenr-sobre a terra debaixo do

globo lunar, sob o impulso do fogo artífice, que desce com uma certa qual força para produzir as coisas sensíveis’*.

Sobre a segunda categoria de coisas foi dito: “nada no mun­ do morre”, e isto pelo fato que nenhuma essência perece. De fato, não são as essências das coisas que passam, mas as suas formas.

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K

13. O "ser" é o existir de uma coisa e "aquilo que é’’ é a essência desta coisa, aquilo que uma coisa é. Em Deus, o existir e a essência são simultaneamente eternos. Nos outros seres, a essência deles está na Mente Divina, mas a existência depende de um ato dê criação, podendo vir a existir ou não. Em Deus, portanto, o existir ("ser) e a essência ("aquilo que é") são idênticos, nos outros seres são distintos.

14. Como se vê. o termo "natureza" indica somente o mundo supralunar, no qual existem os espíritos ou essências, criadas diretamenle por Deus, e os corpos supratunares, cha­ mados divinos. O mundo sublunar, composto pelos quatro elementos ar, fogo, água, terra, chama-se "obra da natureza", isto é, veio à existência por obra do fogo artífice do mundo supralunar. O mundo supralunar tem princípio, porque foi criado, mas não tem fim, porque as essências são imortais. O mundo sublunar tem princípio e fim.

Cum vero forma transire dicitur, non sic intellîgendum est, ut ali­ qua res existons perire omnino et esse suum amittere credatur, sed variari potius, vel sic fortassis ut quae iuncta fuerant, ab in­ vicem separentur, vel quae separata erant, coniungantur, vel quae hic erant, illuc transeant, vel quae nunc erant, tunc subsis­ tant, in quibus omnibus esse rerum nihil detrimenti patitur;

De his dictum est: "Omnia orta occidunt, et aucta senes- cunt”’^ eo quod cuncta naturae opera, sicut principium habent, ita etiam finis aliena non sunt De iliis dictum est: “De nihilo ni­ hil, in nihilum nil posse r e v e r t i ” e o quod omnis natura et pri­ mordialem habet causam et subsistentiam perpetuam.

De his dictum est: "Et redit ad nihilum, quod fuit ante nihir, eo quod omne opus naturae sicut temporaliter ex occulta causa in actum profluit, ita eodem actu temporaliter destructo, eo unde venerat reversurum sit.