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3.1 AMOSTRAGEM

Neste trabalho foram coletadas 3 amostras de água do Riacho Salgado em São Pedro do Potengi em pontos distintos, no horário da manhã, com intervalo de 2 horas entre elas (8h, 10h, 12h) em recipientes de polietileno disponibilizados pelo Núcleo de Análises de Águas, Ali- mentos e Efluentes da FUNCERN (Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do RN). Em seguida, as amostras foram acondicionadas em um recipiente térmico com gelo e transportadas para o laboratório de águas do IFRN, Campus Natal Central. O tempo decorrido do transporte das amostras foi de aproximadamente 1 hora. A coleta foi realizada no dia 28 de janeiro de 2015.

Em cada ponto foram coletadas amostras subsuperficiais, entre 30 e 40 cm abaixo da superfície, aproximadamente no meio do Riacho

como mostra a figura abaixo:

Figura 1- Altura de coleta das amostras.

FONTE: ADAPTADO DE ROLLA ET AL., 2009.

Os parâmetros físico-químicos avaliados foram: pH, condutivi- dade, demanda de oxigênio dissolvido (DBO) e temperatura.

3.2 PARÂMETROS ANALISADOS

As descrições e análise crítica dos parâmetros seguiram recomenda- ções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005) e do Ministério da Saúde. O pH, potencial hidrogeniônico pode ser de origem natural ou antropogênica, sendo identificado por meio de substâncias que aderem à água. Nesse parâmetro, a concentração pode variar de 0 a 14, sendo considerada ácida ( pH < 7); neutra (pH = 7) e básica (pH >7). A cor da água sugere a presença de matéria orgânica e/ou inor- gânica, mas também substâncias metálicas como ferro e manganês. Segundo Cornationi (2010) a cor é esteticamente indesejável para o consumidor em sistemas públicos de abastecimento de água.

A condutividade refere-se à capacidade que a água tem de trans- mitir corrente elétrica devido aos cátions (cargas positivas) e aos ânions (cargas negativas) presentes nela, a partir da dissociação de outras substâncias.

PONTO DE COLETA 30 A 40 CM

ALTURA LÂMINA D’ÁGUA

O pH foi determinado pelo método da potenciometria direta, uti- lizando um pH metro acoplado a um eletrodo combinado de vidro. Ini- cialmente, o material foi calibrado com soluções tampão de biftalato, fosfato e bórax. A condutividade foi determinada pela metodologia utilizada por Moraes e Jordão (2002).

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Todos os processos e valores obtidos para os parâmetros analisados obedeceram à Portaria n° 2.914, do Ministério da Saúde, de 12 de Dezembro de 2011, no capítulo V, do padrão de potabilidade. Segundo o Art. 22 (BRASIL, 2011, p. 8):

As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros previstos nesta Portaria devem atender às normas nacionais ou internacionais mais recentes, tais como: I - Standard Methods

for the Examination of Water and Wastewater, de

autoria das instituições American Public Health

Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Fede- ration (WEF); II - United States Environmental Protection Agency (USEPA); III - Normas publi-

cadas pela International Standartization Orga-

nization (ISO); e IV - Metodologias propostas pela

Organização Mundial à Saúde (OMS).

Ainda segundo essa portaria, água potável é toda e qualquer água destinada ao consumo humano de modo que os parâmetros microbio- lógicos, físicos, químicos e radioativos estejam de acordo com o padrão de potabilidade e que de forma alguma ofereçam riscos à saúde.

Na tabela 2 apresentam-se os resultados das análises físico-quími- cas para as três coletas, respectivamente. Vale ressaltar que em nenhum dos casos foi realizada análise quanto à acidez da água, visto que em todas as amostras os valores de pH foram superiores a 7.

• pH: Adimensional; • Condutividade: µS/cm; • DBO5: mg/L O2

• Coliformes Totais (CT) e termotolerantes (CTT): NMP/100 mL

Tabela 2 - Valores dos parâmetros analisados quanto às normas exigidas.

Parâmetros Unidade Amostra

(1) Amostra (2) Amostra (3) PH ND 8,85 8,72 8,68 Temperatura ºC 29 29,5 30 DBO5 mg/L O2 14,35 15,03 15,20 Condutividade Elétrica µS/cm 4660,00 4670,00 6860,00 Coliformes Totais (CT) NMP/100 mL 4,9 x 104 1,3 x 104 3,5 x 104 termotolerantes (CTT) NMP/100 mL 2,3 x 103 1,3 x 104 500 FONTE: CARMOUZE, 1994, P. 253.

Através dos dados obtidos nas análises pode-se perceber que os parâmetros que demonstraram maior destaque quando comparados com a resolução do CONAMA (2005) foram o pH, condutividade e DBO5, CT e CTT.

O pH pode variar entre 8,68 e 8,85 nos três pontos de coleta. A análise de variância mostra que não existe diferença significativa entre as medições do pH entre os diversos pontos de coleta. Não se pode dizer que esse curso d’água apresenta caráter ácido, pelo contrário, apre- senta-se básico, mantendo-se dentro dos padrões de qualidade para os corpos d’água das diversas classes, segundo resolução CONAMA nº 20, de 18/06/1986.

No Brasil, os pH mais altos são encontrados em regiões em que os ecossistemas aquáticos são, em diferentes graus de intensidade, influenciados pelo mar (recebem grandes contribuições de carbona- tos e bicarbonatos) e em regiões cársticas (regiões ricas em cálcio).

A condutividade provém da dissolução de sólidos na água, sendo a mais elevada na amostra 3. Isso pode estar diretamente relacionado à questão da profundidade da água que neste ponto diminuiu considera- velmente aumentando a concentração. De acordo com Porto et al, (1991) a condutividade das águas superficiais é bastante variada, podendo ser baixa, em valores com 50 µS/cm, em locais onde a precipitação é pobre em solutos iônicos e a litologia local é formada por rochas resistentes aos intemperismos, até valores de 50.000 µS/cm, que é a condutividade da água do mar. Os valores encontrados na pesquisa encontram-se na faixa de 40.000 a 70.000 µS/cm nos pontos de 1 a 3, caracterizando a presença de quantidade significativa de íons. Por outro lado, confirma- -se a influência da evaporação da água e ausência de chuvas na região, além da influência da criação de gado e de suínos próximo ao Riacho Salgado elevando a condutividade.

A temperatura do rio a uma profundidade entre 30 e 40 cm da superfície da lâmina d’água, em todo o percurso, variou de 29 até 30ºC. A análise de variância acusa que não existe diferença significativa entre

os diversos pontos de coleta como conservado na Tabela 2.

Nos dados da Tabela 2, observamos a demanda biológica de oxi- gênio (DBO) que mede a quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica (FREITAS et al., 2001). A análise de DQO não foi medida em função da alta salinidade do material, como observado pelos dados de condutividade. Dessa forma, de acordo com a Resolução do CONAMA, a água tem classificação 5, sugerindo que ela tenha utilidade para a preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral e para a preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. As análises de DBO (14,35 mg/L O2 entre 15,20 mg/LO2) mostraram resultados valores acima do permitido para consumo humano, indicando presença de material oxidável quimicamente por causa da presença de criação de suínos próximo à região analisada.

Os coliformes totais (CT) variam de 130.000 a 490.000 Coli/100 mL, como observado na Tabela 2. A análise entre os pontos de coleta mostra que não existe diferença significativa entre as médias de coli- formes totais.

Já os coliformes fecais (CTT) variam de 500 a 23000 Coli/mL. Não se observa diferença significativa entre as médias dos colifor- mes fecais, sendo que a amostra 3 apresentou uma diferença entre as demais amostras.

As amostras 1 e 2, no trecho receptor de dejetos suínos, destacam- se com valores altíssimos, caracterizando um forte impacto. Na amos- tra 3 há um decréscimo significativo. Porém, no espaço onde foram coletadas as amostras, é comum a presença de banhistas, lavadeiras e pescadores. Essas pessoas estão expostas a altos índices de contami- nação por microrganismos intestinais patogênicos.