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7.5. Descrever os efeitos relevantes da regulação estatal sobre as atividades do emissor, comentando especificamente:

a. necessidade de autorizações governamentais para o exercício das atividades e histórico de relação com a administração pública para obtenção de tais autorizações

Visão Geral da Regulamentação Bancária

A estrutura institucional básica do sistema financeiro no Brasil foi estabelecida em 1964 pela Lei da Reforma Bancária, a qual, tendo sido criada pelo CMN, é responsável por investigar as políticas monetárias e cambiais relativas ao desenvolvimento econômico e social, assim como a operação do sistema financeiro.

Principais Limitações e Restrições às Atividades das Instituições Financeiras

As atividades exercidas pelas instituições financeiras estão sujeitas a uma série de limitações e restrições. Em linhas gerais, tais limitações e restrições referem-se à concessão de crédito, concentração de risco, investimentos, operações compromissadas, empréstimos e negociações em moeda estrangeira, administração de recursos de terceiros e micro-crédito. As principais restrições impostas às atividades bancárias estabelecidas pela Lei da Reforma Bancária são as seguintes:

x as instituições financeiras, bancárias ou de crédito somente poderão funcionar no Brasil mediante autorização prévia do Banco Central. Além disso, instituições financeiras estrangeiras devem ser expressamente autorizadas a funcionar no Brasil mediante autorização por decreto presidencial.

x limitação de investimento das instituições financeiras, bancárias ou de crédito no capital social de outras empresas, quando não há autorização do Banco Central, com base em certas normas estabelecidas pelo CMN. No entanto, tais investimentos podem ser feitos sem restrição por meio de banco múltiplo ou por uma subsidiária que seja banco de investimento.

x é vedado às instituições financeiras, bancárias ou de crédito adquirir bens imóveis, não destinados a uso próprio, salvo quando ocupar tal imóvel e sujeita a determinadas limitações impostas pelo CMN. Se uma instituição financeira, bancária ou de crédito receber o imóvel em pagamento de dívida, ele deverá ser vendido dentro do prazo de um ano, exceto se o Banco Central autorizar o contrário.

x é vedado às instituições financeiras realizar operações que não atendam aos princípios de seletividade, garantia, liquidez e diversificação de riscos.

x é vedado às instituições financeiras conceder empréstimos ou adiantamentos sem a constituição de um título adequado representativo da dívida.

x é vedado às instituições financeiras, bancárias ou de crédito conceder empréstimos a uma única pessoa ou grupo superiores a 25,0% de seu patrimônio líquido.

x é vedado às instituições financeiras, bancárias ou de crédito conceder empréstimos ou garantir operações de qualquer companhia que participem de seu capital social com mais de 10,0%, salvo em determinadas circunstâncias específicas (mediante aprovação prévia do Banco Central).

7.5 - Efeitos relevantes da regulação estatal nas atividades

x é vedado às instituições financeiras, bancárias ou de crédito conceder empréstimos ou garantir operações de qualquer companhia de cujo capital social participe com mais de 10,0%.

x é vedado às instituições financeiras, bancárias ou de crédito conceder empréstimos ou garantir operações de seus diretores ou administradores (bem como seus respectivos parentes, até o segundo grau) ou a qualquer companhia em que esses diretores ou administradores (inclusive seus respectivos parentes, até o segundo grau) participem com mais de 10,0% do capital social.

x é vedado às instituições financeiras realizar operações compromissadas, ou seja, envolvendo ativos que são vendidos ou comprados com base na ocorrência de algumas condições específicas, superiores ao montante correspondente a 30 vezes o seu patrimônio de referência.

x a administração de recursos de terceiros deve ser feita de forma segregada das demais atividades, atendendo às regras aplicáveis impostas pela CVM.

x o valor do capital social e do patrimônio líquido das instituições financeiras deve sempre ser compatível com as regras de capital social e capitalização mínima impostos pelo Banco Central para cada tipo de instituição financeira.

x o valor total de recursos aplicados no ativo permanente das instituições financeiras não pode ultrapassar 50% do valor do patrimônio de referência.

x A exposição das instituições financeiras brasileiras em ouro e em ativos e passivos referenciados em variação cambial não pode superar 30% do patrimônio de referência, de acordo com a resolução nº 3.488 de 29 de agosto de 2007.

Principais Órgãos Reguladores

O Sistema Financeiro Nacional do Brasil é composto pelos seguintes órgãos reguladores e supervisores:

x CMN;

x Banco Central; e x CVM.

Além disso, nossas operações de seguro estão sujeitas aos seguintes órgãos reguladores e fiscalizadores:

x CNSP e SUSEP; e

x Secretaria de Previdência Complementar.

Ademais, determinadas instituições financeiras brasileiras, como nós, são membros da ANBIMA, uma associação auto-reguladora que regulamenta as atividades de bancos de investimento.

O CMN, órgão máximo, o Banco Central e a CVM regulamentam o setor bancário brasileiro. Segue um resumo das principais funções e poderes de cada um desses órgãos.

O CMN

O CMN, órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional, é responsável pela supervisão geral das políticas monetária, de crédito, orçamentária, fiscal e de dívida pública do Brasil. O CMN é

7.5 - Efeitos relevantes da regulação estatal nas atividades

constituído pelo Presidente do Banco Central, o Ministro do Planejamento e o Ministro da Fazenda, no cargo de Presidente do Conselho. De acordo com a Lei da Reforma Bancária, o CMN tem competência para regulamentar as operações de crédito de instituições financeiras, regulamentar a moeda nacional, supervisionar as reservas de ouro e câmbio, determinar as políticas de poupança e investimento e regulamentar o mercado de capitais do Brasil, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil. O CMN também supervisiona as atividades do Banco Central e da CVM. Suas políticas têm como objetivos principais, entre outros:

x coordenar as políticas monetária, de crédito, orçamentária, fiscal e de dívida pública; x estabelecer a política de câmbio e taxa de juros;

x zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;

x supervisionar as atividades relacionadas aos mercados de bolsas de valores; x regulamentar a constituição e operação de instituições financeiras;

x conceder poderes ao Banco Central para emitir moeda e estabelecer os níveis de necessidades de reservas; e

x estabelecer as diretrizes gerais dos mercados bancário e financeiro.

O Banco Central

De acordo com a Lei da Reforma Bancária, o Banco Central é a entidade dotada de poderes para implementar as políticas estabelecidas pelo CMN relativas ao controle monetário e de câmbio, regulamentar as instituições financeiras do setor público e privado do Brasil e monitorar e regulamentar o investimento estrangeiro no Brasil. O Presidente do Banco Central é nomeado pelo Presidente do Brasil, sujeito à ratificação pelo Senado Federal, para exercício do cargo por prazo indeterminado.

O Banco Central também é responsável por:

x gerenciar o controle diário do fluxo de entrada e saída de capital estrangeiro do Brasil (capital de risco e empréstimos de qualquer natureza);

x estabelecer as regras administrativas e regulamentações para registro de investimentos estrangeiros

x monitorar remessas de moeda estrangeira;

x permitir a repatriação de fundos. Em caso de sério déficit na balança de pagamentos do Brasil, o Banco Central pode limitar as remessas de lucros e proibir remessas como repatriação de capital por período limitado de tempo;

x receber depósitos compulsórios e depósitos a vista voluntários de instituições financeiras;

x executar transações de redesconto e empréstimos a instituições financeiras e outras instituições autorizadas a operar pelo Banco Central;

x agir como depositário de reservas de ouro e moeda estrangeira; e

x controlar e aprovar a constituição, funcionamento, transferência de controle e reorganizações societárias de instituições financeiras e outras instituições autorizadas a operar pelo Banco Central.

7.5 - Efeitos relevantes da regulação estatal nas atividades

A CVM

A CVM é o órgão responsável pela implementação da política do CMN no que diz respeito ao mercado de valores mobiliários, sendo a autarquia competente para regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar esse mercado. Com sede e foro no Rio de Janeiro e jurisdição em todo território nacional, a CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. É dotada de autoridade administrativa independente e possui personalidade jurídica e patrimônio próprios. De acordo com a Lei do Mercado de Capitais e subseqüentes regulamentações, compete à CVM, dentre outras atividades:

x implementar e regulamentar as políticas de valores mobiliários e bolsas estabelecidas pelo CMN;

x controlar e fiscalizar o mercado brasileiro de valores mobiliários;

x aprovar, suspender e cancelar o registro de companhias abertas, a autorização para corretoras e distribuidoras operarem no mercado de valores mobiliários e ofertas públicas de valores mobiliários;

x fiscalizar as atividades de companhias abertas, bolsas de valores, bolsas de mercadorias e futuros, membros do mercado, fundos de investimento e de renda variável;

x exigir a imediata divulgação de fatos relevantes que possam afetar o mercado, bem como a apresentação de relatórios anual e trimestral por companhias abertas; e x impor penalidades.

Desde 2001, a CVM tem jurisdição para regulamentar e fiscalizar os fundos financeiros e de investimentos que eram originalmente de competência do Banco Central.

De acordo com a Lei do Mercado de Capitais, a CVM é administrada por um presidente e quatro diretores indicados pelo Presidente do Brasil (e aprovados pelo Senado) selecionados dentre pessoas de ilibada reputação e reconhecida competência em matéria de mercado de capitais. O mandato dos dirigentes da CVM é de cinco anos, vedada a recondução, devendo um quinto dos membros do seu colegiado ser renovado a cada ano.

Todas as decisões tomadas pela CVM e pelo Banco Central em processos administrativos de sua competência, relacionados ao sistema financeiro nacional e ao mercado de capitais estão sujeitas a recurso perante o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (composto por quatro membros nomeados por autoridades públicas e quatro membros do setor privado).

ANBIMA

A ANBIMA foi criada em outubro de 2009, resultando da junção da Associação Nacional dos Bancos de Investimento, e da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro,. A ANBIMA é um órgão de auto-regulação privado que atua como o principal representante das instituições financeiras atuantes no mercado financeiro e de capitais brasileiro. Seu objetivo é fortalecer o desenvolvimento do mercado financeiro e de capitais no Brasil. A ANBIMA busca atuar de forma inovadora, representando os interesses de seus membros e regulamentando suas atividades, adotando com freqüência regras que são em geral mais restritivas que a legislação governamental em vigor. A ANBIMA também atua como prestadora de informações ao mercado financeiro e de capitais brasileiro e promove diversas iniciativas para aprimorar o conhecimento dos investidores e profissionais do mercado.

7.5 - Efeitos relevantes da regulação estatal nas atividades

Os membros da ANBIMA são bancos de investimento e bancos múltiplos, administradores de carteiras de valores mobiliários, corretoras e distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento.

Regulamentação pelo Banco Central

O Banco Central é a entidade dotada de poderes pela Lei da Reforma Bancária para implementar as políticas cambiais e de crédito estabelecidas pelo CMN controlar e fiscalizar todas as instituições financeiras do setor público e privado. Segundo a Lei da Reforma Bancária, o Banco Central é responsável por:

x aprovar todos os documentos de uma instituição financeira, quaisquer alterações correspondentes, qualquer aumento de capital, o estabelecimento de sua sede social ou de qualquer agência (seja no Brasil ou no exterior) e mudanças de controle e reorganização de capital

x determinar as exigências mínimas de capital, depósitos compulsórios e limites operacionais das instituições financeiras;

x fiscalizar a elaboração das demonstrações financeiras anuais e semestrais auditadas por auditores independentes, pareceres dos auditores e demonstrações financeiras mensais não auditadas preparadas em conformidade com os padrões contábeis estabelecidos pelo Banco Central para cada tipo de instituição financeira; e

x exigir das instituições financeiras divulgação completa de operações de crédito, câmbio, destinação dos recursos obtidos em operações de exportação e importação e qualquer outra atividade econômica, diariamente por meio de sistemas eletrônicos, relatórios e declarações escritas.

Os regulamentos do Banco Central impõem, entre outras coisas, as exigências específicas indicadas abaixo.

Adequação e Alavancagem de Capital

O Banco Central fiscaliza o sistema bancário nacional de acordo com as diretrizes do Comitê da Basiléia e outras regulamentações aplicáveis, como o Acordo da Basiléia, atualmente em fase de implementação no Brasil, de acordo com os Comunicados nº 12.746 de 9 de dezembro de 2004, nº 16.137 de 27 de setembro de 2007 e nº 19.028 de 29 de outubro de 2009. As instituições financeiras devem fornecer ao Banco Central as informações necessárias para tal fiscalização, incluindo as movimentações na liquidez ou adequação do capital das instituições financeiras.

O princípio basilar do Acordo da Basiléia, conforme implementado no Brasil, é que os recursos próprios das instituições financeiras devem ser suficientes para cobrir os principais riscos a que estão expostas, notadamente o risco de crédito, risco de mercado e risco operacional.

Por meio de diversas regulamentações, especialmente a Resolução nº 3.490 de 29 de agosto de 2007, Circulares nº 3.360 e 3.361 de 12 de setembro de 2007, Circular nº 3.383 de 30 de abril de 2008, todas conforme alteradas, os requerimentos impostos pelo Banco Central diferem dos constantes do Acordo da Basiléia em diversos aspectos. Por exemplo, o Banco Central:

x Impõe um requisito de capital mínimo de 11%, ao invés de 8% do capital mínimo exigidos pelo Acordo da Basiléia;

7.5 - Efeitos relevantes da regulação estatal nas atividades

x Requer um montante adicional de capital em relação a taxas de juros e operações de swap de câmbio não refletidas no balanço;

x Confere níveis de riscos diferentes a fatores de conversão de créditos, incluindo uma ponderação pelo risco de 300% sobre ativos fiscais diferidos que não diferenças temporárias;

x Exige cálculos e relatórios sobre o capital mínimo requerido e índices de capital de forma consolidada;

x Exige que as instituições financeiras aloquem uma parcela de seu patrimônio para cobrir riscos operacionais a partir de 1º de julho de 2008. A parcela exigida do patrimônio varia entre 12% a 18% dos volumes médios da receita bruta de intermediação financeira. A Circular nº 3.476, datada de 24 de dezembro de 2009 prevê uma formula para considerar instituições não financeiras que fazem parte do grupo econômico no cálculo do risco operacional;

x Não permite o uso de classificação externa (rating) para o cálculo da exigência mínima de capital. O Banco Central adota uma abordagem conservadora para definir a exigência de capital de exposições corporativas; e

x Exige que os bancos estabeleçam estruturas internas específicas para identificar, mensurar, controlar e mitigar riscos operacional e de crédito.

Em 24 de dezembro de 2009, o Banco Central promulgou a Circular nº 3.477 que estabelece regras relacionadas à divulgação de informações ligadas a gestão de risco e composição da base de capital para fins regulatórios. Tal divulgação deve ser estabelecida em uma política formal aprovada pelo nosso Conselho de Administração, e deve conter informações detalhadas em relação à estrutura interna de estratégias de gestão de risco, os montantes envolvidos em transações sujeitas a riscos, garantias, exposição global ao risco, securitização, e outras informações relevantes. A divulgação deve ser atualizada anualmente ou trimestralmente, conforme o caso, e será obrigatória a partir de abril de 2011.

Ademais, em 24 de dezembro de 2009, o Banco Central, por meio da Circular nº 3.478, deu início ao processo de estabelecimento de critérios mínimos para instituições financeiras criarem parâmetros internos para calcularem as parcelas de capital alocado a riscos de mercado, sujeito à aprovação do Banco Central.

A composição básica de capital de um banco, para fins de fiscalização, é definida em dois níveis, conforme as normas brasileiras, sob a Resolução nº 3.444 de 28 de fevereiro de 2008, e alterações subseqüentes:

Nível I: corresponde ao capital principal composto de capital acionário e lucro líquido, menos