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2 A EDUCAÇÃO MUSICAL NO CONTEXTO ATUAL A Educação Musical recebeu diferentes denominações, conceitos e

níveis de importância no decorrer do tempo, sofrendo modificações de acordo com cada período histórico. Segundo Queiroz e Marinho (2009), nas últimas décadas, questões relacionadas à importância da música nas escolas de educação básica têm sido amplamente debatidas na área de educação musical devido ao reconhecimento da necessidade e importância de propostas consistentes de educação musical na escola.

Nos anos 2007 e 2008, um movimento em prol da volta da música nas escolas, especialmente o revelado através do Grupo de Articulação Parlamentar Pró-Música, colheu assinaturas para o manifesto em favor da implantação do ensino de música nas escolas de Educação Básica. Como resultado de diferentes forças, a música na escola tornou-se componente curricular obrigatório, mas não exclusivo, através da Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008. (BRASIL, 2008). A implantação dessa Lei nega a polivalência na formação de professores na área de arte e por esse motivo, as instituições realizam concursos específicos para professores da área Arte-Música, garantindo a permanência da edu- cação musical na escola regular.

Até o momento, a música não possui uma base comum de conteú- dos, ela tem seu próprio contexto, objeto e estatuto, constituindo-se em

um campo que, ao mesmo tempo que compõe transdisciplinarmente a área da Arte, tem uma singularidade que exige abordagens especí- ficas e especializadas (BRASIL, 2015). Desse modo, professores deste componente curricular e/ou instituições de educação, selecionam e determinam como ministrar os conteúdos específicos de música. No IFRN, uma sugestão de conteúdos foi elaborada por um grupo de pro- fessores da área que pensou, discutiu e refletiu sobre um currículo significativo e viável para o público do ensino médio como orientação da prática docente.

No entanto, atualmente, esse debate está ampliado, pois o país discute sobre a Base Nacional Comum Curricular, a qual foi prevista na Constituição para o ensino fundamental e estendida, no Plano Nacional de Educação, para o Ensino Médio (RIBEIRO, 2015). Nesse sentido, para Queiroz (2015), a educação básica não é uma responsabilidade apenas de educadores, é um projeto de nação que precisa ser assumido por todos os seguimentos da sociedade para pensar uma escola que atenda as demandas e as necessidades da contemporaneidade” [infor- mação verbal15, pois esta discussão acerca da Base Nacional Comum

Curricular] é a base para a renovação e o aprimoramento da educação básica como um todo.

Ao pensarmos sobre a música na escola, percebemos que diver- sos autores elaboraram atividades lúdicas e criativas voltadas para a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental (COELHO; FAVARE- TTO, 2010; OTUTUMI, 2013; ZIMMERMANN, 2007), contudo, para o público do Ensino Médio temos dificuldade de encontrar trabalhos voltados para a didática musical. Segundo Del-Ben (2012, p. 40) “ainda são poucos os estudos e pesquisas sobre o ensino de música no ensino médio”. A autora relata que:

15 Informação fornecida pelo professor Luis Ricardo Silva Queiroz durante o Fórum da ABEM sobre o ensino de música na proposta da Base Nacional Comum Curricular, em Brasília, 2015.

Em levantamento que realizei dos trabalhos publi- cados na Revista da Abem (Associação Brasileira de Educação Musical), com o objetivo de analisar as principais tendências de investigação de traba- lhos que tomam a educação musical escolar como objeto de estudo (Del-Ben, 2011), pude constatar que, dos 217 artigos publicados nos vinte núme- ros do periódico entre os anos de 2000 e 2010, 81 deles, número correspondente a 37,3% da produ- ção total, tomam a educação musical escolar como objeto de estudo, de modo central ou periférico. [...] O ensino fundamental é o nível mencionado com maior frequência, principalmente os anos iniciais. O ensino médio é explicitamente citado somente em oito trabalhos, embora sempre asso- ciado a outros níveis. (DEL-BEM, 2012, p. 40-41).

Dado esse contexto, compreendemos ser significativo pesquisar, conhecer e fazer conexões entre a diversidade do ser jovem e a música no espaço da escola, implicando e contribuindo para a “interação des- ses sujeitos com mundos musicais distintos”. (ARROYO, 2010, p. 25). Para Arroyo (2015, p. 59), escola e música participam da condição de ser jovem na sociedade contemporânea, pois essa condição está para além da faixa etária estabelecida como idade escolar no Ensino Médio, compreendendo-a como construções histórico-socioculturais que devem ser consideradas. Desse modo, com a intenção de aperfeiçoar a prática pedagógica, caberá ao docente investigar possibilidades para fazer composições e/ou adaptações pedagógico-musicais com os estudantes e buscar alternativas para a efetivação da música na escola. Essa ação é necessária, sobretudo, no Ensino Médio integrado do IFRN, para que os objetivos com a disciplina Arte-Música, com os conteúdos e com as turmas sejam contemplados nesse e em todos os níveis de educação.

Assim, este artigo sugere uma proposta de atividade prática para a sala de aula, visando a compartilhar com os professores de Arte-Música

e demais docentes da educação básica a reflexão sobre possibilidades de alcançarmos nossos objetivos didático-pedagógicos criativamente.

3 A CANÇÃO DE RODA E O JOGO MUSICAL

As canções ou cantigas de roda são brincadeiras do folclore, cantadas ou dançadas, que apresentam melodias e coreografias simples. Os par- ticipantes da brincadeira colocam-se em roda, cantam textos conheci- dos e assim, aprendem a brincar com aquela canção (CASCUDO, 1988). De acordo com Miranda (2013, p. 45), entendemos que “as formas de expressão das culturas populares se apresentam, de modo relevante, entre os aspectos que se encontram no interior da linguagem musical”. Desse modo, os jogos e brincadeiras musicais são integrantes dessas culturas.

Para Souza (2008), o brincar e a brincadeira são elementos impor- tantes nos processos tradicionais de musicalização, percebemos isso quando atestamos a viabilidade da utilização de elementos próprios da cultura popular, como: as brincadeiras de roda, os jogos, parlendas, folguedos, entre outros, também chamados de brinquedos populares para o desenvolvimento do ensino de música na escola. Segundo Quei- roz (2005, p. 55-56),

Necessitamos encontrar alternativas para um ensino que utilize tanto construções performáticas estabelecidas para fins didáticos, quanto mani- festações de performance concretizadas como fenômenos culturais, entendendo que a inter-re- lação entre essas duas vertentes cria experiên- cias educativo-musicais de intrínseco valor para a assimilação e a vivência da música enquanto expressão artística, social e cultural.

Em concordância com os autores, entendemos que o ensino e a aprendizagem musical estabelecem significados singulares e plurais

que se articulam com a cognição e a emoção, diante de um contexto sociocultural, fundamental para a formação humana e cidadã de todos os envolvidos. Nesse sentido, trabalhar com ambas as possibilidades metodológicas oportuniza olhar para o processo de construção, execu- ção e interação dos alunos durante o fazer musical, visando à formação integral dos envolvidos.

É possível perceber, ainda, os resultados que essa proposta poderá oferecer aos seus participantes enquanto sujeitos imersos nesta experi- ência musical, pois acreditamos ser necessário “colocar o foco na Educa- ção Musical, nos elementos que aprofundam as questões de criatividade, da constituição do sujeito musical, da música como linguagem, como expressão, aceitação do outro, aceitação mútua e compreensão, entre outros possíveis aspectos”. (MIRANDA, 2013, p. 23).

A atividade sugerida neste artigo trabalha a canção e brincadeira de roda, “o cravo brigou com a rosa”, utilizando o jogo de mãos e copos como base para explorar diversos aspectos musicais, desvendar saberes e solucionar dificuldades em conjunto. Sendo assim, objetiva promover o desenvolvimento da coordenação motora, percepção rítmica e meló- dica e interações socioculturais através da canção folclórica, proporcio- nando o fortalecimento de interações entre os alunos, reafirmando a autoconfiança dos envolvidos diante dos desafios, bem como mantendo o bom relacionamento com o professor.

Para praticá-la, é salutar que os alunos tenham noções de pulso/ tempo e experiência ou prática em execução musical em grupo, pois a atividade terá maior relevância com a participação simultânea indivi- dual e coletiva. Nesse sentido, Beineke (2015, p. 49) reforça que o tra- balho em grupo oportuniza a participação colaborativa entre os alunos e favorece a aprendizagem criativa, à medida que envolve a negocia- ção e tomada de decisões musicais pelos participantes do processo de aprendizagem.

Considerando esses fatores, a proposta poderá ser realizada durante o desenvolvimento da disciplina Arte-Música dos cursos integrados/EJA do IFRN, por exemplo, assim como, também será viá- vel para outras instituições de ensino de educação básica, pois para a efetivação dos pré-requisitos citados, caberá ao professor conhecer a(s) sua(s) turma(s) e realizar a atividade no momento que considerar oportuno em seu planejamento.