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O Serviço de Assistência Especializada em DST/Aids Jardim Mitsutani

O SAE Jardim Mitsutani compõe um dos serviços da RME em DST/Aids da cidade de São Paulo. Está no território de abrangência da Coordenadoria Regional de Saúde Sul e da Supervisão Técnica de Campo Limpo. É um serviço de referência para o tratamento de DST/HIV/aids para os distritos de Campo Limpo e também para os distritos de M’boi Mirim.

Fundado em 1996, surgiu como Centro de Referência em DST/Aids no contexto de implantação na cidade de São Paulo do Plano de Atendimento à Saúde (PAS) em 1995, na gestão do prefeito Paulo Maluf. A atenção à aids não estava prevista no modelo de atendimento do PAS,34 fato que, somado ao aumento no número de casos,

desencadeou a abertura de serviços especializados na cidade em DST/aids.

Um conjunto de funcionários municipais, ideologicamente contrários ao PAS, migraram para outras secretarias ou para outros serviços de saúde, em especial para a

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Informação disponível em: <http://www.epah.org.br/?page_id=429>; acesso em: 5 jul. 2013.

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O PAS foi um modelo de gestão na área da saúde baseado em dois princípios — regionalização do atendimento; e administração e operação das unidades de saúde por gestão eficaz contratada —, totalmente contrário aos princípios estabelecidos pelo SUS. Sendo um processo antidemocrático, tornou- se na época objeto de grande discussão politica, jurídica, técnica e social (FRANCO, 2011).

rede especializada em DST/aids, que estava sendo instalada na cidade de São Paulo. O número de funcionários que não aderiu ao PAS e passou a compor a força de trabalho do Programa Municipal de DST/aids chegou a 2.200 (FRANCO, 2011).

Segundo publicação do SAE Mitsutani (SAE MITSUTANI:..., 2006), com o término do PAS em 2001, os serviços de saúde começaram a encontrar condições de se adequar ao SUS, num processo amplo, vislumbrando a saída do isolamento e a articulação com outros serviços. Nesse contexto, o serviço deixa de ser Centro de Referência em DST/Aids para tornar–se Serviço de Assistência Especializada em DST/Aids, momento que coincide com a implantação do Programa Saúde da Família (PSF).

O SAE Jardim Mitsutani funcionou no mesmo prédio de 1996 a 2011, quando mudou e passou a ter sede própria, já que, desde 2002, funcionava em prédio cuja ocupação dividia com a UBS Jardim Mitsutani. Mesmo com a mudança, o serviço continua localizado no distrito administrativo de Campo Limpo, a aproximadamente 400metros do Terminal Campo Limpo de ônibus municipal.

A distância aproximada entre o SAE Jardim Mitsutani e o Terminal de Ônibus Jardim Ângela é de 10 km. A mesma distância é encontrada com relação ao Terminal Campo Limpo e o Terminal Guarapiranga, no distrito do Jardim São Luiz.

As pessoas que moram na região de Campo Limpo e M’boi Mirim têm o SAE Jardim Mitsutani como referência para o tratamento do HIV/aids. Entretanto, podem realizar o tratamento em outros serviços da rede, por variados motivos, com destaque para a proximidade com o local de moradia e trabalho ou a preferência por serviço distantes da própria residência, como também o SAE Jardim Mitsutani recebe pessoas de outros distritos.

Contatamos o Centro de Referência (CR) em DST/Aids de Santo Amaro, com o objetivo de quantificar a população de Campo Limpo e M’boi Mirim que faz acompanhamento no respectivo serviço, considerando a proximidade com as duas regiões.

Conforme dados fornecidos pelo CR Santo Amaro, referente a pacientes em seguimento para o tratamento de HIV/aids, entre 1º de janeiro de 1997 a 31 de março de 2013, a região de Campo Limpo somou 263 casos de aids e 81 de HIV; já na região de M’boi Mirim registraram-se 461 casos de aids e 167 de HIV. Esses dados sinalizam que as pessoas que moram em Campo Limpo e M’boi Mirim também recorrem ao CR Santo Amaro para realizarem o tratamento, talvez pelo fácil acesso ao serviço, que pode ser feito através de ônibus, trem ou metrô.

Na cidade de São Paulo, vem sendo garantida a isenção no pagamento das passagens dos ônibus municipais, trens e metrôs às PVHA. Para acessar esse direito, é necessário cadastramento e emissão do formulário especifico junto à São Paulo Transportes (SPTrans). A garantia do transporte para as PVHA é um importante aliado na adesão ao tratamento, como instrumento para o comparecimento a consultas, exames e outros compromissos.

O SAE Jardim Mitsutani funciona das 7:00h às 19:00h, de segunda a sexta-feira. Entre outras atividades, atende pessoas com HIV/aids/DST, incluindo as coinfecções de HIV e hepatites virais, HIV/aids e tuberculose (TB). O tratamento de TB nas PVHA é realizado pelo SAE em conjunto com as UBS, visando ao uso adequado das medicações no período preestabelecido. Recebe cerca de dois a três novos casos de HIV/aids por semana.

De acordo com dados acumulados da Unidade de Vigilância em Serviço (UVIS) do SAE Jardim Mitsutani, até 31 de maio de 2013 o serviço tinha aproximadamente 1.260 pessoas em tratamento para o HIV/aids e 700 em uso da TARV.

O SAE atende demanda espontânea para realização de exames para algumas DSTs (hepatites B e C, sífilis, HIV), incluindo o Teste Rápido Diagnóstico para o HIV. Também atende os casos encaminhados por serviços de saúde, como UBS, hospitais, AMAs e outros. Esses encaminhamentos incluem casos de DSTs que necessitam de atendimento em serviço especializado e os casos previamente diagnosticados de HIV reagente.

As pessoas que chegam ao SAE Jardim Mitsutani são recebidas pela equipe do acolhimento, formada por profissionais de nível superior (enfermeira, médico, psicólogo, assistente social, fisioterapeuta). Esse momento é importante para a construção de um diálogo que propicie reflexões sobre a prevenção para DST/aids e também para inserir a pessoa no serviço.

Nos casos em que há diagnóstico de HIV, é agendada consulta médica e entrevista com o Serviço Social, com o objetivo de conhecer as demandas da pessoa que inicia o acompanhamento e apresentar os direitos da PVHA. Quando se trata de gestante, é iniciado o acompanhamento por uma equipe que inclui assistente social, psicóloga e ginecologista/obstetra, entre outros.

O acompanhamento da PVHA segue uma rotina que inclui a coleta de exames, específicos para o controle do HIV e a frequência às consultas médicas, no entanto, essa rotina pode variar de acordo com as necessidades de cada usuário. Os atendimentos com outros profissionais — assistentes sociais, psiquiatra, psicólogos — dão-se no decorrer do acompanhamento, com a perspectiva de estabelecer vínculos, com ações técnicas que

favoreçam a adesão ao tratamento. Também são garantidas orientações, encaminhamentos para possível acesso a direitos, em especial aqueles vínculos à Previdência Social.

A periodicidade das consultas médicas no SAE Jardim Mitsutani varia de acordo com as necessidades de cada pessoa. A maior parte dos pacientes retorna para consultas a cada três meses, tendo em vista que as agendas dos médicos não conseguem contemplar a todos em menor período de tempo. Nos casos em que a PVHA tenha alguma intercorrência ao período anterior a sua consulta, a equipe do serviço busca realizar o atendimento no dia em que o usuário recorre ao serviço.