• Nenhum resultado encontrado

19 Maria Wanderley e Sueli de Azevedo.

3.3 Programas de urbanização de favelas

3.3.3 Programa Guarapiranga, São Paulo

O programa Guarapiranga foi elaborado em 1992, como componente do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga na Região Metropolitana de São Paulo, e visava à recuperação sanitária e ambiental dos mananciais hídricos por meio da urbanização e adequação da infra-estrutura das favelas ou loteamentos irregulares e

clandestinos presentes na bacia do Guarapiranga.

Segundo FRANÇA (2000), o programa parte da percepção que o Estado falhou na manutenção da área como reserva dos mananciais aqüíferos e que a legislação preservacionista elaborada nos anos 70 para a região, embora revestida de boas intenções, não foi capaz preservar um imenso território nas bordas da metrópole em crescimento. A regulamentação urbana e ambiental através do uso e ocupação do solo não foi capaz de estimular os agentes privados a manterem enormes glebas desocupadas ou com ocupação de baixa densidade em uma região de grande pressão dos contingentes populacionais sem opção de moradia. Desta forma afastou-se da região a cidade legal e abriu-se o território às ocupações ilegais.

O programa, financiado por recursos do Banco Mundial, foi gerido pela Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras do Governo do Estado de São Paulo, envolvendo ações conjuntas com a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo - SABESP -, a Prefeitura de São Paulo, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano - CDHU - e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado - SMA.

O programa foi inovador ao propor a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e modelo de gestão, daí a gerência do programa pela Secretaria de Estado envolvendo diversas empresas públicas como a SABESP, CDHU e prefeituras da região metropolitana. O programa um edifício marcante na paisagem, que abriga um

profissional habilitado para mediar os conflitos nos espaço urbano.

DENALDI (2003) aponta que a fonte de recursos e a forma de financiamento de um programa público junto a uma agência internacional acabam por definir os seus objetivos e os resultados a serem alcançados. No caso carioca, o BID, que financiou o programa Favela Bairro mediante a contrapartida municipal de 40% dos recursos, fixou condições contratuais que contribuíram para definir o "desenho" do programa, por exemplo, obras de infra- estrutura, iluminação, sistema viário, equipamentos e áreas de lazer, eram financiadas pelo banco, já a remoção de moradias e o reassentamento das mesmas ficavam limitadas a 5% do total de investimento por núcleo.

Isto explica o baixo número de remoções do programa Favela Bairro em relação a outros programas de urbanização de favelas. No segundo contrato firmado com o BID esta percentagem passou para 8% aumentando um pouco a margem de manobra para as obras necessárias que envolvessem remoções.

"A concepção de intervir sempre consolidando o padrão implantado (mesmo quando inadequado) e restringindo o número de reassentamentos possibilita maior abrangência do atendimento e minimiza conflitos e custos sociais, mas, em alguns casos, impossibilita que a integração alcance os patamares desejados" (DENALDI,

era subdividido em quatro subprogramas com ações específicas: 1 - Serviços de água e esgoto, 2 - Coleta e disposição final de lixo, 3 - Recuperação urbana e proteção ambiental e 4 - Gestão da bacia. O subprograma de Recuperação Urbana, responsável pelas obras de urbanização de favelas, consumiu mais de 35% do orçamento total do programa de mais de 320 milhões de reais.

Apenas no Município de São Paulo encontravam-se 180 favelas com aproximadamente 100 mil habitantes, em geral ocupando áreas públicas de loteamentos em fundos de vale ou encostas íngremes e 200 loteamentos clandestinos, abrigando 140 mil pessoas em condições semelhantes às favelas em relação à precariedade de infra-estrutura básica. Estimava-se que 2.500 famílias ou aproximadamente 12.500 pessoas viviam em situação de risco de enchentes ou de escorregamentos eminentes.

Elizabete FRANÇA (2000:24), que foi coordenadora do programa Guarapiranga, coloca que nos projetos de urbanização houve uma preocupação em caracterizar os diversos bairros pertencentes ao programa, considerando suas características particulares, lógicas próprias de formação e culturas específicas. Para tanto o programa propôs ações de duas ordens: a primeira diz respeito às respostas às necessidades básicas, tais como sistema de vias de circulação, drenagem, infra-estrutura, etc; a segunda diz respeito às ações de "monumentalização", ou seja,

2003:126).

Esta mesma autora aponta um outro problema encontrado na experiência do Favela Bairro que é o sistema de vias, muitas vezes abaixo do padrão mínimo de larguras definido pelas concessionárias de serviços públicos, que acabou não sendo reconhecido pelo CEDAE - Companhia de Águas e Esgotos da Cidade do Rio de Janeiro. A concessionária não reconhece o sistema implantado e não assume a sua manutenção, que é então realizada por moradores contratados pela Secretaria Municipal de Habitação, demonstrando incoerência e conflito de posições por parte dos órgãos de uma mesma administração pública. Se por um lado este sistema ajuda a empregar moradores da favela na manutenção da mesma, gerando renda para uma população com altas taxas de desemprego, por outro, não promove a integração total da favela à cidade legal e às redes de infra-estrutura e serviços oficiais.

3.3.3 Programa Guarapiranga, São Paulo

O programa Guarapiranga foi elaborado em 1992, como componente do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga na Região Metropolitana de São Paulo, e visava à recuperação sanitária e ambiental dos mananciais hídricos por meio da urbanização e adequação da infra-estrutura das favelas ou loteamentos irregulares e

clandestinos presentes na bacia do Guarapiranga.

Segundo FRANÇA (2000), o programa parte da percepção que o Estado falhou na manutenção da área como reserva dos mananciais aqüíferos e que a legislação preservacionista elaborada nos anos 70 para a região, embora revestida de boas intenções, não foi capaz preservar um imenso território nas bordas da metrópole em crescimento. A regulamentação urbana e ambiental através do uso e ocupação do solo não foi capaz de estimular os agentes privados a manterem enormes glebas desocupadas ou com ocupação de baixa densidade em uma região de grande pressão dos contingentes populacionais sem opção de moradia. Desta forma afastou-se da região a cidade legal e abriu-se o território às ocupações ilegais.

O programa, financiado por recursos do Banco Mundial, foi gerido pela Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras do Governo do Estado de São Paulo, envolvendo ações conjuntas com a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo - SABESP -, a Prefeitura de São Paulo, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano - CDHU - e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado - SMA.

O programa foi inovador ao propor a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e modelo de gestão, daí a gerência do programa pela Secretaria de Estado envolvendo diversas empresas públicas como a SABESP, CDHU e prefeituras da região metropolitana. O programa um edifício marcante na paisagem, que abriga um

profissional habilitado para mediar os conflitos nos espaço urbano.

DENALDI (2003) aponta que a fonte de recursos e a forma de financiamento de um programa público junto a uma agência internacional acabam por definir os seus objetivos e os resultados a serem alcançados. No caso carioca, o BID, que financiou o programa Favela Bairro mediante a contrapartida municipal de 40% dos recursos, fixou condições contratuais que contribuíram para definir o "desenho" do programa, por exemplo, obras de infra- estrutura, iluminação, sistema viário, equipamentos e áreas de lazer, eram financiadas pelo banco, já a remoção de moradias e o reassentamento das mesmas ficavam limitadas a 5% do total de investimento por núcleo.

Isto explica o baixo número de remoções do programa Favela Bairro em relação a outros programas de urbanização de favelas. No segundo contrato firmado com o BID esta percentagem passou para 8% aumentando um pouco a margem de manobra para as obras necessárias que envolvessem remoções.

"A concepção de intervir sempre consolidando o padrão implantado (mesmo quando inadequado) e restringindo o número de reassentamentos possibilita maior abrangência do atendimento e minimiza conflitos e custos sociais, mas, em alguns casos, impossibilita que a integração alcance os patamares desejados" (DENALDI,

era subdividido em quatro subprogramas com ações específicas: 1 - Serviços de água e esgoto, 2 - Coleta e disposição final de lixo, 3 - Recuperação urbana e proteção ambiental e 4 - Gestão da bacia. O subprograma de Recuperação Urbana, responsável pelas obras de urbanização de favelas, consumiu mais de 35% do orçamento total do programa de mais de 320 milhões de reais.

Apenas no Município de São Paulo encontravam-se 180 favelas com aproximadamente 100 mil habitantes, em geral ocupando áreas públicas de loteamentos em fundos de vale ou encostas íngremes e 200 loteamentos clandestinos, abrigando 140 mil pessoas em condições semelhantes às favelas em relação à precariedade de infra-estrutura básica. Estimava-se que 2.500 famílias ou aproximadamente 12.500 pessoas viviam em situação de risco de enchentes ou de escorregamentos eminentes.

Elizabete FRANÇA (2000:24), que foi coordenadora do programa Guarapiranga, coloca que nos projetos de urbanização houve uma preocupação em caracterizar os diversos bairros pertencentes ao programa, considerando suas características particulares, lógicas próprias de formação e culturas específicas. Para tanto o programa propôs ações de duas ordens: a primeira diz respeito às respostas às necessidades básicas, tais como sistema de vias de circulação, drenagem, infra-estrutura, etc; a segunda diz respeito às ações de "monumentalização", ou seja,

implantação de propostas que elevassem tais ocupações à condição de novos bairros dotados de valores urbanos significativos para os moradores, de modo a construir um sentido de coletividade.

Os conceitos adotados neste programa são aqueles definidos e utilizados por Oriol Bohigas nas intervenções realizadas em Barcelona, Espanha, onde "ações pontuais programadas" ou também chamadas "metástases benignas" promoviam a recuperação de áreas degradadas da cidade através da "irradiação positiva" da construção de diversas praças e espaços públicos.

Busca-se, desta forma, a qualificação dos espaços públicos de maneira a se diluir as fronteiras urbanísticas e simbólicas entre o bairro que se intervém e o bairro formal. Cria-se uma rede referencial de espaços públicos, onde se atribui significado cultural como fator de vinculação deste novo bairro à cidade legalmente constituída (FRANÇA, 2000).

Segundo UEMURA (2000), até maio de 2000, foram executadas obras em 67 favelas, beneficiando cerca de 8 mil famílias. Para tanto 1.752 novas moradias haviam sido construídas, correspondendo à remoção de cerca de 21% das famílias. Até esta data havia sido atingido 37,6% da meta de

obras previstas pelo programa e haviam sido gastos 70% dos recursos financeiros.

Do ponto de vista da recuperação ambiental, UEMURA avalia que os resultados ainda não haviam sido

alcançados, nem ao menos parcialmente, pois a dispersão dos recursos e pulverização das obras por diversas sub- bacias do programa contrapuseram-se à diretriz inicial, que era de priorizar as sub-bacias com maior concentração de esgoto. O objetivo de melhorar a qualidade da água encontrava-se comprometido, pois diversos coletores estavam interrompidos fazendo com que os esgotos não fossem transportados para fora da bacia hidrográfica.