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Os anos de 1979 e 1980 foram conturbados. Os atentados realizados por grupos de extrema direita tinham como objetivo promover a insegurança junto à população e assim conseguir a manutenção do regime político vigente. Apesar de a abertura política ser uma realidade no Brasil, grupos ligados aos militares insistiam em adiar as mudanças que se aproximavam. A série de avanços políticos provocou reações por parte da direita mais radical. A estratégia era promover o caos e demonstrar que o país ainda não poderia prescindir do pulso firme dos militares. Eles acreditavam que o medo seria um aliado na conquista do apoio da população, principalmente da classe média. Civis e militares desses segmentos começaram a praticar seqüestros e atos terroristas com uso de bombas. Bancas de jornal e revistas que vendiam publicações consideradas subversivas pelo regime – como o jornal "O Pasquim", com suas sátiras ao regime militar e seu humor ácido, eram incendiadas.

Em São Paulo, o jurista Dalmo Dallari foi espancado em cativeiro. No Rio de Janeiro, foi colocada uma bomba na sede da OAB e outra na sala de um vereador do PMDB, o que ocasionou a morte de uma pessoa.

Em abril de 1981 os atos violentos atingiram o clímax com o episódio Riocentro. Durante um show comemorativo do Dia do Trabalho, com cerca de 20 mil pessoas e organizado por entidades sindicais, uma bomba foi encontrada na caixa de força e outra explodiu em um carro estacionado no local, matando um sargento do Exército e ferindo um capitão.

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Manifesto Compromisso com a Nação, documento de lançamento da Aliança Democrática em agosto de 1984. Nele ficava estabelecida a coalizão entre a Frente Liberal e o PMDB. O texto do manifesto deixa claro que os limites da mudança política estavam estabelecidos pela obtenção de confiança das forças dominantes do regime e o processo de acomodação de interesses às transições negociadas.

Diante do clamor público por explicações sobre o atentado, o chefe do Gabinete Civil da Presidência, o general Golbery do Couto e Silva, tentou agilizar as investigações e fazê-las seguir pela Justiça comum. Couto e Silva acabou se demitindo em agosto de 1981, após pressão das Forças Armadas. O Exército negou envolvimento e o processo foi retardado em todas as instâncias, até ser arquivado, anos depois.

O Governo utilizava a política econômica como frente de batalha e defendia medidas com apelo populista para fortalecer o PDS nas eleições de 1982. A principal delas era a atenuação das medidas recessivas que estavam reduzindo a produção industrial e aumentando o desemprego. Estas medidas elevariam o déficit público e a inflação, que em meados de 1981 chegava a uma taxa anual de 111%. “A estratégia política do Presidente general Figueiredo foi prosseguir firmemente com a abertura, escamoteando ao mesmo tempo as regras eleitorais e usando todas as armas tradicionais de um governo em pleno exercício” (SKIDMORE, 1988. p. 444).

As eleições de 1982 se dariam em meio à mais grave recessão dos últimos trinta anos. O cenário econômico internacional era bastante adverso e os resquícios do mau gerenciamento da recessão brasileira nos primeiros anos da década de 1980 se faziam presentes na rotina dos brasileiros. O inevitável pedido de auxílio ao Fundo Monetário Internacional foi adiado pelo ministro Delfim Neto até a conclusão do pleito eleitoral, sobretudo para que seus custos políticos não se tornassem o principal argumento contra o governo para a oposição nas eleições daquele ano. Após o pleito, as reservas líquidas do Banco Central já estavam negativas havia quase dez meses (RODRIGUES, 2003, p. 25).

Um novo perfil da sociedade brasileira passava a envergar um padrão organizacional mais evoluído com características autônomas de militância. Como exemplo, a fundação do Partido dos Trabalhadores surgia como uma “espécie de efeito indesejado da reforma partidária de 1979” (RODRIGUES, 2003, p. 13). Este partido se configurava como uma instituição representativa para a qual convergiram os novos movimentos populares e sindicais. Em 1982, o PT possuía comissões provisórias formadas em 10 municípios e cerca de 3.000 filiados.

Em 1982 o único movimento popular a manter-se ativo é o Movimento da Moradia, devido à intervenção de um documento de apoio produzido pela CNBB, uma vez

que todos os demais estavam com os seus militantes ocupados em tarefas relativas ao primeiro grande encontro eleitoral de pós abertura (DOIMO, 1995 p.105).

O PMDB naquele ano eleitoral contava 115 deputados na Câmara Federal e mantinha a heterogeneidade do período bipartidarista, aglutinando desde organizações clandestinas, como os dois partidos comunistas, até grupos conservadores (MAINWARING, 2001, p. 131). No Estado do Espírito Santo o PMDB tinha cerca de 20.000 filiados no ano de 1981, mas ainda não havia formado comissões em todos os municípios (ZORZAL, 1993, p. 73).

O partido defendia a atração de lideranças oriundas de movimentos populares, uma vez que estas possuíam proposta política de oposição legítima e capacidade de aglutinação e mobilização das massas para o partido, o que contrastava com os setores moderados e distantes da população de baixa-renda existentes no partido. O trecho abaixo foi retirado de um artigo escrito pelo jornalista Luiz Aparecido, membro da Tendência Popular do PMDB.

Alguns setores, equivocados com a manobra do regime, de abertura e pluripartidarismo, optaram pelo PT, com sua proposta social democrata, de gerenciamento de crises intestinais do capitalismo nacional e internacional. Já a maioria dos setores populares organizados e conseqüentes partiram para a participação política no PMDB, por entenderem que esse partido é o depositário das esperanças do povo de derrotar o regime militar antinacional e antipopular (APARECIDO, 1982, p. 34).

O grupo do “Partidão” atuava dentro do PMDB na Comissão de Mobilização Popular, que justamente organizava estes segmentos que demandavam o interesse do partido. Paralelamente, a Comissão participava de todos os grupos supra-partidários atuantes na sociedade, inclusive conservando os vínculos com o movimento estudantil. “Ora tinha luta para que não viesse lixo atômico para cá, outra hora tinha luta contra o MEC” (STEIN, 2006, Informação verbal).

Outros comitês de apelo popular foram criados no PMDB no estado com o apoio do grupo do PCB, como por exemplo: o Núcleo Sindical, que apoiou nas eleições Luiz Carlos Rangel representante do Sindicato dos Metalúrgicos, a Comissão de Saúde da Serra e o Comitê Universitário, que comandava os assuntos na UFES.

A participação do grupo na “Comissão de Mobilização Popular” foi um dos fatores do bom resultado que viria a seguir nas eleições de 1982. Os membros participavam

das principais movimentações sociais da Grande Vitória e do interior e mantinham interlocução com vários grupos da sociedade organizada. Nascimento (2006) fala da importância da Comissão para o bom resultado do sufrágio:

Isso foi um planejamento para a gente se inserir na sociedade, para ter os candidatos. Essa Comissão ajudou a eleição do Paulo, do Stan, do Felício, em Vila Velha, e da Mirtes Bevilácqua, que sai do movimento sindical, vem para o PMDB e recebe o nosso apoio. A comissão foi criada por orientação do Comitê Estadual do PCB. A gente precisava de um espaço para atuar na sociedade e ter votações tão expressivas (Informação verbal).

Este instrumento permitiu que seus principais representantes se tornassem conhecidos fora do ambiente universitário. Assim que o primeiro grupo oriundo do PCB se elegeu a Comissão Popular seria praticamente desmembrada com a saída dos componentes para cumprir os mandatos.

As articulações do grupo do PCB para as eleições ainda incluíam a indicação do candidato ao Governo, escolhido sob as determinações do Comitê Central. Segundo os membros do grupo, o então deputado Gerson Camata configurava a melhor escolha política sob a ótica das diretrizes do Sexto Congresso24 que ainda vigoravam, mais de dez anos após sua realização. Hartung (2007) narra o processo de escolha do candidato ao posto máximo do Executivo Estadual:

[...] aí a escola do partidão, nós fizemos uma análise de conjuntura, estudamos as forças do Estado e entendemos que se a gente fosse de Max perderíamos a eleição, pelo que ainda existia de articulação forte naquela época dos aliados do Regime Militar. Aí vimos no Camata uma forma, não só de agregar o nosso lado, mas de fazer rupturas nos adversários e apostando na possibilidade de os adversários optarem pelo candidato errado (Informação verbal).

De fato, a escolha do adversário viria a contribuir efetivamente para a vitória do candidato do PMDB. Falaremos sobre este fato mais adiante. No entanto, Camata parecia ser o candidato com maior potencial de aglutinação de forças da sociedade. O PCB necessitava de candidatos ao governo que representassem setores empresariais, micro-empresas e a área rural. Segundo a avaliação do partido, Gerson Camata estava pronto para a tarefa. Um dos motivos seria o fato de ter se

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O sexto congresso do partido comunista foi realizado em São Paulo no ano de 1967 e se tornou um marco para o PCB. A principal diretriz determinava para seus membros a missão de organizar a sociedade civil, os partidos políticos e lutar pelo avanço da democracia como um valor permanente.

tornado o mais conhecido deputado no Estado, uma vez que iníciou a carreira política no rastro da popularidade conseguida como radialista.

Apesar do apoio do grupo a Max Mauro para deputado federal nas eleições de 1978, os representantes do Partidão indicaram Gerson Camata, oriundo do partido de situação – a antiga ARENA. Porém antes do ingresso do candidato “ideal” ao governo no PMDB, Camata teve uma breve passagem pelo Partido Popular (PP) de Tancredo Neves.

Nascido da fusão da ala conservadora do MDB com uma corrente liberal da ARENA, o PP se posicionava de forma moderada e era o segundo partido de oposição em tamanho, chegou a ostentar 69 deputados na Câmara Federal em janeiro de 1982 (MAINWARING, 2001, p. 131). Poucos meses depois o partido se dissolveu e fundiu-se com o PMDB como conseqüência da mudança na legislação eleitoral.

O cenário político capixaba também congregava lideranças de apoio à formação de um partido de centro que coincidiam com a proposta de Tancredo. De acordo com Zorzal (1993, p. 73) “[...] lideranças como Hugo Borges, José Moraes, Wilson Haese, Luiz Batista, entre outros, foram articulando pepistas no Estado”. Conforme dados do TRE, em 1982, o partido computava 2.742 filiados em 12 cidades do Estado.

O Deputado Gerson Camata que havia se filiado na tentativa frustrada do PP, parte para o PMDB, principalmente por ser o partido de destino de Tancredo Neves. Camata (2007) expõem esta passagem:

No final das contas, eu entrei no PMDB por causa do Tancredo. A maioria dos deputados queria voltar para a ARENA, mas, Tancredo queria ir para o PMDB e nos convenceu a ir para o partido. O Nyder Barbosa veio até Vitória consultar o PMDB daqui. Todo mundo me recebeu bem. Tanto que a minha filiação, em homenagem ao Nyder, eu fui fazer em Linhares. Ali em Linhares estava Berredo, Max, todo mundo [...] Foi uma festa muito bonita (Informação verbal).25

No entanto, a filiação dos egressos do Partido Popular no PMDB causou desconforto na ala mais radical. A argumentação do líder do PMDB na Assembléia, Nyder Barbosa, demonstra como o discurso pró-democracia justificava todas as movimentações do jogo político. “Não há dúvidas que esta união é um mal

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Camata, 2007. Entrevista concedida em 2 de agosto de 2007, em Vitória, à Margô Devos Martin, por Gerson Camata. Doravante as citações Camata (2007) é referente à esta entrevista.

necessário, do contrário estaríamos facilitando a vitória do governo. E derrotá-lo nas urnas parece ser o único meio de que dispomos para salvar a democracia do país” (ECOS..., 1982, p. 4).

Um dos principais representantes do PP no Estado, Hugo Borges, consolidou o acordo dos dois partidos. “O candidato ao governo é do PMDB, mas para o senado usaremos alguns dos nossos quadros” (ECOS..., 1982, p. 4). O partido também defendia a candidatura de José Moraes à vice na chapa de Camata ao governo.

O Partido dos Trabalhadores, contrário ao processo eleitoral, rejeitava a estratégia de frente ampla do PMDB, sob o argumento de que ela colocava em segundo plano os interesses do povo e se posicionou contra este raciocínio pragmático, apostando em Vitor Buaiz com pré-candidato ao Governo. Perly Cipriano, liderança do partido, defendia esta tese:

[...] as próximas eleições não são prioridade. Elas só terão importância para nós na medida em que servirem para ampliar nossos núcleos e mobilizar trabalhadores. Vencê-las ou não é algo secundário e é uma pena que os outros partidos de oposição somente manifestem interesses eleitorais

(ECOS..., 1982, p. 4).

No cerne do PMDB se configurava a disputa era polarizada entre “autênticos”26 versus moderados. Max Mauro, um representante da ala dos autênticos, pregava a sua preferência naquele pleito e principalmente apontava a incoerência do apoio dado à Camata por parte dos “comunistas”. O depoimento de Herkenhoff (2007) ressalta o momento de crise vivido no partido

O partido se divide praticamente ao meio, em apoio à Max Mauro e a Camata e sem dúvida nenhuma eu sou um dos principais defensores, talvez o principal defensor da candidatura de Gerson Camata, entendendo que agente tinha que ter uma transição democrática complexa.. o aparelho repressivo, o serviço de informação ainda estava presente e havia muito mal estar ainda (Informação verbal).

A determinação do candidato ao governo como cabeça de chapa era protagonista daquele pleito de extrema complexidade, principalmente por conta do Pacote de 79 que impunha a vinculação vertical em todos os níveis, tornando nulos os votos de partidos diferentes na mesma cédula. Agravado pelo fato da nova legislação em

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O grupo dos autênticos do MDB envergava um discurso mais duro contra a ditadura e era ligado à liderança política de Ulisses Guimarães. Os representantes no estado eram Max Mauro e Berredo de Menezes

vigor ter adiado as eleições municipais do ano de 1980, os candidatos de todas as esferas do legislativo municipal, estadual e federal teriam uma relação de dependência com o candidato ao Governo.

O embate tomava corpo e um novo personagem se insere na disputa do PMDB capixaba, o senador Dirceu Cardoso, um oposicionista moderado e com bom trânsito no partido. Matéria publicada na Revista Agora afirmava que “Há quem aposte com convicção que o senador irá acabar figurando como a alternativa conciliadora do partido quando chegar a hora de colocar um fim nas divergências que se acirram entre os camatistas e maxistas” (TRUNFOS..., 1982, p. 5).

No partido de situação, o PDS, o cenário era semelhante. Após intricada disputa entre oito nomes que se apresentaram como pré-candidatos, o presidente do partido e governador indicado pelo Regime Militar, Eurico Rezende, impôs o candidato Carlito Von Schilgen, prefeito da capital, que apesar de possuir respaldo eleitoral, estava longe de ser o candidato de consenso (ZORZAL, 1993).

O ex-governador Elcio Álvares pertencente à antiga ARENA no período de 1975 a 1978, a princípio, apontava como o pré-candidato prioritário do PDS, pois ainda mantinha uma boa densidade política eleitoral, mas foi preterido por Eurico Rezende, e indicado como candidato ao senado. Esta manobra ocasionou uma ruptura no partido. Em matéria intitulada “Duelo de Caciques no PDS” de julho de 82 a situação do partido fica exposta para a população capixaba.

A pressão aumentou quando Elcio rejeitou a composição montada pelo palácio para o Senado. Levantamento do Ibope registrou a cotação do PDS no Estado em torno de 24,8% contra 39,1% do PMDB, seguido de perto pelo PT com 14,2%. Segundo o presidente da Assembléia Vicente Silveira ‘o PDS sem Elcio na disputa garante a eleição do oposicionista Gerson Camata’ (DUELO..., 1982, p. 5).

Um bloco de deputados dissidentes27 do PDS foi formado na Assembléia Legislativa, que insatisfeitos com o resultado da primeira convenção, realizada em 29 de julho, foi determinante na derrota de Elcio Álvares para Carlito Von Schilgen e deu início às sanções contra as lideranças do partido. O governador indicara para a interinidade da prefeitura, em substituição a Shilgen, Wallace Borges que foi

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Os deputados dissidentes do PDS eram Vicente Silveira, Edson Machado, Juarez Leite, Alcino Santos e Arabelo do Rosário

rejeitado pelo grupo em represália. Já os deputados Vicente Silveira e Juarez Martins Leite, enviaram ao Tribunal Regional Eleitoral um recurso solicitando a anulação da primeira convenção, realizada no dia 13 de junho, a qual alegavam ser uma votação incompleta, pois as indicações ao Senado, Câmara Federal e à Assembléia, não foram votadas, viabilizando desta forma, apenas a candidatura ao Governo do Estado e do vice-governador (ECOS..., 1982, p. 5 e 27).

Segundo Zorzal (1993, p. 76), a ruptura do PDS, além de ter catalisado todos os descontentamentos presentes na sociedade civil em relação ao Governo, não contou com o apoio explicito de importantes lideranças do partido. Elcio Álvares e seu grupo apoiaram veladamente o candidato de oposição em uma estratégia político-eleitoral denominada “voto camarão” que incentivava os eleitores a não votar no candidato ao governo na cédula, indicando apenas os demais cargos do PDS. Desta forma estavam atendidas as exigências da legislação que impedia o voto em candidatos de diferentes partidos. Hartung (2007) explica a repercussão da equivocada escolha de Rezende.

Na época o Elcio era popular, porque tinha uma lembrança do final do governo dele positiva, e o Carlito nem tanto. O Carlito Von Schilgen não tinha a força eleitoral do Elcio e acabou o Eurico bancando a campanha do Carlito como uma forma de derrotar e excluir. Essa força insatisfeita de Elcio, mesmo com o voto vinculado, acabou trazendo voto para o Camata (Informação verbal).

Eurico Rezende não mantinha relações positivas com o ex-governador, acusando-o de não manter os acordos durante o período da transição. Segundo a imprensa três fatos teriam formado o mal estar entre os governantes: a utilização de uma verba de Cr$ 460 milhões que fora enviada por Brasília para o inicio do mandato de Eurico Rezende e que teria sido utilizada por Elcio Álvares no final do mandato com a finalidade de socorrer as vitimas das enchentes; o início da Terceira Ponte contra a vontade de seu sucessor e finalmente a troca de denuncias e insinuações durante a (IMPLODE..., 1982, p. 74).

Uma vez determinado o “cabeça de chapa” do PMDB, o deputado Gerson Camata, o grupo do “partidão” deu início à composição que tinha como objetivo estratégico eleger um candidato a cada uma das vagas daquele pleito. As articulações estavam avançadas para lançar Paulo Hartung para a Câmara Municipal e Fernando

Herkenhoff para a Assembléia Legislativa, desta forma, os dois maiores expoentes do grupo chegariam simultaneamente ao parlamento.

Durante o processo, Luiz Ferraz Moulin, liderança política no município de Guaçuí, propôs apoio ao Partidão. A condição para a parceria seria a indicação de Paulo Hartung para a Assembléia Legislativa, já que suas raízes familiares tinham origem naquele município. O apoio de Luiz Moulin significaria a promessa de 4.000 votos a mais, o que poderia garantir a vitória de um deputado estadual. Naquele momento Fernando Herkenhoffpossuía maior expressão popular na qualidade de professor da Universidade e membro ativo da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (ADUFES), além de desenvolver um trabalho social em bairros populares da Grande Vitória. Herkenhoff optou por não concorrer naquele ano e em nome da vitória do grupo apostou na candidatura de Paulo Hartung.

Em substituição à Hartung, o grupo escolheu o nome do candidato à vereador da capital, Stanislau Kotska Stein, último presidente com passagem representativa no DCE. O grupo ligado ao PCB de Vila Velha, e que exercia grande alcance sobre os grupos populares da região, indicou Felício Correa como candidato daquele município. Correa, também oriundo da UFES, porém sem muita identificação com o grupo original, possuía um forte respaldo, principalmente na região da Glória, devido aos movimentos populares dos quais participava.

A “turma da Glória” como era conhecido o grupo de Vila Velha, exercia uma consistente influência nas decisões do PCB, com destaque para a família Pignaton, representada pelos irmãos Fernando e Eduardo (Dunga). Segundo Pignaton (2006) existiam cerca de 40 a 50 membros do Partido Comunista no bairro da Glória.

A articulação da ala jovem do partido contava com o apoio do comunista histórico Berredo de Menezes. Berredo que já acumulava a derrota ao Senado nas eleições de 1978 resolveu postular novamente o mesmo cargo contando com a adesão da Comissão de Mobilização Popular. Naquela eleição também se candidataram ao Senado pelo PMDB José Ignácio Ferreira, ex-presidente da OAB no Estado, e Dirceu Cardoso, ambos de perfil conservador.

Para completar a “chapa do partidão”, como se tornou conhecida no interior do