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ESPÉCIES DE TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL O artigo 145 da Constituição Federal estabelece três

No documento Tributação ambiental e energias renováveis. (páginas 148-152)

Josiane Ribeiro Minardi 1 1 INTRODUÇÃO

ORDENAMENTO JURÍDICO

5. ESPÉCIES DE TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL O artigo 145 da Constituição Federal estabelece três

espécies tributárias, no caso impostos, taxas e contribuição de melhoria. Para o Supremo Tribunal Federal o empréstimo compulsório e as contribuições também constituem espécies tributárias.

Os impostos, de acordo com o artigo 16 do Código Tributário Nacional incidem uma vez verificada a

ocorrência do fato gerador, independentemente da contraprestação estatal.

Devido a característica da não-vinculação do imposto à atividade estatal específica relativa ao contribuinte, Roberto Ferraz34 entende que a tributação ambiental não poderá ocorrer por meio de impostos, pois essa espécie tributária somente pode variar de acordo com a capacidade contributiva do contribuinte, e por isso uma cobrança diferenciada de impostos tendentes à proteção ao meio ambiente seria inconstitucional. O autor esclarece que “não há espaço para cobrança de simples impostos com finalidade ambientalmente orientada no sistema constitucional brasileiro.”

Entendimento diverso expressa Lidia Maria Lopes Rodrigues Ribas35 que afirma que os impostos podem ser vastamente utilizados na tributação ambiental, “por meio de mecanismos de graduações de alíquotas, reduções de base de cálculo e seletividade, isenções e restituições, dependendo da natureza dos produtos, visando a incrementar ou desestimular a produção dos que sejam poluidores ou cujo processo produtivo afete negativamente o ambiente.”

A razão parece estar com Lidia Maria Lopes Rodrigues Ribas no sentido de que não haveria qualquer problema de tributação ambiental ocorrer por meio dos impostos na medida em que permitem o exercício de finalidade orientadora de condutas. Um exemplo verificado hodiernamente é o que ocorre com o IPI que apresenta alíquotas superiores para os veículos movidos à gasolina e alíquotas inferiores para aqueles movidos á álcool, o que contribui claramente para diminuir os níveis de poluição atmosférica nas cidades. No mesmo sentido tem-se a lei de imposto de renda (Lei no. 5.106/1966) que permitiu

34 Ob. cit, p. 347.

35 RIBAS, Lidia Maria Lopes. Defesa Ambiental: Utilização de Instrumentos Tributários. In TÔRRES, Heleno Taveira (org.). Direito

deduções no imposto a pagar a importâncias aplicadas em atividades de florestamento, reflorestamento, conservação de solos e das águas.

A simples modificação das alíquotas ou base de cálculo, isenções ou incentivos não altera a condição de não-vinculação a que estão sujeitos os impostos.

As taxas, cuja previsão legal encontra-se nos artigos 145, II da Constituição Federal e artigos 77 a 80 do Código Tributário Nacional, podem ser instituídas “pelo exercício do poder de polícia e pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis”.

As taxas constituem meio hábil para a tributação ambiental, que poderá ser exigida em função da atividade de fiscalização e pela prestação obrigatória de serviços de caráter ambiental. Podem ser instituídas taxas sobre a poluição e emissão de poluentes no meio ambiente; taxas de utilização, direcionadas para os custos da construção de centrais de tratamento de resíduos; taxas administrativas, ligadas às atividades de autorização e controle da produção e comercialização dos produtos autorizados, como novos compostos químicos, inspeção de veículos36 .

Para Lidia Maria Lopes Rodrigues Ribas37 o custo do serviço prestado ou do exercício do poder de polícia realiza o princípio retributivo, “pela equivalência entre o valor da taxa e o custo na prestação pelo Estado e, por outro lado, o princípio do poluidor pagador ao se exigir taxa maior do contribuinte que gera mais custos ao poder público.”; as taxas atuariam com função orientadora de condutas, na busca de alternativas de menor poluição.

Outra espécie tributária que pode ser utilizada na proteção do meio ambiente é a contribuição de melhoria

36 RIBAS, Lidia Maria Lopes. Defesa Ambiental: Utilização de Instrumentos Tributários. In TÔRRES, Heleno Taveira (org.). Direito

Tributário Ambiental. São Paulo: Malheiros, 2005, p.699.

prevista nos artigos 81 a 82 do Código Tributário Nacional e artigo 145, III da Constituição Federal.

A contribuição de melhoria tem como hipótese de incidência tributária a valorização imobiliária decorrente de obras públicas.

A contribuição de melhoria é de competência comum de todos os entes federativos e pode ser cobrada a fim de estimular obras de cunho ambiental, como arborização de espaços, construção de parques, aterros, e assim por diante.

Roberto Ferraz38 critica a postura atual do Poder Público com relação à criação de parques, sem a cobrança de contribuição de melhoria, ainda que haja uma valorização imobiliária, ao mesmo tempo em que fica obrigado a pagar indenização por desapropriação.

Assim, ao decidir criar áreas de preservação ambiental o Estado deveria valer-se da cobrança da contribuição de melhoria, até mesmo para ter condições de arcar com novas desapropriações para criar novos parques, praças e assim preservar o meio ambiente.

A contribuição de intervenção no domínio econômico devida sua característica de ser exigida em determinado âmbito econômico, sem contudo, ofender o princípio da capacidade contributiva e da igualdade, pode ser considerada um excelente instrumento de conservação ambiental.

A contribuição de intervenção no domínio econômico é de competência privativa da União. E sua forma de atuação é mais freqüente, por meio de reduções e isenções, nada impedindo, que ocorra por meio de majoração de alíquotas.

E por último, os empréstimos compulsórios, previstos no artigo 148 da Constituição Federal, cuja hipótese de incidência se verifica em função de calamidade

pública ou para investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, ambas circunstâncias que podem ter de natureza ambiental, também constitui instrumento de proteção e conservação ambiental.

6. CONCLUSÃO

A proteção ao meio ambiente envolve toda a sociedade. A Constituição Federal de 1988 preconiza nos artigos 170 e 225, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para as gerações presentes e futuras, por isso pode-se afirmar que a proteção do meio ambiente é dever de todos.

Dentre os instrumentos regulatórios de uma política governamental de proteção do meio ambiente destaca-se a tributação, que pode ser utilizada com caráter fiscal ou extrafiscal; o Estado se vale da tributação para alcançar a sustentabilidade ambiental.

A tributação ambiental influencia nas decisões econômicas em torno da proteção do meio ambiente na medida em que pode assumir finalidade orientadora de condutas, mediante benefícios premiais, que podem ser operacionalizados por meio do princípio do poluidor- pagador.

A tributação ambiental pode ocorrer por meio dos impostos, taxas e contribuição de melhoria, além dos empréstimos compulsórios e da contribuição de intervenção no domínio econômico.

Em qualquer situação o objetivo é viabilizar a proteção ao meio ambiente por meio de instrumentos tributários fiscais e extrafiscais.

No documento Tributação ambiental e energias renováveis. (páginas 148-152)