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E XEMPLOS DE CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS ANALISADAS

4. DADOS, MODELAGEM EMPÍRICA E RESULTADOS DA PESQUISA

4.1. D ESCRIÇÃO DOS DADOS

4.1.1. E XEMPLOS DE CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS ANALISADAS

No Tabela 3, é possível observar a classificação da empresa: Aços Villares S/A. Nessa classificação, identifica-se que a empresa possui controle concentrado e é familiar. Além disso, é possível observar que ela apresentou controle concentrado nos 6 anos observados, foi gerida pelo controlador nos cargos de diretor presidente em 2009 e presidente do conselho de administração em 2008.

Tabela 3. Exemplo de classificação da empresa Aços Villares S.A.

Razão Social Ano CCon ISig Fam PCAC CEOC CFOC PCAI CEOI CFOI FUND

ACOS VILLARES S.A. 2004 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0

ACOS VILLARES S.A. 2005 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0

ACOS VILLARES S.A. 2006 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0

ACOS VILLARES S.A. 2007 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0

ACOS VILLARES S.A. 2008 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0

ACOS VILLARES S.A. 2009 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0

Fonte: Dados da pesquisa.

CCon é a denominação de Controle Concentrado, ISig denomina Influência Significativa (Acionista Influente); Fam é a denominação de Empresa Familiar; PCAC é o nome dado ao Presidente do Conselho de Administrador quando este é o próprio controlador; CEOC é o CEO Controlador; CFOC é o CFO controlador; PCAI é o Presidente do Conselho de Administração que também é acionista com influência significativa; CEOI é o CEO com influência significativa, CFOI é o CFO com influência significativa e FUND é o gestor que é fundador da empresa

Após as classificações, coletaram-se os dados contábeis disponíveis na base de dados Economática. Verificou-se que, da população total, apenas 365 tinham os dados contábeis disponíveis para análise. Os dois bancos de dados (um com informações sobre controle e gestão e o outro levantado pela Economática com registros contábeis) foram combinados de forma a gerar um único corpus para as análises: o UDB (unificated data bank).

A partir do UDB, foram feitos os testes estatísticos para identificação de outliers. Com o intuito de preservar o maior número de dados possíveis da amostra selecionada e também não comprometer aqueles a serem analisados, optou-se por não excluir as observações e adotar o procedimento de “winsorização” das variáveis. Utilizada em estudos recentes no

Brasil, como os de Brito (2010), Marcondes (2010), Bellato et al. (2006) e Motta (2010), a

“winsorização” consiste num procedimento que faz os registros ― acima ou abaixo de determinados limites, inferiores ou superiores ― serem substituídos pelo maior e menor valor remanescente do limite estabelecido. Dessa forma, esse procedimento foi adotado para um limite superior de 5% e inferior de também 5%.

4.2. Análise descritiva

As observações relativas às 478 empresas do levantamento inicial foram feitas entre os anos de 2004 a 2009, nas empresas abertas brasileiras listadas na BM&FBovespa, e totalizaram 2850 dados para tratamento e classificação, dos quais foram feitas as contagens em apenas 2039 observações que continham dados sobre acionistas e diretores (muitas empresas não possuem informações nos 6 anos observados) e puderam ser tratadas.

Do total de empresas com informações disponíveis, observou-se que 69%

apresentaram controle concentrado, 27% têm algum sócio com influência significativa e apenas 4% das empresas apresentam controle disperso. Também se pôde apurar que 30%

delas apresentam características de empresa familiar ― uma semelhança com a pesquisa de Gomes-Mejía et al. (2007). A Tabela 4 ilustra os dados encontrados em termos de controle:

Tabela 4. Análise da concentração de controle das empresas brasileiras listadas na BM&FBovespa Total observações Controle Concentrado Influência Significativa Familiar

2039 1416 551 612

100% 69% 27% 30%

Fonte: Dados da pesquisa.

A classificação dos dados observados também procurou identificar o tipo de gestão das empresas, conforme Tabela 5.

Tabela 5. Tipo de gestão das empresas brasileiras listadas na BM&FBovespa

Gestores PCA Contr CEO Contr CFO Contr PCA IS CEO IS CFO IS Fundador

Num Observações 583 457 40 275 227 26 465

% 29% 22% 2% 13% 11% 1% 23%

Fonte: Dados da pesquisa.

Nas empresas observadas, é possível identificar que 29% possuem o controlador como Presidente do Conselho de Administração e/ou 22% delas apresentam o controlador como Diretor Presidente e/ou 2% apresentam o controlador como Diretor Financeiro. Isso significa que, pelo menos metade das empresas com controle concentrado possui também gestão concentrada no seu controlador. Em outras palavras, isso quer dizer que uma empresa pode ter um Presidente do Conselho de Administração e um Diretor Presidente e um Diretor Financeiro, todos pertencentes à família, ou um dos casos somente, ou dois quaisquer dos casos.

As empresas que apresentaram influência significativa também possuem os investidores com influência como Presidente do Conselho de Administração (13%) e/ou Diretor Presidente (11%) e/ou Diretor financeiro (5%). Em outras palavras, isso quer dizer que uma empresa pode ter um Presidente do Conselho de Administração e um Diretor Presidente e um Diretor Financeiro, todos pertencentes à família, ou um dos casos somente, ou dois quaisquer dos casos.

Os fundadores representaram, nesta pesquisa, 23% dos cargos de direção nessas empresas. Fundadores podem ser controladores ou possuidores de influência significativa.

Em um segundo momento, foram analisadas apenas as empresas que dispunham informações contábeis no banco de dados Economática. Das 478 empresas do levantamento inicial, aquelas que não possuíam dados sobre controle e gestão em algum dos anos apresentaram a célula correspondente em branco. Assim, sobraram 365 empresas com dados contábeis disponíveis nos 6 anos observados, totalizando 2190 observações. A Tabela 6 mostra a divisão de setores observados, de acordo com o banco de dados Economática.

Tabela 6. Distribuição das empresas por setores

Setor Quantidade Percentual

Financeira e de seguros 9 2,47%

Petróleo e Gas 5 1,37%

Energia elétrica 45 12,33%

Transportes 18 4,93%

Construção 30 8,22%

Agropecuária 5 1,37%

Mineração 8 2,19%

Alimentos e Bebidas 20 5,48%

Têxtil 29 7,95%

Comércio 18 4,93%

Máquinas Industriais 5 1,37%

Fundos de Investimento 1 0,27%

Telecomunicações 14 3,84%

Eletroeletrônico 7 1,92%

Veículos e Peças 18 4,93%

Minerais não Metálicos 4 1,10%

Papel e Celulose 5 1,37%

Outras 81 22,19%

Industria quimica 14 3,84%

Siderurgia e Metalurgia 25 6,85%

Software e Dados 4 1,10%

Total 365 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa.

Das empresas analisadas, 56,4% apresentaram, em algum dos anos (2004 a 2009), concentração de controle nas mãos de um só acionista. A concentração de controle observada pode ocorrer nas mãos de apenas uma pessoa física ou jurídica. Não se fez diferenças, por exemplo, se houve concentração de controle de governo ou empresas, mas a concentração das ações ordinárias acima de 50%.

Também foi verificado que 22,8% das empresas apresentaram pelo menos um acionista com influência significativa nos anos observados. A influência significativa observada também pode ocorrer nas mãos de um acionista, pessoa física ou jurídica. Essa concentração se refere às ações ordinárias entre 20% e 50%.

Isso significa que, na amostra observada, 79,2% das empresas brasileiras possuem influência de um acionista, majoritário ou não, nas decisões da empresa.

A Tabela 7 mostra o resumo dos tipos de controle observados na amostra.

Tabela 7. Empresas separadas por tipo de controle

Tipo de Controle 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total %

Controle Concentrado 189 194 209 215 216 213 1236 56,4%

Influência Significativa 66 79 88 89 89 89 500 22,8%

Controle Disperso 110 92 68 61 60 63 454 20,7%

Total 365 365 365 365 365 365 2190 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa.

Com relação às empresas familiares, conforme Tabela 8, notou-se que 29,26% da amostra (641 observações das 2190 levantadas) foram classificadas como empresas familiares. Das empresas familiares, 65,1% (417 observações, ou em média 70 empresas) concentram o poder nas mãos da família e 32,4% (208 observações ou em média 35 empresas) possuem influência da família no controle.

Tabela 8. Empresas familiares separadas por tipo de controle

Empresas Familiares 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total %

Controle Concentrado 66 65 72 72 72 70 417 65,1%

Influência Significativa 30 35 35 36 36 36 208 32,4%

Controle Disperso 2 2 2 3 3 4 16 2,5%

Total 98 102 109 111 111 110 641 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação ao tipo de gestão observado, pôde-se identificar que aproximadamente 28% das empresas observadas possuem gestão do próprio controlador da empresa, como presidente do conselho de administração ou como diretor presidente, ou seja, quase metade das empresas controladas por um indivíduo também são geridas por ele (considerando-se também aquelas em que o controlador assume o cargo de PCA e também CEO). Apenas 2%

das observações apresentaram membro da família no cargo de diretor financeiro. A Tabela 9 mostra a distribuição dos cargos em cada um dos anos pesquisados.

Tabela 9. Empresas que apresentaram gestão do controlador

Ano PCAC % CEOC % CFOC %

2004 88 24,1% 70 19,2% 5 1,4%

2005 93 25,5% 74 20,3% 6 1,6%

2006 99 27,1% 80 21,9% 6 1,6%

2007 105 28,8% 79 21,6% 8 2,2%

2008 103 28,2% 80 21,9% 9 2,5%

2009 101 27,7% 78 21,4% 9 2,5%

Total 589 26,9% 461 21,1% 43 2,0%

Fonte: Dados da pesquisa.

O acionista que possui influência significativa na empresa também assume, em vários casos, o cargo de PCA e/ou CEO. Na tabela 10, observa-se o acionista influente (como será chamado no tratamento de dados) que não possui o controle total das ações, mas tem grande poder de interferir nas decisões operacionais e financeiras das empresas.

Tabela 10. Empresas que apresentaram gestão do acionista com influência significativa

Ano PCAI % CEOI % CFOI %

2004 45 12,3% 38 10,4% 5 1,4%

2005 48 13,2% 42 11,5% 5 1,4%

2006 54 14,8% 47 12,9% 5 1,4%

2007 53 14,5% 42 11,5% 5 1,4%

2008 52 14,2% 41 11,2% 5 1,4%

2009 53 14,5% 40 11,0% 5 1,4%

Total 305 13,9% 250 11,4% 30 1,4%

Fonte: Dados da pesquisa.

Também foi identificado que 21,9% das empresas pesquisadas apresentaram a gestão do fundador da empresa em algum dos cargos (Presidente do Conselho, Diretor Presidente ou Diretor Financeiro) e em 11% do total de empresas apresentam gestão familiar e o fundador como principal diretor. Essas informações estão descritas na Tabela 11.

Tabela 11. Empresas que apresentaram gestão do fundador

Ano FUND* %

2004 69 18,9%

2005 76 20,8%

2006 82 22,5%

2007 85 23,3%

2008 84 23,0%

2009 84 23,0%

Total 480 21,9%

Fonte: Dados da pesquisa.

*Esta quantidade se refere ao número de observações.

Foi observado também que 20% do total das empresas analisadas possuem controle concentrado sob domínio familiar. Sob influência significativa e familiar apresentam-se 9%

das empresas, conforme Tabela 12.

Tabela 12. Tipo de gestão nas empresas familiares

Ano PCAC % CEOC % CFOC % PCAI % CEOI % CFOI % FUND %

2004 60 61,2% 45 45,9% 2 2,0% 29 29,6% 28 28,6% 5 5,1% 39 39,8%

2005 60 58,8% 46 45,1% 3 2,9% 31 30,4% 31 30,4% 5 4,9% 41 40,2%

2006 64 58,7% 49 45,0% 3 2,8% 33 30,3% 33 30,3% 5 4,6% 44 40,4%

2007 66 59,5% 48 43,2% 4 3,6% 33 29,7% 29 26,1% 5 4,5% 43 38,7%

2008 66 59,5% 49 44,1% 5 4,5% 32 28,8% 28 25,2% 5 4,5% 42 37,8%

2009 64 58,2% 49 44,5% 5 4,5% 33 30,0% 27 24,5% 5 4,5% 42 38,2%

Total 380 59,3% 286 44,6% 22 3,4% 191 29,8% 176 27,5% 30 4,7% 251 39,2%

Fonte: Dados da pesquisa.

Em resumo, conforme Tabela 12 a observação dos dados mostra que existe uma tendência à concentração de controle nas empresas brasileiras, bem como da gestão da empresa. A divisão entre o controle concentrado e a influência significativa também oferece a informação de que existem acionistas que não possuem controle em ações, mas se encarregam da gestão da empresa. Nas empresas familiares, o controle e a gestão estão ainda mais ligados, conforme os dados apresentados. Do total de observações das empresas familiares, apenas 41 (6,3%) são classificadas como familiares e não possuem gestão de família ou do fundador.

As empresas familiares também foram observadas quanto ao tipo de controle existente. Na Tabela 13 é possível identificar que, das observações válidas (i) 65% das

empresas familiares possuem também o controle familiar; (ii) 32% não possuem controle, mas possuem influência familiar; e (iii) apenas 4% das empresas familiares se caracterizam como de controle disperso.

Tabela 13. Tipos de controle nas empresas abertas brasileiras

Empresa Familiar Controle Familiar Influência Familiar Controle Disperso Total

Num Observações 416 202 23 641

% 65% 32% 4% 100%

Fonte: Dados da pesquisa.

Outra classificação importante são as empresas familiares geridas pelo seu fundador.

Das observações desta pesquisa, 251 foram classificadas como empresas familiares cuja gestão se dá pelo próprio fundador da empresa, ou seja, 39% das empresas familiares ainda são geridas pelos seus fundadores, conforme Tabela 14.

Tabela 14. Empresas familiares com gestor fundador Empresa Familiar Gestão do Fundador Num Observações 251

% 39%

Fonte: Dados da pesquisa.