• Nenhum resultado encontrado

4. NARRATIVAS DO DIGITAL NO TELEJORNALISMO

4.1 O Jornal Hoje da Rede Globo

4.1.2 Rotinas da edição digital no Jornal Hoje

Nesta seção, descrevemos a maneira como a tecnologia digital estava influenciando as rotinas de edição e o comportamento dos editores do JH ao fazerem uso de computadores na edição para interferirem nas imagens gravadas pelos repórteres cinematográficos ou criarem imagens para cobrir as matérias. A entrada no campo nos fez perceber que as ações produziam efeitos e adicionavam sentidos na informação jornalística capazes de construir uma Realidade Expandida nas notícias televisivas. Essa constatação nos fez ver também que a

tecnologia proporcionou aos jornalistas uma capacidade aumentada de tornar as notícias mais verossímeis.

A descrição é feita com base na observação de um dia de produção do JH (em 13 de abril de 2011) e nas entrevistas feitas no mesmo dia com os editores, em tempo real, enquanto eles preparavam o jornal do dia.

A primeira pessoa com quem tivemos contato na redação e entrevistamos foi a editora-chefe e isso nos deu uma certa vantagem sobre como proceder com os demais entrevistados que viriam a seguir, pois ela nos proporcionou uma visão abrangente das rotinas de edição do JH e também, como gestora, nos forneceu informações sobre a emissora e o processo histórico de uso da tecnologia digital no jornal.

As rotinas do digital são narradas, nesta seção, com base na observação e na reconstituição solicitada nas entrevistas com os profissionais do JH sobre suas experiências de edição de matérias específicas. Na entrevista, eu pedia para os entrevistados descreverem as matérias que haviam editado recentemente quando precisaram manipular ou criar imagens para uma nota coberta ou uma reportagem do telejornal.

Para reconstituir a experiência de edição, nós solicitávamos que os entrevistados enumerassem os passos que seguiram para editar as matérias descritas e nesses passos pedíamos que detalhassem suas necessidades, dificuldades, facilidades, ajudas, os recursos técnicos e tecnológicos utilizados, as percepções, dúvidas, satisfações e outros sentimentos (APÊNDICE 2). Em resumo, precisávamos saber por que e como eles editaram as matérias nas circunstâncias que nos interessavam e que tinham relação com nossos objetivos de pesquisa.

O entendimento da editora-chefe foi claro em relação ao que denominamos na pesquisa de Manipulação de imagem na edição das notícias televisivas. Para ela, o que chamamos de Processo de Manipulação é: um tratamento mais produzido usado em matérias

mais leves e sempre quando se tem mais tempo para produzir e editar no dia (EDITORA-

CHEFE, 2011, informação verbal). As matérias leves, as softnews, abrem um leque de temas que estão presentes no JH, com seu estilo de revista, que convive, diariamente, com as notícias factuais, em que, ao contrário, é mais presente o uso de uma hibridização de imagens e de processos que apresentamos no Capítulo 5.

A Manipulação das imagens, o tratamento mais produzido, é usada em matérias sobre comportamento, moda, turismo, gastronomia, saúde, mercado de trabalho, cultura, entre outras. Mas a Manipulação de imagens também está presente nas notícias factuais sobre qualquer assunto, desde que seja necessário deixar mais compreensível uma informação e

enfatizar um aspecto da notícia. Essa estratégia tem sido muito usada pelo JH nas imagens dos cinegrafistas amadores, de câmeras instaladas nas ruas ou de circuitos de segurança nos ambientes privados, pois como as imagens não têm qualidade técnica, constantemente precisam passar por um tratamento ou um destaque, tornando-se mais inteligíveis para os telespectadores.

No caso da Simulação de imagens, ela é usada em qualquer assunto que tenha uma informação relevante e que não há como mostrá-la com imagens gravadas. Mais uma vez, são vários os assuntos abordados, mas normalmente as Simulações são mais usadas em matérias policiais quando se têm que reconstituir as ações: o assaltante chegou e deu três tiros. A Simulação também é usada para evidenciar uma particularidade.

Por exemplo, houve um acidente.Você mostrou o acidente.As vítimas foram socorridas.Você tem imagem de tudo isso e aí você descobre detalhes como num caso de um acidente que todo mundo morreu, menos uma mulher porque a posição que ela estava deitada no banco de trás...Ela ficou protegida pelo banco.Aí, a gente pede uma arte pra ilustrar essa particularidade (EDITORA-CHEFE, 2011, informação verbal).

Esse depoimento evidencia a construção do que propomos na tese, a Realidade Expandida, com a produção de sentidos desencadeada a partir das intenções da editora em evidenciar uma particularidade na notícia. Não basta apenas contar o que aconteceu, mostrar a realidade da vida cotidiana com valor-notícia. O jornalista quer ir mais longe. Quer congelar uma informação para chamar a atenção sobre ela. Tornar o real mais real do que o próprio real. Informar imageticamente o detalhe excepcional da notícia e, mais que isso, encantar o telespectador. Os desenhos são signos que reproduzem objetos concretos com o fim de ressaltar um aspecto ou enfatizar um elemento determinado (VILCHES, 1989).

A estratégia foi usada na criação de uma arte para ilustrar um detalhe da notícia sobre uma criança que levou um tiro que atravessou o peito e, apesar dessa aparente gravidade, teve alta dois dias depois.

O tiro passou a um centímetro do coração.Aí a gente vai pra arte só pra mostrar a distância.Principalmente pra chamar a atenção pro telespectador, porque aí a gente faz o telespectador dizer: Oh! Ohhhhhhhhhh! [...] Num adianta você falar: olha podia ter morrido, passou muito perto do coração. Isso é uma coisa.A outra coisa é você ir pra arte e dizer: olha a bala passou a um centímetro do coração, um centímetro é isso (mostra com a mão).É metade do meu dedo! Isso a gente gosta muito de fazer. A arte serve como um elemento de quase que congelar uma informação, dá destaque pra ela, chamar a atenção pra ela. Então a gente usa bastante (EDITORA-CHEFE, 2011, informação verbal).

Para Weaver (1999), os produtores de notícias na televisão se acostumaram a ofertar imagens que mostrem sensações fortes, que dramatizem e descrevam as ações e os conflitos inerentes aos fatos transformados em relatos jornalísticos. As imagens televisivas têm um forte componente motivador e tendem a privilegiar as motivações de caráter emotivo para atingir uma eficácia de mobilização social (FERRÉS, 1998).

Elas ativam as emoções, mas também apontam a orientação que é preciso dar à energia do telespectador. As imagens e os efeitos produzidos orientam a conduta e marcam a direção para a ação, a capacidade do telejornalismo para criar uma Realidade Expandida a partir de seus processos de edição. Os telejornais se valem de muitas estratégias para dar instruções ao espectador acerca de como ele deve ler, perceber e compreender o jornal; “todo telejornal é um modelo enciclopédico, um manual de instruções” de como se deve entender as notícias e interpretar o telejornal (VILCHES, 1989, p. 77).

Questionada sobre se os motivos de usar efeitos na edição e não apenas a montagem seca seria uma preocupação didática do jornalismo, a editora foi enfática: não só pra ensinar,

mas eu acho que é um recurso pra realmente prender a atenção (EDITORA-CHEFE, 2011,

informação verbal). Para ela, a linguagem do telejornal precisa criar novos recursos, pois a informação na TV é muito rápida e se apresenta de forma muito diluída. Se não for assim, se não chamar a atenção as pessoas não apreendem: “às vezes a grande notícia tá no detalhe. E

na maneira de você contar, se você não trouxer isso de uma forma mais ilustrada você não chama muito atenção pra aquilo” (EDITORA-CHEFE, 2011, informação verbal).

O uso de efeitos de edição, como a Manipulação (tratamento especial) e a Simulação de imagens (arte) demonstra uma preocupação dos editores do JH com o caráter utilitário da informação, de atingir a verdade jornalística, relacionando-a com um pragmatismo, cuja proposição geral designa que a notícia é verdadeira se corresponde a um fato, se é coerente com um sistema de proposições ou crenças e, por fim, se é útil aos nossos fins ou obtém sucesso (HAAC, 2002; TAMBOSI, 2007). Os editores chamam a atenção para os aspectos da notícia que julgaram importantes (TUCHMAN, 1983) e tentam garantir que o uso daquele recurso especial, mais do que uma preocupação didática,vai ajudar o telespectador a perceber melhor a informação e que esta lhe será útil.

A gente sabe que o telespectador gosta da reportagem que seja útil. Fazemos uma matéria sobre os benefícios da soja.A gente sabe que a soja faz bem, combate a TPM, pra efeitos da menopausa.Uma coisa é você dizer que isso funciona.Isso é legal e acabou.A outra coisa é você detalhar, que efeito que ela (a soja) causa no seu organismo. Olha, ela atua nessa parte do cérebro, que faz isso. O telespectador vê. Ela vai fazer essa função no teu corpo. Vai modificar desta maneira.Você tem

que comer desta forma.Então, quando você cai mais no detalhe e torna ela útil, utilitária e você usa esses recursos, fica muito mais compreensível e o nível de atenção do telespectador é maior, então o retorno dele é muito maior (EDITORA- CHEFE, 2011, informação verbal).

A estrutura da emissora com uma constante atualização de equipamentos e profissionais treinados para dar apoio ao jornalismo faz com que os editores do JH, sempre que precisam, usem a manipulação e/ou a simulação de imagens. Nunca houve um momento em que quiseram usar e não foi possível, porque o JH tem, toda manhã, um editor de arte dedicado a ele e, quando a demanda aumenta, outros profissionais do departamento de arte são deslocados para o jornalismo.“A gente tem dia que podia dizer assim: podia ter ficado

melhor, muito melhor, mas a gente recorrer e não usar, não tem esse dia (EDITORA-

CHEFE, 2011, informação verbal). Esse depoimento é confirmado pelo editor de arte mais à frente no texto.

A editora executiva e apresentadora começa a entrevista ponderando sobre o uso do termo “manipulação” que proponho na tese para designar uma prática do jornalismo e também nomear o processo de Manipulação de imagens na edição de notícias que produz efeitos e sentidos diferentes do que é produzido na montagem seca da matéria, proposto e analisado mais adiante no Capítulo 5. Para a editora, o uso da palavra manipulação é perigoso

e quase que equivocado, porque na verdade não há manipulação, nem moldagem. É uma maneira de utilizar a imagem (EDITORA EXECUTIVA, 2011, informação verbal). Ela se

refere ao significado da palavra manipulação como controle, contrário à conscientização, bastante associado às práticas e aos estudos da mídia, especialmente no conceito de Indústria Cultural da Teoria Crítica, que diz que os indivíduos consomem os produtos de mídia passivamente, dispensando o esforço de reflexão de pensar sobre a obra de arte: a obra é que pensaria por eles (MATTELART, 1999).

O sentido do termo “manipulação” que usamos se refere ao processo de preparação, à operação realizada pelo jornalismo com a informação sobre alguns fatos da realidade cotidiana, para construir uma notícia e transmitir uma mensagem determinada a alguém (os telespectadores). Apresentamos a “manipulação” (em minúsculo e entre aspas) como sendo uma ação constitutiva da atividade jornalística, uma estratégia de comunicação composta por processos que modificam e alteram a estrutura e o significado de uma informação (o material bruto gravado) tornando a comunicação possível (o material editado) (VILCHES, 1989; RODRIGO ALSINA, 2009). O termo Manipulação (em maiúsculo) que usamos se refere especificamente ao Processo de Manipulação, observado na edição, na montagem e

refinamento das matérias, conforme é descrito no Capítulo 5, cuja análise propõe as categorias de edição que compõem a Realidade Expandida.

A experiência de edição narrada é emblemática para a editora executiva e apresentadora, que descreve alguns procedimentos usados para proteger testemunhas. No nosso entendimento, a descrição comprova o uso da “manipulação” e da Manipulação como uma estratégia de edição para preservar a identidade das pessoas usadas na categoria do processo de edição da Realidade Expandida apresentado no Capitulo 5. A editora afirma que:

Se você não pode identificar uma pessoa porque essa pessoa corre riscos.Por uma questão de segurança, você vai usar de artifícios que a tecnologia te dá pra que você possa contar a história, usando aquela imagem, tirando aquela informação visual que prejudicaria uma pessoa. Então, em primeiro lugar, a gente está aqui pra contar histórias da maneira mais realista possível, mais fiel possível [...] No caso de você alterar uma voz, um rosto, você não tá alterando a realidade porque a realidade está sendo contada, você só está preservando aquela pessoa, você está cuidando, dando segurança àquela pessoa (EDITORA EXECUTIVA E APRESENTADORA, 2011, informação verbal).

A cobertura do caso do ex-médico Roger Abdelmassih43descrita é um exemplo do uso de estratégias de edição que modificaram e alteraram a estrutura e o sentido de uma informação para preservar o anonimato das testemunhas.

Esse caso chegou em nossas mãos antes de todo mundo.Nós, na verdade, deflagramos esse caso. Uma das vítimas me procurou há muitos anos e ela me pediu sigilo e a gente foi conseguindo montar esse quebra-cabeças e a gente só colocou no ar depois de ter conseguido muitos depoimentos e depois que o Ministério Público fez a denúncia e que a juíza acatou a denúncia (EDITORA EXECUTIVA E APRESENTADORA, 2011, informação verbal).

Segundo a editora executiva e apresentadora, esses cuidados foram tomados para que não houvesse nenhum tipo de denúncia vazia. O JH se comprometeu com todas as mulheres que foram ouvidas atendendo ao pedido delas para que não fossem identificadas, mas também para preservar a fonte, uma prática que faz parte da cultura jornalística: se a gente através

dessas fontes, conseguir deflagrar um processo que é um processo de saúde pública, é uma denúncia, é um bem comum (EDITORA EXECUTIVA E APRESENTADORA, 2011,

informação verbal).

43 Ex-médico brasileiro, especialista em reprodução humana e fertilização in vitro. No início de 2009, foi

acusado de abusar sexualmente de suas pacientes, enquanto estavam sob efeito de sedativos. O médico aguardava preso o recurso de sua defesa para a sentença que o condenou a 278 anos de cadeia por violentar 37 mulheres (suas pacientes) entre 1995 e 2008. Ele estava preso para evitar sua fuga porque a Polícia Federal informou que o ex-médico tentava renovar seu passaporte. Apesar disso, recebeuhabeas corpus e fugiu para o Líbano, onde tem cidadania.

De posse dos depoimentos e diante da legalidade do caso, o JH foi pensando em como iria realizar, no vídeo, essa proteção estratégica e necessária para a matéria. Houve muita reflexão sobre como a matéria iria ser feita. Se seria pela imagem borrada, se pela voz que ia ser alterada, se por uma sombra na parede, pois os editores dispunham de várias maneiras,de técnicas para resolver. Além das técnicas comuns de edição, tiveram ainda que lidar com a subjetividade de cada cinegrafista, de cada editor que demonstrava sua preferência na hora de gravar e editar os depoimentos e precisavam saber se podiam usar as imagens. Foi um processo difícil de ser realizado, porque envolvia outros departamentos da emissora.

Quando a gente olha a imagem de uma matéria.A gente fala assim: autorizaram? Deixaram? Pode? A editora-chefe44 tá o tempo todo falando com o jurídico (o departamento jurídico da Rede Globo).Ela tem uma preocupação, claro, por ser editora-chefe, por assinar o produto, por responder pelo produto. A gente não quer nunca ser acusado de parcial, de irresponsável, inconsequente, nada disso [...] Uma coisa é você poder contar uma história sem imagem (gravada), e televisão é imagem, adicionando a arte, reconstituição etc.Outra coisa é você preservar a segurança dos envolvidos naquele fato.Acho que são coisas diferentes. E muitas vezes a gente sabe o quanto é importante esse depoimento dar voz, seja ela de pato ou não, que é uma testemunha, é um personagem. Os telespectadores já se acostumaram com isso (a editora faz referência à voz alterada e à imagem borrada) (EDITORA EXECUTIVA E APRESENTADORA, 2011, informação verbal). A preocupação da editora em não alterar o sentido de realidade, de só usar efeito, seja manipulando imagem ou simulando com uma arte criada no computador, é uma constante e se estende a outras áreas da emissora que se entrelaçam com o jornalismo. Antes, desfocar toda a imagem ou usar um flou para borrar apenas uma parte da imagem também era uma prática frequente no jornalismo para atender às determinações do departamento comercial da emissora que queria evitar o merchandising. Hoje a orientação editorial mudou a forma de lidar com o problema, pois se percebeu que chamavam mais a atenção para a marca quando se borrava a imagem, especialmente nas marcas mais famosas.

Se um repórter fez uma passagem que ao fundo aparece uma marca, das duas uma, ou a gente usa a passagem ou a gente não usa. A gente não vai mais borrar aquela marca. A gente não vai mais manipular a imagem, entendeu? Isso é uma manipulação de imagem. É você alterar a realidade. Agora, você falou também de arte, mas tudo isso agrega, a arte, a reconstituição, tudo isso são maneiras de se poder contar (EDITORA EXECUTIVA E APRESENTADORA, 2011, informação verbal).

44

Para ela, é muito importante que em tempo algum o JH deixe de dar uma informação por falta de uma imagem gravada, manipulada ou criada no computador: “nessas horas, o que

conta é a relação de confiança estabelecida entre os telespectadores e os jornalistas.Sua credibilidade tem que ser tão grande que mesmo sem uma imagem, o telespectador tenha a certeza de que aquilo que você tá falando é de fato real” (EDITORA EXECUTIVA E

APRESENTADORA, 2011, informação verbal). A semelhança entre as imagens do real e o real não se dá somente por causa das propriedades físicas do objeto, mas sim por meio da ativação de uma estrutura perceptiva no sujeito observador (VILCHES, 1995). A editora crê que a confiança acionada é a mesma que faz com que os telespectadores acreditem que a imagem tratada ou simulada é verdadeira.

Acho que isso é determinante quando a gente relaciona e fala mais uma vez da história da manipulação, porque a pessoa sabe que aquilo que você está colocando no ar é verdade [...] Mas eu num posso só ser crível só sentada ali naquela bancada.Na verdade, eu tenho que ter princípios éticos que regem toda a minha vida. Em qualquer momento, você tem que ter coerência. Aí entra a construção de 20 anos.Uma história construída de alguém confiável, o telespectador acredita, dá o crédito. Finalizo esse pensamento dizendo o quanto nós nos preocupamos com isso. O quanto nós estamos atentos a isso (EDITORA EXECUTIVA E APRESENTADORA, 2011, informação verbal).

Apesar de reconhecer que existem procedimentos padrões que viabilizam a realização do JH em um tempo curto de produção e fechamento diário, durante a entrevista, a editora executiva apresenta com intermitência a importância que o questionamento tem para o trabalho jornalístico, especialmente na fase de edição das matérias, por não existirem fórmulas absolutas e nem verdade absoluta. Quando surge um problema, o sinal de alerta desencadeia o processo decisório.

Acende aquela luzinha amarela, mas muitas vezes as respostas para as perguntas mudam. Então, é assim.Às vezes, a gente acha que não pode tratar de determinado assunto.Daí, vira um tabu.Então, também tem que tomar muito cuidado pra você não cair na tecla, que a gente brinca aqui, tecla f5, f11, né (teclas do teclado do computador que permitem operações automáticas), que você toca e tá a resposta pronta, nem sempre. Você tem que questionar sempre porque às vezes pode mudar a resposta [...] Num tem verdade absoluta, num tem um tratar a imagem definido, num tem isso. A gente... a cada caso, a cada necessidade... é um caso. Uma criança, ela não pode aparecer, mas não pode aparecer pelo ECA, pelos Estatutos da Criança e do Adolescente, mas ela é vítima e aí como vítima quais são as implicações, num é um menor infrator, é uma vítima, ela tem que ser protegida. Enfim, são tantas as discussões que envolvem, tantas nuances que envolvem cada caso. Cada caso é um caso, a gente não tem uma fórmula (EDITORA EXECUTIVA E APRESENTADORA, 2011, informação verbal).

Os questionamentos e assertivas sobre a TV Globo enquanto organização também surgiram no momento da entrevista. A emissora é referência em telejornalismo no Brasil e é constantemente criticada e questionada pela universidade enquanto instituição. Para a editora executiva, os universitários pensam na TV Globo como se ela fosse uma instituição (em vez de uma organização, uma empresa) e como se a Globo não fosse feita de profissionais, de pessoas como eu, como você, como todos nós.

Claro que eu sei o que rola no meio universitário e acho até que os jovens têm mais é que questionar e ainda bem que eles têm esse questionamento todo.É ótimo. A gente sabe no Globo Universidade45, como a gente enfrenta cada vez que a gente