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2. FAVELAS E O MEIO AMBIENTE

3.1 As favelas e o Governo Federal

3.1.2 O período BNH

Em 1964 o Governo Castelo Branco acabou com os IAPs e criou o BNH Banco Nacional de Habitação centralizando as ações para financiar obras de habitação, saneamento básico e urbano, incluindo grandes projetos nas áreas de transporte e energia, e o SFH Sistema Financeiro de Habitação - que operava com recursos provenientes de poupanças compulsórias, como o FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -, e voluntárias como as cadernetas de poupança, além dos recursos dos

agentes financeiros e promotores.

Com o BNH é definitivamente difundida a idéia da casa própria. Com a ideologia da casa própria esperava-se alcançar a "ordem e a estabilidade social" além de atender aos interesses do capital financeiro, da indústria de materiais de construção e da indústria de construção. Para o BNH a favela era tratada como déficit de moradia (DENALDI, 2003).

A atuação do BNH baseava-se na erradicação das favelas e a construção de conjuntos habitacionais na periferia das cidades. O modelo urbanístico e arquitetônico adotado era da repetição e padronização da unidade habitacional, muitas vezes desassociado das estruturas urbanas pré-existentes e desconsiderando as características físicas e ambientais dos sítios escolhidos.

O caráter compulsório dos programas de remanejamento populacional, a localização dos conjuntos, que impunha grandes distâncias entre a moradia e o local de trabalho, e os custos de transporte e moradia, fizeram com que muitos moradores abandonassem o pagamento do financiamento ou repassassem a moradia financiada para terceiros (DENALDI, 2003).

No início da década de 1970, os elevados índices de inadimplência levaram o BNH a mudar a estratégia e elitizar o atendimento. Neste período o BNH aumenta os investimentos em obras urbanas.

Em 1975 o BNH cria o PROFILURB, representando

uma alteração na postura oficial do governo no sentido de incluir nos programas oficiais a população de baixa renda que não era atendida nos conjuntos habitacionais. O programa visava o financiamento de lotes urbanizados, ficando a construção da habitação por conta do morador (BUENO, 2000). Em 1979 cria-se o PROMORAR, programa de erradicação de favelas através do saneamento e urbanização da área, que financiava unidades habitacionais

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de até 24 m . Foram os primeiros programas alternativos à política habitacional corrente voltados à população favelada (DENALDI, 2003). Segundo a autora, estes programas não alcançaram resultados expressivos e tiveram uma atuação de caráter demagógico e propagandístico.

Em 1982 foi criado o programa "João de Barro" que tinha como prioridade o atendimento de famílias com renda de até 3 salários mínimos moradoras de cidades do interior. O programa financiava a compra do terreno e do material de construção e oferecia a orientação técnica necessária para a construção das casas pelos próprios moradores.

Estes programas tiveram, do ponto de vista do número das unidades habitacionais viabilizadas, uma expressão insignificante em relação à produção do BNH e ao déficit habitacional (BUENO, 2000).

Segundo BONDUKI, o modelo do BNH, que ele denomina de modelo central-desenvolvimentista, financiou, desde a sua fundação em 1964 até 1986, data da |13|“No Rio de Janeiro, foi

criada a Fundação Leão XIII a partir de um acordo entre a Igreja e o Governo Federal, com o objetivo de assistir à população moradora em favelas e, em 1956, a Igreja Católica criou a Cruzada São Sebastião, órgão não- governamental que apoiou projetos de urbanização e remoção de favelas. Em São Paulo, na década de 1960, foram c r i a d a s , e n t r e o u t r a s i n s t i t u i ç õ e s , o M U D (Movimento Universitário de Desfavelamento) e o MOV (Movimento das Organizações Voluntárias pela promoção do favelado)" (DENALDI, 2003:14).

|fig.36|Conjunto habitacional Santa Etelvina em fase final de implantação em São Paulo, 1983. Típico empreendimento do período BNH, edificações e urbanização padronizadas, massificadas e rígidas que muitas vezes exigiam grandes transformações do meio físico. Fonte: FARAH, Flávio. Habitação e encostas, pg. 127.

pautadas no controle e repressão ou clientelismo."

(DENALDI, 2003:14).

A questão das favelas neste período não era vista de uma forma conjuntural ou como um problema social e urbano mais amplo, mas sim de forma parcial e pontual, as favelas deviam ser eliminadas e a população removida deveria procurar a solução da sua moradia em outro lugar ou quando muito em alojamentos ou bairros populares distantes.

Algumas experiências de urbanização foram realizadas com o apoio de instituições não-governamentais,

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principalmente aquelas ligadas à igreja católica , mas estas não alteraram as estruturas e diretrizes institucionais relacionadas com a favela.

3.1.2 O período BNH

Em 1964 o Governo Castelo Branco acabou com os IAPs e criou o BNH Banco Nacional de Habitação centralizando as ações para financiar obras de habitação, saneamento básico e urbano, incluindo grandes projetos nas áreas de transporte e energia, e o SFH Sistema Financeiro de Habitação - que operava com recursos provenientes de poupanças compulsórias, como o FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -, e voluntárias como as cadernetas de poupança, além dos recursos dos

agentes financeiros e promotores.

Com o BNH é definitivamente difundida a idéia da casa própria. Com a ideologia da casa própria esperava-se alcançar a "ordem e a estabilidade social" além de atender aos interesses do capital financeiro, da indústria de materiais de construção e da indústria de construção. Para o BNH a favela era tratada como déficit de moradia (DENALDI, 2003).

A atuação do BNH baseava-se na erradicação das favelas e a construção de conjuntos habitacionais na periferia das cidades. O modelo urbanístico e arquitetônico adotado era da repetição e padronização da unidade habitacional, muitas vezes desassociado das estruturas urbanas pré-existentes e desconsiderando as características físicas e ambientais dos sítios escolhidos.

O caráter compulsório dos programas de remanejamento populacional, a localização dos conjuntos, que impunha grandes distâncias entre a moradia e o local de trabalho, e os custos de transporte e moradia, fizeram com que muitos moradores abandonassem o pagamento do financiamento ou repassassem a moradia financiada para terceiros (DENALDI, 2003).

No início da década de 1970, os elevados índices de inadimplência levaram o BNH a mudar a estratégia e elitizar o atendimento. Neste período o BNH aumenta os investimentos em obras urbanas.

Em 1975 o BNH cria o PROFILURB, representando

uma alteração na postura oficial do governo no sentido de incluir nos programas oficiais a população de baixa renda que não era atendida nos conjuntos habitacionais. O programa visava o financiamento de lotes urbanizados, ficando a construção da habitação por conta do morador (BUENO, 2000). Em 1979 cria-se o PROMORAR, programa de erradicação de favelas através do saneamento e urbanização da área, que financiava unidades habitacionais

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de até 24 m . Foram os primeiros programas alternativos à política habitacional corrente voltados à população favelada (DENALDI, 2003). Segundo a autora, estes programas não alcançaram resultados expressivos e tiveram uma atuação de caráter demagógico e propagandístico.

Em 1982 foi criado o programa "João de Barro" que tinha como prioridade o atendimento de famílias com renda de até 3 salários mínimos moradoras de cidades do interior. O programa financiava a compra do terreno e do material de construção e oferecia a orientação técnica necessária para a construção das casas pelos próprios moradores.

Estes programas tiveram, do ponto de vista do número das unidades habitacionais viabilizadas, uma expressão insignificante em relação à produção do BNH e ao déficit habitacional (BUENO, 2000).

Segundo BONDUKI, o modelo do BNH, que ele denomina de modelo central-desenvolvimentista, financiou, desde a sua fundação em 1964 até 1986, data da |13|“No Rio de Janeiro, foi

criada a Fundação Leão XIII a partir de um acordo entre a Igreja e o Governo Federal, com o objetivo de assistir à população moradora em favelas e, em 1956, a Igreja Católica criou a Cruzada São Sebastião, órgão não- governamental que apoiou projetos de urbanização e remoção de favelas. Em São Paulo, na década de 1960, foram c r i a d a s , e n t r e o u t r a s i n s t i t u i ç õ e s , o M U D (Movimento Universitário de Desfavelamento) e o MOV (Movimento das Organizações Voluntárias pela promoção do favelado)" (DENALDI, 2003:14).

|fig.36|Conjunto habitacional Santa Etelvina em fase final de implantação em São Paulo, 1983. Típico empreendimento do período BNH, edificações e urbanização padronizadas, massificadas e rígidas que muitas vezes exigiam grandes transformações do meio físico. Fonte: FARAH, Flávio. Habitação e encostas, pg. 127.

sua extinção, 4,5 milhões de moradias, sendo a mais importante intervenção estatal sobre as cidades em toda a história do país (BONDUKI, 2000).

O SFH ampliou expressivamente a provisão de habitação no Brasil, mas não atendeu a demanda dos setores de baixa renda. Quase a metade dos imóveis financiados pelo SFH foi destinada aos setores de classe média e apenas 5,9% das unidades financiadas destinavam-se a famílias com renda entre 0 e 3 salários mínimos (DENALDI, 2003). Segundo TASCHNER (1991) entre 1964 e 1985 o BNH financiou 3,2 milhões de unidades para famílias de renda superior a 5 salários mínimos, contra 1,2 milhão de unidades para famílias com renda de até 5 salários e destes apenas 285 mil unidades foram provenientes de programas alternativos.