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4.2. APRESENTANDO OS RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO ONLINE

4.2.1. Primeiras informações sobre os jovens

A segunda seção do questionário intitulava-se “Sobre Você” e possuía onze questões iniciais para traçar um perfil desses sujeitos. Nome, data de nascimento, gênero, cor/etnia, estado civil, religião, com quem reside atualmente, bairro e cidade, renda mensal, carreira militar e se o jovem já passou por um período fora do estado do Rio Grande do Sul ou do país, foram as perguntas organizadas para essa parte. Suas respostas e análise serão apresentadas a seguir.

O nome dos participantes foi solicitado para facilitar a identificação, organização e análise dos dados pela pesquisadora. Com essa informação, era possível relacionar as respostas do questionário com o percurso escolar dos sujeitos dentro do Colégio Godói. Além disso, possibilitava o contato e o convite para as entrevistas pessoais. Entretanto, para esse texto final, essas informações não serão divulgadas, conforme as diretrizes da pesquisa apresentadas aos respondentes.

Os gráficos abaixo apresentam as informações relacionadas ao ano de nascimento, gênero e cor/etnia dos sujeitos que responderam à pesquisa. Os números que estão dentro do gráfico, acima das barras, representam a quantidade total de respostas para cada item.

Gráfico 7 - Data de Nascimento

Fonte: elaboração da autora

Gráfico 8 - Gênero

Fonte: elaboração da autora

Gráfico 9 - Cor/etnia

Fonte: elaboração da autora

Como pode ser percebido, a maioria dos jovens que responderam ao questionário nasceram entre 1996 e 1998 (21 a 23 anos). Representam 71,2% do total. Com relação ao gênero, o questionário apresentava outras opções além do feminino e masculino, porém

7 22 38 38 43 16 3 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Não consta 0 10 20 30 40 50 49 118 0 20 40 60 80 100 120 140 Masculino Feminino 122 22 23 0 20 40 60 80 100 120 140

ninguém as marcou60. Dessa forma, há uma forte presença feminina, com 70,6% de mulheres respondendo. Quando contabilizamos a presença de garotas e garotos61 nas atas finais da instituição, a semelhança permanece: foram contabilizadas 997 garotas e 864 garotos pelos documentos analisados.

Com relação aos quinze entrevistados, suas datas de nascimento acompanham o total dos respondentes: sete sujeitos nasceram em 1998, cinco em 1997 e três em 1995. No entanto, com relação ao gênero, a amostragem das entrevistas foi quase equivalente: entrevistou-se oito garotas e sete garotos, não havendo a disparidade encontrada no questionário online.

Sobre a autodeclaração de cor/etnia, a maioria dos respondentes do questionário se declara como branca. São 122 brancos, para 45 negros e pardos. Também havia as opções “Amarelo” e “Indígena”, mas ninguém respondeu. Com relação aos entrevistados, houve uma preocupação de buscar sujeitos diversos, sendo assim, há uma representatividade maior de negros e pardos. Oito sujeitos entrevistados se declaram como brancos (permanecendo maioria também nesse recorte), mas duas garotas que se declaram pardas e cinco jovens se autodeclaram negros.

Dessa forma, a maior parte dos jovens que responderam ao questionário online são garotas, entre 21 e 23 anos, brancas. Esses dados coincidem com a permanência das mulheres nos estudos e os privilégios das pessoas brancas em uma sociedade que possui ainda heranças escravocratas e racistas, com a população afrodescendente em uma situação de vida mais adversa que a população branca. Porém, quando se observa o grupo dos entrevistados, há uma diversidade maior que foi intencional por parte da pesquisadora ao entrar em contato e agendar as entrevistas.

Com relação à religião, a maioria dos jovens afirmou que não possui (aproximadamente 39%). Daqueles que são religiosos, os católicos são predominantes (totalizando cerca de 54% dos jovens que dizem possuir uma religião). Ninguém se definiu budista e sete pessoas assinalaram opções diferentes das que estavam presentes no gráfico. Um sujeito se declarou

60 Para que o questionário não se restringisse a duas categorias de gênero, delimitando as possibilidades de identidade por parte dos sujeitos, foram incluídas outras opções, como: Masculino/Feminino Trans, Não binário, Agênero, Bigênero ou Outro (com a possibilidade de indicar como gostaria de ser identificado). O enfoque do trabalho não são as discussões sobre gênero, transsexualismo, não binarismo, etc, porém, para selecionar quais opções estariam presentes no questionário, foi utilizado o site “Orientando” disponível nesse link: https://orientando.org/

61 Considerando que essa definição ocorre a partir da pesquisadora através do nome presente na lista. Ou seja, há

a possibilidade de haver divergência entre um nome feminino ou masculino e a definição de gênero da pessoa que possui esse nome.

agnóstico, outro cético, uma pessoa afirmou que “Acredito em um Deus, mas não possuo religião”, três pessoas indicaram que eram Testemunhas de Jeová e uma pessoa definiu-se como Mórmon. O gráfico abaixo apresenta essas respostas sobre a religião:

Gráfico 10 - Religião

Fonte: elaboração da autora

Nessa questão, os entrevistados seguem o conjunto maior dos jovens. Dez entrevistados afirmam não possuir religião. Dos demais cinco jovens, três são católicos, um evangélico e uma garota pertence a religiões de matriz africana. Com relação à religião, em duas entrevistas esse assunto aparece: Júlio é um jovem evangélico que participa da Assembleia de Deus e já foi ministrante de cursos dentro da igreja e Laura é uma garota que participa há anos do encontro de jovens da Igreja Católica. A igreja evangélica possui uma grande importância na vida de Júlio. Além de ser seu espaço de fé, é um espaço de lazer, contatos e aprendizado. Seus pais não são evangélicos, conforme afirma o jovem:

Pesquisadora: E teus pais tem religião? Júlio: Não...

Pesquisadora: Nada?

Júlio: Não...eles são tudo. Lá em casa eles são tudo... Meu pai não discute com ninguém...De boas (JÚLIO, 2019).

Júlio entrou em contato com a religião evangélica quando era adolescente através de seus tios, que não residem próximo ao jovem. Depois de visita-los, procurou a igreja perto de casa e permaneceu por lá alguns anos. Depois foi em busca de outra igreja, também da

65 55 12 4 12 0 12 7 0 10 20 30 40 50 60 70

Não possuo Católica Evangélica Luterana Espírita Budista Religiões de

matriz africana: candomblé, umbanda, quibanda, etc. Outra

Assembleia de Deus, mas localizada em outro bairro. Júlio passa seus momentos de descanso e lazer com os seus “irmãos” da igreja, como se pode perceber no trecho abaixo:

Pesquisadora: E lazer? Tu tem a Igreja? Júlio: Tenho a Igreja.

Pesquisadora: A Igreja e mais alguma coisa? Ou só a igreja? Nesse pouco espaço que te resta

Júlio: É... O meu lazer basicamente é continuar fazendo o que eu sempre faço: que é ler. Eu leio um monte. Essa mochila tá um peso desgraçado, só tem livro. A maioria sabia que não ia ler, mas eu “não, vou levar porque se der um espacinho de tempo, eu vou ler alguma coisa”...[risos]... Meu lazer é ler, praticamente isso... Vou pra Igreja, leio e na igreja eu tenho...

Pesquisadora: Ah, mas tu não participa do grupo de jovens?

Júlio: Sim...a gente tem atividades lá, a gente faz...aniversário, a gente faz comilança...festa, bah, falar em festa a gente junta 50 “nego” lá embaixo...

Pesquisadora: Seus amigos são de lá sempre?

Júlio: A maioria sim...nem todos. Mas a grande maioria é crente. E meu lazer é isso: ver meus amigos e comer...entre isso eu leio um pouquinho, às vezes dou aula na igreja e era isso...ah, as vezes eu tô em casa “Vou olhar um netflix”...Eu demorei 5 meses pra terminar de ver uma série...que é o Vikings...[risos]... eu demorei 5 meses! Os meus irmãos em Gravataí levaram 2...

Pesquisadora: Mas tu não tem irmão? Júlio: Irmão modo de dizer...[risos]... Pesquisadora: Irmão da Igreja?

Júlio: Irmão de igreja... os guris demoraram 2 meses pra ver e tal...os guris já viram série que não...a temporada que não saiu na Netflix, foram catar...Bah, veio, eu não tenho isso aí... “Bah, tu não terminou ainda?”, “Não velho! Pra ver um episódio inteiro de 45 minutos eu levo 2 dias velho...tem que pausar e dormir que não dá”... (JÚLIO, 2019).

Nesse trecho, é possível perceber a estranheza por parte da pesquisadora com a expressão “irmão”. Júlio comenta sobre seus “irmãos” e, por um momento, a pesquisadora se confunde, pois sabia que esse jovem era filho único. Ao questionar sobre essa dúvida repentina, durante a entrevista, Júlio explica a expressão que é comum entre os participantes da igreja evangélica.

Além de amizade, convívio e “comilanças”, Júlio conseguiu indicação para o atual emprego em uma empresa de contabilidade através de um conhecido da igreja. Participar desses espaços não deixa de ser uma possibilidade de agregar capital social. Mesmo que o objetivo principal não seja encontrar emprego, conviver com pessoas e compartilhar visões de mundo pode contribuir para essas facilidades. Assim como escolas de elite são espaços para agregar capital social, conforme afirma Bourdieu, pois esses representantes da elite não necessitam tanto dos ensinamentos escolares para manter seus capitais (ao contrário de representantes das classes médias que depositam suas possibilidades de ascender socialmente através do diploma e da educação), esse exemplo da indicação para uma vaga de emprego entre “irmãos da igreja” pode ser pensado também como espaço de capital social.

Sobre o estado civil, a maioria dos sujeitos que responderam está solteira. Não houve marcação para as opções separado, divorciado ou viúvo. Na opção “outro”, as três respostas indicavam “namorando”. Quase 86% dos jovens definem-se como solteiros. Interessante cruzar esse dado com as perguntas finais do questionário, pois três pessoas indicaram que conheceram o atual noivo ou namorado estudando no Colégio Godói.

Gráfico 11 - Estado civil atual

Fonte: elaboração da autora

Dos quinze entrevistados, quatorze confirmaram que estavam solteiros. Apenas Beatriz marcou a opção casado(a) ou vivendo com companheiro(a) em maio de 2018. Em dezembro, quando ocorreu a entrevista, a situação era outra.

Pesquisadora: Tu namorou quanto tempo?

Beatriz: Eu namorei um ano... não, eu namorei seis meses, aí depois a gente terminou, e começo desse ano a gente tava noivado...ficou até alguns meses atrás e a gente terminou de novo...aí juntando tudo dá quase dois anos assim...(BEATRIZ, 2018)

No que concerne à renda mensal atual, a escolha da pesquisadora foi colocar nas opções o valor em dinheiro do salário mínimo62 e seus múltiplos (de um salário mínimo, R$ 954,00, até acima de quatro salários mínimos). Foi possível perceber que boa parcela dos que responderam ganham entre um a dois salários mínimos (63 respondentes ou 37,7%). Quarenta e seis pessoas (27,5%) ganham até R$ 954,00. Somando as duas opções, temos 65,2% dos jovens mantendo o seu padrão de vida com, no máximo, dois salários mínimos. Dezessete pessoas (10,1%) ganham mais de quatro salários mínimos.

62 Considerando que o salário mínimo em vigor no ano de 2018 era R$ 954,00 (US$ 238.50)

143 21 3 0 20 40 60 80 100 120 140 160

Solteiro(a) Casado(a) ou vivendo com

companheiro(a)

Gráfico 12 - Renda mensal

Fonte: elaboração da autora.

Com relação aos entrevistados, a maioria (sete sujeitos) possui renda de um a dois salários mínimos. Dois entrevistados, Ricardo e Mateus, indicaram que possuem até um salário mínimo. Comparando a entrevista com essa resposta, pode-se pensar que os dois estudantes pensaram somente na sua renda, sem acrescentar a família. Ricardo estuda Educação Física na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), não está estagiando e nem trabalhando, ou seja, não possui renda e depende dos pais. Mateus, por outro lado, estuda Biologia na UFRGS e é bolsista, indicando na resposta que ganhava menos que um salário mínimo. Essa mesma lógica pode ter ocorrido com mais jovens que responderam ao questionário (indicando as dificuldades entre quem pensa o questionário e espera um tipo de resposta e os sujeitos que leem as perguntas e pensam outras possibilidades).

Voltando ao tema da renda, três entrevistados afirmaram ganhar entre dois a três salários mínimos, enquanto dois jovens responderam que ganham de três a quatro salários. Virgínia foi a única que assinalou que possui uma renda superior a R$ 3.816,00. Essa jovem possui uma pensão devido à morte da mãe, que ocorreu em 2016:

Pesquisadora: Mas o teu vô ele te ajuda, assim, financeiramente?

Virgínia: Sim. Ajuda...passagem, ele consegue... Mas esse ano não precisou, desde 2016 eu não precisei tanto de ajuda porque como minha mãe, ah eu era de menor, eu consegui pensão por morte... Mas tipo, esse mês acaba [dezembro de 2018], porque eu faço 21. [...] Foi uma tia minha que falou, que é advogada, daí ela chegou em mim no velório “Sabe que tu tem direito né a pensão?” [risos]...Bah nem tava pensando em nada...mas é aquela coisa, ela disse “eu sei que não é o momento, mas é que é sempre correria, porque encerra o prazo”... daí eu fiz...mas meu vô me ajuda, tipo, as 46 63 23 15 17 3 0 10 20 30 40 50 60 70 R$ 0,00 a R$ 954,00 R$ 954,00 a R$ 1.908,00 R$ 1.908,00 a R$ 2.862,00 R$ 2.862,00 a R$ 3.816,00 Mais que R$ 3.816,00 Não responderam

passagens ele coloca, porque ele meu vô ajuda muito a gente porque como o pai não fez “[PALAVRÃO] nenhuma”, ele vai lá e ajuda...(VIRGÍNIA, 2018).

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) possui uma classificação social a partir de faixas salariais. São cinco classes (A, B, C, D, E) que são organizadas da seguinte maneira:

Tabela 33 - Classe Sociais por Faixas de Salários-mínimos

Classe Salários-mínimos Renda Familiar (R$) em 2018

A Acima de 20 SM Mais de R$ 19.080,00 (+ US$ 4,770) B De 10 a 20 SM R$ 9.540,00 a R$ 19.080,00 (US$ 2,385 a US$ 4,770) C De 4 a 10 SM R$ 3.816,00 a R$ 9.540,00 (US$ 954 a US$ 2,385) D De 2 a 4 SM R$ 1.908,00 a R$ 3.816,00 (US$ 477 a US$ 954) E Até 2 SM R$ 954,00 a R$ 1.908,00 (US$ 238.50 a US$ 477) Fonte: IBGE

A partir dessa classificação, a maior parcela dos jovens que responderam ao questionário online está inserida na classe E. Contudo, a pergunta do questionário indicava a renda mensal do jovem, não incluindo (ou não deixando explícito) a renda das demais pessoas que residem com o sujeito. Sendo assim, o jovem que respondeu ao questionário pode ter uma renda mensal de um salário mínimo, mas sua renda familiar ser superior a ponto desse jovem estar inserido na classe D ou até C63.

Com relação à renda, ocupação e escolaridade dos pais ou responsáveis, bem como a escolaridade e possibilidades de futuro desses jovens que responderam o questionário, é possível inferir que haja representações de frações da classe média nesse estudo. Sobre a classe média na sociologia da educação, Arabela Campos Oliven (1985) afirma que analisá-la na educação é importante devido à origem social tanto dos professores quanto da maioria dos alunos em níveis mais altos da escolarização. Segundo a autora, essa identificação pode ocorrer

63 Há críticas com relação a essa classificação que considera apenas a faixa salarial. Tanto que a ABEP (Associação

Brasileira de Empresas de Pesquisa) organizou outra maneira de classificar essas classes, considerando grau de escolaridade, produtos de consumo que geram conforto (como máquina de lavar roupa, geladeira e microcomputador) e serviços públicos presentes em cada família. Maiores informações ver: http://www.abep.org/criterio-brasil

a partir da origem social dos sujeitos ou da aspiração em se identificarem com elementos dessa classe.

Maria Nogueira (2010) argumenta que a definição de classe média é problemática, pois ela é composta por membros distintos. Dessa forma, considerar apenas a renda pode levar a dissimulações de status, riqueza cultural, rede de relacionamentos, estilos de vida, valores, aspirações, desejos de consumo.

Finalmente, no que concerne à heterogeneidade interna das classes médias, tudo indica que a costumeira distinção, estabelecida pela teoria sociológica, entre a fração tradicional composta pelos pequenos proprietários e pelos profissionais liberais (“pequena burguesia”) e a “nova” classe média composta pelos trabalhadores assalariados, faz menos sentido para a pesquisa educacional atual do que já fez no momento em que Bourdieu desenvolvia suas análises sobre as estratégias de reprodução social desse grupo. (NOGUEIRA, 2010, p. 216-217).

Arabela Campos Oliven (1985) apresenta características que definem de alguma maneira todas as frações dentro da classe média: o individualismo, a aceitação da ideia do mérito, a ideia de que a sociedade é desigual devido à distribuição diferenciada de talentos e esforços dos indivíduos. Além disso, há o medo da proletarização e uma certa rejeição ao assalariamento. Esse grupo se beneficia de uma porção da mais-valia dos trabalhadores, o que contribui para certas frações serem reacionárias e defenderem o capital. De acordo com a autora:

Vale dizer, o privilégio de compartilhar com os capitalistas de uma parcela da mais- valia coloca a classe média em situação de grande vantagem em relação à classe trabalhadora. Assim, uma característica distinta da classe média, quando comparada à classe operária, é a sua capacidade de acumular, isto é, possuir alguma renda. Esta situação tem profundas repercussões sociais na medida em que a identificação da classe média como classe operária diminui. Por outro lado, todo o sistema produtivo é afetado, uma vez que independente de quão pequena seja a fração de mais-valia alocada a um grupo específico, ele cria uma demanda de classe por bens mais sofisticados (OLIVEN, 1985, p. 44)

Sobre a classe média brasileira, Arabela Oliven (1985) ressalta a sua especificidade histórica, pois essa classe possui uma secular dependência em relação às classes dominantes, devido ao caráter autoritário da nossa colonização e a base patrimonialista das relações sociais. Entretanto, com o passar dos anos, principalmente no início dos anos 2000, houve um crescimento desse grupo social. Maria Nogueira (2010) aponta esse crescimento a partir da geração de empregos formais e de políticas de transferência de renda aos mais pobres.

No que concerne à moradia dos respondentes, Porto Alegre continua sendo a cidade principal. Cento e vinte e quatro pessoas residem na capital do Rio Grande do Sul (correspondendo a 74,2% do total). Porém, outras cidades surgiram, inclusive fora do estado. O gráfico abaixo apresenta as demais cidades, sem contabilizar Porto Alegre.

Gráfico 13 - Cidades em que os jovens residem (exceto Porto Alegre)

Fonte: elaboração da autora.

Quarenta e três sujeitos indicaram outras cidades como local de moradia. Desse total, 28 jovens residem na Região Metropolitana de Porto Alegre64. Dos trinta e quatro municípios que compõe a Região Metropolitana, seis estão presentes do gráfico: Alvorada, Canoas, Eldorado do Sul, Gravataí, Guaíba e Novo Hamburgo. Entre elas, Eldorado do Sul e Alvorada foram as mais mencionadas.

Três jovens entrevistados residem em Eldorado do Sul, intercalando suas vivências e compromissos entre municípios. Vítor reside e trabalha em uma farmácia familiar nesse município e estuda em um centro universitário em Porto Alegre. Ricardo e Mateus estudam na UFRGS, em campus diferentes, mas residem também em Eldorado. Mateus, inclusive, por gostar de jogar vôlei, alterna sua rotina de treinos e times amadores entre diferentes municípios (Porto Alegre, Eldorado e Canoas).

64 O Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul afirma que a Região Metropolitana de Porto Alegre é a área

mais densamente povoada do estado, concentrando mais de 4 milhões de pessoas. A Região Metropolitana foi criada em 1973 com 14 municípios. Atualmente conta com 34 municípios listados a seguir: Alvorada, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Estância Velha, Esteio, Gravataí, Guaíba, Novo Hamburgo, Porto Alegre, São Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Viamão, Dois Irmãos, Eldorado do Sul, Glorinha, Ivoti, Nova Hartz, Parobé, Portão, Triunfo, Charqueadas, Araricá, Nova Santa Rita, Montenegro, São Jerônimo, Taquara, Arroio dos Ratos, Santo Antônio da Patrulha, Capela Santana, Rolante, Igrejinha, São Sebastião do Caí. Para maiores

informações: http://www.atlassocioeconomico.rs.gov.br/regiao-metropolitana-de-porto-alegre-rmpa Acesso em:

28 jul. 2019 6 1 1 1 3 1 15 1 2 1 1 1 1 2 1 1 1 2 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16

Esse gráfico e as entrevistas coincidem com as vivências da pesquisadora enquanto professora no local, que observava os estudantes comentarem sobre suas casas, seus bairros e quais os ônibus que passavam perto da escola. Por ser a escola localizada no bairro Navegantes, perto da Avenida Farrapos, a variedade de ônibus intermunicipais favorece o fluxo de jovens que decidem estudar no Colégio Godói. Contudo, o público dessa atual pesquisa não possui mais a obrigatoriedade de frequentar um colégio em Porto Alegre e seguiu suas vidas para outras cidades, tanto no interior do Rio Grande do Sul (Seberi, Guaporé, Cassino, Canela, etc.), como para fora do estado (Balneário Camboriú, Florianópolis e Belo Horizonte). O item “Não identificado” refere-se a duas respostas que escreveram “Centro” e “Centro Histórico” sem definir a cidade.

Enfocando Porto Alegre e os bairros da capital, o próximo gráfico também apresenta uma forte presença de moradias na zona norte da cidade.

Gráfico 14 - Bairros de Porto Alegre em que os jovens residem

Fonte: elaboração da autora.

1 3 1 1 6 1 22 1 1 1 3 1 1 1 8 4 3 2 1 31 1 5 2 2 16 5 0 5 10 15 20 25 30 35

Rubem Berta65, Sarandi66 e Humaitá67 são os bairros em que a maioria dos jovens que responderam residem, representando 55,6% do total dos moradores de Porto Alegre. Conforme já mencionado, a localização da escola favorece esses deslocamentos, devido a diversidade de ônibus que passam pela Avenida Farrapos, além da presença do Terminal Cairu68, onde se concentram diferentes finais de linhas de ônibus da região metropolitana e dos bairros da região Norte de Porto Alegre. Dos doze entrevistados que residem em Porto Alegre, a região norte predomina: somente uma jovem mora no bairro Medianeira. A maior parcela reside no bairro Humaitá (4 entrevistados) e Rubem Berta (2 entrevistados). Os demais residem nos seguintes bairros: Navegantes (perto do Colégio Godói), São João, Farrapos, São Sebastião e Protásio Alves.

Cruzando dados do questionário online, a maioria dos jovens residem com seus pais e irmãos. Pode-se inferir que a presença desses três bairros (Humaitá, Rubem Berta e Sarandi)