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Capítulo 7. Desenvolvimento ao “sabor” do turismo? O caso Serra da Estrela

7.1 Breve caracterização das entidades consultadas

7.1.2 Entidades Inquiridas

De acordo com os critérios expostos no capítulo 5, foram seleccionadas para a realização do inquérito por questionário, um total de 121 entidades: 25 unidades hoteleiras, 44 unidades de turismo em espaço rural, 39 restaurantes e 13 lojas de produtos regionais. Seguidos os procedimentos metodológicos expostos naquele capítulo, as taxas de resposta para cada tipo de entidade foram as seguintes:

ƒ Unidades hoteleiras: das 25 entidades seleccionadas, durante os contactos telefónicos estabelecidos, percebemos, que, apesar da informação existente no site da RTSE, 1 delas não possuía serviço de restaurante, baixando para 24 o universo de estabelecimentos hoteleiros a inquirir. Destes, foram recebidas um total de 19 respostas. No entanto, após a análise das mesmas, constatámos que uma delas também não poderia ser considerada já que o estabelecimento hoteleiro respectivo não possuía igualmente serviço de restaurante. Assim, considerámos válido um universo de 23 unidades hoteleiras e obtivemos 18 respostas, o que equivale a uma taxa de resposta de 78,26%.

ƒ Unidades de Turismo em Espaço Rural: das 44 unidades seleccionadas, aquando os contactos telefónicos prévios, uma delas informou não servir pequenos-almoços, logo ao abrigo dos critérios que havíamos definido, eliminámos esta unidade do nosso universo. Relativamente a outra das unidades, posteriormente constatámos estar integrada num aparthotel da região, englobando a

resposta que recebemos de tal estabelecimento a unidade TER, por esse motivo, entendemos retirar este estabelecimento do universo de análise dos TER. Assim, do total de 42 unidades seleccionadas, recebemos 31 respostas válidas, ou seja, uma taxa de resposta de 73,81%.

ƒ Restaurantes: dos 39 restaurantes que seleccionámos, não conseguimos contacto telefónico prévio com 2 deles, tendo procedido ainda assim ao envio por correio dos questionários. Mais tarde estes vieram devolvidos, pelo que retirámos estes 2 estabelecimentos do universo da nossa análise. Assim, de um total de 37 restaurantes, recebemos 23 respostas, logo, uma taxa de resposta de 62,16%.

ƒ Lojas de produtos regionais: dos 13 estabelecimentos seleccionados, recebemos um total de 7 respostas, ou seja, uma taxa de resposta de 53,85%.

Assim, no nosso inquérito por questionário obtivemos uma taxa de resposta global de 68,7%, valor que considerámos bastante satisfatório, tendo em conta que, na maior parte dos casos a resposta aos questionários não foi assistida, tendo procedido à sua expedição por via postal, o que frequentemente resulta em taxas de resposta na casa dos 10%.

Nas figuras 7 e 8, é possível observar a distribuição das respostas obtidas, respectivamente, por tipologia e categoria de estabelecimento.

Figura 7 – Tipologia de estabelecimentos

Em termos de distribuição de respostas por concelho, consideramos ter existido uma razoável dispersão. Apenas do concelho do Pinhel não recebemos nenhuma resposta, no entanto, neste concelho não existiam unidades de alojamento divulgadas pela RTSE e no nosso universo de análise apenas havíamos aqui seleccionado um restaurante. Em mais de metade dos concelhos obtivemos respostas relativamente a unidades de alojamento e restauração. Apenas no concelho da Covilhã consideramos ter existido um baixo número de respostas face ao número de entidades seleccionadas, para os restantes concelhos, a distribuição parece-nos apropriada, sendo os concelhos com mais respostas, Seia e Guarda, respectivamente com 19% e 16,5%, aqueles onde havíamos seleccionado um maior número de entidades. Seia e Gouveia concentram a maior percentagem de respostas de unidades TER (48,4%), o concelho da Guarda concentra o maior número de respostas de restaurantes (30,4%) e Seia concentra o maior número de respostas de lojas (42,9%), valores que nos parecem adequados à oferta. Relativamente aos estabelecimentos hoteleiros, a distribuição é bastante uniforme.

Contagem Estabelecimento

Concelho

Hotelaria TER Restauração Lojas Total

Almeida 1 1 0 0 2 Belmonte 2 1 2 0 5 Celorico da Beira 2 3 1 0 6 Covilhã 3 0 2 1 6 Fornos de Algodres 0 2 0 0 2 Gouveia 1 7 3 1 12 Guarda 2 3 7 1 13 Manteigas 1 2 1 0 4 Oliveira do Hospital 3 4 1 1 9 Penamacor 0 0 1 0 1 Seia 2 8 2 3 15 Trancoso 1 0 3 0 4 Total 18 31 23 7 79

Tabela 6 – Distribuição das respostas por concelho e tipo de estabelecimento

Para termos uma noção da dimensão dos inquiridos, caracterizámo-los da seguinte forma: as unidades de alojamento quanto ao número de quartos; os estabelecimentos de restauração, quanto ao número de lugares sentados; e as lojas turísticas quanto à área em m2.

Relativamente às unidades de alojamento, no ANEXO VI, quadro 12, é possível observar que mais de metade das respostas se referiam a estabelecimentos com 10 ou menos quartos, tal é justificado pela maior representatividade das unidades TER no nosso universo de análise.

No quadro 13 do ANEXO VI, é possível analisar a dimensão dos estabelecimentos de restauração. No total dos inquiridos, o número médio de lugares sentados era em torno de 104, concentrando- se a maior parte das respostas no intervalo de 70 a 100 lugares (com 43,47% das respostas). No mesmo anexo, mas no quadro 14, descriminamos a área das lojas inquiridas. A dimensão média da loja nas respostas válidas era de 39,8m2.

Para os estabelecimentos de alojamento, no questionário era ainda pedido aos inquiridos que informassem a taxa de ocupação – quarto relativa ao último exercício (2007), na tabela 7 é possível observar a distribuição das respostas.

Contagem Estabelecimento Taxa de ocupação – quarto

Hotelaria TER Total

0 – 5% 0 5 5 11 – 20% 0 7 7 21 – 30% 3 3 6 31 – 40% 7 3 10 41 – 50% 5 2 7 51 – 60% 1 1 2 61 – 70% 0 1 1 71 – 80% 1 3 4 não respondeu 1 6 7 Total 18 31 49

Tabela 7 – Caracterização das unidades de alojamento quanto à taxa de ocupação – quarto

A taxa média de ocupação no total das respostas válidas foi de 35,6%. É de salientar que as respostas relativas às taxas de ocupação mais baixas (até 5%) e mais altas (superiores a 80%) serem concentradas nos estabelecimentos de turismo rural. Para tal poderão contribuir dois factores, por um lado, uma menor capacidade comercial, como explicação para as taxas mais baixas, por outro lado, uma menor dimensão para justificação das taxas mais altas. Em média, as taxas médias de ocupação – quarto eram superiores nos estabelecimentos hoteleiros, com 41,08%, contra 31,93% nas unidades TER. Relativamente às taxas de ocupação para os estabelecimentos hoteleiros, consideramos tais resultados em linha com as taxas de ocupação – cama138 apresentadas para a região, ou seja, taxas de ocupação bastante baixas. O mesmo se poderá dizer relativamente às unidades TER, quando comparadas com os dados nacionais referidos no capítulo 3139. Através do cálculo do teste Qui-quadrado, não foi possível retirar conclusões quanto à existência de diferenças significativas na distribuição das variáveis, já que não se encontravam cumpridas as condições para a sua aplicabilidade140.

Interessa ainda atender a uma das variáveis mais importantes para avaliar o potencial de utilização de PAR locais. Referimo-nos ao número de clientes atendidos nas lojas e ao número de almoços ou jantares servidos em cada estabelecimento hoteleiro ou de restauração.

Para o número de clientes atendidos nas lojas de produtos regionais no último ano, o número de respostas era reduzido (apenas 4) e com uma grande diversidade, oscilando entre os 50 e os 100.000 clientes atendidos. Resultados que associamos à natureza bem diferente das lojas analisadas.

Na tabela 8 é possível observar a distribuição do número de almoços ou jantares, também relativamente ao último ano. A partir das respostas válidas apuradas, foi possível calcular um número médio de refeições de 12.233. A maior parte das respostas encontrava-se no intervalo entre 5.001 e 20.000 almoços ou jantares, com 50% dos estabelecimentos. Nas unidades TER, 28 não serviam almoços ou jantares e, os que responderam à questão, serviam um número reduzido

138 Recordamos que no ano de 2006, as taxas de ocupação – cama líquida, nos concelhos analisados, oscilavam entre os

23,4% e os 33,6%, sendo, por definição, normal que as taxas de ocupação – cama sejam inferiores às taxas de ocupação – quarto.

139 Em 2007, relativamente a dados nacionais, a taxa média de ocupação – cama era de 17,8%.

140 As condições de aplicabilidade do teste de Qui-quadrado obrigam a que nenhuma célula da tabela apresente uma

frequência esperada inferior a 1 e não mais do que 20% das células tenham uma frequência esperada inferior a 5 unidades. No nosso caso a contagem mínima era de 0,37 e 94,4% das células tinham uma contagem esperada inferior a 5.

de refeições. O escalão que agrupava um maior número de refeições, 69,2% referia-se a estabelecimentos hoteleiros. Através do cálculo do teste Qui-quadrado, não foi possível retirar conclusões quanto à existência de diferenças estatisticamente significativas na distribuição das variáveis, já que não se encontravam cumpridas as condições para a sua aplicabilidade141.

Contagem

Estabelecimento

Número de almoços ou jantares Hotelaria TER Restauração Total

<100 0 1 0 1 101 – 1000 2 1 0 3 1001 – 5000 3 0 3 6 5001 – 10000 4 0 5 9 10001 – 20000 2 0 4 6 > 20000 4 0 1 5 não aplicável 0 28 0 28 não respondeu 3 1 9 13 resposta anulada 0 0 1 1 Total 18 31 23 72

Tabela 8 – Caracterização das unidades de alojamento quanto ao número de almoços ou jantares servidos no último ano

Para terminar esta breve caracterização dos inquiridos, atendemos ainda às variáveis mais importantes na valorização do potencial de utilização de PAR no universo analisado: o preço médio de venda nas lojas regionais e o preço médio por almoço ou jantar servido nos estabelecimentos de alojamento e restauração.

Contagem

Estabelecimento

Preço médio de almoço ou jantar Hotelaria TER Restauração Total

5€ - 10€ 3 1 5 9 11€ - 15€ 6 1 11 18 16€ - 20€ 6 0 5 11 21€ - 25€ 1 0 1 2 > 25€ 2 0 1 3 Total 18 2 23 43

Tabela 9 – Caracterização das unidades de alojamento quanto ao preço médio por almoço ou jantar

Os preços médios por refeição encontram-se discriminados na tabela 9. A média do preço médio por refeição, no total das respostas válidas, era de 15,7€. Concentrando-se 62,8% das respostas em preços médios até 15€, portanto, valores relativamente baixos. Através do cálculo do teste Qui-quadrado, não foi possível retirar conclusões quanto à existência de diferenças

141 100% das células apresentavam uma contagem mínima esperada inferior a 5 e a contagem mínima esperada era de

estatisticamente significativas na distribuição das variáveis, já que não se encontravam cumpridas as condições para a sua aplicabilidade142.

No que se refere às lojas, o número de respostas foi muito reduzido (apenas 3) não nos possibilitando conclusões. Os preços médios oscilavam entre os 6€ e os 15€.

7.2 O desenvolvimento rural e o turismo: a visão das entidades