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4.1 ABORDAGEM

4.2.1 T ÉCNICAS DE PESQUISA

4.2.1.2 Entrevistas semiestruturadas

A entrevista semiestruturada, também chamada de semipadronizada por Flick (2009b), por sua vez, é uma técnica de geração de dados, pois o/a pesquisador/a produz os dados em campo. Ela também proporciona maior flexibilidade ao/à pesquisador/a, visto que não há uma sequência rígida das perguntas, além de permitir que sejam feitas outras perguntas que não foram planejadas previamente. Todas as perguntas são abertas. Aproprio-me do que Flick (2009b) expõe sobre o planejamento das perguntas. O autor diz que é necessário que haja perguntas abertas, perguntas controladas e direcionadas para as hipóteses, e por último, questões confrontativas, num processo gradual, e assim o segui.

Nesta pesquisa, foram instituídos dois momentos de entrevistas com cada participante, ambos com roteiros semiestruturados. O primeiro momento foi inicial, nos primeiros dias de pesquisa de campo, em que os roteiros de entrevistas foram mais longos, divididos em duas partes: a primeira consistiu de perguntas pessoais de cunho identificatório, para maior compreensão do grupo de participantes; e a segunda, de perguntas abertas focalizadas nos objetivos da pesquisa: é nessa parte que seguirei os passos de Flick (2009b). Informo que a primeira parte da entrevista, com dados pessoais, também será divulgada, com a ressalva de serem substituídos, como mencionado anteriormente, os nomes dos/as participantes e do CSF por pseudônimos, a fim de preservar o anonimato garantido pelo TCLE. As respostas das perguntas das primeiras entrevistas foram usadas para a elaboração das perguntas dos diários de participantes (veja subseção seguinte). A seguir, trago o roteiro de entrevistas para profissionais de saúde e pacientes.47

Quadro 4: Primeiro roteiro de entrevista com profissionais de saúde 1ª Parte: Dados identificatórios

1. Qual o seu nome? 2. Quantos anos você tem? 3. De onde você é? 4. Onde você mora? 5. Qual a sua profissão?

6. Há quanto tempo você exerce sua profissão?

7. Há quanto tempo você trabalha neste Centro de Saúde?

47 Informo que parte destas perguntas são retiradas do macroprojeto citado. Alterações foram feitas para que atingissem os objetivos de investigação desta pesquisa.

2ª Parte: Perguntas relacionadas diretamente aos objetivos da pesquisa

1. Na sua experiência, como é o atendimento na Estratégia de Saúde da Família? 2. Como é sua relação com os/as pacientes?

3. Como considera que seja a sua comunicação com os/as pacientes? 4. Qual a regularidade de retorno dos/as pacientes?

5. Como você vê o vínculo terapêutico?

6. Na sua opinião, que fatores são precisos para que o vínculo terapêutico seja consolidado? 7. Na sua opinião, que fatores dificultam a consolidação do vínculo terapêutico?

8. Comente sobre a rotatividade de profissionais de saúde. 9. Como você vê o atendimento domiciliar?

10. O que acha da quantidade de pacientes que o Ministério da Saúde preconiza para atendimento? 11. Se dependesse de você, o que deveria ser mudado no atendimento?

12. Como é a sua relação com os/as demais profissionais de sua equipe de saúde? 13. Se dependesse de você, o que deveria ser mudado na Estratégia de Saúde da Família? Quadro 5: Primeiro roteiro de entrevista com pacientes

1ª Parte: Dados identificatórios 1. Qual o seu nome? 2. Qual a sua idade? 3. De onde você é? 4. Onde você mora?

5. Há quanto tempo você é cadastrado/a no SUS?

6. Há quanto tempo você se consulta neste Centro de Saúde? 2ª Parte: Perguntas relacionadas diretamente aos objetivos da pesquisa

1. Por que você veio ao posto hoje?

2. O que você acha do atendimento que você recebe aqui no posto? 3. Como é a sua relação com as pessoas que atendem no posto? 4. Para você, qual dos profissionais é mais fácil conversar? 5. Para você, qual deles é o mais difícil?

6. Como é o atendimento domiciliar/em casa? 7. Como você vê o atendimento domiciliar/em casa?

8. Como é a comunicação com as pessoas que atendem no posto?

9. Como você vê a rotatividade (a troca) de profissionais de saúde no posto? 10. Se dependesse de você, o que deveria ser mudado no atendimento? 11. Se dependesse de você, o que mudaria na Estratégia de Saúde da Família?

O segundo momento de entrevistas ocorreu após a aplicação e o recolhimento dos diários de participantes. As perguntas foram elaboradas com base nas respostas dos diários de

participantes e tiveram por objetivo validar os dados das primeiras entrevistas e dos diários, aprofundar informações pertinentes sobre o vínculo terapêutico e tirar dúvidas que tive em relação aos dados gerados nos diários. Apesar de serem apenas três perguntas para cada grupo de participantes, caracterizam-se como roteiros semiestruturados de entrevista, porém não nos moldes de Flick (2009b). Ressalto que, por serem semiestruturados, outras perguntas foram elaboradas durante as entrevistas, a depender do/a participante.48 A seguir, o segundo roteiro de entrevista para pacientes e profissionais de saúde.

Quadro 6: Segundo roteiro de entrevista com profissionais de saúde 1. Que orientações de saúde você costuma dar aos seus pacientes de modo geral? 2. Que outros assuntos costumam ser tópicos de conversa durante o atendimento? 3. Como você constrói o vínculo terapêutico com os/as pacientes?

Quadro 7: Segundo roteiro de entrevista com pacientes 1. No posto, com quem você conversa sobre sua saúde? Por quê?

2. Geralmente, que recomendações de saúde você recebe no atendimento?

3. Sobre que outros assuntos você conversa com o/a profissional de saúde que lhe atende?

Por fim, afirmamos que todas as entrevistas foram transcritas. A transcrição de entrevistas serve para dois fins. O primeiro está relacionado diretamente à qualidade e validade da pesquisa qualitativa, haja vista que a transcrição torna os dados mais transparentes, de forma que os/as leitores/as e os/as pesquisadores/as possam identificar que afirmações são de autoria do/as participante e quais são de autoria do/a pesquisador/a, transformando a documentação desenvolvida em reflexiva (FLICK, 2009a; ANGROSINO, 2009). O segundo liga-se com nosso tipo e campo de pesquisa, pois, enquanto analistas críticos/as de discurso, as análises feitas são majoritariamente linguísticas, necessitando assim da materialização do texto oral de entrevistas (ou outros tipos de técnicas) gravadas em áudio em texto oral transcrito. Desse modo, as convenções de transcrição adotadas são as mesmas de Magalhães (2000) e Sarangi (2010), apresentadas no quadro a seguir:

48 Um exemplo é o diário da ACS Camila, em que ela respondeu apenas “ótimo”, quando perguntada sobre seu dia de trabalho. Desse modo, aproveitei o momento oportuno da segunda entrevista para perguntar-lhe o que ela considera ótimo e porquê.

Quadro 8: Convenções de transcrição (MAGALHÃES, 2000; SARANGI, 2010)

Símbolo Correspondência

/ Interrupção no fluxo da fala

… Pausa na fala

[ ] Fala simultânea

Letra maiúscula Ênfase

Entre hifens Repetição ligeira

Número Turno de fala