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ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS

3 RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO TEMPORÁRIO 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE RESPONSABILIDADE

3.5 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS

No desempenho de sua função, o agente público pode, basicamente, sujeitar-se aos seguintes tipos de responsabilidade: penal, civil e administrativa. Atualmente, há a responsabilização pela prática de ato de improbidade administrativa, definida pela Lei n.º 8.429/92, possuindo um lugar próprio, não incluso em qualquer outra esfera de responsabilidade.

A relação desenvolvida por Edmir Netto de Araújo é a seguinte: o agente público pode ser responsabilizado por seus atos no campo penal, quando a responsabilidade o atinge como indivíduo inserido na sociedade; no campo civil, quando seus atos causam dano aos particulares administrados ou mesmo ao próprio Estado, incidindo a responsabilidade sobre o seu patrimônio; no campo administrativo, quando a responsabilidade disciplinar enquadra-o na qualidade de agente público309.

O desempenho de funções administrativas exporá o agente público a três tipos genéricos de responsabilidade, conforme a natureza da falta por ele praticada: a responsabilidade penal, pela qual o comportamento do agente se enquadra no tipo descrito pela lei penal, no exercício de suas funções ou, em certos casos, até mesmo fora de suas funções, constituindo-se em falta gravíssima, a ser processada tanto pela administração como pelo Poder Judiciário; a responsabilidade civil, quando o ato lesivo vem qualificado pelo elemento subjetivo (dolo ou culpa) do agente público, propiciando ao Estado o poder-dever de contra ele agir regressivamente ou diretamente para o ressarcimento da liquidação do dano causado; e, finalmente, a responsabilidade administrativa310.

A Lei n.º 8.112/90, em seu artigo 121, estabelece a tríplice responsabilidade do servidor nos seguintes termos: “O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições”.

309 ARAÚJO, 2014, p. 948.

José Cretella Júnior afirma que a figura jurídica da responsabilidade, não obstante una, reparte-se em várias modalidades – a penal, a disciplinar, a civil e, segundo outros, a contábil –, ressaltando que quem está na base de todo problema jurídico é o Homem, em razão do qual se estrutura e se movimenta a ciência do direito311.

Defende-se a existência de quatro tipos de responsabilidades do servidor público (incluindo o servidor público temporário) no exercício de suas funções: a responsabilidade penal, a responsabilidade administrativa, a responsabilidade civil e, atualmente, a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.

A responsabilidade penal decorre da conduta tipificada pela lei penal como infração penal. É a que decorre da prática de crime, definido por lei. No âmbito penal, a conduta, para gerar a responsabilização, deve ser dolosa ou culposa, afastando-se a responsabilidade objetiva.

O artigo 123 da Lei n.º 8.112/90, ao tratar da responsabilidade penal do servidor público, engloba crimes e contravenções: “A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade”.

Dá-se o nome de crimes contra a Administração Pública aos crimes praticados por agentes públicos no exercício de sua função. Os bens jurídicos protegidos pela norma penal são a normalidade funcional, a probidade, o prestígio e o decoro da Administração Pública.

A responsabilidade penal do servidor público decorre da prática de crimes funcionais312, definidos nos artigos 312 a 327 do Código Penal, cujo processo de julgamento perante o Judiciário está previsto nos artigos 513 a 518 do Código de Processo Penal.

O Código Penal prevê outros delitos em que a condição de funcionário público é essencial para o tipo ou a circunstância qualificadora. Exemplos: artigos 150, § 2.º, 297, § 1.º, 299, parágrafo único, 300 e 301.

Além dos tipos penais previstos em 1940, foram incluídos outros tipos, como os previstos nos artigos 313-A e 313-B, 359-A e 359-H. A legislação penal esparsa também passou a prever alguns tipos: artigos 3.º e 4.º da Lei do Abuso de Autoridade (Lei n.º

311 CRETELLA JÚNIOR, 1998, p. 35.

312 Crimes funcionais são os crimes contra a Administração Pública praticados por agentes públicos (existem

aqueles praticados por particulares, como a corrupção ativa e a sonegação fiscal). A doutrina distingue os crimes funcionais próprios dos crimes funcionais impróprios. Os primeiros são aqueles que têm como elemento essencial a função pública, sem a qual a conduta seria penalmente irrelevante: concussão, excesso de exação, prevaricação, corrupção passiva. Os segundos são aqueles denominados “funcionais” pelo fato de ser o agente um funcionário público; não se revestisse ele dessa qualidade, haveria, não obstante, crime, ainda que não o crime funcional, como o peculato (que nada mais é do que a apropriação indébita praticada em decorrência da função pública).

4.898, de 9 de dezembro de 1965); artigos 89 a 98 da Lei de Licitações (Lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993); artigo 3.º da Lei dos crimes contra a ordem tributária (Lei n.º 8.137, de 27 de dezembro de 1990); artigos 66 e 67 da Lei que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998); artigo 1.º e § 4.ºda Lei que define os crimes de tortura (Lei n.º 9.455, de 7 de abril de 1997); artigos 289 a 354 do Código Eleitoral (Lei n.º 4.737, de 12 de julho de 1965); Código Penal Militar.

Trata-se de crimes de ação penal pública, e é de competência exclusiva do Ministério Público o desencadear da ação penal, promovida por denúncia, cuja iniciativa poderá ser provocada por qualquer pessoa do povo que forneça, por escrito, informações sobre o fato e a autoria, indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.

Os agentes públicos podem praticar, no exercício de suas funções, outros crimes comuns, inclusive de ação penal privada ou de ação penal pública condicionada, também respondendo penalmente por suas ações.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro enumera as peculiaridades do ilícito penal, quando um servidor responde penalmente pela prática de crime ou contravenção:

1. a ação ou omissão deve ser antijurídica e típica, ou seja, corresponder

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