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Riscos e segurança no cuidado, neste estudo, são entendidos como uma forma de agregar conhecimento a determinadas situações nas atividades que possam apresentar alguns riscos88.

Segundo Ferreira (1996), risco é um perigo mais possível do que provável, no entanto, a sua eliminação deve ser feita através de medidas que sejam adaptadas ao meio ambiente e venham ao encontro da proteção coletiva.

O cuidar da segurança e evitar os riscos é trabalhar com qualidade, isto é, ter paciência, dedicação nos cuidados diários.

Uma das tarefas imprescindíveis que os profissionais coordenadores da equipe de enfermagem devem realizar é preparar o ambiente do cuidado, de acordo com as necessidades dos procedimentos desenvolvidos em sua unidade de atuação,

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Risco é um vocábulo especialmente polissêmico e, portanto, dá margem a muitas ambigüidades. O referido termo possui conotações no chamado senso comum. Nesta perspectiva, há controvérsias quanto a suas origens: tanto pode provir do baixo-latim risicu, riscu, provavelmente do verbo resecare, como do espanhol risco, penhasco escarpado (CASTIEL, 1999, p. 40).

tomando as medidas necessárias para garantir a sua segurança. Riscos e segurança no cuidado são as primeiras causas a serem discutidas por todos, porque a maioria desses riscos ocorrem na própria unidade.

Todavia, a despreocupação com os riscos e segurança no cuidado estará sujeita a sofrer outros percalços com maior freqüência, muito mais graves, como, por exemplo, eletrocussões, intoxicações etc..

Por mais precauções que se tomem, nunca se deve abrandar a vigilância, que, para Castiel (1999, p. 45), “traz importantes implicações como: substrato gerador de preceitos comportamentais voltados para a promoção e prevenção à saúde, no estabelecimento de laços com a produção tecnológica biomédica e na ampliação das tarefas da clínica médica”, ou seja, no aparecimento de uma vigilância médica.

Ao introduzimos mudanças, devemos estar preparados para os novos perigos e riscos. Levar a risca as normas e não subestimar a sua capacidade de antecipar- se aos acontecimentos. Estas normas devem servir como um guia básico para a segurança no cuidado.

De um modo geral, pode-se dizer que a segurança no cuidado vai depender diretamente da escolha de normas e rotinas, relativamente seguras, que devem ser tomadas para minimizar os riscos.

Como prevenção de riscos ambientais, o coordenador do centro cirúrgico deve ter como primeira preocupação, a segurança na elaboração de qualquer atividade nesta unidade. É neste clima que são avaliados antecipadamente os locais e situações que devem ser evitados.

O desenvolvimento técnico-científico requer aquisição de novos conhecimentos e perspectivas de sua aplicação prática. Existem, de acordo com Castiel (1999, p. 46), “correntes de investigação, que em vez de enfocarem atributos específicos dos riscos, procuram destacar o papel do ser humano como sede da conduta”.

É a essa mudança rápida que o ser humano deve ter a capacidade de adaptar- se, modificando seus costumes, e com essas novas situações, criar mecanismos que venham dar oportunidades de promover a segurança, privacidade e liberdade de expressão. Assim, os comportamentos das pessoas são vistos em relação ao

sistema de crenças e valores que influenciam as respectivas percepções de risco (CASTIEL, 1999, p. 46).

Se o enfermeiro não estiver preparado para uma transformação, então concordamos com Castro, citado por Magalhães (1997, p. 77), quando diz que “o desenvolvimento implica mudanças sociais sucessivas e profundas, que acompanham inevitavelmente as transformações tecnológicas do contorno natural. O conceito de desenvolvimento não é meramente quantitativo, mas compreende os aspectos qualitativos dos grupos a que está inserido. Crescer é uma coisa; desenvolver, outra. Crescer é, em linhas gerais, fácil. Desenvolver-se equilibrada- mente, difícil”.

É neste crescer/desenvolver que o enfermeiro vai buscar caminho para alicerçar suas responsabilidades e solucionar as dificuldades encontradas pelo grupo, através do aprendizado contínuo no trabalho, que é o processo mais sensato de capacitar a todos tecnicamente, além de desenvolver o senso crítico e a motivação para o profissional. Sob esta ótica, Castiel (1999, p. 48), descreve que há fatores que predizem comportamentos, que podem ser agrupados em quatro categorias como: suscetibilidade percebida (percepções de ameaças à saúde; severidade percebida (avaliações pessoais da gravidade de tais ameaças); benefícios percebidos (avaliações pessoais quanto à factibilidade e efetividade das recomendações para lidar com a ameaça); barreiras percebidas (avaliações pessoais dos obstáculos relativos às ações de saúde).

Este aprendizado desenvolverá habilidades na equipe para avaliar as condições ambientais e materiais no local de trabalho.

Devemos criar um clima de confiança mútua, proporcionando momentos de diálogo e discussão abertos, alertando para os múltiplos problemas e os perigos que envolvem todos os profissionais e da importância de se preocupar com sua própria segurança.

As condições inseguras de trabalho causam determinados riscos associados ao exercício da atividade profissional de forma inesperada e violenta, ligadas a eventos, como as epidemias como a AIDS, principalmente quando as idéias obsessivas estiverem relacionadas aos agravos deste risco. Portanto, tão importante quanto os controles realizados pelo ser humano no que se refere ao método e o que

deve ser feito com os equipamentos é buscar a garantia e segurança para que todos os trabalhos que impliquem maiores riscos sejam controlados. Esta situação evidencia muito bem quando Castiel (1999, p. 64), ressalta que “este quadro de fatos reflete a ampliação do conhecimento sobre os perigos da vida contemporânea (que também teriam, por sua vez, se ampliado)”.

Quando negligenciarmos medidas de proteção e efetuarmos manipulações incorretas durante os procedimentos, podemos ficar expostos a todo tipo de riscos para tanto, necessitamos da obtenção de um padrão de segurança para deixar claro os requisitos a serem seguidos na realização e verificação dos procedimentos.

As repercussões destes riscos para Castiel (1999, p. 66),

“são evidentes e acontecem com inúmeros detalhes no nosso dia-a-dia, a ponto de serem preocupações constantes. Diante disso é preciso ter em mente a dimensão múltipla da relatividade do risco: é um construto produzido em uma época particular, especificada como tardo-modernidade; a categoria está ligada à determinada visão do mundo e do que é a experiência humana, de modo a influenciar os correspondentes enfoques teóricos, conceituais e metodológicos adotados em sua produção, com ênfase em seu caráter probabilístico e suas respectivas conseqüências; as pessoas lidam e percebem seus riscos (e dos outros) de modos variados, pois estes envolvem aspectos que ultrapassam os saberes científicos e mesclam dimensões simultaneamente biológicas, psicológi-cas e socioculturais”.

Buscando respostas para esse emaranhado de problemas, é que as lideranças tendem a fazer um esforço contínuo, concentrado para um pensar no futuro e nas condições ambientais mobilizando os profissionais a refletirem sobre essa evolução, promovendo, assim, um clima que propicie a “Construção de Padrões de Qualidade para Prevenção e Controle de Infecção em Cirurgias Ortopédicas” para uma assistência o mais livre de riscos.

CAPÍTULO IV

ARQUITETURA METODOLÓGICA DA

PESQUISA

"Não ser ninguém a não ser você mesmo, num mundo que faz todo o possível, noite e dia, para transformá-lo em outra pessoa, significa travar a batalha mais dura que um ser humano pode enfrentar; e jamais parar de lutar” (E.E. Cummings)

Após a exposição da sustentação teórica que norteia esta pesquisa, nos capítulos anteriores, como também, alguns aspectos relacionados à definição de padrões de cuidados de enfermagem em cirurgias ortopédicas para prevenir e controlar as infecções, promovendo um cuidado mais livre de risco, cujo referencial nos encaminhou em direção à metodologia que deveremos trilhar.

Assim, o desenho da pesquisa reúne uma seqüência lógica como, por exemplo, a planta de uma casa, na qual as informações sobre o método e o procedimento de coleta e análise de dados, bem como, os resultados e conclusões são dados referentes à questão de pesquisa.

Optamos, neste estudo, pela metodologia qualitativa por ser mais adequada para se construir padrões de qualidade para o cuidado de enfermagem que contribuam na prevenção e controle da infecção em cirurgias ortopédicas. Ainda, por ser um método que torna possível evidenciar as diversas interações a que estão submetidos os objetos, pode-se, desta maneira, identificar e aprofundar as categorias chegando-se à construção dos padrões.

Por se tratar de uma pesquisa de cunho qualitativo, utilizamos técnicas e instrumentos baseados em referenciais que buscava adequação e especificidades

do fenômeno estudado, exigindo uma dose de senso crítico e de criatividade no momento de selecioná-los e/ou compor combinações.

Neste capítulo, após o desenho dos procedimentos metodológicos, é apresentado o método de análise e informadas a unidade de pesquisa e a amostra populacional do estudo, bem como os instrumentos de pesquisa que foram utilizados.

Os sujeitos/atores do estudo são profissionais de enfermagem que atuam em um centro cirúrgico que, juntamente com o pesquisador, buscaram subsídios para Construir Padrões de Qualidade para Prevenção e Controle de Infecção em Cirurgias Ortopédicas. Ao se utilizar dos métodos qualitativos, muitas vezes nos envolvemos na vida dos sujeitos/atores, visto que, seus procedimentos de pesquisa, baseiam-se em conversar, ouvir, permitir a expressão livre dos interlocutores. Isto faz com que o pesquisador esteja se auto-examinando para não perder de vista o sentido inicial da pesquisa e para que consiga conduzir os encontros com os sujeitos/atores pesquisados na direção das respostas procuradas.

Este tipo de pesquisa exigiu habilidades necessárias para a sua condução, como: atenção ao fenômeno estudado; capacidade para ouvir; acuidade para efetuar as observações; disciplina para realizar os registros; organização para armazená-los e classificá-los; capacidade para realizar sínteses; habilidade para colocar-se na perspectiva do outro como forma de facilitar a comunicação e conseguir colaboração; paciência e perspicácia para captar nos acontecimentos da vida diária os aspectos que trarão a compreensão desejada daquilo que se está estudando.

Antes de iniciarmos o caminho metodológico norteador desta pesquisa, e para que pudéssemos atingir o objetivo proposto, que é “Construir Padrões de Qualidade para a Prevenção e Controle de Infecção em Cirurgias Ortopédicas”, é importante ressaltar algumas considerações que existem sobre as linhas de pensamento e diferentes olhares que permeiam as investigações sobre pesquisa qualitativa, segundo alguns autores.

Uma dada realidade pode ser abordada a partir de diferentes perspectivas, que poderá gerar diferentes possibilidades do uso de métodos e técnicas. Conforme Minayo (2000, p.10), “as metodologias de pesquisa qualitativas devem ser entendidas como aquelas capazes de incorporar a questão do significado e da

intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, sendo essas últimas. tomadas tanto no advento quanto na sua transformação, como constrições humanas significativas”.

Para a necessária compreensão dessas diferentes perspectivas metodológicas, cabe introduzir alguns eixos de reflexão em torno da questão que, para a mesma autora, é o caminho e o instrumental próprio de abordagem da realidade.

A visão social de mundo, veiculada na teoria, salienta o que nos referimos a uma ou outra abordagem da realidade, necessariamente, temos de falar dos paradigmas explicativos que estamos utilizando na metodologia que incluem as concepções quando nos aproximamos e descrevemos um certo fenômeno, ou seja, a concepção científica do universo da qual a investigação é pretendida através de um conjunto de técnicas que possibilitam o pesquisador testar seu potencial criativo.

A adoção da metodologia qualitativa de pesquisa está inserida no estudo das ciências sociais em saúde, onde as aspirações, crenças, valores e significados das ações e das relações humanas entre os seres humanos inseridos no contexto social de estudo constituem a vivência entre as relações objetivas pelos atores sociais.

Autores como Denzin e Lincoln (1998); Lobiondo e Harber (1998) e Goldenberg (2000), ao se pronunciarem quanto aos procedimentos metodológicos de uma pesquisa qualitativa, afirmam que “o método das ciências sociais visa à compreensão interpretativa das experiências dos seres humanos dentro do contexto em que foram vivenciadas”, mas se preocupam também quanto ao “aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização”, e que a pesquisa qualitativa é “como um conjunto de práticas interpretativas, não privilegia uma simples metodologia acima de qualquer outra” e, finalizando, dizem que a “pesquisa qualitativa estuda coisas no seu local natural, tentando fazer senso ou interpretar o fenômeno em termos do significado pessoal”.

Segundo Chiesa e Ciampone (1999, p. 307), a

“concepção crítica da realidade e da premissa que a realidade só pode ser compreendida através do resgate do vivido, que contempla sentimentos, emoções e representações, conscientes ou não, a vivência do cotidiano e o sentido a ele atribuído pelos sujeitos, passa a ser considerada como ponto importante para a captação e compreensão dos fenômenos ligados ao campo social”.

De acordo com Minayo (2000), o termo pesquisa social tem uma carga histórica, assim como as teorias sociais refletem posição frente à realidade, momentos do desenvolvimento e da dinâmica social, preocupações e interesses de classes e determinados grupos.

A pesquisa qualitativa abraça duas tensões ao mesmo tempo. Por um lado, é delineada por uma ampla sensibilidade crítica, interpretativa, pós-moderna e feminista. Por outro lado, ela é delineada e definida mais restritamente nas concepções da experiência humana e nas suas análises positivistas, pós- positivistas, humanistas e naturalistas”.

Neste sentido, concordamos com Chiesa e Ciampone (1999, p. 308), quando referem que a

“ênfase nos aspectos qualitativos, ou seja, em variáveis que incluem a possibilidade de diferenças de interpretação e de valorização da experiência, de modo singular, pelos sujeitos/atores envolvidos no processo, pode ser expressa por meio da linguagem (verbal e não-verbal) própria de cada sujeito num dado contexto; a identificação das múltiplas facetas de um objeto de investigação; as diferentes interpretações possíveis acerca de uma mesma situação; a não-generalização dos resultados; a admissão de que o investigador nunca é neutro na observação e descrição de um fenômeno e que este é sempre um investigador participante; a concepção de que não existe verdade absoluta, de que a verdade é sempre relativa ao contexto onde emerge o objeto do conhecimento e aos critérios utilizados para a sua investigação, são aspectos que diferenciam o modo positivista de abordagem da realidade das abordagens ditas qualitativas”.

A pesquisa qualitativa foca toda experiência e significado humano que permitem um amplo entendimento sobre a completa conduta humana, na qual o significado do método da pesquisa qualitativa deu ao problema deste estudo a direção principalmente para a “Construção de Padrões de Qualidade para Prevenção e Controle de Infecção em Cirurgias Ortopédicas”.

Os fatores correspondentes às dimensões e abrangência do fenômeno nos levam a crer que este é constituído por múltiplos fatores, como também existem outras implicações não só sociais mas também, econômicas/políticas e, principalmente, éticas.

Ao fazer um paralelo entre os fatores que envolvem esta problemática, alicerçados aos objetivos propostos, pode-se ressaltar que as questões aqui envolvidas são de natureza social (relação existente no ato operatório). Observa-se,

principalmente, o cuidado de enfermagem em cirurgias ortopédicas, para as quais existe necessidade de regras/normas e organização do trabalho, pois tudo isto é responsabilidade do profissional de “saber” da gravidade e riscos que podem ocorrer. Temos, então, relações entre os profissionais e os clientes (que são importantes como o significado de estar seguros); entre ambiente, as ações e a própria estrutura como significados (direito de agir e reagir com responsabilidade); entre sujeito/objeto (a utilidade como forma do fazer); e entre fato, a cirurgia em si (Liberdade consciente).

Estes fatores levaram os profissionais a aplicar e agir corretamente com seus conhecimentos teóricos/práticos para, juntos, “Construir Padrões de Qualidade para a Prevenção e Controle de Infecção em Cirurgias Ortopédicas”.