• Nenhum resultado encontrado

Estruturação metropolitana e deslocamento moradia-trabalho A região metropolitana de São Paulo é composta por 39 municípios que for-

Mobilidade Metropolitana – São Paulo e Paris

7. Região Metropolitana de São Paulo

7.2 Estruturação metropolitana e deslocamento moradia-trabalho A região metropolitana de São Paulo é composta por 39 municípios que for-

mam o aglomerado urbano de São Paulo ou que têm estreita relação com esta porção urbana. A aglomeração paulistana está entre as 10 maiores metrópoles mundiais e possui, segundo o censo de 2007, uma população metropolitana de 19.534.620 habitantes. Com um território de 794.720 ha (7.947 km2), pos-

sui uma densidade populacional geral de 24,51 habitantes por hectares. A RMSP possui um total de 6.540.251empregos formais, e um PIB de 509.499 milhões de Reais.

163

7. Região Metropolitana de São Paulo

Os principais incrementos de crescimento populacional da RMSP estão em dois momentos: a virada do século XIX e na segunda metade do século XX. No primeiro momento são identificadas as maiores taxas de crescimento po- pulacional, com grandes fluxos migratórios. Já no segundo momento, o cres- cimento populacional em números absolutos foi o processo que marcou o desenvolvimento e a metropolização de São Paulo. Este processo se acentuou e se consolidou a partir de 1960 até os dias atuais.

De 1900 a 1950 a população de São Paulo passou de cerca de 240 mil habi- tantes para 2,2 milhões, representando uma taxa anual média de 4,5%. Este incremento se deu paralelo ao fim da economia baseada no trabalho escravo, associada a uma imigração acentuada de estrangeiros para ocupar os postos de trabalho assalariado. Outros fatores ligados a esta reconfiguração da eco- nomia brasileira, ainda podem ser citados, como o aumento da migração de trabalhadores rurais para a cidade e melhoria e expansão da infraestrutura de transportes regionais por linha férrea.

Ao contrário do que ocorreu na vidada do século, o salto populacional da aglomeração urbana de São Paulo a partir da segunda metade do século XIX está mais associado a migrações internas e uma reestruturação da economia nacional. Neste período, de acordo com a expansão do modelo econômico internacional do pós-guerra, desenvolveu-se um padrão de economia cada vez mais urbano, onde as cidades foram se transformando no centro das atividades produtivas e novos padrões de relação social. Um dos pontos mais marcantes deste período é a velocidade do processo de urbanização, sendo este muito superior aos países cuja transformação da economia principal em um capitalismo urbano se deu muito anteriormente, como é o caso das me- trópoles europeias.

Assim, o deslocamento de grande número de migrantes dentro do país, em espaço de tempo muito curto, marca o início de um processo de transfor- mação do novo padrão de organização espacial. Este novo padrão espacial se baseia na incorporação da necessidade de deslocamento e mobilidade de pessoas, coisas e informações em uma nova escala.

Até por volta de 1930 o aglomerado urbano de São Paulo estava limitado pelos rios Tietê e Pinheiros. Neste momento os rios eram ainda usados como vias de transporte, sobretudo de mercadorias e local de lazer. A predomi- nância dos meios de transporte eram os bondes, com um trajeto fixo nestes eixos de trilhos. A partir deste período, estes limites naturais começaram a ser transpostos e os transportes rodoviários foram gradativamente substituindo os bondes e tornando-se o principal meio de deslocamento da população em São Paulo.

164

Mobilidade urbana e utilização energética

Figura 7.03 RMSP e a mancha da aglomeração

urbana em 2010 Fonte: Emplasa

Associada a esta nova matriz modal de deslocamentos na cidade, e propiciada por ela, as políticas de ocupação do solo urbano incentivaram a expansão da moradia da população de mais baixa renda para áreas dispersas da aglo- meração urbana consolidada. A partir da década de 1960 os fatores ônibus, loteamentos populares periféricos, e explosão populacional norteou a con- figuração do tecido urbano da metrópole que se expandia e se consolidava. As políticas de habitação social predominantes estiveram separadas do direito ao acesso à cidade, onde as áreas de implantação das unidades sempre foram aquelas com menor valor comercial, o que no contexto significava aquelas pe- riféricas e sem infraestrutura ou com fragilidades ambientais. Este direciona- mento tem seu maior exemplo nas políticas habitacionais da década de 1970, a partir da produção de grandes e densos conjuntos habitacionais em áreas ainda rurais e longe das centralidades urbanas. Outra característica marcante destes conjuntos é a adoção de um novo padrão de tecido urbano, abando- nando a quadra tradicional e implantando os6tg prédios em uma área prevista como pública, adotando alguns dos preceitos modernistas de cidade enuncia- dos na carta de Atenas. A característica de padrão urbano com tipologia rígida em relação ao uso e seu desligamento em relação à rua impede que seu uso possa ser reversível ou compatível com outras atividades. Assim, criaram-se extensas áreas urbanas destinadas à cidade dormitório.

165

7. Região Metropolitana de São Paulo

Figura 7.04 Municípios da RMSP e polos de

emprego (2011) Fonte: Emplasa

A metrópole se estruturou de forma radial concêntrica inicialmente, se tor- nando mais complexa em sua estrutura a partir da urbanização da década de 1960. Quando falamos de densidades médias, as maiores taxas estão no centro, e diminui à medida que nos afastamos dele. Porém, se nos atentarmos para a densidade somente das áreas ocupadas por aglomerações, bairros e loteamentos, excluindo-se as áreas livres, esta densidade se mostra mais com- plexa.

O tecido urbano da periferia da metrópole tem como característica a justapo- sição de diferentes loteamentos, sem necessariamente uma conexão sistêmica ou um plano conjunto de expansão. Assim, os anéis concêntricos, vistos de uma maneira regional, apresentam esta diminuição gradual da densidade. Se analisamos a aglomeração em uma escala intraurbana, as porções urbaniza- das da periferia apresenta as maiores densidades demográficas, e também as maiores taxas de crescimento demográfico, como mostra o mapa a seguir. Embora o ritmo de crescimento da aglomeração e da população tenha di- minuído, as taxas de crescimento demográfico internamente à metrópole se mostram igualmente díspares. Nesta estrutura radial concêntrica até 2007 o centro apresentava taxa negativa de crescimento populacional e as franjas da metrópole mostravam uma alta taxa.

166

Mobilidade urbana e utilização energética

Figura 7.05 Densidade Demográfica por distritos

em 2007 (habitantes/ha) Fonte: OD 2007

Tabela 7.07 Evolução total da população na

RMSP Fonte: Fundação IBGE / Fundação

SEADE 2007.

Figura 7.06 Crescimento Demográfico

de 1991 a 1996. Fonte: Infurb / USP 1998

As zonas por anéis concêntricos podem ilustrar em dados esta tendência de periferização e variação negativa da demografia das áreas centrais da RMSP, e por outro lado, a variação positiva dos empregos no centro.

Ano 1970 1980 1991 2000 2007 RMSP 8 178 241 12 549 856 15 369 305 17 852 637 19 586 265

Estado de São Paulo 17 771 948 25 040 712 31 436 273 36 974 378 41 029 414

Dist. Relat. RG/ESP(%) 46.01769598 50.11780815 48.89035351 48.28380615 47.73713073 RMSP - 4.38 1.86 1.68 1.33

Estado de São Paulo - 3.49 2.12 1.82 1.5 Taxas de crescimento (% a. a.)

167

7. Região Metropolitana de São Paulo

As regiões de maior concentração de emprego continuaram, porém, localiza- das nas porções centrais da RMSP. Alguns polos de emprego foram desen- volvidos em áreas ao sul e sudeste do centro, mas com menor importância que a área central.

A evolução dispersa das habitações de mais baixa renda inicialmente identifi- cadas se intensifica a partir da década de 1970. Assim, temos uma desconexão entre as áreas concentradoras de moradias de baixa renda, entre trabalhadores e mesmo excluídos da cidade formal, e as áreas de maior emprego e diversi- dade de oportunidades econômicas.

A partir da década de 1990, a dispersão das moradias na metrópole desenvol- veu, por um lado, uma certa mistura de classes em regiões, em uma nova for- ma de ocupação por faixas de renda, convivendo loteamentos precários com empreendimentos de alto padrão comercial em proximidades. Isto traduz no- vas formas de segregação, identificadas agora mais fortemente se analisamos na escala do tecido urbano, com tendências crescentes de formações de ter- ritórios exclusivos dos extremos das camadas sociais. O modelo de dispersão na RMSP vem se desenvolvendo sobretudo pela moradia popular e de baixa renda, acompanhada da manutenção da concentração dos polos de trabalho na área central.

Para mostrar esta nova estruturação, a identificação de áreas de predomi- nância de moradias das faixas de renda alta e faixas de renda baixa deve ser relacionada com a também localização de polos concentradores de postos de trabalho.