• Nenhum resultado encontrado

4.2. APRESENTANDO OS RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO ONLINE

4.2.7. Estudar no Colégio Estadual Cândido José de Godói: olhares juvenis

Esta oitava seção foi organizada com nove perguntas sobre o Colégio Godói. Para facilitar a análise, esta parte foi dividida em duas: a primeira apresentando informações sobre os percursos dos antigos estudantes na instituição e a outra relacionada com as lembranças e memórias desses jovens para suas vivências escolares.

4.2.7.1 – Percursos escolares no Colégio Godói

Em um primeiro momento, o público alvo pensado para o questionário eram os estudantes que cursaram todo o ensino médio no Colégio Godói. Entretanto, considerou-se que esse recorte poderia ser muito restritivo para um questionário online, pois não se imaginava que haveria um retorno positivo como realmente ocorreu. Além disso, poderia acontecer alguma confusão no momento das respostas pelos jovens, com sujeitos respondendo as questões sem terem cursado todo o ensino médio na instituição.

À vista disso, foi acrescentada a pergunta: “Você cursou todo o ensino médio no Colégio Godói?”, de maneira a definir quanto tempo aquele jovem estudou na instituição. O gráfico abaixo apresenta os resultados:

Gráfico 41 - Você cursou todo o ensino médio no Colégio Godói?

Fonte: elaboração da autora.

Através do gráfico, é possível perceber que 32 sujeitos não cursaram todo o ensino médio na instituição. Essa quantia representa aproximadamente 19,2% do total dos

135 22 2 3 5 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Sim Não, frequentei outra escola pública Não, frequentei outra escola privada

(particular)

Não, fiz EJA Outro

respondentes. Desses 32 sujeitos, 22 se transferiram entre escolas públicas. Três finalizaram o ensino médio pela EJA, dois foram para escolas particulares e houve cinco pessoas que percorreram caminhos distintos dos demais. Um sujeito frequentou os dois primeiros anos do ensino médio na instituição, porém na metade do terceiro ano ficou doente, saiu da escola e terminou essa etapa no EJA. Outra pessoa cursou do primeiro ao terceiro ano no Colégio Godói, repetiu o terceiro ano e mudou de escola para conseguir trabalhar. Duas pessoas cursaram o primeiro ano do ensino médio em outras escolas e finalizaram no Colégio Godói. O último respondente afirmou que cursou outras escolas públicas e particulares sem definir se foi antes ou depois de passar pela instituição em questão.

Com relação aos jovens entrevistados, no cruzamento dos dados constatou-se que Virgínia respondeu essa questão de maneira incorreta. Essa garota afirmou que cursou todo o ensino médio no Colégio Godói, porém na entrevista descobriu-se que ela frequentou o primeiro ano em outra instituição. Dessa forma, sua resposta foi contabilizada de maneira errônea dentro do público total que respondeu o questionário. A correção se insere aqui, quando se destaca que Virgínia, Júlio, Laura, Natália e Ricardo cursaram o primeiro ano do ensino médio em outra escola estadual pública e se transferiram para o Colégio Godói no segundo ano (permanecendo até o final). Os demais estavam matriculados na instituição desde o primeiro ano. Sobre a troca de escolas, Natália explica que as relações de amizade motivaram tanto a troca quanto a escolha pela nova escola:

Pesquisadora: Tu entrou no segundo?

Natália: Eu entrei no segundo. Meu primeiro ano eu fiz no [OUTRA INSTITUIÇÃO]...Aí eu tive...eu passei o primeiro ano lá, foi muito tranquilo assim...só que...daí eu tive problemas com as minhas amizades no [NOME DA INSTITUIÇÃO], aí eu decidi partir pra outra escola...Eu já conhecia um amigo meu que fazia ali, o [NOME DO AMIGO], aí...

Pesquisadora: Sim! Que agora virou fotógrafo?

Natália: Sim, incrível né? Tá me chamando pra fazer um ensaio faz 35 anos...[risada]...Mas aí...ãããã...eu conheci o [AMIGO] dali, o [AMIGO] é meu amigo de infância, a gente estudou na mesma escola quando criança...e aí ele pegou e falou “Ai, vem pro Godói, então se tu não quer ficar mais no [NOME DA INSTITUIÇÃO]”...Como era pertinho, era tranquilo, eu já sabia a dinâmica, e era bom porque tinha segundo ano de manhã, o [NOME DA INSTITUIÇÃO] só tinha de tarde...Aí eu peguei e falei “Não...vou pro Godói então”...Aí eu...fui assim, só conhecia ele...aí naquele ano eu fiz mais amizades, a gente não ficou na mesma turma... e aí eu fiquei o terceiro ano no Godói também...Foi bem tranquilo, eu gostei muito...O único problema era a biblioteca, que no [NOME DA INSTITUIÇÃO] tinha uma biblioteca um pouquinho melhor, mas...(NATÁLIA, 2018).

Os próximos gráficos apresentam em que ano os respondentes começaram a estudar na instituição e quanto tempo permaneceram no Colégio Godói.

Gráfico 42 - Ano inicial dos estudos no Colégio Godói

Fonte: elaboração da autora

Gráfico 43 - Tempo de estudo no Colégio Godói

Fonte: elaboração da autora

A maioria dos sujeitos que responderam iniciaram seus estudos entre 2011 e 2013. Somando esses dois anos, temos 92 pessoas (cerca de 55,1% do total). A maioria dos jovens que responderam o questionário finalizaram o ensino médio dentro do tempo esperado (3 anos). Esse gráfico vai ao encontro de anteriores que abordavam sobre a reprovação desses respondentes. O público que respondeu a esse questionário online é composto em sua maioria por estudantes que tiveram um percurso escolar de sucesso. Apenas 13 pessoas reprovaram de ano em algum momento do ensino médio. Dessas treze pessoas, dez ficaram um ano a mais no Colégio Godói e três permaneceram mais dois anos além do esperado.

Com relação aos entrevistados, a maior parte dos jovens começou a estudar na instituição em 2013 (sete sujeitos: Ana, Bruna, Beatriz, Fernando, Vítor, Mateus e Valentina). Dois jovens (Bernardo e Júlio) começaram em 2012. Da mesma forma, Letícia e Leonardo iniciaram em 2011 e, por fim, Laura, Natália, Ricardo e Virgínia se matricularam na instituição em 2014. Sobre o tempo em que esses jovens entrevistados permaneceram na instituição, com exceção daqueles cinco já mencionados que estavam em outras escolas no primeiro ano do

10 42 31 50 34 0 10 20 30 40 50 60 2010 2011 2012 2013 2014 4 23 127 10 3 0 20 40 60 80 100 120 140

ensino médio, marcando nessa pergunta a resposta de 2 anos, os demais dez indicaram que permaneceram três anos na instituição.

O ensino médio é um período escolar em que o jovem pode estudar em outros espaços, como frequentar um curso técnico ou realizar um cursinho pré-vestibular. À vista disso, o gráfico a seguir apresenta essas alternativas educacionais que extrapolam o ambiente escolar.

Gráfico 44 - Outros locais em que os jovens estudaram enquanto estavam matriculados no Colégio Godói

Fonte: elaboração da autora

O cursinho pré-vestibular/Enem foi o espaço mais frequentado por aqueles que estudavam fora da escola (35 pessoas). Além disso, cursos técnicos/profissionalizantes também foram outros espaços que esses jovens frequentaram enquanto estavam no Colégio Godói. Importante destacar que nesse período a oferta de cursos pelo PRONATEC82 estava em alta e

muitos estudantes públicos foram beneficiados.

82 Sobre o PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) foi criado em 2011 através

da lei nº 12.513, de 26 de outubro de 2011. Entre seus objetivos estão: “expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional técnica de nível médio presencial e a distância e de cursos e programas de formação inicial e continuada ou qualificação profissional (BRASIL, 2011, online)”. Sendo assim, houve a expansão das redes federais e estaduais de educação profissional e tecnológica através da expansão dos Institutos Federais pelo Brasil, bem como a ampliação da oferta de cursos a distância, acesso gratuito a cursos profissionalizantes em instituições privadas através de bolsas e ampliação das oportunidades de capacitação para trabalhadores articuladas com políticas de geração de trabalho, emprego e renda.

105 35 22 2 3 0 20 40 60 80 100 120

Não estudou em outro espaço Cursinho pré-vestibular/ENEM Curso técnico/profissionalizante Aulas particulares para ajudar nas provas

do Colégio

De acordo com Marcelo Feres (2015), o PRONATEC ofereceu oito milhões e cem mil vagas em cursos técnicos e profissionalizantes entre 2011 e 2014. A expansão dos Institutos Federais entre 2011 e 2014 possibilitou a criação de 208 novos campi, totalizando 562 unidades no país. Além disso, houve a criação do Bolsa-Formação pela portaria MEC 185, de 2012, posteriormente substituída pela portaria MEC 168, de 2013. Entre 2011 e 2015 foram investidos mais de oito milhões de reais no Bolsa-formação e mais de 15 bilhões de reais nas demais ações do PRONATEC. Segundo o autor, essa Bolsa-Formação consistia

[...] no pagamento de bolsas de estudo para as instituições de ensino participantes, para que elas possam custear todas as despesas relativas aos cursos e subsidiar despesas de assistência estudantil, relativas a transporte e alimentação dos estudantes. Por meio dessa iniciativa, foi possível a ampliação da oferta de vagas pelas diversas redes de ensino participantes, pois elas se organizaram para ofertar vagas tanto em suas unidades sede quanto em outros espaços de ensino, na forma de unidades remotas, desde que garantidas as condições de qualidade da oferta. Com isso, foi possível ampliar o número de municípios atendidos com oferta de vagas em cursos profissionalizantes a cada ano, até superar 4.300 municípios em 2014 (FERES, 2015, p. 87).

Mesmo que a maioria dos respondentes não cursaram outros espaços além da instituição escolar, esses 22 sujeitos que cursaram cursos técnicos ou profissionalizantes podem ter se beneficiado do PRONATEC. Sobre as três pessoas que deram outras respostas não elencadas pelo gráfico, duas realizavam cursos de idiomas e uma pessoa participava do Projeto Pescar83, como auxiliar de logística.

Com relação aos entrevistados, a maioria (10 sujeitos) não estudava fora do ambiente escolar. Sobre os demais, pode ter ocorrido erro de interpretação. Júlio respondeu que fazia curso técnico/profissionalizante, porém na entrevista comentou que durante o período em que estava matriculado no ensino médio foi Menor Aprendiz e também estagiou em um CRAS84. O curso técnico que realizou foi depois de terminar a educação básica. Beatriz também indicou que fazia curso técnico/profissionalizante, mas na entrevista não comentou sobre esse assunto e, inclusive, afirmou que seus pais não deixavam ela estagiar porque queriam que ela se dedicasse aos estudos. Natália e Virgínia responderam que cursavam um cursinho pré-

83 O Projeto Pescar começou no Rio Grande do Sul por iniciativa empresarial na década de 1970 como forma de

oportunizar formação e capacitação de jovens em vulnerabilidade social para o mercado de trabalho. Em 1995 surgiu a Fundação Projeto Pescar. Para maiores informações ver: https://site.projetopescar.org.br/

84 O CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) é um ponto de partida para a assistência social. Localizado

em locais considerados de vulnerabilidade social, procura criar uma articulação entre os serviços de assistência social e a comunidade. Para maiores informações ver: < http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-social/unidades- de-atendimento/cras>. Acesso em: 02 ago. 2019

vestibular/ENEM quando estavam no terceiro ano. Foram as únicas que confirmaram essa informação em suas entrevistas.

Nessa parte do questionário, foi elaborada uma questão que perguntava se algum familiar estudou na instituição. Esse questionamento surgiu a partir das vivências da professora que percebia pelas chamadas e conversas com os discentes uma repetição de sobrenomes. O Colégio Godói nesse ano completa cinquenta e dois anos de existência. Dessa forma, poderia haver gerações familiares que cursaram o ensino secundário naquela escola. Isso poderia contribuir para pensar nas trajetórias escolares familiares, bem como para justificar a escolha desses jovens por esse estabelecimento. Como a família possuía boas memórias ou uma opinião favorável à escola, sugeria o Colégio Godói como opção de matrícula85 para os membros familiares mais novos.

Dessa forma, o Colégio Godói formava seu público estudantil a partir de indicações de antigos estudantes. Por ser uma instituição antiga, opiniões de diferentes estudantes de distintos tempos iam sendo repassadas e contribuíam para a escolha da instituição. Além disso, a sua localização favorecia o deslocamento para diversos bairros de Porto Alegre e de outros municípios da região metropolitana. Além de indicações familiares, outros grupos sociais (como vizinhos, amigos ou membros da igreja) poderiam contribuir para repassar uma imagem positiva sobre a escola e seu projeto pedagógico. A partir disso, foi construído o gráfico com as respostas à pergunta relacionada aos familiares.

85 Sobre a matrícula no primeiro ano do ensino médio, o estudante do nono ano do ensino fundamental deve acessar

o site da SEDUCRS (Secretaria Estadual da Educação do RS) para solicitar matrícula em três opções de escolas de ensino médio (essas opções são pessoais, por isso que as informações de amigos e familiares sobre a qualidade da escola são importantes para essas decisões). A distribuição dos estudantes é feita pela SEDUCRS a partir da localização das escolas de acordo com a residência e as opções do sujeito indicadas anteriormente. Se não tiver vaga suficiente nas escolas selecionadas, a SEDUCRS encaminha para outra instituição com sobra de vaga. Após esse processo online, ocorre a divulgação dos resultados e a matrícula presencial acontece no início do ano, com a entrega da documentação por parte do estudante na escola em que ele foi designado. Para garantir a vaga, o estudante deve se matricular presencialmente e, se quiser, pedir transferência posteriormente. As transferências ocorrem em um outro momento, a partir das vagas restantes em cada escola.

Gráfico 45 - Parentes dos jovens que estudaram (ou estudam) no Colégio Godói

Fonte: elaboração da autora

Como pode ser observado, a maior parte dos jovens não tinha parentes que estudaram na instituição. Porém, essa parcela representava aproximadamente 42% do total. Os demais tinham parentes que frequentaram (ou frequentam) a instituição, principalmente irmãos (44 respondentes ou 26,3% do total). Pensando em gerações anteriores, temos a presença de pais, mães e tios ou tias (somando ao todo 25 sujeitos). A opção “outro parente que não foi mencionado acima” estava presente no questionário, sendo marcada por sete pessoas. Infelizmente, não foi possível saber qual o parentesco presente nessas respostas. Por fim, a opção “outra” apresentou seis respostas que foram: amigos (mais uma vez a questão da interpretação presente nas respostas); mãe e tia; um irmão, pois os demais foram em outros colégios; meu pai, tio e irmãos; pai e mãe; irmã e prima.

Dos entrevistados, seis jovens responderam que não possuíam parentes que estudaram ou estavam matriculados no Colégio Godói (Ana, Júlio, Laura, Mateus, Ricardo e Valentina). Os demais possuíam esse laço familiar com a instituição. A tabela a seguir apresenta os familiares dos jovens que responderam de maneira positiva à questão:

Tabela 44 - Familiares dos jovens que estudaram (ou estudam) no Colégio Godói

Nome Familiar

Bruna Irmãos ou Irmãs

Beatriz Tio ou Tia

Bernardo Irmãos ou Irmãs

Fernando Irmãos ou Irmãs

Vítor Tio ou Tia

Lucas Tio ou Tia

Letícia Irmãos ou Irmãs

Natália Mãe

Virgínia Irmãos ou Irmãs

Fonte: elaboração da autora

70 7 10 44 8 15 7 6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Nenhum parente Mãe Pai Irmãos ou Irmãs Tio ou tia Primo ou Prima Outro parente que não foi mencionado acima Outra

Pela planilha é possível perceber que há familiares de gerações distintas. Mãe, tios e tias indicam a temporalidade de existência da instituição e, pode-se inferir que as memórias sobre a escola eram favoráveis. De alguma forma podem ter contribuído para a escolha dos novos estudantes. Com exceção de Bruna, todos os irmãos e irmãs mencionados são mais velhos. Apenas Bruna menciona sua irmã gêmea, que não concluiu o ensino médio por ter engravidado.

Pesquisadora: Tu tem só essa irmã? Bruna: Não, eu tenho uma irmã gêmea.

Pesquisadora: Capaz, Bruna, que tu tem uma irmã gêmea?

Bruna: Tenho! Ela ficou um tempo no Godói quando ela engravidou e tals... Pesquisadora: Capaz!

Bruna: Ela ficou um tempinho lá, ela ia terminar o ensino médio e acabou engravidando e não terminou...ela parou no segundo ano...aí, agora o filho dela tá com dois anos e eu já sou tia...(BRUNA, 2018).

Antes desse trecho, Bruna estava comentando sobre uma outra irmã, mais velha, que não estudou no Colégio Godói. Ao comentar da irmã gêmea, causa surpresa na pesquisadora que não sabia dessa informação. Mesmo sendo uma antiga aluna, convivendo por um período juntas, não tinha sido professora da irmã e considerava que Bruna era filha única. Bruna finalizou o ensino médio e estava concluindo a faculdade de cinema na PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Já a sua irmã focou na criação do filho e não retomou os estudos.

As demais perguntas dessa seção enfocam memórias sobre os momentos vividos no Colégio Godói e se o ensino médio contribuiu para as vivências de cada um. Ocorreram muitas respostas positivas, lembrando a qualidade do ensino, dos professores, da educação proposta pela instituição. Esses aspectos podem contribuir para a propaganda familiar positiva sobre o colégio. A próxima subseção vai discorrer sobre essas lembranças dos antigos estudantes.

4.2.7.2 – Lembranças do Colégio Godói

As últimas quatro questões indagavam sobre as lembranças que essa instituição e o ensino médio provocavam nos jovens egressos. A contribuição dessa etapa escolar na vida após a escola; desejos e planejamentos antigos sobre o que seria a vida após a conclusão do ensino médio; lembranças e momentos vividos na instituição foram os aspectos elencados para os jovens discorrerem. Todas as perguntas eram dissertativas, sem opções de respostas previamente elaboradas pela pesquisadora.

A primeira questão versava sobre qual seria a maior lembrança do Colégio Godói para esses sujeitos. Houve uma pluralidade de respostas, que foram contabilizadas e organizadas em um gráfico, onde aparecem as lembranças mencionadas ao menos por duas pessoas diferentes. Como as respostas eram abertas e abordavam diferentes aspectos, a quantidade de respostas supera os respondentes.

Gráfico 46 - Maior lembrança do Colégio Godói

Fonte: elaboração da autora

Este gráfico apresenta diversos aspectos que compõem um ambiente escolar e nem sempre são possíveis de serem percebidos em uma pesquisa (principalmente se as fontes forem “burocráticas”, como leis, regimentos, chamadas, atas de resultados finais, etc). Entrar em contato com os sujeitos que vivenciaram a instituição em um determinado tempo é acessar outras informações que não estão presentes em documentos oficiais. Essas referências ajudam a constituir percepções sobre o que foi o ensino médio e a escola para esses sujeitos,

31 34 41 7 2 14 3 4 4 7 11 2 28 4 2 3 13 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Gente querida (Amigos, Professores, Colegas,… Bons professores Amizades que fiz lá Semana de provas Provas Cumulativas Calzone Terceiro Ano do ensino médio Aulas Ambiente escolar / Estrutura do colégio Ensino forte Recreio / Intervalo / Tomar sol no pátio no…

Estudos Gincana "Banco que roda" Dias temáticos do terceiro ano Greves / Ocupações Não respondeu

contribuindo para enriquecer a análise com outros apontamentos. Este gráfico apresenta lembranças de intervalos, lendas escolares, imaginários e espaços que ultrapassam as salas de aula e o conteúdo curricular.

Ao todo, o gráfico foi composto por 210 referências que foram contabilizadas nas respostas dos sujeitos. Como se pode perceber, as lembranças mais comentadas referem-se as pessoas. Seja pela amizade construída na escola ou a ideia de que foi um momento vivenciado com "pessoas queridas", a presença das relações pessoais entre todos os sujeitos da escola se faz presente nas respostas sobre as lembranças. Somando as menções "amizades que fiz lá" mais "gente querida", temos 72 indicações (cerca de 34,3% do total).

Contabilizando aspectos relacionadas ao ensino, temos sessenta referências: estudos, ensino forte, ambiente escolar / estrutura do colégio, aulas, provas cumulativas86, semana de provas87 e bons professores. A percepção dos jovens de maneira geral sobre a qualidade do ensino é positiva, tanto que alguns professores foram mencionados nominalmente nas lembranças (pelas aulas, seriedade, conselhos, dicas para o futuro, etc. ). Com relação a isso, a categoria “bons professores” está em segundo lugar na quantidade de menções, perdendo somente para as amizades construídas na instituição.

Entre as atividades promovidas pela escola, estão as gincanas. Realizadas uma vez por ano, tinham a duração de uma semana. Cada turma era uma equipe e as temáticas eram planejadas pelos professores. Havia atividades relacionadas ao conteúdo escolar, desafios de dança e apresentação para os jurados88, provas conhecidas de gincanas (como corrida do saco, corrida do ovo, dança com uma fruta entre os pares, etc), desafios fora da instituição89, entre outras possibilidades inventadas pelos docentes.

O terceiro ano do ensino médio, com a formatura e o encerramento da vida escolar, apareceram mencionados cinco vezes. Entre essas referências estão os dias temáticos que eram momentos negociados entre a direção e os estudantes do terceiro para que eles viessem vestidos

86 As provas cumulativas ocorriam uma vez por trimestre e valiam metade da nota trimestral por disciplina.

87 Era a semana em que as provas cumulativas aconteciam. Não era recuperação trimestral.

88 Como exemplo de apresentação para os jurados da gincana, menciono uma coreografia do filme “Rei Leão” que

ocorreu em 2013 com uma turma do terceiro ano (305). Essa equipe foi a vencedora. O capricho e a qualidade da coreografia e roupas dão ideia de quanto esses alunos apreciavam essas gincanas. A apresentação ainda está