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O envolvimento do profissional com a organização deve começar justamente na tomada de decisões, dando-lhe a sensação de que realmente “participa” e está seguro dentro do contexto organizacional.

Como resultado deste envolvimento e participação, temos então a compreensão dos profissionais e uma maior possibilidade de uma relação recíproca; elevando o nível de comunicação em todos os sentidos; há um aumento do potencial de satisfação no trabalho tanto individual como coletivo; existem estímulos para a inovação, levando a organização a se preparar para um desenvolvimento próspero com mudanças rápidas, melhorando, assim, todo o processo de trabalho.

Os profissionais necessitam ser ouvidos, participar, sentir-se responsáveis e ter espaço dentro da organização para poder oferecer sugestões, a fim de tentar melhorar não só a estrutura como também o processo como um todo.

Essa interação entre profissionais e administração tem como propósito não a substituição ou negação, mas a intenção de apoiá-los na obtenção dos objetivos gerais da organização.

O estar seguro leva todos os atores envolvidos no processo a um desenvolvimento da consciência profissional e, conseqüentemente, a um repensar a verdadeira missão, visando adequá-la a essa nova forma de pensar os conceitos, as atitudes, as metodologias de trabalho e a própria estrutura e a prática da organização.

Para que haja uma administração capacitada, comprometida, ela deverá ser dotada de uma liderança, que dê condições de envolver todos os profissionais no processo de mudança, de melhoria contínua, que devem estar em torno dos objetivos, filosofia e missão da organização.

O sucesso passado causa maior resistência à mudança, porque os profissionais, tão agarrados aos padrões antigos, não conseguem visualizar as vantagens que a mudança pode trazer.

A mudança vista como problema ou obstáculo começa na formação do profissional, pois ele deveria entrar no mercado com o perfil necessário às suas novas responsabilidades, principalmente preocupado com o comportamento das pessoas e não apenas com seus conhecimentos.

Acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade, não deixando de ser um dinamismo, é uma característica da educação. Este fenômeno educativo está fundamentado em determinados valores, visando à transmissão, à reprodução e à criação de novos valores. Isto sempre se fará em uma determinada visão de homem, de mundo, em função de uma realidade social específica.

Então, a formação do indivíduo como cidadão é a base primeira para nos pautarmos na premissa de que o consentimento informado poderá ser efetivado em relação direta e com a autonomia.

A formação profissional é entendida como formação integral do ser humano, que nada mais é do que a alavanca e o suporte para concretizar efetivamente as relações dentro da organização.

Esta formação integral vai além do formal, do institucionalizado, é uma educação que objetiva o encaminhamento do profissional como ser humano integral, do cidadão com os seus direitos e deveres. Só assim, a educação dará ao profissional condições para a autonomia e, conseqüentemente, responsabilidade individual, coletiva e social.

A autonomia, dentro do contexto organizacional, sobrepõe-se ao da beneficência, porque esta autonomia privilegia o papel do profissional, tornando-se, assim, uma relação de sujeito-objeto entre este e organização. Esta relação prepara os profissionais para a vivência dos valores éticos e não só para a prática das técnicas terapêuticas.

Ao preparar o profissional, Sen (2000, p. 24), ressalta que, “é importante não só dar o devido valor aos mercados, mas também apreciar o papel de outras

liberdades73 econômicas, sociais e políticas que melhoram e enriquecem a vida que as pessoas podem levar. Isso influencia até mesmo questões controvertidas como o chamado problema populacional”.

No campo da liberdade política, estão incluídos os direitos civis que dão as oportunidades para que os profissionais tenham o poder de decisão para determinar quem deve governar e com base em quais princípios, podendo neste sentido fiscalizar e criticar as autoridades, tendo liberdade de expressão sem censura, ser livre para poder escolher entre diferentes partidos políticos etc..

Com o decorrer do tempo, os profissionais estão progressivamente convenci- dos de que esse poder de decisão não é a única possibilidade que possa influenciar as condições de trabalho, sejam estas individuais ou uma ação coletiva e no desenvolvimento pela obtenção de seus direitos, liberdades de luta solidária na organização.

Dentro de uma organização, com a falta de formalização, fica difícil preservar a ordem em uma comunidade na qual a responsabilidade da justiça é determinada por uma ação em que o mais correto é a noção de que pessoas iguais devem ser tratadas de maneira igual, e pessoas desiguais devem ser tratadas de maneira desigual, dando-se ênfase à eqüidade.

A eqüidade traz consigo alguns interesses, entre eles, podemos salientar o que hoje é uma opção de oferecer o melhor, foi ontem uma opção de oferecer o que elimina ou diminui o risco de dano. Todas essas divergências entre valores prevalecentes74 vão determinar o quanto é possível coadunar um elemento econômico e político, a liberdade de mercado, com um elemento moral e dos demais interesses do profissional.

Os profissionais, como atores sociais dentro da organização, devem indagar sobre as condições diferentes que parecem ter originado considerável elevação do

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“Considerarei em particular os seguintes tipos de liberdades instrumentais: (1) liberdades políticas, (2) facilidades econômicas, (3) oportunidades sociais, (4) garantia de transparência e (5) segurança protetora. Essas liberdades instrumentais tendem a contribuir para a capacidade geral de a pessoa viver mais livremente, mas também têm o efeito de complementar umas as outras” (SEN, 2000, p. 55).

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“Os valores prevalecentes e os costumes sociais também respondem pela presença ou ausência de corrupção e pelo papel da confiança nas relações econômicas, sociais ou políticas. O exercício da liberdade é mediado por valores que, porém, por sua vez, são influenciados por discussões públicas e interações sociais, que são, elas próprias, influenciadas pelas liberdades de participação. Cada uma dessas relações merece um exame minucioso” (SEN, 2000, p. 24).

nível educacional da população trabalhadora, que no ambiente de trabalho, constitui condições sociais novas que favorecem a participação destes profissionais nas decisões e rotinas de trabalho.

Esta elevação do nível educacional como crença dominante dentro do “desenvolvimento humano75” deve ser um foco da organização como processo de expansão da educação.

O papel do profissional, dentro da organização, representa alguns valores e comportamentos que são socialmente reconhecidos como uma relação de exterioridade para recuperar um bem; preservando um conjunto de bens, que tem sentido de utilidade para os clientes como consumidores, sob a forma de serviços na esfera de um consumo privado, individual ou coletivo.

Quando os profissionais estão especialmente preparados para a prestação de serviços, eles controlam o processo de trabalho em particular com autoridade técnica e social. Essa categoria vai se diferenciar dos demais trabalhadores nos atos técnicos.

Os atos técnicos podem ser considerados como princípios, em termos de suas respectivas “bases informacionais”. As diferenças nos princípios envolvidos e as informações específicas são consideradas decisivas no diagnóstico que irá motivar uma discussão como alternativa na avaliação do profissional.

O profissional com autonomia em relação à organização tem capacidade de governar-se, decidir, avaliar e legislar sobre a sua vida, suas atitudes e profissão.

As normas ou princípios utilizados pela organização devem ser compreendidos como um processo de autoquestionamentos, que pretendem alcançar seus próprios objetivos como os valores que são ou não intrínsecos aos indivíduos.

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“Como as variações na expectativa de vida relacionam-se a diversas oportunidades sociais que são centrais para o desenvolvimento (como políticas epidemiológicas, serviços de saúde, facilidades educacionais etc.), uma visão centralizada na renda necessita de uma grande suplementação para que se tenha uma compreensão mais plena do processo de desenvolvimento. Esses contrastes têm uma relevância considerável para as políticas e revelam a importância do processo conduzido pelo custeio público” (SEN, 2000, p. 65).