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CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES

6.4 ESTRATÉGIA COMPETITIVA OPERACIONAL

As três variáveis mais importantes do modelo de campos e armas da competição para a identificação desta estratégia são: intensidade média das armas, foco e dispersão. A intensidade da arma é o grau de eficácia da utilização dos recursos da arma, isto é, sua potência e seu alcance. O foco é definido como a concentração de esforços nas armas relevantes para o campo da competição declarado e indica a utilização de armas que aumentam a competitividade do autoveículo, ou seja, quanto maior for a intensidade das armas relevantes, maior será o foco. Define-se dispersão como a aplicação de esforços nas armas irrelevantes para o campo da competição declarado, representando dispersão de esforços. Indica a utilização de armas que não aumentam a competitividade do autoveículo, sendo, pois, o oposto do foco.

Os resultados das análises para se conhecer a influência da estratégia competitiva operacional, representada por estas três variáveis, na competitividade dos autoveículos, destacaram que o foco é a variável matemática que explica as razões que levam um autoveículo a ser competitivo.

Essa constatação comprova a tese do modelo de campos e armas da competição: “Para a empresa ser competitiva, não há condição mais relevante do que ter alto desempenho apenas naquelas poucas armas que lhe dão vantagem competitiva nos campos da competição escolhidos para cada par produto/mercado” (CONTADOR, 2008), ou seja, a empresa precisa dirigir seus esforços com a finalidade de aumentar a intensidade das armas relevantes para o campo da competição escolhido, o que significa almejar ter alto foco.

A variável dispersão serve como contraprova dos testes de validação desse critério, porque, como o método de cálculo do foco e da dispersão é o mesmo, se houver alto índice de correlação do grau de competitividade com o foco e baixo índice com a dispersão, fica evidente que são as armas relevantes (aquelas que contribuem para o foco, ou seja, as alinhadas ao campo da competição declarado) que dão competitividade ao autoveículo e que, as armas irrelevantes (aquelas que contribuem para a dispersão, ou seja, as não alinhadas ao campo da competição declarado), não afetam a competitividade do autoveículo.

Isso foi efetivamente constatado na pesquisa de campo, pois os índices de correlação entre o grau de competitividade e o foco, e entre o grau de competitividade e a dispersão, apresentados na Tabela 6.1, permitem concluir que é o foco que explica a diferença de competitividade entre os autoveículos.

Tabela 6.1 – Consolidação dos índices de correlação r de Pearson entre GC x Todos Modelos e a variável IMA, GC x Todos Modelos e a variável Foco, e GC x Todos Modelos e a variável Dispersão

Situação r(GCxIMA) para todos os modelos r(GCxFoco) para todos os modelos r(GCxDisp) para todos os modelos Coeficiente de explicação do foco para a competitividade 1. Somente Projeto do Produto 0,795 0,563 63 2. Somente Qualidade do Produto 0,759 0,650 58

3. Somente Preço do Produto 0,789 0,843 0,604 71 4. Somente Diversidade do Produto 0,757 0,576 57 5. 1º Campo Declarado 0,825 0,507 68 6. 2º Campo Declarado 0,777 0,643 60 7. 3º Campo Declarado 0,746 0,580 56 8. 1º e 2º Campos Declarados 0,789 0,531 62 9. 1º, 2º e 3º Campos Declarados sem peso 0,799 0,577 63 10. 1º, 2º e 3º Campos Declarados com peso 0,803 0,240 64 Fonte: Autor.

Os resultados obtidos são bastante significativos, pois nitidamente evidenciam que a variável foco explica, dependendo da situação analisada, de 56% a 71% da competitividade do autoveículo.

Assim, para o segmento de autoveículos compactos, segundo os resultados da pesquisa, se a empresa atentar para a variável foco, estará gerenciando, dependendo da situação analisada, de 56% a 71% das variáveis que afetam a competitividade dos seus modelos de autoveículos compactos. Isso de fato ocorre, pois os índices de correlação de Pearson obtidos (0,795; 0,759; 0,843; 0,757; 0,825; 0,777; 0,746; 0,789; 0,799; 0,803) evidenciam que as empresas montadoras dos autoveículos mais competitivos procuram alcançar alta intensidade nas armas relevantes, ou seja, essas montadoras possuem armas mais bem alinhadas ao seu campo da competição principal do que as montadoras dos autoveículos menos competitivos.

Tanto a correlação de Pearson quanto o teste t concluíram que as empresas montadoras dos autoveículos mais competitivos têm armas mais potentes que as empresas montadoras dos autoveículos menos competitivos, donde se conclui que a valorização dada pela empresa às suas armas reflete no desempenho do seu autoveículo.

Porém, o moderado índice de correlação entre o grau de competitividade e a intensidade média das armas das empresas é indício de que a variável intensidade média das armas não explica satisfatoriamente a competitividade dos autoveículos da amostra. A variável foco, sim, explica-a.

O exposto no parágrafo anterior significa que as empresas montadoras dos autoveículos mais competitivos adotam a estratégia de força, ou seja, procuram alcançar alto desempenho em todas as armas, pois há alta correlação entre a intensidade média das armas (IMA) e o grau de competitividade (GC), (r = 0,789) - valor idêntico para as dez situações consideradas. Em outras palavras, atiram para todos os lados e alguns tiros acabam acertando aqueles que aumentam o foco. Alta intensidade média das armas acarreta alto foco, o que é bom, mas também acarreta alta dispersão (vide Tabela 5.12), o que significa que a empresa investiu em armas que não afetam a competitividade dos seus respectivos modelos de autoveículos. Como mostra a Tabela 5.12, mesmo para as situações 9 e 10, que consideram o conjunto dos três campos da competição dos autoveículos, a dispersão é elevada.

Essa conclusão não chega a surpreender, pois é o que prega, há décadas, o tão disseminado movimento da Qualidade Total: a empresa precisa ter qualidade em tudo o que faz. Com esse pensamento, a empresa acaba por investir em armas irrelevantes para a competitividade dos seus respectivos modelos de autoveículos, aumentando, portanto a dispersão. Pelo modelo de campos e armas da competição, a empresa deve apenas ter alta intensidade nas armas relevantes para seus respectivos campos da competição, ou seja, nas armas que aumentam o foco, e ter baixa intensidade nas armas irrelevantes, que contribuem para a dispersão.

Interessante notar que estes resultados são coerentes com os já encontrados pelas pesquisas anteriores. A Tabela 6.2 apresenta um resumo dessas pesquisas anteriores citadas e, em destaque, os resultados encontrados pelo presente estudo na indústria automotiva no segmento de autoveículos compactos.

Tabela 6.2 – Resultados das pesquisas tendo como instrumento o MCAC

Setor Econômico Qtde. Empr/

Prod.

Correlação Grau

Competitividade Referência IMA Foco Disp.

Indústria têxtil e couro – BR 11 0,57 0,81 -0,04 Contador e

Serviço de assistência técnica –

BR 15 0,76 0,84 0,67

Contador et al., 2003

Vinícola de São Roque – SP 12 0,78 0,90 0,41 Oliveira, I. V.,

2004 Calçadista do Vale dos Sinos –

RS 14 0,84 0,83 0,86

Giusti, R. C., 2004

Indústria têxtil de Americana –

SP 16 0,91 0,97 0,42

Contador, C. A., 2004

Indústria calçadista de Jaú – SP 30 0,32 0,91 0,29 Furquim, E. B.,

2005 Transporte aéreo de

passageiros 8 0,66 0,85 0,56

Minami Jr., K., 2006

Concessionárias Chevrolet - SP 13 0,52 0,89 0,25 Passanezzi et

al., 2006ª

Joalherias (varejo) 13 0,74 0,92 0,27 Passanezzi et

al., 2006b

Indústria fibras químicas - BR 12 0,61 0,96 0,25 Nave, J.G.B.,

2007 Refeições para coletividade -

BR 16 0,69 0,87 0,54

Bolla, G.Z., 2006

Confecções (varejo) - SP 16 0,63 0,93 0,43 Passanezzi et

al., 2007 Automotivo - autoveículos

compactos - BR 8 0,79 0,80 0,24

Sanchez, J.H., 2008

Total empr./prod. e média do r 184 0,68 0,88 0,40 Coeficiente de explicação (r2) 0,46 0,78 0,16 Fonte: adaptado de Contador, 2008.

6.5 PROPOSTA PARA AUMENTO DA COMPETITIVIDADE DOS