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2 INTEGRAÇÃO REGIONAL: ESTADOS E TERRITÓRIOS

3.6 O CENÁRIO INTERNACIONAL DE SURGIMENTO DO BRASIL E VENEZUELA

3.6.2 Os Estados Unidos da América surgem como potência regional, a doutrina

Por isso vale sublinhar que a onda de descolonização e independência dos novos estados coincide também com a ascensão da hegemonia dos Estados Unidos (FIORI, 2007, p. 17). Este é o único caso de um estado nacional na história capitalista que sai de dentro de um império em expansão, durante as guerras que definiram a hegemonia inglesa dentro da Europa e do seu mundo colonial (Ibid., p. 68). Lessa (2008, p. 79) por sua vez, sustenta que a conclusão dos processos de emancipação política das colônias ibéricas (no Brasil, em 1823 e na América Hispânica em 1824) se fez acompanhar do surgimento de um pensamento americano que buscou legitimar um sistema de poder autônomo.

Realmente, de um lado, há a ideologia americana do destino manifesto expresso pelo Almirante Alfred Mahan, que em 1890 publicou “The influence of sea power upon history”, através da qual denuncia a política isolacionista dos Estados Unidos, quando este país estava destinado, segundo Mahan, a liderar o mundo. O missionário protestante Josiah Strong, em “Our Country”, de 1886, também proclama que os anglo-saxões tinham sido escolhidos por Deus para civilizar o mundo. Por sua vez, o presidente Teodoro Roosevelt “considerava os problemas debatidos nas campanhas de 1898-1900, o problema da circulação e o da expansão americana ultramar depois da guerra hispano-norteamericana, como 'dois grandes problemas morais' dos EUA: “Estamos no Armagedón e lutaremos pelo Senhor”.

Benjamin Franklin colocava a questão de forma mais contundente: “Se faz parte dos desígnios da Providência extirpar esses selvagens para abrir espaço aos cultivadores da terra, parece-me oportuno que o rum seja o instrumento apropriado. Ele já aniquilou todas as tribos que antes habitavam a costa” (WRINTINGS, 1987, p. 1422 apud LOSURDO, 2006, p. 30). Ou quando o senador Edward Everett, de Massachusetts, em 1821, demonstra o pensamento estadunidense sobre os seus vizinhos da América Latina: “Nem com todos os tratados que possamos fazer, nem com todo o dinheiro que emprestarmos, poderemos transformar seus Bolívares em Washington”.

21 Espanhóis nascidos na América. Eram os grandes proprietários de terras e escravos, formavam a elite econômica, muito embora ficassem excluídos das funções políticas.

De outro, o pensamento bolivariano de unidade americana, mediante a formação de uma federação das nações da América do Sul mesmo porque Venezuela, Colômbia, Panamá e Equador constituíam à época a República da Grande Colômbia, sob a presidência de Bolívar. Mas diferentemente dos Estados Unidos, a tendência de independência nacional no continente não pôde ser ignorada. Reflete essa realidade o Congresso das Nações da América Hispânica (Congresso do Panamá), convocado por Bolívar em 1826. Apenas quatro países compareceram, com o intuito de criar um ordenamento jurídico supranacional, que unificasse a conduta externa e garantisse o entendimento das nações americanas (CERVO; BUENO, 2008, p. 42). E, ao invés de mais países se unirem à Grande Colômbia, o oposto ocorreu: a república começou a se fragmentar, frustrando assim o sonho da Gran Colômbia bolivariana, que contemplava a criação de uma Federação dos Andes e, mais do que isso, de uma América independente, livre, unida, diferente.

Na outra América, mais ao norte, os Estados Unidos se consolidam como Federação após a independência e ampliam bastante seus domínios territoriais no continente norte- americano. Moraes e Silva (2009, p. 10) destacam que entre 1802, quando a Geórgia cedeu seus direitos a terras ocidentais, e 1898, ano da anexação do Havaí, os EUA assumiram a sua forma física atual através de oito principais aquisições de território: o da Luisiana, adquirido da França em 1803; a Flórida, obtida em tratado com a Espanha em 1819; o Texas, anexado como estado em 1845; o território de Oregon, anexado, por tratado com a Grã-Bretanha em 1846; o Novo México, através de conquista militar sobre o México, em 1848; a compra do Alaska, adquirido da Rússia em 1867; a anexação do Havaí, ratificada em 1898. Dessa forma ocorreu a ampliação do território continental dos EUA de aproximadamente um milhão de quilômetros quadrados para mais de nove milhões de quilômetros quadrados. Com isso o território americano passou a estender-se da costa do Atlântico até a costa do Pacífico, incluindo o Alasca. Esse feito foi realizado ora através de compras de possessões europeias, ora através de guerras de conquistas (RIBEIRO, 2005, p. 181) que foram materializando a ideologia do “Destino Manifesto” dos EUA como grande potência.

Ao emergir no plano internacional como potência regional, o presidente americano anuncia em 1823 a doutrina Monroe, sintetizada na frase “a América para os americanos”. Ancorava-se nos postulados de não envolvimento no conflito entre as colônias e as metrópoles; na manutenção da neutralidade nas guerras de independência; na dissuasão da reconquista europeia pelas tomadas de posição políticas e de somente reconhecer as nacionalidades após o fato consumado da independência; no apoiamento do “sistema

americano” e dos interesses do comércio pela diplomacia e pela presença de uma esquadra; buscar as facilidades do comércio mediante tratados que neutralizassem os privilégios britânicos (CERVO; BUENO, 2008, p. 44).

A doutrina Monroe se impôs, sobretudo, porque ao reconhecer a independência dos países sul-americanos, a Inglaterra, aliada de Portugal, dava o troco à Espanha aliada da França, dentro do ditado “inimigo do meu inimigo, meu amigo é”. Ao mesmo tempo ampliava os mercados de seus produtos industriais, em detrimento dos interesses comerciais da Espanha. A Grã Bretanha sugere aos Estados Unidos que proclame aos países europeus, principalmente à Espanha, a política do “não toque” a América Latina22, que se incorporou à política externa daquele país na Doutrina Monroe: a América é área sob proteção e controle dos Estados Unidos (EUA).

A propósito do bloqueio dos portos venezuelanos por parte de navios de guerra ingleses e alemães em 1902, os EUA se opuseram à intervenção e na mensagem que Roosevelt dirigiu ao Congresso da União (dezembro de 1904) disse:

Todo Estado em que o povo se conduza bem, pode contar com nossa cordial amizade. Tudo o que deseja este país é ver reinar, nos países vizinhos, a estabilidade, a ordem e a prosperidade. Se uma nação demonstra que sabe atuar de maneira razoável e decente, se mantém a ordem e cumpre com suas obrigações, não tem que temer intervenção de parte dos Estados Unidos. Porém debilidades repetidas e uma carência de poder que se traduzam por um relaxamento geral dos laços de uma sociedade civilizada podem, na América como em outras partes, requerer em última instancia a intervenção de alguma nação civilizada, e no hemisfério ocidental, a adesão dos Estados Unidos à doutrina Monroe pode empurrá-los em tais casos flagrantes de falta ou incapacidade de exercício, embora relutantemente, um poder de polícia internacional.

Este é o chamado corolário Roosevelt da Doutrina Monroe. Assim o presidente Theodore Roosevelt explicita-a claramente com a política do Big Stick (“porrete”) através da qual os EUA propunham-se a cooperar com seus vizinhos na promoção do desenvolvimento comum.

Na expressão de Ribeiro (2005, p. 183) essa “[...] cooperação era, apenas, o revestimento que dourava a pílula que os países latino-americanos teriam de deglutir, pois, o eixo da doutrina era justificar a intervenção militar nesses países vizinhos [...]” sempre que certas condições fossem violadas. Mais tarde, os confrontos entre EUA e países europeus se mostraram inevitáveis. Foi o caso da Guerra Hispano-Americana (1898), deflagrada quando o navio militar USS Maine foi destruído em Havana, Cuba - então colônia espanhola. Os EUA alegaram que os espanhóis sabotaram o navio e exigiram que a Espanha concedesse a

22 Presidentes. Disponível em: <http://www.whitehouse.gov/about/presidents/jamesmonroe> Acesso em: 14 mar. 2011.

independência de Cuba, cuja recusa ensejou o início da guerra. Poucos meses depois de seu início, a Espanha cedeu e assinou o Tratado de Paris (1898), através do qual Cuba, Porto Rico, Guam e as Filipinas passaram à tutela dos Estados Unidos. Cuba logo se tornaria um país independente, as Filipinas teriam sua independência em 1945, enquanto Porto Rico e Guam são até os dias atuais territórios americanos.

A hegemonia inglesa no campo econômico era incomodada desde então pela prosperidade norte-americana porque como assinala Kissinger (1995, p. 31):

Para o ano de 1885, os Estados Unidos haviam ultrapassado a produção manufatureira da Grã-Bretanha, considerada então a maior potência industrial. Até o final do século, estava consumindo mais energia que a Alemanha, França, Áustria-Hungria, Rússia, Japão e Itália juntos. Entre a Guerra da Secessão e o final do Século, a produção norte- americana de carvão aumentou em 800%, os lingotes de aço em 523%, a quilometragem das estradas de ferro em 567% e a produção de trigo em 256%.

Kennedy (1989) mostra o comportamento da produção manufatureira mundial no período 1750-1938 (Tabela 2), que se associa à trajetória política dos estados em questão, corroborando a análise de Kissinger.

Tabela 2 - Percentagem da Produção manufatureira mundial

País/Região 1750 1800 1830 1860 1880 1900 1913 1928 1938 Reino Unido 1,9 4,3 9,5 19,9 22,9 18,5 13,6 9,9 10,7 Império Austro Húngaro 2,9 3,2 3,2 4,2 4,4 4,7 4,4 - - França 4,0 4,2 5,2 7,9 7,8 6,8 6,1 6,0 4,4 Estados Alemães/Alemanha 2,9 3,5 3,5 4,9 8,5 13,2 14,8 11,6 12,7 Estados Italianos/Itália 2,4 2,5 2,3 2,5 2,5 2,5 2,4 2,7 2,8 Rússia 5,0 5,6 5,6 7,0 7,6 8,8 8,2 5,3 9,0 Total Europeu 19,1 23,3 29,3 46,4 53,7 54,5 49,5 35,5 39,6 Estados Unidos 0,1 0,8 2,4 7,2 14,7 23,6 32,0 39,3 31,4 Fonte: Kennedy (1989).

A ascensão econômica do Reino Unido fica evidente no início do século XIX, aos ultrapassar todos os concorrentes europeus, à exceção da Rússia, que é superada apenas duas décadas depois. Simultaneamente, retrata a força da trajetória da economia americana a partir da década de 1860, assumindo a hegemonia econômica do mundo no início do século XX, quando superou o Reino Unido.

Por outro lado, Lens (2006, p. 299) mostra que a Guerra Hispano-Americana (1898) marca o início do reconhecimento dos Estados Unidos como grande força militar, ao assumirem clara posição de expansão extracontinental, começando pelo Caribe. O presidente Woodrow Wilson (1912-1921) escreve em 1907 que “[...] já que o comércio ignora fronteiras e o industrial insiste em ter o mundo como um mercado, a bandeira de seu país deve segui-lo, e as portas das nações que para ele se fecharem devem ser derrubadas” (Ibid., p. 299). Em

1901, os EUA demonstram à Europa que não tolerariam intervenções europeias colonialistas diretas na América Latina, prerrogativa reservada exclusivamente aos Estados Unidos da América (Ibid., p. 311).

Foi o que aconteceu em relação ao Canal do Panamá durante a gestão do presidente estadunidense Theodore Roosevelt (1901-1909), para quem o controle da passagem do Atlântico para o Pacífico seria de extrema importância militar e econômica. Em 1903, EUA e Colômbia assinam o Tratado Hay-Herran, que o Senado colombiano não ratificou já que à época o Panamá pertencia à Colômbia. Roosevelt reage e coloca o U.S.S. Nashville em águas panamenhas, para “exercícios de treinamento”, incentivando a causa de independência panamenha. Com isso impede toda e qualquer interferência armada colombiana no processo de emancipação do Panamá, que acabou por proclamar sua independência em novembro de 1903. Ela foi declarada no dia 04 de novembro e reconhecida pelos EUA no dia 13 de novembro (LENS, 2006, p. 308). A seguir, em fevereiro de 1904, o Panamá soberano cedeu aos EUA o controle do Canal por US$ 10 milhões e uma renda anual de 250 mil dólares a partir de 191323, com vigência perpétua, cuja construção foi concluída em 1914 ao custo de US$ 400 milhões (Ibid., p. 309).

É que Washington logo percebeu segundo destaca Lens (2006, p. 301), que nações mais fracas poderiam ser forçadas a servir aos objetivos americanos sem que fosse necessário ocupá-las militarmente: por meio de acordos comerciais e financeiros, e de empréstimos acrescidos de severas condições; pelo treinamento de exércitos-satélites, pela ameaça de intervenção militar e, só quando outros meios se mostrassem inadequados, pelo desembarque dos fuzileiros navais. Para Arrighi (1996, p.247) as estratégias e estruturas que moldaram nossa época surgiram no último quarto do século XIX. Dizem respeito à nova internalização de custos na lógica econômica da iniciativa capitalista, como os custos de transação (COASE, 1937), a integração vertical das organizações empresariais (WILLIAMSON, 1970). De fato, a expansão norte-americana sobre a América Latina (com exceção do México, de Porto Rico e da Zona do Canal) tem uma constante: a ausência de anexação territorial.

Em 1913 os EUA controlam a exploração do estanho na Bolívia, do cobre, no Chile e Peru, e a exportação de carne bovina na Argentina e no Paraguai. O resultado final desse processo foi uma esfera de influência que, em muitos aspectos, era uma base mais firme para o império -- e menos custosa de administrar -- que uma colônia (LENS, 2006, p. 301). A

23 Em 1977 os termos do tratado foram revistos, e o Panamá passou a controlar o canal a partir de 31 de dezembro de 1999.

diplomacia do dólar foi talhada para encorajar o comércio e os investimentos externos americanos, sendo obrigação de o governo preparar o caminho para a penetração do comércio e dos dólares americanos em novos mercados (Ibid., p. 315).

Investimentos, comércio e lucros imediatos são certamente pilares importantes de expansão das potências. Mas importa também a questão da “segurança” estratégica, o posicionamento do país no tabuleiro do jogo internacional das nações visando fazer avançar seus interesses econômicos e políticos. Nesse sentido, o posicionamento estratégico americano foi traduzido de forma precisa pelo secretário Knox:

[…] a lógica da estratégia e da geografia políticas, e agora nosso tremendo interesse nacional (crescimento do comércio etc.) criado pelo canal do Panamá, fazem com que a segurança, a paz e a prosperidade da América Central sejam do mais alto interesse para o governo dos Estados Unidos. (LENS, 2006, p. 325).

Nesse diapasão Topik (2009, p. 18) registra que já na década de 1890 os Estados Unidos conquistaram mais de 259 mil quilômetros quadrados de terras no exterior, uma vez que dominaram como colônias ou protetorados, Cuba, Guam, Havaí, Filipinas, Porto Rico e as Ilhas Virgens. Para fazer prevalecer esses interesses, os Estados Unidos agiram militarmente inúmeras vezes na América Latina, todas no Caribe, com exceção do caso do Chile: 1891, Chile e Haiti; 1895, Nicarágua; 1898, Porto Rico e Cuba; 1899, Nicarágua; 1902, Venezuela; 1903, República Dominicana e Colômbia; 1904, República Dominicana e Guatemala; 1906-1909, Cuba; 1907, República Dominicana; 1909-1910, Nicarágua; 1910, Honduras; 1911, Honduras; 1912, Nicarágua, Cuba, República Dominicana.

Até 1912 as intervenções militares norte americanas eram ocasionais, locais, específicas, pontuais por assim dizer; eram incursões militares. A partir de 1912 o desembarque de fuzileiros navais torna-se o prelúdio da ocupação militar em três países: Nicarágua (1912-1925 e 1926-1933), Haiti (1915-1934) e República Dominicana (1916- 1924). Intervieram ainda no México, Colômbia e Panamá, deixando claro para todos os Estados da América Latina que não admitiriam danos aos interesses americanos na região, como, por exemplo, à exploração de petróleo que as empresas americanas monopolizam na Venezuela, desde a década de 1910. A Doutrina Monroe passa a ser interpretada não apenas como política de inibição de aquisição pelos europeus de novos territórios na América Latina, mas também como fator de restrição às concessões econômicas.

No Brasil, de área continental, o esforço se concentra na manutenção e consolidação do território conquistado, agora com o apoio dos ingleses, pois, segundo Topik (2002, p.64), “[...] os brasileiros tendiam a aceitar a Doutrina Monroe porque achavam que ela protegia o

Brasil das potências coloniais e neocoloniais europeias, assim como de sua rival no continente, a Argentina”.

No caso da Venezuela, Simon Bolívar lidera de 1811 a 1830 o projeto de congregar numa só nação independente todas as antigas colônias hispânicas do continente, único remédio possível, segundo o Libertador, contra a desagregação interna de cada um dos países e a anarquia geral (CASTRO, 1989, p. 155). Naquela altura dos acontecimentos de fragmentação do sistema colonial hispânico, Bolívar concluíra em 1829 que os espanhóis não eram os mais perigosos, mas sim, os anglo-saxões e sua onipotência. Para enfrentá-los Bolívar defendia a ideia da criação de uma federação das nações livres da América espanhola, com sede no Panamá. “Trata-se de uma Liga verdadeiramente americana. [...] nossa sociedade há de ser de nações irmãs, unidas, fortes e capazes de enfrentar a agressão de potências externas” (CASTRO, 1989, p. 166).

É a Venezuela alimentando-se do sonho de ocupar papel central como potência regional no âmbito das relações caribenhas e sul-americanas. É o pan-americanismo bolivariano tentando contrapor-se à doutrina Monroe por enxergar desde à época o caráter hegemônico dos EUA, que substituiria em outras bases o colonialismo das potências europeias da Santa Aliança. Os Estados Unidos rechaçaram todas essas iniciativas.

Em geral a resposta dos Estados latino-americanos frente às intervenções dos Estados Unidos foi fraca. Isto em razão dos escassos meios econômicos e militares que dispunham, porém, deveu-se, sobretudo, à atitude das classes dominantes latino-americanas e seus governos colonizados culturalmente e cujos interesses econômicos estavam, em muitos casos, intimamente ligados aos interesses do capital estrangeiro. À política de intervenção norte- americana, à política do “grande porrete” ou do “big stick” preconizada por Roosevelt ou à política da “diplomacia do dólar” somente alguns raros setores da elite cultural se opuseram. O nacionalismo se converte então no tema da uma literatura engajada. Assim, o uruguaio José Enrique Rodó publica em 1900, o Ariel; o nicaraguense Rubén Darío, a Ode a Teodoro

Roosevelt; o cubano Martí, a revista “Nuestra América”; o argentino Manuel Ugarte, “El

destino de un continente”. Todos manifestavam o sentimento de amplos setores da população latino-americana, mas não iam, além disso. Enquanto isso, os Estados Unidos exerciam suas ações econômicas na região através de inversões diretas, e de empréstimos, da rede bancaria e do comercio. Seus interesses estavam concentrados fundamentalmente na região do Caribe e nas vésperas da primeira guerra mundial, os capitais norte-americanos na América Latina eram inferiores apenas aos investimentos ingleses.