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O resultado conquistado pelo PMDB no Espírito Santo repete o expressivo desempenho nacional, abocanhando 31 das 56 prefeituras e a maioria nas câmaras

municipais. O partido obteve 61% dos votos válidos33, elegeu 305 vereadores no estado, contra 95 do PDS, e 16 deputados para a Assembléia Legislativa (ZORZAL, 1983, p. 77). O governador Gerson Camata foi eleito com 448.074 votos contra 282.728 de Carlito Von Schilgen. O candidato do PMDB venceu com o slogan “Vamos governar juntos” e sua ascensão no final da campanha arrastou um cordão de novos prefeitos, deputados e vereadores. Hartung (2007) ilustra o bom desempenho do candidato, a repercussão no resultado geral do PMDB e, principalmente, na sua campanha à Assembléia:

Nós fizemos 16 deputados estaduais dos 27. Mesmo assim Camata teve apoio de outras lideranças que tinham sido eleitas pela Arena, pelo diálogo que ele tinha. Fez a maioria na Assembléia folgada, trabalhou com apoio parlamentar importante na época. Eu acho que o Camata abriu muitas portas na campanha pra mim. Uma campanha dessas com muito comício, muito apoio popular, acabava só falando nos comícios quem tinha algum tipo de articulação maior dentro do partido [...] No comício final do Camata eu falei em um horário extraordinário e o Camata me botou para falar e como nós tínhamos os nossos amigos na imprensa ainda colocaram a minha frase e saiu na capa da Gazeta no dia seguinte [...] na Tribuna, em um dos jornais [...] porque havia muita torcida para que este projeto de atividade política fosse para frente (Informação verbal).

Dentre as prerrogativas que impulsionaram Gerson Camata ao cargo máximo do executivo estadual podemos citar duas em especial. O futuro governador transitava por diversos segmentos como a classe empresarial e possuía um forte apelo junto aos cafeicultores, adquirido por meio da sua atuação parlamentar, voltada para esta categoria. Outro aspecto inegável era a sua boa imagem que angariou significativa parcela do eleitorado feminino, acrescida do carisma e oratória oriundas do seu oficio de radialista.

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O Espírito Santo apresentava 963.016 eleitores em 1982. Compareceram às urnas 825.934 eleitores, o que significou 16,59% de abstenções (Informações coletadas no Arquivo da Secretaria Judiciária do Tribunal Regional Eleitorial, com sede em Vitória, ES).

Figura 7. “Camata e José Inácio na euforia da vitória e renovação” Fonte: A CONQUISTA..., 1982, p. 5

Já a eleição de Paulo Hartung para a Assembléia Legislativa contou com o auxilio da gráfica criada pelos ex-estudantes como forma de sobrevivência. Hartung, Neivaldo Bragato, Robson Leite e Eduardo Pignaton eram os proprietários da Renograf (Renovação Gráfica e Editora Ltda.) onde eram rodados os jornais e panfletos da campanha do PMDB. Segundo Hartung (2007) havia certo conflito entre a necessidade dos proprietários em seu âmbito privado e a utilização da mesma para fins políticos do partido.

A gráfica se desfez assim que Paulo Hartung se elegeu deputado por considerar incompatível com a sua nova opção profissional, uma vez que a empresa já participava de concorrências de empresas públicas. Além do material impresso na gráfica, os participantes da Comissão de Mobilização Popular contaram apenas com a militância, conforme nos relata Tose (2006).

A campanha do Paulo que a gente fez em 82, foi feita no muque. Em uma noite a gente saiu ali da pracinha de Maruípe, com cartazes, cola, e fomos colando os cartazes o mais alto possível, para ninguém tirar. Fomos parar lá na rodoviária. A gente acreditava muito nisso (Informação verbal).

Os demais candidatos da “chapa do partidão” obtiveram a seguinte votação: Mirtes Bevilacqua com 46.604 votos; Paulo Hartung com 19.486 - o mais jovem deputado eleito, com apenas 25 anos de idade; Stan Stein foi o vereador mais bem votado em

Vitória, com 3.919. Stein (2006) explica a importância dos votos do movimento estudantil no excepcional resultado nas urnas:

A primeira eleição teve a participação brutal dos estudantes. Com exceção dos estudantes do interior, que não tinham título em Vitória, que não votaram em nós, até o dia deles irem para lá votar, fizeram campanha para nós. Por que então você vai ter essa penetração? Quase 4% dos votos [...] Acho que entre quase 400 candidatos. Muito expressiva essa votação, mas por quê? Não era eu em mim mesmo. Era eu trazendo toda uma história do passado recente da Universidade. Eu era aguerrido, eu era ativo, eu argumentava, eu circulava, me fazia presente, as pessoas me viam, eu tinha uma certa presença na imprensa. Houve uma visibilidade muito grande, e os estudantes que não eram eleitores nos nossos municípios fizeram campanha. Foi uma campanha muito barata. O que eu gastei nela? A indenização do Fundo de Garantia, de seis ou sete anos atrás (Informação verbal).

Felício Correa, também candidato da “chapa do partidão” obteve a melhor votação no estado para vereador, sendo eleito com 4.879 em Vila Velha.34 Outro candidato apoiado pelo grupo do PCB, apesar de não fazer parte da chapa, foi Vasco Alves, eleito com 22.800 votos, concorrendo ao cargo de prefeito municipal. Alves concorreu com Francisco Mauro, pertencente ao clã Mauro, tradicional daquela cidade.

Um dos municípios que contribuíram para o bom desempenho da “Chapa do Partidão” do PMDB foi a Serra, devido ao trabalho de base desenvolvido pelo núcleo do movimento estudantil e comunista, já citado anteriormente. Apesar de não apresentar nenhum candidato à chapa, os membros do PCB tinham preferência pelo vereador Getunildo Pimentel, mas o candidato escolhido pelo PMDB na convenção municipal foi João Baptista Motta, que acabou sendo apoiado pelo o grupo e venceu o pleito como prefeito da Serra. Colnago (2008)35 dá uma noção36 de grandeza da participação dos quatro municípios:

Enfim, demos a Paulo, esse movimento na Serra, do Partidão deu a Paulo 4 mil votos ou 3.900, muito voto pro Paulo, ele foi bem votado em Vitória, em Vila Velha, que era natural porque o movimento tinha mais a ver mesmo... A Serra era operário [...] muita gente daqui, de Vila Velha.e da terra (de Paulo Hartung) e Moulin. [...] Esses quatro municípios devem ter dado ao Paulo,

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Informações coletadas no Arquivo da Secretaria Judiciária do Tribunal Regional Eleitorial, com sede em Vitória, ES.

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Colnago, 2008. Entrevista concedida em 20 de maio de 2006, em Vitória, à Margô Devos Martin, por Sebastião Barbosa. Doravante as citações Colnago (2006) é referente à esta entrevista. 36

A Secretária Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral, departamento responsável pelos arquivos das eleições anteriores a 1994, ano em que os arquivos passaram a ser digitalizados, não mais possui todos os dados sobre as eleições de 19982. Portanto, não existem registros da quantidade real por município atingida por Paulo Hartung na sua primeira vitória.

com a votação que teve, 80% dos votos. Tipo assim, 4 mil aqui, 3.900 mil ali , 4.200 ali .... (Informação verbal).

O apoio de Luiz Moulin durante a campanha, principalmente a de Gerson Camata, contribuiu para o resultado excepcional na região, uma vez que Hartung concorreu com lideranças locais. Segundo Hartung “Camata virou no interior uma doença naquela eleição” (HARTUNG, 2007).

O candidato ao Senado mais bem votado foi o empresário Camilo Cola do PDS com 198.385 em uma campanha de alto custo. Porém Cola não viria a assumir a sua vaga por uma questão de legenda. Já a eleição do José Ignácio, com 186.27537, votos para o Senado foi uma das mais profissionais até então, a coordenação contava com organização geográfica, formação de comitês, distribuição de materiais e grande arrecadação de verba.

Perante uma desigual concorrência, Berredo de Menezes, com 164.807 votos38, foi o único candidato da “chapa do partidão” que não obteve a vitória. Com uma imagem vinculada ao comunismo, Berredo não teve aceitação das elites capixabas, que preferiram votar em Ignácio. Posteriormente, ao assumir o Governo, Camata viria a indicar Berredo à prefeitura da capital.

No âmbito Nacional as primeiras eleições desde 1965, nas quais o eleitorado pôde votar diretamente para o governo, deu à oposição o controle dos principais estados da Federação: Franco Motoro em São Paulo, Tancredo Neves em Minas Gerais e Leonel Brizola no Rio de Janeiro. A oposição elegeu 10 dos 22 governadores mantendo ainda o caráter bipartidário, principal característica das eleições de 1979 (LAMOUNIER, 2005, p. 174).

O Senado obteve uma renovação de 36% de suas cadeiras e a Câmara de 55%. A bancada do PDS somou 235 deputados e a dos partidos de oposição 244, sendo 200 do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, 23 do Partido Democrático Trabalhista – PDT, 13 do Partido dos Trabalhadores Brasileiro – PTB e 8 do PT (MAINWARING, 2001, p. 131).

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Informações coletadas no Arquivo do Secretariado do Tribunal Regional Eleitorial, com sede em Vitória, ES.

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Informações coletadas no Arquivo do Secretariado do Tribunal Regional Eleitorial, com sede em Vitória, ES.

Segundo o candidato derrotado ao Governo do Estado, Carlito Von Schilgen, em entrevista à imprensa, mais do que uma vitória do PMDB, foi uma derrota do PDS “o que funcionou em favor da oposição foi o anti-poder, como a inflação e o custo de vida” (A DERROTA..., 1982, p. 6). O caráter plebiscitário ainda persistia, mesmo com a reforma partidária de 1979, porém em um contexto de profunda recessão e de desemprego.

Ainda na Revista ES Agora, as eleições capixabas foram definidas como um “[...] pleito sem surpresas em termos de inovação[...].” O baixo rendimento do PT e PDT era reflexo das dificuldades encontradas pelos novos partidos ainda em fase de edificação de suas bases.

Não poderiam ser menos estimulantes as chances dos chamados partidos ‘à esquerda do PMDB’, o PT e o PDT. Entrincheirados durante toda a campanha em áreas sociais mais carentes, em aglomerados, filas de INPS, portas de fábricas, regiões de invasão, com eleitores teoricamente mais inclinados aos candidatos que pregavam à exaustão a igualdade de seus padrões de vida, os petistas e pedetistas não tiveram como esconder a decepção quando foram colher nas urnas os frutos de um trabalho certamente exaustivo, sobretudo pela carência de recursos. Para o PT, que nas prévias mostrava uma tendência de obter 50 mil votos, receberam apenas 10 mil votos (PT..., 1982, p. 8).

Mesmo tendo o pleito de 1982 transcorrido em um ambiente onde prevaleciam as condições para a consolidação de um regime democrático, pairavam sobre a sociedade a inquietação e o temor de um retrocesso político, decorrente de duas décadas de regime autoritário.

No caso brasileiro, até o último momento do regime autoritário, todos os passos foram estrategicamente controlados pelos detentores do poder no sentido de garantir suas prerrogativas. Neste padrão, a decisão de restituir o poder definitivamente deu lugar à liberalização gradual, movida pela percepção das forças hegemônicas de que a obtenção de seus interesses em longo prazo seriam alcançados em um contexto no qual as instituições autoritárias dariam espaço às democráticas.

Apesar deste caráter restritivo, o encerramento do ciclo da transição foi se consolidando lentamente ao longo da década de 1980 e as eleições ocorridas neste período formam momentos demarcadores da transição para a democracia.

Antes mesmo de assumir o Governo, Gerson Camata enviou uma carta de retratação ao Presidente Figueiredo pelas ofensas proferidas no discurso de Afonso Cláudio. O deputado recém eleito, Paulo Hartung, indagado pela imprensa sobre as motivações de Camata, responde “Não sei de nada. Também fui pego de surpresa”.39

Após as eleições de 1982, muitos dos ex-estudantes assumiram os primeiros cargos públicos e tal fator se configura como determinante na ascensão do grupo ao poder. Uns se integraram ao mandato de Paulo Hartung como Robson Leite Nascimento. Neivaldo Bragato assumiu a diretoria do Diário Oficial do Governo Camata, Lauro Ferreira Pinto e Lelo Coimbra assumiram a subsecretaria de Saúde de forma subseqüente, ainda naquela administração. César Colnago tornou-se assessor da mesa diretora da Câmara Municipal da Serra e boa parte dos militantes de Vila Velha incorporaram-se a administração de Vasco Alves

Já na capital do Estado, o prefeito indicado pelo Governador, Berredo de Menezes atrai para seus quadros o núcleo do PCB liderado por Renato Soares, opositor dos militantes do movimento estudantil.

Houve um problema, porque Berredo resolveu trazer para perto dele um cara chamado Renato Soares, que era uma dissidência dentro do Partidão, desse grupo, e isso criou todo um constrangimento, muita gente se afastou. Renato cooptou algumas pessoas e levou para trabalhar com ele. Aí chega aqui em Vitória um casal, ela chamada Dionary e ele chamado Jairo Régis, que de certa forma, formulam com Renato o governo de Berredo, junto com Edivacir Martins, que vira seu secretário de cultura... (NASCIMENTO, 2006)

Mesmo os militantes do grupo que optaram por seguir suas carreiras profissionais continuaram participando ativamente das decisões do grupo e afastando-se definitivamente do Partido Comunista.

Uns se integraram no mandato de Stan, uns se integraram no mandato do Paulo, e a maioria foi viver sua vida profissional. Foi nessa época que o Anselmo foi ser médico, o Laurinho foi ser médico, ele já era de se dedicar mais, o Fernando Herkenhoff foi fazer mestrado na Universidade, Ernesto passou em um concurso na Petrobrás e foi para São Mateus. O que aglutinava esse grupo era o mandato do Paulo. O Paulo fazia reuniões

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Revista Agora, janeiro de 1983 nº 76 AS PRESSÕES sobre camata. Revista Espírito Santo Agora, Vitória, n. 76, p. 5. jan. 1983.

periódicas com esse grupo, e foi quando começamos a ver que as coisas do Partidão já não eram o que a gente imaginava, começou a surgir uma série de coisas. Começa a ter um período onde a gente passa a ver que o caminho do partido como estrutura de poder, é muito difícil, porque ele tem vícios muito fortes, as pessoas que estavam nele no Brasil inteiro vieram com muitos vícios da época da ditadura... ... (NASCIMENTO, 2006)

A passagem de lideranças da sociedade civil para posições de responsabilidade política é marcante a partir do ano de 1983, em cargos da esfera municipal e posteriormente estadual. Na maior parte das vezes as trajetórias se legitimaram por meio da mediação institucional dos partidos conquistada em vitórias eleitorais. Militantes de partidos democráticos e ligados a interesses setoriais diversos, como os representantes do grupo objeto do estudo, gravitavam entre as atividades dos partidos e de seus grupos de origem de forma ambígua e sobrepondo umas às outras, tornando difícil precisar as fronteiras de ambas.

No entanto, com o restabelecimento da democracia eleitoral, as distinções entre as duas esferas se estabelecem com maior clareza com a separação funcional e institucional da administração estatal da atividade partidária e a esfera da sociedade civil. Desta forma, puderam-se notar numerosas passagens da sociedade civil para o Estado, por meio dos partidos políticos ou pela passagem direta à administração estatal. Muitos foram recrutados de modo individual por considerações de confiança partidária, capacitação profissional e pertencimento ou proximidade de redes familiares e de amizade vinculadas ao poder político (DAGNINO; OLVEDRA; PANFICHI, 2006).

A partir desta transferência, a militância ou participação em múltiplas esferas diminui e os ativistas passaram a definir seus papéis. Parte dos atores investiu em uma especialização na política e situaram-se em cargos do Estado. Outra parcela permaneceu ou retornou à sociedade civil por meio de “[...] associações sindicais debilitadas pela liberalização das condições trabalhistas, movimentos sociais desestruturados e ONGs dependentes das consultorias e dos financiamentos do Estado” (DAGNINO; OLVEDRA; PANFICHI, 2006, p. 73).

O vereador mais bem votado de Vitória, Stan Stein se tornou o líder da bancada do PMDB na Câmara. No exercício do poder institucionalizado, as diferenças nas negociações entram em conflito com sua origem do movimento estudantil.

O PCB, enquanto estrutura que dava suporte ao processo de discussão não conseguiu se fazer presente na minha vida pública para essas discussões. Quando vem a discussão da atuação na clandestinidade, na legalidade, que vai culminar com a Constituição de 1988, com a liberdade de organização partidária, não tendo mais proscrição aos partidos chamados marxistas, socialistas, há um fenômeno que precisa ser analisado, que na prática, tudo aquilo que funcionava na Universidade deixa de ser. Um dos fatores poderá ser este: a Universidade enquanto vida acadêmica traz estudantes de vários lugares, e quando acaba a vida acadêmica, isso pulveriza e eu não consigo ter mais na reunião com aquele cara que era de Ibiraçu, de Linhares, de Colatina, Cachoeiro... Há uma tendência quantitativa de esvaziamento em função disso. A gente não conseguiu substituir aquele que participava no campus universitário por outro que era daqui, da vida da cidade. Não conseguindo fazer isso, eu perco em suporte político de discussão, mesmo tendo sido o mais votado de todos os candidatos (STEIN, 2006, informação verbal).

Além do distanciamento de suas bases STEIN enfrenta outro problema, o embate com o Prefeito Berredo, mesmo na sua condição de líder do partido. Uma das questões polêmicas foi a criação do projeto de lei que daria soberania total ao Governador enquanto o Plano Diretor Urbano não estivesse concluído.

Até porque já em outubro de 1983, estávamos em rota de colisão Berredo e eu. Porque nesse período estava sendo encaminhado à Câmara Municipal o projeto de lei do primeiro Plano Diretor Urbano da cidade de Vitória. Uma coisa que foi resultado de muitos anos de estudos do Instituto Jones dos Santos Neves, em três volumes de todos os levantamentos, análises das questões históricas, geológicas para justificar as propostas que viriam no próximo volume, num projeto de lei. Como líder da bancada e responsável por dois terços da Câmara, dos meus colegas, a gente fez uma reunião para decidir como fazer uma discussão do Plano Diretor Urbano de modo que se prevenisse a destruição daqueles prédios de valor histórico do Estado que estavam incluídos na lista de tombamento, na medida em que a gente imaginava que o Plano Diretor Urbano deveria ser discutido pelos vereadores, que não deveria ser somente aprovado e ninguém incorporar na sua consciência o que significava aquilo.

Então Beth Osório, uma colega de partido, dividiu muito comigo essas discussões, na época também tinha uma vereadora, Ertha Ribeiro de Assis, que tinha sido minha professora no Colégio Americano, e a gente tentou dividir com ela essa discussão, e dessa discussão dentro da bancada do PMDB nós chegamos á conclusão de que se deveria fazer um projetinho de lei temporário que teria vigência até entrar em vigor o Plano Diretor Urbano e naquela votação haveria soberania total do governador dizer se tomba ou não tomba aquele patrimônio.(STEIN 2006 )

Já no município de Vila Velha, o movimento popular iniciado com a criação do Conselho Comunitário da cidade foi fundamental para o desenvolvimento da administração de Vasco Alves por meio do Orçamento Participativo. Segundo

PIGNATON40 era a primeira vez no Brasil em que havia realmente participação democrática na administração, criada pelo PCB. O governo de participação popular tinha o desafio de competir com as comunidades eclesiais de base, lideradas pelo PT que exercia grande concorrência com este grupo:

Nós não pegamos isso de lugar nenhum, não existia! A gente ia para o bairro. Como o PT era muito mais forte dentro dos sindicatos e dos bairros, por causa das comunidades eclesiais de base, a gente precisava criar um discurso diferente. Nós éramos democratas, precisávamos achar um viés popular, os outros eram muito populistas [...] Nós desenvolvemos a teoria dos movimentos comunitários, da participação na administração da prefeitura. O PT ficou contra isso, falando que isso era um discurso da burguesia para controlar os trabalhadores.

O deputado Paulo Hartung iniciou seu mandato na comissão de finanças, orçamento e tomada de preços, desenvolveu um trabalho em torno da defesa de reivindicações de movimentos sociais e de setores organizados da comunidade. Reivindicou melhores condições salariais para os funcionários públicos. Buscou desenvolver projetos voltados para o seu segmento de origem: os estudantes. É de sua autoria o projeto de lei que concederia meia passagem aos estudantes nos ônibus intermunicipais e, que, apesar de ser aprovado pela Assembléia Legislativa, acabou sendo vetado pelo Governo. Deu início a busca de benefícios aos idosos, tentando emplacar a lei que concederia passe livre a este segmento.