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2. FAVELAS E O MEIO AMBIENTE

3.1 As favelas e o Governo Federal

3.1.3 O período pós BNH

Em 1986 o BNH ineficaz e deficitário é extinto e, após sua extinção, diversos ministérios e secretarias se responsabilizam pela política habitacional no âmbito do governo federal. A Caixa Econômica Federal CEF - incorpora as atividades do BNH e é mantida como agente operador do FGTS.

A partir de então ocorre uma quase paralisação das ações federais na produção de moradias e uma

descentralização das políticas habitacionais que passam a ser assumidas pelos estados e municípios.

BUENO (2000:32) coloca que este novo panorama passa a consagrar três novos atores na construção de políticas habitacionais que perdurará até os anos 90: os assentamentos irregulares, as organizações comunitárias e as prefeituras.

Na década de 1980, o Estado implementou um conjunto de ações pontuais e de caráter assistencial, ao invés de promover uma reestruturação mais ampla das políticas sociais.

Na década de 1990, fortalecem-se as propostas de descentralização dos programas habitacionais como um meio de democratizar e aumentar a eficácia das políticas públicas, mas também aliviar a situação fiscal de um estado que se encontrava falido tendo que responder às dívidas internas e externas.

Os programas habitacionais seguiram de forma pontual e descontínua, sem grande alcance e eficácia. Avanços foram feitos no sentido de ampliar a participação popular na gestão dos recursos federais com a criação de fundos e conselhos municipais e estaduais, no entanto os recursos orçamentários destinados às favelas são irrisórios e sua destinação passível de processos clientelistas (DENALDI, 2003:23).

O programa Habitar Brasil, criado no governo Itamar Franco (1992-1995), possibilitou, pela primeira vez, que

algumas prefeituras pudessem experimentar e aprimorar projetos de urbanização de favelas com o apoio do governo federal (BUENO, 2000:34)

Com a escassez dos recursos federais, estados e municípios recorrem a recursos financiados por instituições internacionais. As agências internacionais, especialmente o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID -, começam a .financiar projetos desenvolvidos no âmbito municipal. O primeiro foi o Projeto Grande Rio iniciado em 1989, com recursos do Banco Mundial - BM.

Em 1992 o governo do estado de São Paulo e a prefeitura de São Paulo assinaram com o BM o Programa de Saneamento Ambiental do Reservatório Guarapiranga, com quase um terço dos recursos destinados à urbanização de favelas. No Rio de Janeiro, a prefeitura desenvolve em 1993 o Projeto Favela-Bairro com receitas do BID e em 1994 a PMSP, financiada pela mesma instituição, desenvolveu o Programa Cingapura (BUENO, 2000:39).

Observa-se que o Estado passa da negação da favela, propondo a sua erradicação - alternativa defendida até a década de 1960 -, para o atendimento da favela em programas "alternativos", de pequena abrangência e desligados do eixo central da política habitacional, na década de 1970. Nos anos 1980 o tema favela é entendido como problema dos municípios e se faz pouca coisa, nos anos 1990 o discurso do governo federal evolui no sentido

de priorizar os programas para a baixa renda, mas o volume de recursos alocados assim como a regulamentação para a sua utilização não permitem que os resultados sejam expressivos.

No âmbito do Estado de São Paulo, a provisão habitacional para a baixa renda se deu inicialmente pela CECAP, criada em 1949 como Caixa Estadual de Casas para o Povo, que só veio a funcionar efetivamente em 1967 e que, posteriormente em 1978, passou-se a chamar Companhia Estadual de Casas Populares. Neste período a companhia teve uma atuação tímida funcionando como um braço executor do BNH que definia os programas, os recursos financeiros e as condições de financiamento. Na década de 1980 passa a chamar-se CODESPAULO e posteriormente CDH Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo -, neste período a escassez de recursos do BHN /SFH, já em processo de colapso, faz a empresa procurar recursos do Tesouro do Estado e parcerias com os municípios. Em 1988 assume a configuração atual de CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo e a partir de 1990, quando entra em vigor a lei que destina 1% do ICMS a investimentos de desenvolvimento habitacional, a empresa começa a receber um fluxo ininterrupto de recursos que alavanca a produção habitacional no estado. Desde a sua fundação a CDHU construiu ou viabilizou quase 400 mil unidades

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habitacionais , sendo que mais de 300 mil após a |14| C o n f o r m e P l a c a r d a

Habitação, atualizado em agosto de 2006, disponível em www.cdhu.sp.gov.br

sua extinção, 4,5 milhões de moradias, sendo a mais importante intervenção estatal sobre as cidades em toda a história do país (BONDUKI, 2000).

O SFH ampliou expressivamente a provisão de habitação no Brasil, mas não atendeu a demanda dos setores de baixa renda. Quase a metade dos imóveis financiados pelo SFH foi destinada aos setores de classe média e apenas 5,9% das unidades financiadas destinavam-se a famílias com renda entre 0 e 3 salários mínimos (DENALDI, 2003). Segundo TASCHNER (1991) entre 1964 e 1985 o BNH financiou 3,2 milhões de unidades para famílias de renda superior a 5 salários mínimos, contra 1,2 milhão de unidades para famílias com renda de até 5 salários e destes apenas 285 mil unidades foram provenientes de programas alternativos.

3.1.3 O período pós - BNH

Em 1986 o BNH ineficaz e deficitário é extinto e, após sua extinção, diversos ministérios e secretarias se responsabilizam pela política habitacional no âmbito do governo federal. A Caixa Econômica Federal CEF - incorpora as atividades do BNH e é mantida como agente operador do FGTS.

A partir de então ocorre uma quase paralisação das ações federais na produção de moradias e uma

descentralização das políticas habitacionais que passam a ser assumidas pelos estados e municípios.

BUENO (2000:32) coloca que este novo panorama passa a consagrar três novos atores na construção de políticas habitacionais que perdurará até os anos 90: os assentamentos irregulares, as organizações comunitárias e as prefeituras.

Na década de 1980, o Estado implementou um conjunto de ações pontuais e de caráter assistencial, ao invés de promover uma reestruturação mais ampla das políticas sociais.

Na década de 1990, fortalecem-se as propostas de descentralização dos programas habitacionais como um meio de democratizar e aumentar a eficácia das políticas públicas, mas também aliviar a situação fiscal de um estado que se encontrava falido tendo que responder às dívidas internas e externas.

Os programas habitacionais seguiram de forma pontual e descontínua, sem grande alcance e eficácia. Avanços foram feitos no sentido de ampliar a participação popular na gestão dos recursos federais com a criação de fundos e conselhos municipais e estaduais, no entanto os recursos orçamentários destinados às favelas são irrisórios e sua destinação passível de processos clientelistas (DENALDI, 2003:23).

O programa Habitar Brasil, criado no governo Itamar Franco (1992-1995), possibilitou, pela primeira vez, que

algumas prefeituras pudessem experimentar e aprimorar projetos de urbanização de favelas com o apoio do governo federal (BUENO, 2000:34)

Com a escassez dos recursos federais, estados e municípios recorrem a recursos financiados por instituições internacionais. As agências internacionais, especialmente o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID -, começam a .financiar projetos desenvolvidos no âmbito municipal. O primeiro foi o Projeto Grande Rio iniciado em 1989, com recursos do Banco Mundial - BM.

Em 1992 o governo do estado de São Paulo e a prefeitura de São Paulo assinaram com o BM o Programa de Saneamento Ambiental do Reservatório Guarapiranga, com quase um terço dos recursos destinados à urbanização de favelas. No Rio de Janeiro, a prefeitura desenvolve em 1993 o Projeto Favela-Bairro com receitas do BID e em 1994 a PMSP, financiada pela mesma instituição, desenvolveu o Programa Cingapura (BUENO, 2000:39).

Observa-se que o Estado passa da negação da favela, propondo a sua erradicação - alternativa defendida até a década de 1960 -, para o atendimento da favela em programas "alternativos", de pequena abrangência e desligados do eixo central da política habitacional, na década de 1970. Nos anos 1980 o tema favela é entendido como problema dos municípios e se faz pouca coisa, nos anos 1990 o discurso do governo federal evolui no sentido

de priorizar os programas para a baixa renda, mas o volume de recursos alocados assim como a regulamentação para a sua utilização não permitem que os resultados sejam expressivos.

No âmbito do Estado de São Paulo, a provisão habitacional para a baixa renda se deu inicialmente pela CECAP, criada em 1949 como Caixa Estadual de Casas para o Povo, que só veio a funcionar efetivamente em 1967 e que, posteriormente em 1978, passou-se a chamar Companhia Estadual de Casas Populares. Neste período a companhia teve uma atuação tímida funcionando como um braço executor do BNH que definia os programas, os recursos financeiros e as condições de financiamento. Na década de 1980 passa a chamar-se CODESPAULO e posteriormente CDH Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo -, neste período a escassez de recursos do BHN /SFH, já em processo de colapso, faz a empresa procurar recursos do Tesouro do Estado e parcerias com os municípios. Em 1988 assume a configuração atual de CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo e a partir de 1990, quando entra em vigor a lei que destina 1% do ICMS a investimentos de desenvolvimento habitacional, a empresa começa a receber um fluxo ininterrupto de recursos que alavanca a produção habitacional no estado. Desde a sua fundação a CDHU construiu ou viabilizou quase 400 mil unidades

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habitacionais , sendo que mais de 300 mil após a |14| C o n f o r m e P l a c a r d a

Habitação, atualizado em agosto de 2006, disponível em www.cdhu.sp.gov.br

instituição da alíquota do ICMS. A CDHU atuou em favelas através dos programas do BNH, como o PROFILURB, e mais recentemente através de programas próprios. O enfoque da companhia em relação às favelas sempre foi o da substituição dos assentamentos por conjuntos habitacionais, na última década, esta política tem sido alterada para a urbanização de favelas associado à construção de novas moradias. Excetuando-se alguns programas de mutirão, onde se chegou em resultados diferenciados do ponto de vista da qualidade ambiental e

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arquitetônica , a produção habitacional da empresa se caracteriza pela construção em massa e repetição da unidade habitacional em projetos padronizados.

3.2 Favelas e políticas públicas em São Paulo