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19 Maria Wanderley e Sueli de Azevedo.

3.3 Programas de urbanização de favelas

3.3.2 Favela Bairro, Rio de Janeiro

Em 1993, na administração do prefeito César Maia, foi criado o grupo GEAP Grupo Executivo de Assentamentos Populares - composto por diversos órgãos municipais ligados à questão da moradia, para desenvolver uma política habitacional para a cidade do Rio de Janeiro. Neste grupo foram formulados os conceitos básicos que nortearam o programa Favela Bairro. "O conceito

estruturador desta política era o reconhecimento de que morar urbano é um direito do cidadão e, como um desdobramento, que a habitação não é apenas a casa, mas a sua integração à estrutura da cidade segundo as exigências da vida moderna, cabendo à coletividade prover esta

21

estrutura urbana" (CONDE, 2004).

Em dezembro de 1993 a prefeitura carioca assina com o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento - contrato no valor de US$ 300 milhões, dispondo-se o banco a financiar 60% deste montante, ficando o restante como

contrapartida municipal. O programa previa a urbanização de favelas e a regularização de loteamentos irregulares, além dos projetos de monitoramento e avaliação, educação sanitária e ambiental e desenvolvimento institucional. Previa-se beneficiar 66 comunidades faveladas em um

22

prazo de quatro anos, atendendo a 300 mil moradores. No início de 2000, cumpridas as metas iniciais, a Prefeitura e o BID assinaram novo contrato, com recursos orçados também em US$ 300 milhões, dos quais 40% seriam de recursos municipais. Previa-se atender a 62 comunidades, envolvendo 240 mil habitantes. O programa Favela Bairro existe a mais de dez anos, sem interrupção e estima-se que tenha atuado em mais de 150 comunidades faveladas, alcançando uma população de mais de 550 mil pessoas, ou seja, mais da metade da população favelada da cidade do Rio de Janeiro.

As principais características do programa foram: - O programa concentrou-se na intervenção do espaço urbano, onde a questão da habitação não foi considerada como foco;

- integração da favela ao bairro próximo, introduzindo valores urbanísticos da cidade formal;

- intervenção nos espaços livres e de uso comum, sem promover grandes transformações nas áreas ocupadas pelas moradias;

- Integração de ações interinstitucionais e desenvolvimento de outros programas sociais realizado através da autoconstrução das moradias com um

sistema de concessão de financiamento para a compra de material. A participação dos moradores em todo o processo foi intensa, incidindo desde a escolha do novo lote a edificar até a concepção das novas moradias, os arquitetos auxiliavam apenas na produção dos desenhos técnicos, preservando e incentivando a liberdade da concepção programática e formal das construções.

O programa de desenvolvimento sócio-econômico baseou-se "em ajudar a comunidade a reconhecer suas

necessidades e a realizar as suas aspirações assumindo as responsabilidades cada vez maiores para a solução dos seus

20

próprios problemas" . Mas, observou-se que, na medida

em que os problemas relativos à permanência da população no local foram superados, a reurbanização do núcleo se completou e a construção das casas se realizava, houve uma gradativa redução da participação da população na discussão dos problemas coletivos. Os moradores, na proporção em que conseguiam melhorar as suas casas e as suas condições de vida, tornavam-se mais individualistas.

A experiência realizada em Brás de Pina pelo grupo Quadra foi importante por ser pioneira na urbanização de favelas, tornando-se referência para as políticas públicas para assentamentos precários posteriores e ainda influenciou a trajetória profissional de seus participantes que se concentraram nos estudos da participação popular e na valorização do universo cultural leigo e vernacular.

| | 20 BLANK, Gilda. Op. Cit., p. 106.

|fig.42| 1 - Situação da favela Brás de Pina em 1967;2 - remanejamento dos barracos no novo lote e início dos serviços de urbanização; 3 - construção de casas de alvenaria em mutirão e 4 - exemplo de croqui da casa n o v a a p re s e n t a d o p e l o s moradores. Fonte: Gilda BLANK em "Brás de Pina Experiência de Urbanização de Favela". In: VALLADARES, Lícia do Prado (org.). Habitação em Questão. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980.

| | 21 CONDE, Luiz Paulo. Favela Bairro: uma outra história da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: ViverCidades, 2004.

| | 22 CONDE, Luiz Paulo, op. cit. 2004.

Como já foi dito anteriormente, os programas de urbanização de favelas no Brasil restringiram-se a experiências pontuais mais ou menos bem sucedidas, foi apenas no início dos anos 1990 que programas mais abrangentes formam formulados, como o Favela Bairro no Rio de Janeiro e Programa Guarapiranga em São Paulo.

3.3.2 Favela Bairro, Rio de Janeiro

Em 1993, na administração do prefeito César Maia, foi criado o grupo GEAP Grupo Executivo de Assentamentos Populares - composto por diversos órgãos municipais ligados à questão da moradia, para desenvolver uma política habitacional para a cidade do Rio de Janeiro. Neste grupo foram formulados os conceitos básicos que nortearam o programa Favela Bairro. "O conceito

estruturador desta política era o reconhecimento de que morar urbano é um direito do cidadão e, como um desdobramento, que a habitação não é apenas a casa, mas a sua integração à estrutura da cidade segundo as exigências da vida moderna, cabendo à coletividade prover esta

21

estrutura urbana" (CONDE, 2004).

Em dezembro de 1993 a prefeitura carioca assina com o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento - contrato no valor de US$ 300 milhões, dispondo-se o banco a financiar 60% deste montante, ficando o restante como

contrapartida municipal. O programa previa a urbanização de favelas e a regularização de loteamentos irregulares, além dos projetos de monitoramento e avaliação, educação sanitária e ambiental e desenvolvimento institucional. Previa-se beneficiar 66 comunidades faveladas em um

22

prazo de quatro anos, atendendo a 300 mil moradores. No início de 2000, cumpridas as metas iniciais, a Prefeitura e o BID assinaram novo contrato, com recursos orçados também em US$ 300 milhões, dos quais 40% seriam de recursos municipais. Previa-se atender a 62 comunidades, envolvendo 240 mil habitantes. O programa Favela Bairro existe a mais de dez anos, sem interrupção e estima-se que tenha atuado em mais de 150 comunidades faveladas, alcançando uma população de mais de 550 mil pessoas, ou seja, mais da metade da população favelada da cidade do Rio de Janeiro.

As principais características do programa foram: - O programa concentrou-se na intervenção do espaço urbano, onde a questão da habitação não foi considerada como foco;

- integração da favela ao bairro próximo, introduzindo valores urbanísticos da cidade formal;

- intervenção nos espaços livres e de uso comum, sem promover grandes transformações nas áreas ocupadas pelas moradias;

- Integração de ações interinstitucionais e desenvolvimento de outros programas sociais realizado através da autoconstrução das moradias com um

sistema de concessão de financiamento para a compra de material. A participação dos moradores em todo o processo foi intensa, incidindo desde a escolha do novo lote a edificar até a concepção das novas moradias, os arquitetos auxiliavam apenas na produção dos desenhos técnicos, preservando e incentivando a liberdade da concepção programática e formal das construções.

O programa de desenvolvimento sócio-econômico baseou-se "em ajudar a comunidade a reconhecer suas

necessidades e a realizar as suas aspirações assumindo as responsabilidades cada vez maiores para a solução dos seus

20

próprios problemas" . Mas, observou-se que, na medida

em que os problemas relativos à permanência da população no local foram superados, a reurbanização do núcleo se completou e a construção das casas se realizava, houve uma gradativa redução da participação da população na discussão dos problemas coletivos. Os moradores, na proporção em que conseguiam melhorar as suas casas e as suas condições de vida, tornavam-se mais individualistas.

A experiência realizada em Brás de Pina pelo grupo Quadra foi importante por ser pioneira na urbanização de favelas, tornando-se referência para as políticas públicas para assentamentos precários posteriores e ainda influenciou a trajetória profissional de seus participantes que se concentraram nos estudos da participação popular e na valorização do universo cultural leigo e vernacular.

| | 20 BLANK, Gilda. Op. Cit., p. 106.

|fig.42| 1 - Situação da favela Brás de Pina em 1967;2 - remanejamento dos barracos no novo lote e início dos serviços de urbanização; 3 - construção de casas de alvenaria em mutirão e 4 - exemplo de croqui da casa n o v a a p re s e n t a d o p e l o s moradores. Fonte: Gilda BLANK em "Brás de Pina Experiência de Urbanização de Favela". In: VALLADARES, Lícia do Prado (org.). Habitação em Questão. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980.

| | 21 CONDE, Luiz Paulo. Favela Bairro: uma outra história da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: ViverCidades, 2004.

| | 22 CONDE, Luiz Paulo, op. cit. 2004.

simultaneamente.

- Manutenção da Prefeitura e de outras instituições dentro dos núcleos após a sua urbanização, atuando na manutenção, controle urbano e prestação de serviços.

Um aspecto marcante das intervenções é o caráter simbólico dado aos equipamentos e espaços comunitários, trata-se de trazer para dentro da favela os valores urbanísticos e os elementos arquitetônicos da cidade formal criando ou reforçando símbolos de referência da localidade.

Segundo DENALDI (2003), esta estratégia pode estar relacionada com um certo caráter mercadológico do programa, necessário à materialização do "discurso político

da transformação prometida", ou ainda, com as propostas

de embelezamento urbano e o papel dos objetos arquitetônicos na "sociedade do espetáculo".

Lembramos que em paralelo desenvolvia-se sob a mesma administração municipal o programa Rio Cidade, onde se propunha intervir em 17 bairros da cidade atuando prioritariamente no espaço público com instrumentos do desenho urbano. Tinha-se como paradigma as intervenções ocorridas em Porto Madeiro em Buenos Aires e Barcelona na Espanha e participaram como projetistas e assessores Jordi

23 24 25

Borja , Oriol Bohigas e Nuno Portas , em um esforço de inserir a cidade do Rio de Janeiro no sistema de "cidades mundiais" e atrair a atenção e os investimentos internacionais.

Um outro aspecto importante do programa foi a

valorização do projeto e o envolvimento de profissionais de arquitetura e urbanismo que, em muitos casos, pela primeira vez, se dedicavam às questões da habitação popular. Logo no início dos trabalhos, a Prefeitura em conjunto com o IAB-RJ selecionou um grupo de arquitetos, constituído de equipes de jovens arquitetos e arquitetos consagrados, para participar de um concurso de idéias e proposições metodológicas para a intervenção nas primeiras 18 favelas e que, posteriormente, norteariam as futuras intervenções.

O programa mobilizou inúmeros profissionais de arquitetura e urbanismo que tinham por incumbência desenvolver os projetos e coordenar equipes multidisciplinares. O oposto do que ocorreu em São Paulo, onde as equipes multidisciplinares são coordenadas por grandes escritórios de engenharia que contratam arquitetos ou empresas de arquitetura que, sem a possibilidade de coordenar os projetos, têm as suas ações muitas vezes limitadas, em prejuízo de uma visão mais ampla das questões urbanas.

A instituição do POUSO - Posto de Orientação Urbanística e Social - onde um arquiteto e um assistente social, com a colaboração de agentes comunitários, auxiliam os moradores nas futuras intervenções nos espaços públicos e privados, foi também outro ponto inovador. É interessante notar que, após as obras de urbanização, a presença do Estado na Favela se realiza fisicamente através de um posto edificado, em muitos casos, |23| Arquiteto catalão,

professor da Universidade de Barcelona, foi assessor do prefeito da cidade de Barcelona e vice-presidente executivo da Área Metropolitana no período das grandes transformações de renovação urbana da cidade.

| | 24 Um dos maiores arquitetos e s p a n h ó i s , n a s c i d o e m B a rc e l o n a , p ro f e s s o r e m d i v e r s a s u n i v e r s i d a d e s européias, recebeu diversos prêmios internacionais entre eles a Real Medalha de Ouro ( R I B A ) 1 9 9 9 . E n t re s e u s principais projetos está o plano p a r a a s o l i m p í a d a s e m Barcelona (1992).

|25| Arquiteto e urbanista p o r t u g u ê s , p ro f e s s o r n a Universidade Técnica de Lisboa entre outras instituições e u r o p é i a s e b r a s i l e i r a s , consultor em planos para Barcelona e Rio de Janeiro, tem como principais projetos planos urbanísticos para Évora e Expo Lisboa.

|fig.43| Intervenção realizada na favela do Fubá e Campinho. Novas vias de acesso, praças, áreas de esporte, equipamentos sociais e a reformulação do c e n t r o c o m u n i t á r i o d e Campinho organizam o novo espaço urbano proposto. No Fubá a formalização do campo de futebol define uma nova centralidade. Projeto de autoria de Jorge Mário Jáuregui, vencedor do Grande Prêmio "Ex Aequo", categoria urbanismo da 4º Bienal Internacional de São Paulo. Fonte: CONDE, Luiz Paulo. Favela Bairro: uma outra história da cidade do Rio de J a n e i ro . R i o d e J a n e i ro : ViverCidades, 2004.

|fig.44| Intervenção realizada na Favela Parque Royal, onde a construção de uma via beira- mar possibilita um maior controle da invasão do mangue e a fruição visual da Baía de Guanabara. A criação de um n o v o e d i f í c i o r e u n i n d o equipamentos sociais, junto à uma praça, articula a favela com o contexto urbano vizinho. Projeto de Archi 5 Arquitetos Associados. Fonte: CONDE, Luiz Paulo. Favela Bairro: uma outra história da cidade do Rio de J a n e i ro . R i o d e J a n e i ro : ViverCidades, 2004.

simultaneamente.

- Manutenção da Prefeitura e de outras instituições dentro dos núcleos após a sua urbanização, atuando na manutenção, controle urbano e prestação de serviços.

Um aspecto marcante das intervenções é o caráter simbólico dado aos equipamentos e espaços comunitários, trata-se de trazer para dentro da favela os valores urbanísticos e os elementos arquitetônicos da cidade formal criando ou reforçando símbolos de referência da localidade.

Segundo DENALDI (2003), esta estratégia pode estar relacionada com um certo caráter mercadológico do programa, necessário à materialização do "discurso político

da transformação prometida", ou ainda, com as propostas

de embelezamento urbano e o papel dos objetos arquitetônicos na "sociedade do espetáculo".

Lembramos que em paralelo desenvolvia-se sob a mesma administração municipal o programa Rio Cidade, onde se propunha intervir em 17 bairros da cidade atuando prioritariamente no espaço público com instrumentos do desenho urbano. Tinha-se como paradigma as intervenções ocorridas em Porto Madeiro em Buenos Aires e Barcelona na Espanha e participaram como projetistas e assessores Jordi

23 24 25

Borja , Oriol Bohigas e Nuno Portas , em um esforço de inserir a cidade do Rio de Janeiro no sistema de "cidades mundiais" e atrair a atenção e os investimentos internacionais.

Um outro aspecto importante do programa foi a

valorização do projeto e o envolvimento de profissionais de arquitetura e urbanismo que, em muitos casos, pela primeira vez, se dedicavam às questões da habitação popular. Logo no início dos trabalhos, a Prefeitura em conjunto com o IAB-RJ selecionou um grupo de arquitetos, constituído de equipes de jovens arquitetos e arquitetos consagrados, para participar de um concurso de idéias e proposições metodológicas para a intervenção nas primeiras 18 favelas e que, posteriormente, norteariam as futuras intervenções.

O programa mobilizou inúmeros profissionais de arquitetura e urbanismo que tinham por incumbência desenvolver os projetos e coordenar equipes multidisciplinares. O oposto do que ocorreu em São Paulo, onde as equipes multidisciplinares são coordenadas por grandes escritórios de engenharia que contratam arquitetos ou empresas de arquitetura que, sem a possibilidade de coordenar os projetos, têm as suas ações muitas vezes limitadas, em prejuízo de uma visão mais ampla das questões urbanas.

A instituição do POUSO - Posto de Orientação Urbanística e Social - onde um arquiteto e um assistente social, com a colaboração de agentes comunitários, auxiliam os moradores nas futuras intervenções nos espaços públicos e privados, foi também outro ponto inovador. É interessante notar que, após as obras de urbanização, a presença do Estado na Favela se realiza fisicamente através de um posto edificado, em muitos casos, |23| Arquiteto catalão,

professor da Universidade de Barcelona, foi assessor do prefeito da cidade de Barcelona e vice-presidente executivo da Área Metropolitana no período das grandes transformações de renovação urbana da cidade.

| | 24 Um dos maiores arquitetos e s p a n h ó i s , n a s c i d o e m B a rc e l o n a , p ro f e s s o r e m d i v e r s a s u n i v e r s i d a d e s européias, recebeu diversos prêmios internacionais entre eles a Real Medalha de Ouro ( R I B A ) 1 9 9 9 . E n t re s e u s principais projetos está o plano p a r a a s o l i m p í a d a s e m Barcelona (1992).

|25| Arquiteto e urbanista p o r t u g u ê s , p ro f e s s o r n a Universidade Técnica de Lisboa entre outras instituições e u r o p é i a s e b r a s i l e i r a s , consultor em planos para Barcelona e Rio de Janeiro, tem como principais projetos planos urbanísticos para Évora e Expo Lisboa.

|fig.43| Intervenção realizada na favela do Fubá e Campinho. Novas vias de acesso, praças, áreas de esporte, equipamentos sociais e a reformulação do c e n t r o c o m u n i t á r i o d e Campinho organizam o novo espaço urbano proposto. No Fubá a formalização do campo de futebol define uma nova centralidade. Projeto de autoria de Jorge Mário Jáuregui, vencedor do Grande Prêmio "Ex Aequo", categoria urbanismo da 4º Bienal Internacional de São Paulo. Fonte: CONDE, Luiz Paulo. Favela Bairro: uma outra história da cidade do Rio de J a n e i ro . R i o d e J a n e i ro : ViverCidades, 2004.

|fig.44| Intervenção realizada na Favela Parque Royal, onde a construção de uma via beira- mar possibilita um maior controle da invasão do mangue e a fruição visual da Baía de Guanabara. A criação de um n o v o e d i f í c i o r e u n i n d o equipamentos sociais, junto à uma praça, articula a favela com o contexto urbano vizinho. Projeto de Archi 5 Arquitetos Associados. Fonte: CONDE, Luiz Paulo. Favela Bairro: uma outra história da cidade do Rio de J a n e i ro . R i o d e J a n e i ro : ViverCidades, 2004.

2003:126).

Esta mesma autora aponta um outro problema encontrado na experiência do Favela Bairro que é o sistema de vias, muitas vezes abaixo do padrão mínimo de larguras definido pelas concessionárias de serviços públicos, que acabou não sendo reconhecido pelo CEDAE - Companhia de Águas e Esgotos da Cidade do Rio de Janeiro. A concessionária não reconhece o sistema implantado e não assume a sua manutenção, que é então realizada por moradores contratados pela Secretaria Municipal de Habitação, demonstrando incoerência e conflito de posições por parte dos órgãos de uma mesma administração pública. Se por um lado este sistema ajuda a empregar moradores da favela na manutenção da mesma, gerando renda para uma população com altas taxas de desemprego, por outro, não promove a integração total da favela à cidade legal e às redes de infra-estrutura e serviços oficiais.