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3.2.2.1 Entrevista com técnicos superiores das ACA As entrevistas foram realizadas aos técnicos superiores das ACA que operam em Trás-os-

Montes. Um dos primeiros obstáculos a vencer foi o de encontrar, ou elaborar uma

36 Poder-se-á sempre argumentar que a nossa presença, por mais “transparente” que seja, influencia sempre

o investigando. Não questionamos tal facto, mas temos por certo que interpretação a solo das nossas questões induziria muitos mais desvios, naturalmente devidos a “deficiência” do inquérito.

37 É claro que isto nos impede de aprofundar aspectos interessantes do ponto de vista da temática do nosso

estudo, mas que, no instante em que tivemos de decidir, nos pareceu mais correcto não interferir. Em investigação posterior há tempo e espaço para clarificar essas situações.

listagem das ACA. A base de partida foi o Registo Nacional de Pessoas Colectivas (RNPC), sobre o qual, no entanto, tínhamos dúvidas acerca da actualidade. Para obstar a isto, “retocámos” esta base com informação proveniente do Anuário Hortícola e do Anuário Pecuário, uma listagem fornecida pela DRATM e, ainda, informação anterior de que dispúnhamos. Identificámos cerca de centena e meia de ACA, distribuídas pelos diferentes tipos, como se pode observar no quadro 3.1.

Quadro 3.1 – Quadro resumo da inquirição às ACA em TMAD ACA

Identi- ficadas

ACA que foi confirmada a sua

actividade

ACA estudadas* (directa/telefone)

ACA que têm pelo menos um técnico superior ACA em que um técnico superior foi estudado ** Tipo de ACA Na Nb % (Nb/Na) Nc % (Nc/Nb) Nd % (Nd/Nb) Ne % (Ne/Nd) Associações 44 38 86 37 97 33 87 16 50 Associações Florestais 9 8 89 8 100 7 88 3 43 Centros de Gestão 30 21 70 20 95 21 100 11 52 Cooperativas 32 27 84 19 70 20 74 10 50 Adegas Cooperativas 24 23 96 15 65 14 61 8 57 Cooperativas Olivícolas 8 6 63 5 83 1 17 1 100 Total 147 123 84 104 85 96 78 49 51

* Aplicação de questionário (Q2); ** Entrevista com aplicação de questionário (Q1)

Esta listagem foi introduzida numa base de dados (Excel) contendo: o nome da ACA, contactos, concelho da sede, número de técnicos superiores e, finalmente, uma coluna com números gerados aleatoriamente. De seguida, reordenámos a base de acordo com esta última coluna, obtendo a ordem de realização das entrevistas. Via telefone indagámos a permanência, ou não, da actividade da ACA (confirmadas) e também sobre a existência nos seus quadros de técnicos superiores agrários (terceira e primeira coluna cinzenta do quadro 3.1, respectivamente). As que não conseguíamos contactar, ou não possuíam um técnico superior agrário permanente ao seu serviço, eram assinaladas e seguíamos para a seguinte. As menores taxas de confirmação obtiveram-se para os centros de gestão (70%), cooperativas do sector olivícola (63%); no caso dos centros é de esperar que estejam de facto inactivos pois o seu funcionamento é contínuo ao longo do ano; já no caso das cooperativas olivícolas as duas que não conseguimos contactar provavelmente existem mas, porque só se encontram activas por altura da campanha do azeite, ficam “incontactáveis” na maior parte do tempo.

Com este número de ACA confirmadas e de ACA com técnico superior, e atendendo às disponibilidades de tempo e de recursos, estabelecemos como meta: (1) a realização de cerca de meia centena de entrevistas a técnicos superiores das ACA nas quais aplicámos o questionário Q1 e o questionário Q2, o que corresponde, em média, a cerca de 40% das ACA confirmadas que possuem técnico superior; (2) a aplicação do questionário Q2 (relativamente curto e simples) a todas as ACA confirmadas, predominantemente por via telefónica, sendo a taxa de realização desta tarefa de 85%. As ACA mais difíceis de estudar (Q2) foram as cooperativas e adegas cooperativas, o que está relacionado com o facto de algumas não terem técnicos superiores, os quais, além de “garantirem” alguma facilidade de contacto com a ACA, facilitavam também a realização do estudo

A selecção das organizações obedeceu ainda a dois critérios: o tipo de organização38, como exposto no quadro precedente; e, a sua distribuição por todo o Trás-os-Montes. Estes critérios aplicaram-se apenas relativamente a Q1 e só foram accionados quando e se o andamento das entrevistas, ditado aleatoriamente, estivesse a dar lugar a grandes desequilíbrios; o que se viria a verificar com os centros de gestão, em relações aos quais tivemos grande facilidade em conseguir a entrevista. Relativamente a Q2, o objectivo foi o de estudar o máximo possível de ACA.

As entrevistas decorreram em local e data combinada aquando do primeiro contacto por telefone; aos entrevistados foi assegurada a confidencialidade da informação e perguntado se seria conveniente, ou necessário, solicitar autorização prévia à direcção da ACA, e assim se procedeu nos poucos casos em que foi necessário. No início esclareceremos que, no fundo, o nosso objectivo era estudar o associativismo e cooperativismo agrário a partir “de dentro”, isto é, “através dos olhos dos técnicos”, sendo por isso fundamental que se expressassem por referência à sua vivência profissional e à ACA respectiva, a menos que lhes pedíssemos uma opinião geral.

A construção do questionário A construção do questionário foi demorada e passou por duas fases, reflectindo uma alteração da estratégia de investigação. Inicialmente tínhamos pensado cingir o questionário a uma simples sequência de questões fechadas que permitissem a caracterização das ACA (história e recursos) e dos técnicos (percurso académico/profissional, quotidiano profissional na ACA e posição fase ao associativismo e cooperativismo). Testamos este modelo com dois técnicos superiores, em resultado do qual introduzimos alterações de semântica, de modo a tornar as questões mais simples, mais curtas e mais directas.

Após esta fase considerámos que seria proveitoso abordar em maior detalhe os aspectos relativos à construção da identidade profissional do técnico, incluindo, questões relativas aos episódios biográficos com interesse para a construção da identidade profissional do técnico. Em conformidade, reconstruímos o questionário (Q1), procurando atender as sugestões e desviando para outro questionário (Q2) as questões relativas à caracterização da ACA. Este desvio foi necessário para encurtar o questionário Q1 que, na sua nova versão, ficou francamente longo. Em síntese, temos então dois questionários (ver Anexo 1), um denominado inquérito aos técnicos superiores das ACA (Q1) e outro denominado inquérito às ACA (Q2).

3.2.2.2 - Acompanhamento do quotidiano profissional dos técnicos das ACA

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