• Nenhum resultado encontrado

POTÁSSIO NO SOLO E ADUBAÇÃO POTÁSSICA +

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 95-98)

Lembrando que a resposta das culturas estará condicionada a uma calibração prévia, como é a recomendação para os Estados do RS e SC e também outros boletins, como o de SP e de MG.

No sistema plantio direto, deve-se considerar que a variabilidade vertical nas análises químicas e físicas do solo é tanto ou mais importante que a variabilidade espacial horizontal. Assim, a recomendação de que seja coletada amostra do solo da camada 0-10 cm é única e exclusivamente para se aproveitar os dados de calibração obtidos no cultivo convencional. Assume-se que os valores dos atributos de solo da camada 0-10 cm sob sistema plantio direto sejam equivalentes àqueles da camada 0-20 cm sob cultivo convencional (CQFS-RS/SC, 2004), considerando-se que o solo das camadas abaixo dos 10 cm não apresente restrições químicas às plantas, principalmente falando de altos níveis de Al no solo.

Para planejar o manejo da adubação fosfatada é indispensável relacionar o resultado da análise do solo com o correto enquadramento na sua classe de disponibilidade. As classes de disponibilidade são obtidas levando em consideração o teor do nutriente no solo e a produtividade das culturas naquelas condições (Santos et al., 2008). Por isso, elas são dependentes de um conjunto de experimentos com várias culturas e em diferentes solos, que darão o suporte para a calibração. Já a dose de fertilizante é estabelecida a partir da quantidade de adubo orgânico ou mineral necessária para que o nível do nutriente alcance valores iguais ao ótimo. As classes de disponibilidade de fósforo adotadas para o sistema plantio direto foram obtidas com informações do cultivo convencional, sem uma calibração própria. Por isso, os valores analíticos podem não ser adequados, já que não se considera no sistema plantio direto a variação dos teores de fósforo e outros atributos químicos ou físicos da camada 10-20 cm, que interferem na produtividade das culturas, especialmente em condições de déficit hídrico. Por outro lado, a maioria dos experimentos de calibração feita no sistema convencional tinha tetos de produtividades hoje considerados médios.

O Estado do Paraná ainda carece de um boletim de recomendações oficial e com fontes de informações seguras a respeito de doses de fertilizantes à aplicar para cada cultura. O que se tem feito é adotar recomendações de outros Estados, como é o caso do RS e SC, cujos solos são bastante semelhantes e as condições climáticas também tem bastante em comum, Mas, o objetivo dos pesquisadores da área de solos é montar o mais breve possível, um boletim com informações do PR, para se ter melhor precisão e confiança na recomendação de adubação para os produtores. Isso vale para o P e também para calagem e para os outros nutrientes envolvidos no processo produtivo.

POTÁSSIO NO SOLO E ADUBAÇÃO POTÁSSICA +

O potássio no solo, por se encontrar na forma catiônica (K ), apresenta comportamento bem distinto em relação ao fósforo. A manutenção dos cátions é favorecida no solo, por possuir como gerador de cargas, na maioria dos casos, argilas e matéria orgânica, onde predominam cargas negativas (Raij, 1991). Por ser o potássio um cátion monovalente, a fração adsorvida é de fácil liberação para a solução do solo e, conseqüentemente, disponibilização às plantas. Mesmo assim o potássio é um elemento pouco móvel no solo e isto fica demonstrado em áreas de plantio direto, onde ocorre concentração nas camadas mais superficiais (Ceretta & Pavinato, 2003). Esta é

uma das razões para aplicação do potássio na linha de semeadura, à semelhança do fósforo. A maior parte do potássio no solo atinge as raízes através da difusão, por isso a umidade do solo é fundamental, bem como uma boa distribuição do sistema radicular das plantas.

No Estado do Paraná, a maioria dos solos apresenta níveis altos de potássio, em função de aplicações acima das exportações pelas culturas deste nutriente. Isso ocorre devido ao uso de fórmulas muito concentradas em K O, em detrimento do P O . Por 2 2 5 isso, há necessidade de se repensar o uso de altas doses de potássio, quando o solo apresenta teores acima do nível de suficiência, que para solos com média CTC é de 60

-3

mg dm (CQFS RS/SC, 2004). Entretanto, deve-se salientar que poderá haver pequena resposta das culturas à aplicação de potássio em áreas com teores elevados, e que a manutenção do potássio na classe alta de disponibilidade seria o ideal em lavouras cultivadas.

Em áreas irrigadas, pode haver resposta das culturas à aplicação de potássio, mesmo estando este nutriente acima do nível crítico, devido às exigências serem maiores pelas culturas. Silveira (2002), em trabalho desenvolvido num Latossolo da região de Cruz Alta, RS, com teor de potássio “muito alto” no solo, mostrou haver

-1 -1

aumento de 550 kg ha na produtividade de grãos do milho com a aplicação de 60 kg ha de K O em relação ao tratamento sem aplicação. Isso evidencia que o solo, mesmo 2 estando com teor de potássio acima do considerado suficiente, nem sempre é capaz de suprir todas as exigências da cultura, principalmente quando se objetiva altas produtividades.

O modo de aplicação preferencial para o potássio, assim como para o fósforo, é na linha de semeadura. Contudo, sua distribuição em superfície no plantio direto tem se mostrado viável, em termos de utilização do fertilizante pelas culturas, havendo casos em que a aplicação superficial promove uma absorção maior no plantio direto que no preparo convencional nos estádios iniciais de desenvolvimento do milho. Considerando que as plantas absorvem quantidades elevadas deste elemento, mas que somente uma pequena fração do total absorvido é exportada pelos grãos, a própria manutenção da palha na superfície do solo constitui uma adubação superficial para a cultura seguinte (Wiethölter et al., 1998).

A aplicação de potássio nas principais culturas de lavoura muitas vezes pode ser realizada junto com a aplicação de nitrogênio, em cobertura. No entanto, a eficiência deste modo de aplicação é alta somente em solos muito deficientes neste nutriente e de textura arenosa ou média (Cantarella, 1993), não sendo recomendada para as demais situações. Em qualquer circunstância, a aplicação do potássio deverá ser realizada antes da semeadura ou em estádios iniciais de desenvolvimento da planta, uma vez que a absorção máxima ocorre bem antes do acúmulo máximo de matéria seca do milho (Bull, 1993).

Na tabela 5 estão apresentadas as doses recomendadas de manutenção de P O e 2 5 K O no solo, segundo a CQFS RS/SC (2004) para as principais culturas comerciais, 2 estando destacados o milho e a soja, como culturas mais importantes para a região Sudoeste e para o Estado do PR como um todo. Estas recomendações são atuais e poderão ser adotadas sem muita restrição, uma vez que o Estado do PR não apresenta um boletim atualizado de recomendação. Ressaltando que as doses de manutenção são

Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

adotadas para situações em que a lavoura já apresenta teores acima da suficiência, portanto essa dose seria para manter o nível no solo e nutrir suficientemente a planta cultivada. Se o solo apresenta níveis baixos de P e K, há necessidade de doses maiores que as mencionadas na tabela abaixo, uma vez que os programas de adubação são baseados na elevação dos teores no solo para acima da suficiência, buscando mantê-los após sua obtenção.

Tabela 5 - Valores de adubação de manutenção de fósforo e potássio para s principais culturas de grãos, para os rendimentos especificados, e quantidades a serem adicionadas a mais de acordo com a produtividade desejada, acima do rendimento de referência (CQFS RS/SC, 2004).

É importante salientar que não se recomenda a aplicação de doses acima de 60 -1

kg ha de K O na linha de semeadura, uma vez que o principal produto usado como 2 fonte de potássio nos fertilizantes é o KCl, e este por ser um sal apresenta alto potencial osmótico. Devido a isso, poderá causar desidratação da semente ou da plântula no momento da germinação, ocasionando a morte das mesmas e comprometendo o - estande de plantas da lavoura. Portanto, quando a recomendação for maior que 60 kg ha 1 de K O seria conveniente aplicar até esta quantidade na linha de semeadura, e o

2

restante para completar a recomendação se aplicaria a lanço, em pré-semeadura ou em cobertura, juntamente com a adubação nitrogenada.

1

Para cada cultura há um rendimento de referência, normalmente valores baixos, como exemplo:

-1 -1

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 95-98)