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4 EVENTOS DE LETRAMENTO NA PRODUÇÃO DE TEXTOS

4.2 A escrita do cabeçalho escolar

No mapa geral dos eventos percebemos a recorrência quase que diária da escrita do cabeçalho como marca expressiva dos usos da escrita em sala desde o primeiro dia de aula, ocorrendo 11 vezes no período em que estivemos imersos no campo de pesquisa, conforme apresentado no quadro abaixo:

Quadro 7: Mapeamento dos eventos de escrita do cabeçalho

Data das observações realizadas Escrita do cabeçalho

1ª observação-15/02/2016

Escrita do cabeçalho para compor a atividade de classe escrita no caderno.

2ª observação -17/02/2016

Escrita do cabeçalho para compor a atividade de classe escrita no caderno.

17 Esses eventos, se referem a: recorte, colagem e ilustrações vivenciadas pelas crianças no cotidiano escolar de diversas formas: na construção de artefatos a serem expostos em culminância de projetos, em construções alusivas a datas comemorativas (Dia da Mulher, Dia do Índio, Páscoa) e em momentos que a professora necessita atuar no atendimento individual de algumas crianças para manter o restante da turma normalizada.

3ª observação 03/03/2016

A) Escrita do cabeçalho na parte superior de uma atividade xerocada de ciências, que dispunha de linhas para o registro.

B) Escrita do cabeçalho na parte superior de uma atividade xerocada de ciências. As crianças traçaram linhas com régua no espaço em branco, antes e realizar o registro.

4ª observação -04/03/2016

Escrita do cabeçalho na parte superior da folha caderno antecedendo o registro do bilhete produzido coletivamente.

6ª Observação -09/03/2016 Escrita do cabeçalho para compor a atividade de classe.

8ª observação- 28/03/2016 Escrita do cabeçalho que compôs o registro escrito da paródia.

9ª observação- 04/04/2016

A) Escrita do cabeçalho na parte superior de uma atividade xerocada de matemática. As crianças traçaram linhas no espaço em branco, antes e realizar o registro.

B) Escrita do cabeçalho na parte superior de uma atividade de matemática que dispunha de linhas para o registro.

10ª observação-11/04/2016 Escrita do cabeçalho no caderno para compor atividade de classe.

15ª- 26/04/2016 Escrita do cabeçalho no caderno para

compor atividade de classe. Fonte: Criação da autora

Em vários outros momentos em que estivemos presentes em sala, a escrita do cabeçalho foi solicitada, com total de 11 eventos inclusive, nos materiais selecionados pela professora, como em algumas atividades xerocadas. Por vezes, essas atividades se apresentavam com três linhas ou quatro linhas em branco para que as crianças realizassem tal registro, ou havia um espaço em branco onde as crianças precisavam traçar linhas com auxílio de régua para compor o espaço para essa escrita. Esses momentos também são expostos no quadro acima, na 3ª observação realizada em 03 de março e 2016 e na 9ª observação, realizada em 04 de abril de 2016.

Como registro no caderno desde o primeiro dia de aula a escrita do cabeçalho ganhou espaço nas ações pedagógicas da professora, o registro etnográfico de 15 de fevereiro de 2016, elucida o momento em que as crianças são solicitadas a realizar esse registro.

Era o primeiro de aula do ano letivo, a professora atendeu alguns pais que acompanharam as crianças até a porta da sala de aula e recebeu de maneira respeitosa e amigável as crianças dialogando com elas buscando fazer um levantamento dos quais tinha sido seus alunos no ano anterior, quem eram os novatos, de que escola tinham vindo.

Neste dia, como primeira atividade a turma realizou juntamente com a professora a leitura coletiva dos elementos do calendário usando um cartaz exposto no lado direito do quadro. Logo após, produziram o texto referente a etiqueta de identificação do caderno de classe. Concluída a atividade, a professora iniciou a proposição da escrita do cabeçalho como nos mostra o diálogo abaixo.

P: Todo mundo sabe o dia de hoje? C: Sim (Em coro),

P: Então vamos colocar na segunda página do caderno. A primeira, deixem em branco, pois, vocês vão fazer um desenho bem bonito depois. Vamos agora fazer o cabeçalho da escola.

A professora solicitou a escrita do cabeçalho que foi registrado por ela no quadro. Enquanto escrevia, orientava as crianças sobre o uso do caderno:

P: Prestem atenção na linha, caprichem na letra. Mantenham os cadernos18 abertos, eles não são tão fortes, podem amassar e rasgar!

Durante o processo, a professora elogiou algumas escritas: P: Muito bem, meu amor, que letra linda, continue assim!

Algumas crianças demoraram bastante para concluir o registro do cabeçalho. E, ao perceber que as que finalizaram estão ociosas e conversavam um pouco, a professora solicitou delas “[...] um desenho bem bonito para enfeitar o caderno”, que deveria ser feito na primeira folha – aquela que não foi usada seguindo sua própria orientação no início da atividade. Sobre o desenho no caderno, percebemos a intervenção da professora na produção das crianças com expressões do tipo:

P: Faça um desenho bem bonito, para ficar bem arrumado, seu caderno! Caprichem, para o caderno ficar bonito!

Vamos lindinha, esse desenho, quero bem bonito!

A professora observou os desenhos e fez algumas considerações, sobre o modo de pintar, sobre as cores utilizadas e exigiu concentração e empenho das crianças.

P: Pintem assim, façam assim... (Orientou sobre a posição do uso do lápis de cor e o efeito causado na pintura do desenho).

A professora passou nas bancas e auxiliou os alunos que demonstraram dificuldades para realizar a escrita do cabeçalho, apenas quatro linhas com o seguinte registro:

Escola Municipal das crianças Aluno:

Professora:

Recife, 15 de fevereiro de 2016.

18 A professora, aqui se refere ao caderno padrão enviado para as crianças pela prefeitura do Recife. Tinha formato brochura, tamanho grande, 96 folhas e capa dura. Acreditamos que o fato do caderno se apresentar no formato brochura, mantê-lo aberto, ajudaria no estado de conservação. Manter os materiais escolares organizados, incentivar as crianças construírem o hábito de cuidar dos materiais escolares era elemento bastante notável nas ações pedagógicas da professora.

Depois da intervenção individual, todos conseguiram concluir do cabeçalho. Findada a escrita, é hora do recreio.

No excerto acima, podemos visualizar a preocupação da professora no que diz respeito à critérios da legibilidade do registro escrito quando orientou as crianças a escreverem na linha, quando solicitou capricho na letra e cuidados com o caderno, além de elogiar algumas escritas “bem-feitas”.

Pudemos perceber a explícita dificuldade de algumas crianças, que ao realizarem um registro tão curto empreendiam muito tempo, sendo necessária a intervenção quase que individual da professora, apontando palavras no quadro, orientando o registro nas linhas do caderno, incentivando-as a desenvolver agilidade. Esse evento nos inquietou bastante e reafirmou alguns pontos antecipados pela professora na primeira entrevista realizada, dias antes do primeiro dia letivo, onde ela expressou sua preocupação a realidade da turma.

Ainda em análise do excerto, percebemos dificuldades de algumas crianças na transposição do registro escrito para o caderno, mas outras concluíram com agilidade e receberam outra atividade: fazer o desenho que “enfeita o caderno” de classe. A professora fez uso dessa estratégia, “antecipou a solicitação do desenho” ao perceber a ociosidade de algumas crianças que deu espaço a conversas e brincadeiras paralelas. Essa estratégia da professora em delegar outras atividades para quem concluía com agilidade, era uma marca de sua prática. Por vezes, as crianças recebiam desenhos para pintar, atividades complementares que conseguiam realizar autonomamente como: escrita de listas de palavras, cruzadinhas, caça palavras, ou eram solicitadas a prestar ajuda aos colegas que ainda não tinham finalizado as atividades.

Vejamos o que é apontado pela professora em entrevista quando tratamos sobre a recorrência da escrita do cabeçalho em sala de aula, para entendermos o porquê desse evento de letramento:

O cabeçalho é a exigência do dia, o nome da escola. Você já viu um menino, o que é um menino passar 3, 4 anos numa escola e perguntar, alguém pergunta como é o nome da escola dele e ele não sabe? E acontece muito isso, "quem é sua professora? É uma velhinha e baixinha", não diga isso não que eu como o fígado deles, está entendendo? Então, porque no cabeçalho a gente já trabalha o nome da escola, a letra maiúscula, quando é que começa o texto, a data, o dia, aí eles já sabem quando é o dia de hoje, eles já têm essa preocupação. (Entrevista com a professora, 24 de outubro de 2016).

Ao analisarmos a fala da professora, podemos perceber que para ela, a escrita do cabeçalho ajudava as crianças a identificar e ou memorizar elementos da vida escolar – o nome da escola, a turma a qual pertencia, o nome da professora –. Também afirmou que essa prática auxiliava no uso de alguns aspectos da língua, a exemplo: o uso da letra maiúscula e na orientação da direção da escrita, quando externou que ajudava as crianças a perceber “[...] quando é que começa o texto”.

No mapa de Eventos construído para organização dos dados advindos de nossa segunda observação, realizada em 17 de fevereiro de 2016, também aparece a escrita do cabeçalho.

Quadro 8: Mapa de eventos da aula de 17 de fevereiro de 2016 Eventos Foco das ações dos participantes

Leitura

Professora e alunos explorando coletivamente o calendário. Crianças fazendo leitura coletiva dos meses do ano olhando

para o calendário.

Leitura

Professora lendo a fábula: A cigarra e a formiga. Professora e crianças dialogando sobre a fábula lida.

Escrita do cabeçalho

Crianças escrevendo o cabeçalho para realizar atividade de classe.

Exploração de aspectos do SEA

Crianças e professora discutindo sobre a similaridade sonora das palavras e escrevendo no caderno palavras que terminam com a sílaba “ão”.

Crianças realizando uma atividade de contagem de letras e sílabas das palavras terminadas com “ão”.

Leitura e Desenho

Professora lendo o texto de apresentação do LD de Língua Portuguesa.

Crianças desenhando no livro de Língua Portuguesa (atendendo solicitação do autor expressa no texto de apresentação do LD).

Leitura de imagens

Professora e Crianças lendo imagens das ps 10 e 11 do LD de Língua Portuguesa.

Professoras e Crianças dialogando sobre as imagens que compõem a p. 10 e 11do LD.

Leitura

Professora lendo uma carta pessoal no LD de Língua Portuguesa. p. 12.

Professora e alunos realizando atividade de compreensão oral seguindo a proposta do LD de Língua Portuguesa, p.13.

Leitura

Professora lendo um texto informativo sobre as características de uma carta pessoal no LD de Língua portuguesa p.13

Professora e alunos discutindo aspectos do gênero carta: início/ assunto/final/utilidade da carta, tipos de carta, diversos tipos de destinatários.

Escrita Crianças marcando a página que será atividade de casa (p.14, do LD de Língua Portuguesa).

Fonte: Criação da autora.

Percebemos algumas marcas discursivas nas ações pedagógicas da professora quando tratou da escrita do cabeçalho, como já evidenciado no registro etnográfico referente ao primeiro dia de aula. Nesses momentos, a professora chamou a atenção para a escrita das palavras com letra maiúscula e para a formatação desse texto como parte integrante da organização do caderno, que deveria apresentar registros com boa caligrafia, para que outrora pudesse ser consultado pela própria criança como um artefato originado em sua vida escolar que trazia registros importantes para seus estudos, como evidenciam o diálogo abaixo, que integra o registro de nosso diário de campo, na segunda observação de aula, em 17 de fevereiro de 2016.

P: O que a gente vai escrever agora? C: O nome da escola (em coro)

P: Agora, o nome de nossa cidade, e depois, e agora? C: A data

P: Qual é a data? C: 17 (Em coro) P: E o mês?

C: Fevereiro (Em coro).

Feito o registro do cabeçalho, a professora questionou às crianças. P: Por que a gente usa o cabeçalho, gente?

C: (silêncio)

A professa insiste...

P: Para que? Quem sabe?

(Devido ao silêncio das crianças a própria professora respondeu)

P: Para organizar o caderno, para gente saber a data que aquela tarefa foi feita. Então, todos os dias, a gente vai escrever bonito o cabeçalho para o caderno ficar organizado.! Vamos lá, todo mundo com letra linda e arrumada

Ao analisarmos esse evento de letramento, percebemos que o discurso da professora, ao tratar o cabeçalho como “[...] exigência do dia”, é ratificado em suas ações pedagógicas. Tal evidência nos mostrou que “a aula condiciona os modos como a escrita se institui na escola e também é condicionada pelas maneiras como a escrita se institui e se constitui nesses contextos socioculturais” (MARINHO, 2010, p. 79).

Sobre a exigência da organização do caderno, tendo como marca a escrita do cabeçalho, rememoramos os escritos de Bunzen (2009), que em sua pesquisa de doutorado, ao tratar das dinâmicas discursivas na sala de aula, nos instiga a compreender que funcionalidades deste objeto estão imbricadas ao letramento escolar.

O caderno marca inclusive a entrada dos alunos em um processo de escolarização mais formal uma vez que é preciso aprender a manuseá-los, a fazer pouca força no lápis para não rasgar as folhas, a apagar os “erros” sem manchar as páginas, cuidado para não amassar ou fazer” orelhas de burro”, nas pontas das folhas, etc. O letramento escolar engloba um série de práticas específicas, entre elas aprender a escrever entre as margens , nas linhas do caderno, selecionar a disciplina correspondente ao conteúdo dado, preencher diariamente o “cabeçalho” [...] O caderno faz parte do cotidiano escolar, pois é comum professores e alunos discutirem sobre as regras e formas de utilização e organização. (BUNZEN, 2009, p. 135).

Nos primeiros dias de observação em sala, percebemos que as crianças se posicionavam negativamente para escrever o cabeçalho. Algumas delas questionavam o porquê e reclamavam: “De novo, tia!”. As crianças resistiam, pareciam não compreender o porquê desse registro. Como exposto no silêncio como reposta ao questionamento da professora, quando aludiu sobre a funcionalidade do cabeçalho.

Para conter as inquietações das crianças, a professora explicou que o cabeçalho era importante para “[...] manter a organização dos cadernos”, como já exposto em nossos escritos, a organização do caderno era elemento bastante enfatizado pela professora, que cotidianamente alertava as crianças sobre a necessidade de mantê-los organizados: com “letra bonita” e atualizados. Esse dado advindo do contexto investigado, alinha-se ao que Chartier (2002), em pesquisa realizada em uma escola francesa, pontuou sobre o fato de o caderno desempenhar papel central no trabalho escolar. O foco da pesquisadora se deu na compreensão da funcionalidade desse “dispositivo”, que para autora articula os fazeres dos professores e dos alunos.

Percebemos que com o passar dos dias as colocações negativas das crianças quanto a escrita do cabeçalho, já não existiam. O que nos mostra que os elementos da cultura escolar mobilizados nas ações pedagógicas da professora passavam a ser incorporados pelas crianças.

Inúmeras vezes o cabeçalho foi solicitado nas atividades realizadas pelas crianças, inclusive naquelas que não tinham por função o trabalho com conteúdos. Tal constatação nos faz perceber que na sala de aula observada o cabeçalho servia como uma marca para identificar que aqueles artefatos eram, pertenciam e se originavam na escola, por isso, a necessidade do registro. Então, podemos perceber na ação da professora marcas do processo de escolarização e da cultura escolar, que originam práticas de letramento. Findada a nossa análise acerca do cabeçalho escolar, marca expressiva do uso da escrita na sala de aula observada, partiremos agora para uma discussão voltada aos demais eventos de letramento com foco na produção de textos observados ao longo de nosso período de incursão no campo.

Tomamos como contribuição à nossa pesquisa a dissertação desenvolvida por Cruz (2012) intitulada “Produção de texto na alfabetização: análise de uma prática do Primeiro Ano do Ensino Fundamental”, que teve como objeto de pesquisa a prática de

produção de texto no 1ºano do Ensino Fundamental, a partir das análises das mediações pedagógicas oportunizadas pela professora durante esse processo.

Segundo a autora, a pesquisa buscou atender as seguintes questões de investigação: como se constituiu o processo de produção de texto numa prática alfabetizadora?; Qual a metodologia adotada pela professora?; Quais as estratégias utilizadas na prática de produção de texto?; e, Como essas atividades foram encaminhadas?

O estudo é uma pesquisa qualitativa, de caráter etnográfico, com uso dos seguintes instrumentos para a coleta de dados: a observação e anotações no caderno de campo, filmagens das aulas e entrevista com a professora. A pesquisa demonstrou que durante o trabalho docente, a professora desenvolveu uma prática pautada na produção de diferentes gêneros textuais: Aviso, Convite, Anúncio, Manual, Tirinha, Bilhete, Lista e outros.

A autora incorporou à pesquisa um mapeamento das atividades de leitura e escrita desenvolvidas na sala de aula de aula observada, que externou um trabalho docente sistemático e articulado da leitura e da escrita. Em relação à produção de texto, “[...] os alunos criaram textos em duplas, trios e/ou grupos ou ainda de forma coletiva e a individual ocorreu apenas uma vez, o que demonstra que a produção coletiva superou a individual” (CRUZ, 2012, p. 145).

As análises realizadas pela autora veiculam que a professora apreciou e estimulou o conhecimento prévio dos alunos em sua prática. “As perguntas da professora tinham como objetivo, dentre outros, dar voz aos alunos, se posicionar em relação ao que eles falavam, valorizar e estimular as interações entre eles como parte fundante da prática da sala de aula” (CRUZ, 2012, p. 146).

Recorremos aos escritos de Cruz (2012) como contribuição para as análises de nosso estudo, pois além de tratarmos da produção de texto, nosso estudo desenvolveu-se metodologicamente de maneira similar ao da autora, tendo como base a perspectiva etnográfica, perpassando por questões de investigação também próximas às nossas, apontando dados e resultados correlacionados, como por exemplo a proposição da produção de textos de maneira coletiva.

Como pontos de contraste entre o estudo desenvolvido por Cruz (2012) e o nosso, encontramos três. O primeiro trata-se do lócus da pesquisa, uma vez que a autora preocupa-se com a produção de texto no ano inicial do ciclo de alfabetização, no primeiro ano do Ensino Fundamental, já em nosso estudo nos debruçamos na

compreensão dos eventos de produção de textos na turma que finda o ciclo de alfabetização, o 3º ano do Ensino Fundamental.

O segundo ponto se dá no entendimento das professoras participantes ao que toca aos objetos de pesquisa a serem investigados em suas salas de aula. Cruz (2012) optou por explicitar para a professora sobre suas intenções de pesquisa, deixando claro que seu estudo tinha como foco as práticas de produção de texto a serem desenvolvidas em sala de aula. Em nosso caso, optamos por realizar a incursão no campo, sem informar a professora qual seria o foco específico de nossa investigação, a ela foi dito que nosso estudo trataria dos eventos de leitura e escrita observados em sala de aula.

O terceiro ponto de contraste entre as pesquisas se dá no foco com a qual a produção de texto foi tratada, Cruz se ateve ao mapeamento quantitativo e análise de atividades de produção de texto. Já a nossa pesquisa preocupou-se com os eventos de letramento com foco na produção de texto.

Trataremos, agora, dos eventos ligados à produção de textos. Os momentos a serem descritos seguirão a ordem cronológica de nossas notas etnográficas, como critério de organização, como esboça o quadro abaixo.

Quadro 9: Síntese dos eventos de produções de textos observados

Datas das observações Gêneros produzidos

15 de fevereiro de 2016 Etiqueta de identificação para o caderno de classe

04 de março de 2016. Bilhete

28 de março de 2016 Paródia

25 de abril de 2016 Gráfico de colunas

20 de maio Legenda para figura

Fonte: Criação da autora