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A estrutura de serviços para HIV/aids na cidade de São Paulo

O Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, (PM DST/Aids) do município de São Paulo, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), coordena a rede de serviços especializada (RME) em DST/aids pulverizada em toda a cidade, sob administração direta do poder público,29 seguindo as normatizações

do Departamento Nacional de DST/Aids e Hepatites Virais.

As atribuições são divididas entre o PM DST/Aids, as Coordenadorias de Saúde (CRS) e as Supervisões Técnicas de Saúde (STS). A Secretaria Municipal de Saúde paulistana compõe a divisão administrativa do território em cinco Coordenadorias CRS Centro-Oeste; CRS Leste; CRS Norte; CRS Sudeste; e CRS Sul (ver Quadro 4), por sua vez subdivididas em 25 STS.

29

Cabe destaque para os processos de parcerias entre o poder público e organizações sociais para terceirização das atividades em saúde. No caso dos serviços de DST/aids na cidade de São Paulo, estes são executados sob gestão direta da administração pública municipal.

Quadro 5 — Oferta de serviços na rede especializados em DST/aids na cidade de São Paulo, de acordo com a região e ano de abertura. São Paulo. 2013

Região e serviços Ano de abertura

Região Centro-Oeste

CTA Henrique de Souza Filho (CTA Henfil) 1989

SAE DST/Aids Butantã 1996

SAE DST/Aids Campos Elíseos 1996

SAE Paulo César Bonfim — Lapa 2002

Região Leste

CTA Cidade Tiradentes 2003

CTA Dr. Sérgio Arouca (Itaim Paulista) 2003

CTA São Mateus 2003

CTA São Miguel 1996

CTA Guaianases 2004

SAE DST/Aids Cidade Líder II 1996

SAE DST/Aids Fidélis Ribeiro 1996

Região Norte

CR DST/Aids Nossa Senhora do Ó 1996

CTA Pirituba 1996

SAE DST/Aids Marcos Lottemberg (Santana) 1996 Região Sudeste

SAE Ceci 1996

AE Vila Prudente 1997

CTA Mooca 2011

CR DST/Aids Penha 1996

SAE DST/Aids Herbert de Souza — Betinho 1991 SAE DST/Aids Jose Francisco de Araújo (Ipiranga) 2004

Região Sul

CR DST/Aids Santo Amaro 1997

CTA Parque Ipê 2003

CTA Santo Amaro 1996

SAE DST/Aids Cidade Dutra 1996

SAE DST/Aids Jardim Mitsutani 1996

Fonte: Informações fornecidas após solicitação da pesquisadora para o Portal da Prefeitura da cidade de São Paulo (Sistema e-sic). Dados acompanhados da seguinte informação: “O histórico e data de inauguração dos serviços foram fornecidos pelos gerentes dos mesmos. O Programa Municipal de DST/Aids não possui registro oficial destas datas.” Site fornecedor dos dados: <http://e- sic.prefeitura.sp.gov.br/detalhes_pedido.aspx?id=1414>. Ultimo acesso: 15 ago. de 2013; visualização depende de uso de email e senha.

A maioria dos serviços na cidade de São Paulo começaram a funcionar em 1996, mesmo ano em que foi viabilizado o acesso à TARV pelo SUS, sendo possível a garantia de tratamento. Conforme o PM DST/Aids (2013), a RME em DST/aids na cidade de São Paulo está constituída por:

· Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA): serviço estruturado para atividades de prevenção, aconselhamento e testes para DST, HIV/aids e hepatites B e C, inclusive teste rápido para o HIV;

· Serviço de Assistência Especializada (SAE): serviço capacitado para atividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, viabilização das medicações antirretrovirais para pessoas com DST/HIV/aids, com equipe multiprofissional;

· Centros de Referência em DST/Aids (CR): serviço estruturado como referência aos serviços de menor complexidade, que realiza os mesmos níveis de atenção de um SAE, mas tem capacidade para procedimentos diagnósticos mais avançados;

· Ambulatório de Especialidades (AE): serviço ambulatorial no qual são atendidas diversas especialidades, com equipe exclusiva para a prevenção e o atendimento a DST/HIV/aids.

Ainda de acordo com o PM DST/Aids da cidade de São Paulo:

Os serviços municipais especializados em DST/aids nasceram da necessidade de resposta local, uma vez que em São Paulo, no início da década de 1990, existia apenas um Centro de Testagem e aconselhamento municipal (o CTA Henfil) e as estruturas estaduais de assistência especializada em aids, todos na região central da cidade. Em 1991, foi implantado o primeiro serviço de assistência especializada em DST/Aids (SAE Betinho) na região de Sapopemba (SÃO PAULO [município], 2009, p. 17).

Os medicamentos antirretrovirais são exclusivamente fornecidos pelo Ministério da Saúde. Os repasses normalmente são feitos para as Coordenações Estaduais de Saúde, que, em seguida, fazem a distribuição para os municípios. Entretanto, em 2008, o município de São Paulo passou a receber a TARV diretamente do Ministério, graças a acordo firmado entre as três esferas de governo, com o objetivo de reduzir o tempo na entrega e os trâmites burocráticos (SÃO PAULO [município], 2009).

O PM DST/Aids tem realizado ações sobre adesão e divulgação de boas práticas, considerando que é necessário estudar esse novo momento da aids. Cabe o destaque do Programa Municipal.

Com o advento da terapia HAART, as manifestações clínicas decorrentes da infecção pelo HIV tornaram-se menos frequentes e houve uma melhora substancial no prognóstico e da qualidade de vida dos indivíduos infectados. Todavia, a resistência viral, a toxidade das drogas e a necessidade de alta

adesão ao tratamento permanecem como importantes barreiras ao sucesso prolongado da terapia (SÃO PAULO [município], 2009, p. 39).

As Unidades Dispensadoras de Medicamentos antirretrovirais (UDM) da RME estão localizadas nas unidades de atendimento especializado (SAE, AE e CR), previamente cadastradas junto ao Ministério de Saúde. A prescrição dos antirretrovirais é feita por médico, com preenchimento de formulários específicos, de acordo com as necessidades de cada paciente. As UDM controlam a movimentação dos antirretrovirais de forma on-line, através do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom) (SÃO PAULO [município], 2009).

De acordo com site e publicação do PM DST/Aids de 2009, é realizado um conjunto de ações junto às PVHA na rede de serviços especializada, visando atender as demandas que surgem no processo de tratamento, com destaque:

· Atendimento Domiciliar Terapêutico: é um modelo de assistência às PVHA impossibilitadas de seguirem o tratamento nos serviços especializados, como, nas situações de acamados —, realizado por uma equipe multiprofissional que presta atendimento especializado para o tratamento da aids no domicílio.

· Transmissão Vertical: dado o aumento no número de mulheres que vivem com HIV/aids, as iniciativas voltadas para o controle da transmissão vertical têm sido foco das ações.

Os serviços de saúde do município, através das Unidades Básicas de Saúde, do Programa Mãe Paulistana, dos Serviços Especializados em DST/Aids e das maternidades, seguem o consenso fixado pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde e pela Portaria nº 1.657/07 da SMS.

Segundo o manual Eliminação da transmissão vertical do HIV/aids e da sífilis (SÃO PAULO [município], março de 2010), são fixadas, entre outras, as seguintes ações junto à gestante portadora do HIV/aids:

o realização do pré-natal na rede especializada em DST/aids;

o acompanhamento por equipe multiprofissional, com ênfase na adesão ao tratamento e ao não aleitamento materno;

o introdução da TARV na décima quarta semana de gestação;

o integração do serviço especializado com a maternidade para planejamento do parto;

o realização de TRD em parturientes e puérperas que não tenham sido testadas no pré-natal ou quando não é conhecido o resultado do teste no momento do parto (Portaria nº 151/09 da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde);

o fornecimento do “kit maternidade” no final do sétimo mês de gestação, com fórmula láctea, AZT injetável e AZT xarope, medicação em dose única para inibir a produção do leite materno, com as devidas orientações à gestante;

o oferecimento da testagem sorológica do HIV para o parceiro e para os filhos até 20 anos de idade;

o realização de visita domiciliar pós-parto;

o fornecimento de fórmula láctea à criança, conforme faixa etária; o acompanhamento das crianças expostas até o diagnóstico definitivo. · Atendimento Odontológico: considerando que há infecções bucais causadas

pelo enfraquecimento do sistema imunológico.

· “Projeto Malhar & Viver +”: o Programa Municipal de DST/Aids trabalha com educadores físicos, para estimular e orientar as PVHA sobre todos os benefícios promovidos pela prática das atividades físicas.

Outra importante frente de trabalho na RME refere-se às DSTs. Há estimativas da ocorrência no Brasil de 10 a 12 milhões de novos casos de DSTs curáveis por ano, abrangendo a faixa etária de 15 a 49 anos de idade (PLANO NACIONAL DE ENFRENTAMENTO..., 2007).

O atendimento às DSTs exigem ações em rede dos setores administrativos, gerenciais e da rede de serviços, com o objetivo de garantir o diagnóstico precoce, além da indicação do tratamento adequado. “Quando não são tratadas em tempo e de forma adequada, as DSTs podem evoluir para complicações mais graves, até óbito, e, além disso, são o principal facilitador da transmissão do HIV” (SÃO PAULO [município], 2009, p. 62).

Na área da prevenção para DST/aids, está prevista a oferta de insumos — preservativos masculino e feminino, gel lubrificante e kit de redução de danos — que atendam às necessidades de diferentes grupos, como também o incentivo à testagem voluntária para o HIV.

Segundo São Paulo (município, 2009), a RME, a partir de 2001, passou a contar com agentes de prevenção para concretizar a política de redução de danos, voltada para

UDI. Essa prática foi ampliada com a elaboração de projetos que, com a participação dos agentes de prevenção e com a supervisão técnica dos serviços da rede especializada em DST/aids, visam atender os grupos (mulheres, homens heterossexuais, profissionais do sexo, HSH, adolescentes, jovens e idosos) afetados pelo HIV na trajetória da epidemia.