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Dos procedimentos para a realização do comércio internacional

294 SOARES, Guido Fernando Silva. op. cit. p.352. 295 MACHADO, Paulo Affonso Leme. op. cit. p. 795.

296 Para verificar os Anexos I, II e III da CITES atualizados, consultar o site:

A CITES estipula regras de exportação, importação, reexportação e introdução (no caso de espécies procedentes do mar) dos espécimes das espécies por ela protegida em cada Anexo.

O artigo 3º regulamenta o comércio dos espécimes das espécies incluídas no Anexo I, o artigo 4º das incluídas no Anexo II e o artigo 5º das incluídas no Anexo III.

Para Guido Fernando Silva Soares:

Trata-se de normas internacionais que regulamentam um setor específico do comércio internacional, de aplicação imediata nos Estados – partes da Cites; na verdade constituem requisitos impositivos a serem observados pelas autoridades alfandegárias dos Estados, seja no momento da exportação, importação ou da reexportação, portanto típicos instrumentos de controle do comércio internacional de mercadorias, constitutivos das denominadas “medidas restritivas não tarifárias.297

Em cada caso, serão designadas Autoridades Científicas e Autoridades Administrativas do país que está realizando a transação comercial que será responsável pela verificação da documentação e dos procedimentos exigidos pela CITES.

Nos ensinamentos de Paulo Affonso Leme Machado, a Convenção “prevê uma distinção de ‘autoridades’, a científica e a administrativa, sendo que ambas deverão manifestar-se por ocasião da exportação e da importação.”298

Segundo ele, caberá a Autoridade Científica dizer se a exportação ou a importação é prejudicial à sobrevivência da espécie de que se trate, sendo importantes os fundamentos dessa autorização, para posterior confrontação. Já “a Autoridade Administrativa do Estado de exportação deverá verificar se o espécime não foi obtido em contravenção à legislação vigente e se o espécime vivo será

297 SOARES, Guido Fernando Silva. op. cit. p.353. 298 MACHADO, Paulo Affonso Leme. op. cit. p.793.

acondicionado e transportado de maneira a que se reduza ao mínimo o risco de ferimentos, danos à saúde ou tratamento cruel.”299

No Decreto 3.607/00, as regras para a comercialização das espécies tuteladas pela CITES, estão dispostas nos artigos 7º, 8º e 10.

O artigo 7º do Decreto 3.607/00 estabelece regras rígidas para a comercialização das espécies incluídas no Anexo I da CITES, que são as consideradas ameaçadas de extinção e que são ou podem ser afetadas pelo comércio, motivo pelo qual este só é permitido se houver autorização mediante concessão de Licença ou Certificado pela Autoridade Administrativa.

Para a exportação dos espécimes das espécies incluídas no Anexo I da CITES, será necessária a concessão e apresentação prévia da Licença de exportação que somente será concedida após o preenchimento dos seguintes requisitos: I - emissão de parecer, pela Autoridade Científica, atestando que a exportação não prejudicará a sobrevivência da espécie; e II - verificação, pela Autoridade Administrativa, se o transporte não causará danos à espécime, se foi concedida a Licença de importação e se é legal sua aquisição. (artigo 7º, § 1º)

Já para a importação dos espécimes das espécies incluídas no Anexo I da CITES, será necessária a concessão e apresentação prévia da Licença de exportação ou Certificado de reexportação, e de Licença de importação, que será concedida somente uma vez, após o atendimento dos seguintes requisitos: I - emissão de parecer, pela Autoridade Científica, atestando que a exportação não prejudicará a sobrevivência da espécie e que o destinatário dispõe de instalações apropriadas para abrigá-lo, no caso de espécime vivo; e II - verificação, pela

Autoridade Administrativa, que o espécime não será utilizado, preferencialmente, para fins comerciais. (artigo 7º,§ 2º).

No tocante a reexportação de qualquer espécime de espécie incluída no Anexo I da CITES, será necessária a concessão e apresentação prévia de Certificado de reexportação. Este certificado será concedido somente uma vez, após a verificação, pela Autoridade Administrativa, que o transporte não causará danos ao espécime, que a importação foi realizada de acordo com as normas previstas na Convenção e que foi concedida Licença de importação para qualquer espécime vivo (artigo 7º, § 3º).

Para a introdução procedente do mar de qualquer espécime de uma espécie incluída no Anexo I da CITES, será necessária a concessão prévia de Certificado expedido pela Autoridade Administrativa do país de introdução, que será concedido somente uma vez, após o atendimento dos seguintes requisitos: I - emissão de parecer, pela Autoridade Científica, atestando que a exportação não prejudicará a sobrevivência da espécie; e II - verificação, pela Autoridade Administrativa, que o espécime não será utilizado, preferencialmente, para fins comerciais e que o destinatário dispõe de instalações apropriadas para abrigá-lo. (artigo 7º, § 4º).

O artigo 8º do Decreto 3.607/00 estabelece regras para a comercialização das espécies incluídas no Anexo II da CITES que são aquelas que atualmente não estão necessariamente em perigo de extinção, mas que podem chegar a essa situação, caso não seja tomadas medidas rigorosas em relação ao seu comércio.

Assim, nos dizeres de Paulo de Bessa Antunes: “tanto a importação, a exportação e a reexportação demandarão a emissão de licenças e certificados, que deverão atestar as condições sanitárias do receptor dos espécimes das espécies, o não prejuízo para as espécies da comercialização do espécime.”300

Continua, afirmando que a Autoridade Administrativa deverá certificar a legalidade da atividade e, também, se as condições do transporte não são prejudiciais ao espécime. Devendo, ainda, estabelecer cotas para a importação, bem como para a exportação de espécimes de espécies contempladas no Anexo II da CITES.301

O artigo 10 do Decreto 3.607/00 traz as regras para a comercialização das espécies incluídas no Anexo III da CITES que são aquelas que, por intermédio da declaração de qualquer país, deve ter sua exploração restrita ou impedida, requerendo para isso a cooperação no seu controle, sendo sua comercialização permitida somente mediante concessão de Licença ou Certificado pela Autoridade Administrativa.

Para exportação de qualquer espécime de espécie incluída no Anexo III da CITES, será necessária a concessão e apresentação prévia de Licença de exportação ou Certificado de origem, que serão concedidos somente uma vez, após verificado, pela Autoridade Administrativa, a legalidade de sua aquisição e se o transporte não causará danos ao espécime.(artigo 10, § 1º).

Quanto à importação de qualquer espécime de espécie incluída no Anexo III da CITES, será necessária a apresentação de Certificado de origem e, quando for originária de país que a tenha incluído no citado Anexo III, de Licença de exportação. (artigo 10, § 2º).

E para a reexportação, será necessária a apresentação de Certificado, concedido pela Autoridade Administrativa do país de reexportação, assegurando que foram cumpridas todas as disposições da Convenção. (artigo 10, § 3º).