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Do roteiro aos sujeitos

No documento Futebol : mitos, idolos e herois (páginas 30-32)

1 Campo de jogo

1.2 Do roteiro aos sujeitos

O roteiro elaborado para a entrevista semi-estruturada foi dividido em quatro temas: 1. o início no futebol; 2. a tentativa de profissionalização; 3. a importância do ídolo e 4. a concretização do sonho. As entrevistas foram realizadas entre agosto de 2005 e janeiro de 2006, gravadas em fita cassete e transcritas na íntegra para análise. O relato oral foi a fonte primária e principal de coleta de informações junto aos entrevistados. A princípio, seriam somente entrevistados jogadores profissionais. No entanto, por algumas circunstâncias2 foi possível entrevistar dois ex-jogadores profissionais. Eles foram incluídos na pesquisa pelo fato de contribuírem de forma importante para a composição da mesma.

A escolha dos jogadores profissionais para participar da pesquisa foi motivada por ocuparem uma condição de destaque no cenário futebolístico paulista e até mesmo nacional. Esses jogadores são vistos como ídolos e heróis do futebol atual, estão em evidência e compõem o imaginário do torcedor que os vêem muitas vezes como ídolo e herói de seu time do coração.

Souto (2000) divide a carreira do jogador de futebol profissional em três fases: o anonimato, a fama e o ostracismo. Essa divisão somente serve para os jogadores que conseguem atingir um reconhecimento por parte do público que consome o futebol, pois sem eles não há fama. Portanto, o ciclo não se fecha quando o atleta atinge a categoria profissional, ela representa o meio do caminho do processo. Apesar de estarem no meio do processo, optei por recolher informações desse público, pois é nessa etapa que atingem o auge da carreira e o maior

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A entrevista piloto foi realizada com um ex-jogador, pelo fato do mesmo ter maior disponibilidade para responder às perguntas, diferentemente dos atletas profissionais que possuem uma série de compromissos extra campo. Com mais tempo, seria possível identificar possíveis falhas no roteiro da entrevista semi-estruturada. No segundo semestre de 2005, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), cursei a disciplina “História Sociocultural do Futebol: impulso lúdico, composição e significações”, ministrada pelos professores Flávio de Campos e Hilário Franco Júnior. Como o trabalho final da disciplina foi a de realizar uma entrevista com alguém ligado ao futebol, resolvi incluir minhas perguntas no roteiro proposto pelos professores. Como havia muitas perguntas, resolvi falar com um ex-jogador.

reconhecimento, seja da torcida, da mídia ou do clube. E no caso dos jogadores que são considerados ídolos, possuem um reconhecimento na sociedade representada pela fama. Na base desse longo caminho encontram-se os meninos que, ainda anônimos, lutam para ganhar espaço e ingressar num clube grande. Considero-os como aqueles que “querem” ser jogador. O meio do processo caracteriza-se pelos que “são” jogadores de futebol, os que conseguiram superar os obstáculos e realizaram o tão almejado sonho, independentemente se são famosos ou não. O fim do processo completa-se com os que “foram” jogadores profissionais, agora exercendo as mais diversas atividades, sejam elas esportivas ou não. Novamente só estarão no ostracismo aqueles que algum dia estiveram em evidência e um jogador pode ficar no ostracismo em todas as fases apontadas por Souto (2000).

Os entrevistados atuam em equipes localizadas na região de Campinas e de times de São Paulo, Capital. Portanto, os clubes selecionados para compor a pesquisa foram: de Campinas, o Guarani e a Ponte Preta; da cidade de São Paulo foram o Corinthians3, o Palmeiras4, a Portuguesa e o São Paulo.

De acordo com Thomas e Nelson (2002), na pesquisa qualitativa a seleção dos sujeitos é feita propositalmente entre os que podem nos ensinar ao máximo, por apresentarem certos níveis de especialidade e experiência. Portanto, fui direto na seleção dos entrevistados e em cada clube foram escolhidos dois atletas. Caso não houvesse êxito quanto à aceitação do atleta para a entrevista, eu já indicava ao assessor de imprensa mais de dois nomes, sempre na minha ordem de preferência.

As entrevistas apresentadas junto ao corpo teórico funcionam como um complemento da discussão. Assim, a descrição e a inferência aparecem em conjunto para que a resposta do entrevistado e a minha interpretação sobre a mesma não fiquem distantes. Na discussão das entrevistas não utilizo todas as perguntas, abordo somente as que compõem o foco principal do trabalho. Apresento o roteiro utilizado nas entrevistas:

1 – O início no futebol

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Fiz alguns contatos no fim de 2005, mas não obtive sucesso. O Corinthians é um time que, por meio de sua assessoria de imprensa, impõe uma série de dificuldades para o contato com os jogadores. Apesar de ser um time que participaria da pesquisa, devido à saturação das respostas e principalmente pela dificuldade em realizá-las, optei por não fazê-las.

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Realizei somente uma entrevista, pois no dia em que faria a outra o treino começou mais tarde e o jogador selecionado justificou para o assessor que tinha outro compromisso naquele horário. Diante da saturação das respostas, resolvi não realizar a entrevista em outra data.

1. Quando você era criança quais eram suas brincadeiras favoritas? 2. Como começou a jogar futebol?

3. Praticava outra modalidade? Por que escolheu o futebol?

2 – A tentativa de profissionalização

4. Como ingressou no seu primeiro clube como profissional? 5. Havia tentado outros clubes?

6. Alguém te apoiava na tentativa de ser jogador profissional?

3 – A importância do ídolo

7. Você possui algum ídolo no futebol? 8. Você queria ser igual a ele?

9. O fato de possuir um ídolo influenciou em sua escolha de ser um jogador profissional? 10. Você acredita que esse ídolo possui (u) um dom para jogar futebol?

11. Existe alguma diferença entre ser ídolo e herói? 12. O ídolo é importante para o futebol?

4 – A concretização do sonho

13. O que representa para você ser um jogador profissional? 14. Você se considera um ídolo? Por quê?

No documento Futebol : mitos, idolos e herois (páginas 30-32)