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2 CONHECENDO OS GÊNEROS DO DISCURSO E O ARTIGO DE OPINIÃO

FONTE: DADOS DA PESQUISA FEITA PELAS AUTORAS.

Dos 25 alunos entrevistados, 15 deles não conseguiram atribuir um conceito para gêneros do discurso que estivesse em concordância com o conceito do Círculo de Bakhtin. Em algumas respostas, os discentes diziam que gênero do discurso “É a argumentação na fala, formas de expressar sentimentos, ideias e opiniões ou tudo aquilo que envolve a comunicação entre os indivíduos”. (A.A.A.; B.B.B.; C.C.C.; D.D.D., 2015). Mesmo não tendo uma definição tão coerente, sete alunos têm uma vaga impressão sobre a definição do gênero e apenas três alunos conseguiram conceituar com clareza o que são gêneros discursivos, alegando que são “Classificação dos textos ou classificação que pode ser infinita, pois novos gêneros são criados constantemente”. (E.E.E.; F.F.F.; H.H.H, 2015).

Gráfico 1 – Respostas atribuídas aos alunos entrevistados.

Com base nas respostas dadas e como nos apresenta o Gráfico 1, pode-se perceber que a principal dificuldade apontada pelos alunos sobre a elaboração de um artigo de opinião é no desenvolvimento da argumentação, pois 68% marcaram essa alternativa na questão. Ao escrever um artigo de opinião, em que parte você sente mais dificuldade? Além disso, há também vários outros questionamentos, como o receio de começar mal a introdução, contradizer-se no desenvolvimento do artigo, fugir do assunto proposto e até a falta de criatividade para um bom título.

Embora haja certa dificuldade no assunto, podemos perceber o interesse sobre tal discussão ao longo da pesquisa e, por meio das ques- tões levantadas no decorrer do questionário, como Em sua opinião, os gêneros conhecidos por você são úteis em seu cotidiano? e/ou De que maneira os gêneros estão presentes em sua vida?, os alunos alegaram que conseguem ter a percepção de que os gêneros discursivos estão presentes em seu cotidiano, como jornais, revistas e até nos diálogos que costumamos fazer no dia a dia – por mais que a minoria dos alunos ainda considere os gêneros como algo fixo, dizendo que apenas estão presentes “na leitura de livros, sempre na escola” ou “Nos determina- dos textos que leio” – e, onde quer que estejam, o conhecimento e o aprimoramento de tais gêneros serão essenciais para uma satisfatória produção desse gênero discursivo.

As respostas dadas pelos alunos entrevistados sobre a pergunta levantada no parágrafo acima, em sua justificativa, a maioria dos alu- nos respondeu que “Os gêneros estão presentes em livros, diálogos e até em receitas culinárias”, 48% dos alunos responderam que sim, os gêneros conhecidos estão presentes em todos os momentos do nosso cotidiano, 28% afirmaram que os gêneros do discurso estão em ape- nas alguns momentos, os quais foram classificados como “momentos acadêmicos” e 24% disseram que estão presentes apenas na leitura de textos, sejam esses acadêmicos ou não.

As questões 7 e 10 perguntavam, respectivamente, o que é um artigo de opinião e que aspectos dificultam a elaboração de um artigo. No Gráfico 2, percebe-se que, através das respostas dadas à sétima pergunta, 12%dos alunos conseguiram conceituar o que é um artigo de opinião. Já na última questão, a pergunta 10, nota-se que a refuta- ção, a elaboração de um título e a colocação dos posicionamentos são os aspectos mais citados pelos discentes como elementos de difícil ela- boração, sendo escolhidos por 68% dos entrevistados.

Gráfico 2 – Respostas dadas pelos alunos às questões 7 e 10.

FONTE: DADOS DA PESQUISA FEITA PELAS AUTORAS.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo de opinião torna-se um estudo fundamental, tanto para o ensino médio quando para o fundamental, pois se trata de uma peça- chave para formação de um cidadão e suas opiniões sobre a sociedade. Segundo Costa e Rodrigues (2012), o artigo de opinião se constitui de uma questão polêmica. Ao escrever tal gênero, devemos deixar clara a posição assumida, procurar utilizar argumentos consistentes e bem fundamentados, explicando ao leitor quais razões nos levaram a tomar determinada posição e apresentar um determinado posicionamento.

Ainda de acordo com as autoras Costa e Rodrigues (2012), ao escre- ver um artigo de opinião, o enunciador parte de uma questão polêmica

de relevância social e, por isso, deve assumir uma posição, defendê-la com argumentos e posicionar-se com diferentes pontos de vista que circundam a polêmica.

Com base na pesquisa feita, percebe-se que, por mais que os alu- nos já tenham estudado gêneros discursivos, a maioria deles possui certa dificuldade para diferenciar sequência textual de gêneros do discurso. Contudo, os alunos conseguem, de forma breve, mostrar o que entendem sobre o assunto com seus próprios conceitos. Observa- se, também, dificuldade na conceituação e na elaboração de artigos de opinião. Acredita-se que isso ocorra pela pouca leitura de textos desse gênero ao longo da vida e pela pouca produção de artigos de opinião no cotidiano escolar, mesmo sendo um gênero que é solici- tado em exames de seleção para o acesso discente no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e como prova de redação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Para minimizar tal problemática, sugere-se a realização de uma oficina no IFRN/Campus São Paulo do Potengi, dada pelos bolsistas de língua portuguesa sob orientação das docentes dessa disciplina. Com isso, pode-se intervir nas dificuldades apresentadas.

A oficina seria realizada com o intuito fundamental de ajudar os alunos com dificuldade na compreensão do que são gêneros discur- sivos, dando especial destaque ao artigo de opinião sua leitura, com- preensão e produção. Assim, de modo dinâmico, a oficina poderia fazer com que tais problemáticas não causem tantas dúvidas nos discentes tanto na hora de ler/compreender como para redigir um artigo de opi- nião, tornando esses alunos cidadãos mais críticos, participativos e atuantes diante de temáticas (polêmicas) que circulam socialmente.

REFERÊNCIAS

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RODRIGUES, R. H. Análise de gêneros do discurso na perspectiva

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SOCIOLOGIA E FILOSOFIA