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19 Maria Wanderley e Sueli de Azevedo.

4. ESTUDO DE CASO: A FAVELA NOVA JAGUARÉ

4.5 Estrutura urbana resultante

4.5.3 Drenagem das águas pluviais

A água é o principal agente deflagrador dos movimentos gravitacionais de massa, influindo diretamente na desestabilização das encostas, portanto, é no período chuvoso que a maioria dos deslizamentos ocorrem. O encaminhamento superficial das águas se faz pelas linhas naturais do terreno e pelos dispositivos de drenagem construídos. Podemos dividir este sistema em macro- drenagem, constituído pelos elementos de encaminhamento das águas pluviais em galerias, canais, etc e micro- drenagem, responsável pela coleta e afastamento das águas na escala do lote ou das edificações.

Do ponto de vista da macro-drenagem fig.93 , a área da Favela Nova Jaguaré, apesar de sua grande dimensão, não apresenta nenhum talvegue natural de importância ou com grandes áreas de contribuição, com exceção do trecho de vale, junto à linha férrea existente. Os talvegues naturais mais notáveis são os que se localizam ao norte e ao sul da Rua Tucano que se desenvolve sobre um espigão no centro da área, e o que se localiza ao norte da favela junto à Marginal do Rio Pinheiros - A -.

Um dos grandes problemas de drenagem da favela se refere à interface com o bairro residencial vizinho. A Rua Lealdade, que contorna o núcleo no seu lado oeste, nas cotas mais elevadas, dispõe de guia e sarjeta, no entanto esse sistema é insuficiente para conduzir e afastar as águas

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pluviais que escoam pelo leito dessa via, lançando parte dos escoamentos para o interior da favela através das vias que nela chegam. Esses escoamentos, dada a grande declividade da encosta, assumem característica de enxurradas - B -, colidindo com as edificações postadas frontalmente ao sentido do fluxo, em outras situações as águas desta rua são lançadas em valas dando origem à erosão e solapamentos, potencializando a ocorrência de deslizamentos da

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encosta.

Algumas ruas internas à favela têm galeria de drenagem e existem na área algumas canaletas e escadarias hidráulicas que foram executadas pela Prefeitura ao longo dos anos, no entanto, nos dias de chuva, o lançamento indevido de águas servidas e esgoto sanitário no sistema de drenagem faz com que as águas extravasem os canais gerando graves riscos de contaminação. A presença de lixo associada à ausência de manutenção dos poucos e precários dispositivos de drenagem agrava a situação.

Nas cotas mais baixas, junto à linha de trem, as águas se acumulam com rapidez gerando alagamentos freqüentes C -, o único ponto de lançamento das águas pluviais no canal do Rio Pinheiros encontra-se na confluência deste

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com a linha de trem e é sub-dimensionado - D -, o esgoto doméstico lançado "in natura" no sistema de drenagem chega ao rio neste mesmo ponto.

|fig.92| Na maioria dos casos o esgoto corre em valas a céu aberto criando verdadeiros canais a serem transpostos.

| | 54 Segundo relatório técnico desenvolvido pela COBRAPE, 2003.

| | 55 Conforme relatório técnico elaborado pela COBRAPE Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos, 2003.

a rede encontra-se assoreada, como é possível perceber por

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alguns poços de visita ; em outros casos a rede não se encontra em operação devido a não execução das ligações domiciliares. Na maioria das vias as águas servidas e esgoto correm em canaletas e valas a céu aberto, colocando em risco a saúde das pessoas.

A coleta de lixo se faz por caminhões da prefeitura somente pelas vias que circundam a favela, nas áreas de mais declividade a coleta é efetuada através de caçambas (lixeiras) localizadas próximas às esquinas com as vias onde o lixo é coletado. Mas é freqüente o lançamento de lixo em terrenos vazios e encosta abaixo contribuindo em muito para a formação de aterros com material desagregado e fofo que retém água, responsável por grande parte dos escorregamentos na encosta.

Em relação à energia elétrica quase a totalidade das moradias a possui, seja por meios legais ou através da clandestinidade, nos chamados "gatos". Quanto à iluminação pública, observamos que esta se limita às ruas oficiais circundantes e algumas poucas ruas internas à favela, mas é comum encontrar luminárias quebradas ou lâmpadas queimadas sem reposição. No interior da favela, para combater a deficiência da iluminação das vias e espaços públicos e aumentar a segurança das pessoas, a própria população instala postes de madeira com lâmpadas comuns ou estende das instalações domiciliares luminárias para as fachadas das casas.

4.5.3 Drenagem das águas pluviais

A água é o principal agente deflagrador dos movimentos gravitacionais de massa, influindo diretamente na desestabilização das encostas, portanto, é no período chuvoso que a maioria dos deslizamentos ocorrem. O encaminhamento superficial das águas se faz pelas linhas naturais do terreno e pelos dispositivos de drenagem construídos. Podemos dividir este sistema em macro- drenagem, constituído pelos elementos de encaminhamento das águas pluviais em galerias, canais, etc e micro- drenagem, responsável pela coleta e afastamento das águas na escala do lote ou das edificações.

Do ponto de vista da macro-drenagem fig.93 , a área da Favela Nova Jaguaré, apesar de sua grande dimensão, não apresenta nenhum talvegue natural de importância ou com grandes áreas de contribuição, com exceção do trecho de vale, junto à linha férrea existente. Os talvegues naturais mais notáveis são os que se localizam ao norte e ao sul da Rua Tucano que se desenvolve sobre um espigão no centro da área, e o que se localiza ao norte da favela junto à Marginal do Rio Pinheiros - A -.

Um dos grandes problemas de drenagem da favela se refere à interface com o bairro residencial vizinho. A Rua Lealdade, que contorna o núcleo no seu lado oeste, nas cotas mais elevadas, dispõe de guia e sarjeta, no entanto esse sistema é insuficiente para conduzir e afastar as águas

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pluviais que escoam pelo leito dessa via, lançando parte dos escoamentos para o interior da favela através das vias que nela chegam. Esses escoamentos, dada a grande declividade da encosta, assumem característica de enxurradas - B -, colidindo com as edificações postadas frontalmente ao sentido do fluxo, em outras situações as águas desta rua são lançadas em valas dando origem à erosão e solapamentos, potencializando a ocorrência de deslizamentos da

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encosta.

Algumas ruas internas à favela têm galeria de drenagem e existem na área algumas canaletas e escadarias hidráulicas que foram executadas pela Prefeitura ao longo dos anos, no entanto, nos dias de chuva, o lançamento indevido de águas servidas e esgoto sanitário no sistema de drenagem faz com que as águas extravasem os canais gerando graves riscos de contaminação. A presença de lixo associada à ausência de manutenção dos poucos e precários dispositivos de drenagem agrava a situação.

Nas cotas mais baixas, junto à linha de trem, as águas se acumulam com rapidez gerando alagamentos freqüentes C -, o único ponto de lançamento das águas pluviais no canal do Rio Pinheiros encontra-se na confluência deste

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com a linha de trem e é sub-dimensionado - D -, o esgoto doméstico lançado "in natura" no sistema de drenagem chega ao rio neste mesmo ponto.

|fig.92| Na maioria dos casos o esgoto corre em valas a céu aberto criando verdadeiros canais a serem transpostos.

| | 54 Segundo relatório técnico desenvolvido pela COBRAPE, 2003.

| | 55 Conforme relatório técnico elaborado pela COBRAPE Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos, 2003.

|fig.93| Esquema de macro- drenagem da favela. Fonte: Relatório Técnico COBRAPE, 2003.

A micro-drenagem é fundamental para a estabilização das encostas. Os morros no seu estado natural contam com a cobertura vegetal para a proteção da superfície do terreno do impacto direto das águas da chuva, esta mesma vegetação é fundamental na retenção e absorção das águas pelo solo, onde somente o excedente corre pelas linhas naturais de drenagem do terreno encaminhando-as até as cotas mais baixas junto aos córregos e rios. A profunda antropização das encostas altera dramaticamente este equilíbrio, a execução de cortes e aterros altera o perfil natural do terreno, verticalizando-o, gerando um aumento da energia potencial das águas e conseqüentemente aumento da velocidade das mesmas. Associado a isto os patamares e taludes desprotegidos pela ausência de vegetação passam a absorver muito mais água para o subsolo acelerando o processo de saturação da encosta e potencializando o risco de erosões e escorregamentos.

A ausência de coleta das águas no âmbito da habitação, seja por canaletas nos pés dos taludes ou nas áreas livres do lote, e a inexistência de calhas nas coberturas, que lançam as águas encosta abaixo sobre áreas desprotegidas ou sobre outros lotes com as mesmas características, criam um efeito em cascata, literalmente, que faz com que os dias de chuva forte na favela sejam compreendidos como dias de grande preocupação e risco à vida das pessoas.

| | 56 Conforme relatório técnico elaborado pela COBRAPE Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos, 2003.

|fig.94| Esquema básico de encaminhamento das águas pluviais na escala do lote.

|fig.93| Esquema de macro- drenagem da favela. Fonte: Relatório Técnico COBRAPE, 2003.

A micro-drenagem é fundamental para a estabilização das encostas. Os morros no seu estado natural contam com a cobertura vegetal para a proteção da superfície do terreno do impacto direto das águas da chuva, esta mesma vegetação é fundamental na retenção e absorção das águas pelo solo, onde somente o excedente corre pelas linhas naturais de drenagem do terreno encaminhando-as até as cotas mais baixas junto aos córregos e rios. A profunda antropização das encostas altera dramaticamente este equilíbrio, a execução de cortes e aterros altera o perfil natural do terreno, verticalizando-o, gerando um aumento da energia potencial das águas e conseqüentemente aumento da velocidade das mesmas. Associado a isto os patamares e taludes desprotegidos pela ausência de vegetação passam a absorver muito mais água para o subsolo acelerando o processo de saturação da encosta e potencializando o risco de erosões e escorregamentos.

A ausência de coleta das águas no âmbito da habitação, seja por canaletas nos pés dos taludes ou nas áreas livres do lote, e a inexistência de calhas nas coberturas, que lançam as águas encosta abaixo sobre áreas desprotegidas ou sobre outros lotes com as mesmas características, criam um efeito em cascata, literalmente, que faz com que os dias de chuva forte na favela sejam compreendidos como dias de grande preocupação e risco à vida das pessoas.

| | 56 Conforme relatório técnico elaborado pela COBRAPE Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos, 2003.

|fig.94| Esquema básico de encaminhamento das águas pluviais na escala do lote.