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Como parte da etapa de tratamento da informação no processo de noticiabilidade dos acontecimentos, percebemos que a edição digital do telejornalismo tem interferido em parte da construção social da realidade, permitindo alterações mais elaboradas nos telejornais, por dispor de recursos mais completos, ao aumentar o grau de manipulação, quando o editor altera imagens filmadas pelas câmeras, ou de criação das imagens para simular, representar, reconstituir e projetar os fatos reais. Temos um entendimento de que a imagem é a peça principal no processo de construção do sentido da notícia para a TV, que exerce um fascínio e prende a atenção dos telespectadores, principalmente pela promessa de mostrar o real.

A sociedade contemporânea privilegia a imagem, mas há muito tempo a realidade é interpretada por meio das informações fornecidas pelas imagens e pelas possibilidades dos aparatos tecnológicos de manipulação, criação e representação de imagens (MACHADO, 1996). Nossa pesquisa é situada nessa realidade, representada por imagens construídas com uma mediação tecnológica infinitamente maior em possibilidade do que a observada no padrão anterior. Trata-se da mediação da edição digital que tem conferido uma inovação radical na maneira de se construir o mundo permeado de realidades múltiplas, sendo que, para o telejornalismo, a realidade da vida cotidiana é tomada como a realidade por excelência (BERGER; LUCKMANN, 1995).

Para o telejornalismo, a designação edição não linear digital significa que o projeto de edição e seus componentes (as imagens, os planos, os movimentos de câmera, os sons) podem ser tratados em qualquer ordem e também reordenados facilmente, da mesma forma que manipulamos as palavras em um processador de textos. Com esse procedimento, é possível também ter uma visão global e detalhada da matéria que se está montando na tela do computador, visão essa que nem a montagem não linear analógica do cinema, nem a edição

linear do vídeo analógico puderam oferecer aos montadores e editores de outrora (BANDRÉS, 2000, p. 228 a 238).

A tecnologia digital transformou a tecnologia da montagem25 e, conceitualmente, sua estética. A velocidade da edição computadorizada permitiu que a decisão criativa chegasse mais rapidamente do que a antiga tecnologia de montagem, mas “não se pode esperar que a tecnologia tome decisões criativas” (DANCYGER, 2007, p. 456). Utilizar técnicas e recursos para produzir efeitos nas matérias era muito difícil, demorava, mas hoje as trucagens podem ser feitas com rápidos comandos dos editores no computador.

Os sistemas digitais possibilitam ao editor além de uma flexibilidade de criação no tratamento e na construção de imagens e de uma economia de tempo e dinheiro, uma integração de materiais procedentes de diferentes meios e formatos (vídeos, fotos, imagens analógicas e posteriormente digitalizadas, quaisquer imagens captadas digitalmente, áudios, entre outros), uma preparação para a convergência digital e a eliminação quase que total da perda de qualidade das imagens quando copiadas.

Nossa pesquisa discute a influência que a inovação da tecnologia digital tem no processo de edição e no comportamento dos editores na transformação dos fatos em notícia no telejornalismo contemporâneo. Entendemos inovação tecnológica como sendo o resultado de uma prática social, pois advêm de um conjunto de inventos, descobertas, práticas, experimentos e pesquisas científicas, normalmente envolvendo vários campos do conhecimento. Podemos designar a tecnologia digital como uma tecnologia social,associando seu caráter cultural de produção, acumulação, explicitação e uso de conhecimento (WILLIAMS, 2003).

A complexidade das práticas sociais é tão reveladora no campo da inovação que muitas vezes é difícil situar uma única autoria para um invento ou uma descoberta. Sobre isso, Machado (1996) questiona:

A quem atribuir a concepção e a realização de uma foto: ao engenheiro que projetou a câmera, ao físico que codificou a representação do espaço através do sistema óptico da lente, ao químico que ‘traduziu as diferentes propriedades reflexivas dos objetos em relação à luz para os componentes fotoquímicos da emulsão de registro, ou ao sujeito que, valendo-se de todas essas contribuições, atualiza-as e as concretiza no registro de uma imagem singular? (p. 33).

25 Nesta pesquisa, utilizamos os termos ‘montagem’ e ‘edição’ como sinônimos, embora tradicionalmente

montagem se refira à técnica de montar o filme ‘copião’ no cinema e edição à técnica de articular texto, imagens e sons em colagens para os telejornais e/ou outros programas televisivos.

Uma invenção direcionada a um fim específico pode acabar atingindo toda a sociedade, seus modos de produção e seu consumo, e como uma parte de um todo, pode se interligar a outras invenções e transformar-se em uma inovação, cuja definição depende da relação que se faz com seu uso efetivo, ou seja, só é inovação quando se transforma em um bem cultural pela e para a sociedade. A tecnologia é social porque carrega os sinais de uma produção compartilhada, mesmo que em épocas diferentes, que envolve várias conquistas em vários campos do conhecimento e também porque seu uso precisa ser socializado para que sua existência seja aceita e identificada.

Em alguma medida, a inovação tecnológica pode ser fruto de uma demanda de mercado combinada com um impulso científico26. É o que acontece com a TV digital no Brasil, em que se observa uma mistura entre o avanço científico e uma provocação de mercado aliada a uma política de governo. O fim das transmissões analógicas no Brasil está marcado para junho de 2016 (FOLHA DE SÃO PAULO, 2010, informação eletrônica), ou seja, até lá todas as emissoras deverão, obrigatoriamente, transmitir sua programação em sinal digital.

O jornalismo, como uma prática social, sempre esteve ligado a um determinado conjunto de tecnologias, definido pelo mercado e pelas necessidades da sociedade como um todo. A radiodifusão ocupou um lugar dentro desse conjunto, sendo diagnosticada como uma forma nova e poderosa de integração social e controle. Para Williams (2003), sem dúvida, houve intervenção do governo no início do desenvolvimento da radiodifusão, mas isso foi a nível técnico com a distribuição de comprimentos de ondas. A essa intervenção,somaram-se outros intentos sociais mais gerais.

Pode-se discutir em si mesma a história social da radiodifusão em dois níveis: o de prática e o de princípios. Todavia não é realista extraí-la de outro processo, talvez mais decisivo, através do qual, em situações econômicas particulares, um conjunto de mecanismos técnicos dispersos passa a constituir uma tecnologia aplicada e depois uma tecnologia social (WILLIAMS, 2003, p. 167).

Usar máquinas para construir imagens técnicas é uma prática social tradicional na produção de telejornais, o novo é que o processo tecnológico é digital, e, portanto, a imagem (e o som) ao ser reduzida a uma combinação de algoritmos aumenta exponencialmente a

26Combinação do science push e do market pull, ou seja, de inovações feitas a partir do avanço científico

combinadas com uma demanda de mercado. Fonte: SALOMON, Jean-Jacques. Morte e ressurreição do capitalismo: a propósito de Schumpeter. Estudos Avançados. vol.5 nº.13, São Paulo, Set./Dec. 1991.

capacidade de manipulação e põe fim às limitações de possibilidades de construção da realidade apresentadas pela tecnologia analógica, especialmente na montagem das matérias, na fase de edição.

Para Santaella e Nöth (1998), são três os paradigmas da imagem observados ao longo da história, tendo a fotografia como a divisora de águas: 1) o pré-fotográfico; 2) o fotográfico e 3) o pós-fotográfico. O primeiro é caracterizado por imagens artesanais, desenhos, gravuras e pinturas; o segundo é composto por imagens de comprovação do real, como a fotografia que conecta imagem a objeto; e o terceiro, que acumula o conhecimento dos 2 anteriores, é caracterizado pelas imagens digitais, numéricas, sintéticas, cuja existência é definida pela computação gráfica. O terceiro paradigma é o que está no olho do furacão das mudanças, nosso interesse de pesquisa.

A notícia e o telejornal são formados por elementos que, aos poucos, vão sendo montados. A notícia e sua narrativa se apoderam dos fatos e das imagens do cotidiano para construir o jornalismo de televisão que inclui, necessariamente, a edição do material que foi gravado. É na edição que a notícia toma a forma que vemos e esse processo implica escolhas, construção de sentidos, cortes, emendas, montagens e uso de bom senso,mas principalmente em exploração das imagens, uma exigência de noticiabilidade na televisão.

Elas são a razão de ser do telejornalismo, o que mais fortemente o caracteriza e, por esse motivo, quando não é possível gravá-las, os editores de texto e de imagem usam os mecanismos de edição possibilitados pelo trabalho dos editores de arte. Sendo que, atualmente, estes usam tecnologias digitais (hardwares e softwares) para modificar ou criar as imagens e assim, representar o acontecimento, reelaborar, simular com base nas informações apuradas no processo de reportagem.

A escolha de alguns fatos em detrimento de outros e a técnica da montagem é uma atividade que faz parte do telejornalismo e o responsável por essa escolha é o editor. Sua primeira ação, após tomar ciência da produção de notícias prevista para o dia, é definir o espelho do telejornal, indicando quais assuntos e temas farão parte da agenda noticiosa do dia e em que ordem de apresentação as notícias ficarão.

Ao escolher os assuntos e sua ordem de apresentação, os editores partem para a escolha das estratégias de edição de cada uma das matérias. Não é possível mostrar tudo o que foi gravado, é preciso tecer a narrativa dos acontecimentos de forma sintetizada. O tempo do telejornal é curto, o tempo para finalizar a edição é marcado por um deadline e a sequência dos acontecimentos, assim como eles se deram, pode ser longa e tornar as reportagens e a narrativa do telejornal entediante, sem atrativos.

O processo de edição das notícias recontextualiza os acontecimentos num quadro diferente, dentro do formato do noticiário, considerando o tempo de produção, o horário de exibição, os custos, a oferta de imagens, o direcionamento editorial, entre outros. Os editores juntam fragmentos do real e utilizam instrumentos próprios para a construção dos sentidos: são planos, enquadramentos, movimentos de câmera, iluminação, cortes, emendas, fusões, animações, alterações, efeitos e simulações que se misturam, se sobrepõem e se revezam para prender a atenção dos videntes. São estratégias que pretendem transformar a notícia televisiva num produto embalado para comunicar uma síntese do cotidiano.

O objetivo da edição é fornecer “uma representação sintética, necessariamente breve, visualmente coerente e possivelmente significativa do objecto da notícia” (WOLF, 1987, 218). É um método para condensar, focalizar, chamar a atenção para certos aspectos do acontecimento. Na fase de gravação da matéria, são captadas apenas as imagens que, na visão da equipe, melhor possam contar os fatos, as demais possibilidades são comumente desprezadas. Novamente na fase de edição, um novo destaque é dado e apenas as imagens gravadas e mais significativas é que fará parte do produto final, a matéria que vai ao ar: “a notícia torna-se assim, frequentemente, a enfatização das enfatizações” (GANS, 1979, p. 92).

O dispositivo tecnológico está presente, possibilitando e/ou auxiliando essas práticas jornalísticas na TV. O dispositivo tecnológico utilizado no processo de edição digital dos telejornais mostra, mais claramente, a relação de dependência que há entre a utilização de técnicas pelos editores de texto como também os recursos de infraestrutura necessários para a realização do trabalho: a tecnologia digital utilizada pelos editores de arte para tratamento e criação de imagens que os editores vão usar para cobrir as matérias de um telejornal. No entanto, na era digital, essas funções estão se fundindo, pois “já não existe o trabalho apenas mecânico de montagem das matérias [...] com a edição não linear, o futuro aponta para o editor apenas, responsável tanto pelas informações do texto quanto pelas informações das imagens” (CROCOMO, 2001, p. 60-61).

A edição de arte já era usada no telejornalismo para ajudar a mostrar uma informação, realçá-la, acrescentar uma mensagem subliminar nas reportagens. Essas ações fazem com que As notícias tornem-se mais bem entendidas do que se apresentassem apenas as imagens reais ou os cortes secos da montagem. Isso não acontece somente nas matérias, a participação de um especialista falando a respeito de assuntos de economia, de saúde, de estratégia militar etc, também pode ser ilustrada por imagens da arte e,geralmente, obtém um resultado mais eficiente de comunicação. Assim, os editores de texto e de imagem se valem das facilidades

dos recursos das tecnologias digitais e do trabalho dos editores de arte para dar um sentido mais imagético às notícias.

Quando, por exemplo, numa matéria, sobre o tema trabalho no Jornal Hoje da Rede Globo de Televisão, toda vez que o repórter ou apresentador dá dicas relacionadas a esse assunto são mostradas vinhetas que utilizam a técnica de storyboard (SERRANO, 2007), criando no telespectador uma expectativa de que vai receber informações sobre comportamento no ambiente de trabalho ou sobre oportunidades de formação e emprego contadas na forma de uma história em quadrinhos. Esse tipo de imagem chama a atenção do telespectador e ajuda a identificar temas e séries de reportagens especiais no telejornal.

As intervenções nas imagens gravadas pelos repórteres cinematográficos são feitas para torná-las mais nítidas, claras, suaves ou com uma estética que induza o telespectador a construir um sentido diferente do que seria se as imagens fossem mostradas tal como foram gravadas. Se se quer realçar um sentido nostálgico, de tempo passado e de histórias de vida a uma reportagem sobre um prédio histórico que será demolido, pode-se usar a técnica da sépia que favorece as cores em tons pastéis, para envelhecer o que vai ser mostrado, transformando a imagem atual em uma imagem de um tempo passado remoto que costuma provocar sensação de saudade a quem assiste.

Essa estratégia foi largamente usada no cinema muito antes do digital, cujo tempo de produção permitia esse tratamento. Para a TV analógica, esse tipo de estratégia era incompatível com o tempo de produção dos telejornais, mas a edição digital tem permitido uma aproximação entre a demanda criativa dos editores e a possibilidade de realização das intervenções na edição das matérias.

No contexto da edição de telejornais, mostrar apenas significações convencionais pode deixar as matérias monótonas, o designer (editor de arte) precisa sempre estar inventando, estabelecendo, consolidando novas associações entre forma e conteúdo, assim como faz a arte (SANTOS, 2002). A edição de arte trata a cena, tira o ruído (ou o coloca), descolore as imagens ou as cria para dar mais dramaticidade aos fatos sendo que, esses procedimentos foram potencializados pela tecnologia digital.

Em alguns ambientes observados ao longo da pesquisa,as ilhas digitais estão sendo usadas desde o início do processo de edição, na montagem do esqueleto da matéria e cobertura do off na edição de imagens, como é o caso da TV Mirante, afiliada à Rede Globo em São Luís-MA e da TV Globo em São Paulo (SP), mas também apenas na pós-produção das matérias, ou seja, numa etapa posterior que finaliza e afina a montagem feita nas ilhas analógicas. Na TV Cabo Branco, afiliada à Rede Globo em João Pessoa (PB), a ilha digital

era usada apenas na pós-produção das matérias, principalmente em reportagens especiais que demandavam e podiam dispor de mais tempo para serem produzidas com a qualidade desejada pelos editores de imagens: “às vezes a história nem está muito interessante, mas se você dá uma edição especial, ela fica melhor. Entretanto, deve-se usar o bom senso porque excesso de efeitos podem encobrir defeitos”(CABRAL, 2009, p. 186)27.

Em outro aspecto, vimos que a edição digital praticada no Jornal Hoje da Rede Globo indica que ocorre a incorporação de questões éticas já observadas pelos editores no processo analógico de edição de imagens. Há uma orientação para que haja observância do manual de procedimentos direcionado aos jornalistas da emissora e às suas afiliadas. Os editores da era digital, cada vez mais interferentes no resultado final da notícia, devem afinar o impulso criativo com essa orientação.

Há uma determinação por parte dos editores responsáveis que, ao criarem imagens para cobrir as notícias, os editores de arte devem ter o cuidado de não chocar os telespectadores. Quando simulam ou reconstituem um fato os editores de arte são levados a amenizar o impacto das imagens criadas por eles. Os editores da emissora já eram orientados no manual para “não usar imagens de corpos mutilados, de violência explícita, de insetos ou de outros fatores que pudessem causar repugnância ou desconforto na audiência” [...], pois os “telejornais são exibidos em horários de refeição” (REDE GLOBO, 1982, p. 17-18).

Esse procedimento dos editores diz respeito à noticiabilidade dos acontecimentos, considerada como um conjunto de regras da prática dos jornalistas que justifica os procedimentos operacionais e editoriais dos órgãos de comunicação em sua transformação dos acontecimentos em narrativas jornalísticas. Os valores notícia, que constituem essa noticiabilidade, pretendem atender às categorias relativas ao público, no seu aspecto de protetividade. Os jornalistas possuem critérios que os conduzem a evitar noticiar imagens que podem criar traumas nos telespectadores (HOHLFELDT, 2001, p. 209).

O que se percebe é que velhos hábitos estão tendo que conviver com uma nova cultura que ainda está sendo formada, pois a tecnologia digital oferece inúmeras possibilidades de se manipular ou de se simular imagens, bem maiores do que o que se observava antes do uso dos computadores na edição de telejornais.

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O texto em itálico refere-se ao trecho da fala do editor de imagem entrevistado na TV Cabo Branco cujos resultados de pesquisa foram publicados em: CABRAL, Águeda Miranda. A travessia do analógico para o digital na TV Cabo Branco – Paraíba. In SOSTER, Demétrio de Azeredo; SILVA, Fernando Firmino da (org). Metamorfoses jornalísticas 2: a reconfiguração da forma. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2009.

Os jornalistas continuam pretendendo atender aos requisitos de qualidade que garantem os valores éticos, ao manipular e simular imagens para narrar a notícia televisiva em conformidade com os acontecimentos e a relevância que estes devem ter para a audiência (GUERRA, 2008).

Ao traçar um perfil editorial do telejornalismo no Brasil, Rezende (2000) aponta para a importância da imagem na construção da notícia e na sua capacidade de representação de mundo. O autor diz que a força da imagem é tão grande que, para muitas pessoas, o que a tela mostra é o que acontece, é a realidade. O telespectador aceita com naturalidade as imagens de qualquer origem como representação do real, da vida cotidiana, se elas forem apresentadas no contexto do jornalismo.

“Uma imagem vale mais que mil palavras” diz o provérbio chinês; “é preciso ver para crer” vaticina o princípio de São Tomé. O telejornalismo opera com essa mitologia, definindo imperativos semelhantes e usando máquinas intermediárias (câmeras, VTs, e agora computadores) para que a imagem se manifeste e mostre representações do real. Quando os editores usam legendas para reforçar ou complementar uma informação que é falada no off da matéria ou nas sonoras, eles estão privilegiando a visão, ou seja, a imagem da legenda é o que expande a realidade na notícia. A visualidade da Realidade Expandida (o texto escrito na tela) acaba se sobrepondo, literalmente, ao texto falado na matéria.

Em todo percurso desse texto, tratamos a imagem como um objeto elementar para ressaltar o contorno do problema de pesquisa proposto e ligar as várias tonalidades das práticas jornalísticas e conceitos envolvidos nas hipóteses de pesquisa. Ao jornalista de TV, cabe o trabalho de construir o significante que deseja para as notícias com a intermediação da máquina, agora do computador, que vem condicionando a forma e o conteúdo de suas notícias.

Compreendemos que o trabalho dos jornalistas de TV está intrinsecamente ligado ao uso de recursos técnicos e tecnológicos nas fases pelas quais os acontecimentos passam para serem transformados em notícias para serem compartilhadas com a audiência, quando esta toma ciência de parte da realidade midiatizada. A notícia é divulgada com um tratamento visual capaz de mostrar ao telespectador essa realidade e, diariamente, os editores de texto se valem da edição de imagens e de arte com o intuito de tornar mais clara a compreensão de uma notícia.

Na televisão, a imagem é sedutora e pode causar impactos variados em quem a vê. Pode informar, educar, entreter, distorcer, provocar sonhos, espetacularizar, remeter a

lembranças, tornar eficiente um processo de comunicação. Na manifestação da notícia, a imagem é a mola mestra do processo de construção do sentido no telejornalismo e, à palavra, cabe o papel de condução da narrativa imagética.

Mas, como a imagem é considerada a partir de seu entendimento, como ser digital e como essa sua nova condição afeta a produção de notícias televisivas nos dias de hoje? Para