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A evolução do design do jornal até 1988 O periódico Manchester Guardian foi fundado em 1821 por John Edward Taylor,

4 figura 102 As três referências

R, perna reta, diagonal e longa, seguindo a proporção das capitulares romanas;

4.3 GUARDIAN EGYPTIAN E GUARDIAN SANS, 2005 Em 2004, o designer gráico britânico Paul Barnes, juntamente com o designer de

4.3.1 A evolução do design do jornal até 1988 O periódico Manchester Guardian foi fundado em 1821 por John Edward Taylor,

publicado semanalmente até 1836 e diariamente, a partir de então. Editado em quatro páginas solidamente ancoradas em seis colunas de texto intercaladas por pequenas ilustrações, ganhou reconhecimento 60 “We had, at all times, the commercial idea of what the paper needed to be but that was always balanced with the journalistic value of what the paper needed to be. If everyone else is shouting louder and louder, the only way you can be heard is by talking in a normal tone of voice - or even whispering” (GUaRDIaN, 2009, s.n.). figura 118_ Capa do Guardian

de 13 de fevereiro de 2015.

Christian Schwartz

Nascido em 1977, é graduado em Design de Comunicação, estagiou como designer de tipos no escritório Meta Design de Berlim e trabalhou na type foundry Font Bureau em 2000. Desenhou fontes para a Émigré, FontShop, House Industries e Font Bureau. Foi premiado no Type Directors Club de Nova York e no Cooper Hewit National Design Museum. Recebeu o prêmio Charles Peignot – AtypI em 2007. No mesmo ano, fundou a type

foundry Commercial Type em parceria

com Paul Barnes, para vender e distribuir tipograias digitais (IDENtIfONts, s.d.).

Paul Barnes

Nascido em 1970, é especializado em design gráico editorial, tipograia, design de tipos e letreiramentos. Trabalhou com o designer Roger Black nos redesigns da revista Newsweek, Esquire e Foreign Afairs. Atualmente trabalha em Londres, em projetos de identidade visual para Givenchy e para bandas de música pop. É consultor da The Sunday Times Magazine, Wallpaper, Harper’s Bazaar e The Guardian, no qual desenvolveu a família tipográica Guardian Egyptian. Criou as tipograias Publico, Dala Floda, Brunel e Marian (cOMMERcIal tYPE, s.d.).

4. Fontes personalizadas em Sistemas de Identidade Visual

4. Fontes personalizadas em Sistemas de Identidade Visual

A tipograia customizada como elemento identitário de Sistemas de Identidades Visuais A tipograia customizada como elemento identitário de Sistemas de Identidades Visuais

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abaixo de uma testeira com pequenas chamadas. A tipograia era composta por dois tipos em maiúsculas e minúsculas, diferentes e contrastantes: a palavra “The” em Monotype Garamond Italic e a palavra “Guardian” em Neue Helvetica Black (figura 123), sem espaço entre as duas palavras, criando um logotipo mais dinâmico e contemporâneo que inspira o design de todo o resto do jornal. A distinção do

novo logotipo ica evidente quando contraposto aos jornais concorrentes (figura 124). O design das páginas do jornal contava com uma nova grade de diagramação que permitia um espaço um pouco maior abaixo dos títulos e subtítulos. Os títulos, subtítulos, capitulares e demais conteúdos de destaque foram diagramados com a família Neue Helvetica em variações de peso; uma linha acima de cada título reforça sua hierarquia e guia o leitor pela massa de informações; o texto, distribuído por oito colunas separadas por uma ina linha vertical, era composto pelo tipo serifado News Miller (Mathew

Carter) cuja largura levemente condensada acomodava uma quantidade confortável de palavras por linha, adaptando-se à estreitas colunas e não interferindo demasiadamente no conforto de leitura. Alinhamentos e quebras mais agressivas em títulos também lhe atribuíram um aspecto mais jovial e dinâmico. Mas apesar da surpreendente inovação do logotipo e da nova paleta tipográica, o design geral ainda permanecia carregado, pouco arejado, além de totalmente monocromático, não se diferenciando muito da versão anterior (figura 122).

internacional no inal do século xIx (figura 119). Em 1886, ilustrações maiores foram introduzidas no miolo do jornal, seguidas pelas fotograias 22 anos depois. Em 1952, o título do jornal perde a palavra “The” (figura 120) e, em 1969, é a vez de a palavra “Manchester” sair, em nome da distribuição nacional que o jornal assumia (figura 121). Em 1986, o concorrente The Independent havia modernizado o próprio design e atraído leitores do Guardian. Nessa época, o design era composto por sete colunas de texto além de uma oitava coluna que, por vezes, desempenhava funções distintas (como “olhos”, chamadas e destaques).

No ano seguinte, o jornal tentou reaver sua posição com um novo logotipo e tipograia. O requisito para essa demanda, segundo o editor assistente Michael McNay, era o jornal parecer “moderno, inovador, engajado” (GUaRDIaN, 2005, s.n.).

O projeto gráico, encomendado ao designer e tipógrafo do escritório Pentagram David Hillman, foi norteado por um brieing de poucas palavras: “queremos parecer modernos, informativos e comprometidos” (GUaRDIaN, 1987, s.n.), e sua primeira edição foi publicada em 12 de fevereiro de 1988 (figura 122). Segundo Rick Poynor (2005) o novo visual do jornal proposto por Hillman representou uma mudança radical, apesar de no início, muitos leitores expressarem descontentamento. Para ele, esse design “exalava autoridade ao mesmo tempo em que aparentava frescor, e era contemporâneo e acessível” (POYNOR, 2005, s.n.). A mudança mais evidente foi realizada no logotipo: em contraponto à tipograia serifada, em um peso médio, toda em maiúsculas e centralizada no topo da página das edições anteriores, a nova proposta trazia o nome alinhado à direta e figura 119_ Capa da primeira edição

do The Manchester Guardian, de 05 de Maio de 1821. O jornal era semanal, com quatro páginas e anúncios permeavam todas as colunas da capa.

figura 120_ Em Setembro de 1952 o editor Wadsworth remove os anúncios e mantém apenas notícias na capa.

figura 121_ Exemplar de 1969 cujo nome assume deinitivamente a forma atual de The Guardian.

figura 124_ Comparação dos logotipos do The Guradian de 1988 com seus concorrentes diretos: The Times, no alto, The Independent e The Daily Telegraph, todos em uso no mesmo período.

figura 122_ Capa da edição de 12 de Fevereiro de 1988 inaugura o novo design de David Hillman que causou, inicialmente, alguma controvérsia, mas foi logo assimilado e elevado a modelo a ser seguido. Apesar das mudanças e melhorias na tipograia, o design das matérias era carregado e denso.

figura 123_ Logotipo criado por David Hillman em 1988, traz o nome The Guardian grafado com duas tipograias diferentes, criando ritmo e textura em um design reinado.

4. Fontes personalizadas em Sistemas de Identidade Visual

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A tipograia customizada como elemento identitário de Sistemas de Identidades Visuais A tipograia customizada como elemento identitário de Sistemas de Identidades Visuais

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O plano original era apenas adaptar o design do jornal para o novo formato, remodelando o design da tipograias em uso. Entretanto, o tipógrafo Roger Black lembra que Mark Porter entendeu que uma transformação maior seria necessária para criar uma mudança mais marcante e para enfrentar os projetos concorrentes, especialmente no ambiente da web:

O Guardian tinha entrado no jogo da internet muito bem. Neville Brody desenhou um website brilhante, o Guardian Unlimited. No entanto, isso não foi o suficiente. Porter queria uma mudança tipográfica completa para sinalizar o valor e a relevância do jornal com a mesma força que o design de Hillman tinha alcançado nos anos 1980 (BLACK, 2006, s.n. — tradução minha61).

No decorrer do projeto, surgiu a demanda por uma nova e exclusiva família tipográica, necessária tanto para se distanciar da combinação muito imitada da Helvetica Bold e News Miller como para oferecer uma maior variedade de estilos e consolidar a aparência mais tranquila e moderna do novo formato (bRaNIGaN, 2005, s.n.).

A parte superior da primeira página também recebeu um tratamento mais atualizado e atraente. O logotipo, de certo modo manteve a inovação instaurada por Hillman, aplicada na fonte Guardian Egyptian Text Black, em azul-claro para a palavra “The” e branco para “Guardian” sobre fundo azul escuro. Ancora-se na parte superior por uma barra com resumos de notícias com informações que variam em cada edição, podendo conter nomes de articuladores e jornalistas ou chamadas para as matérias de maior destaque. Na parte inferior da página, abaixo do logotipo, a área é reservada para a introdução de matérias e imagens maiores. Na edição que circula aos sábados e domingos, acima do logotipo, uma grande área reservada para chamadas de assuntos de maior visibilidade, tem apelo visual mais exacerbado (figura 126).

Em edições mais recentes, o logotipo passou a ser aplicado em dois tons de azul sobre fundo branco, com a barra de resumos e chamadas logo abaixo, aumentando ainda mais o aspecto geral de leveza do design, 61 “The Guardian had played the Internet game very well. Neville Brody designed a brilliant website, Guardian Unlimited. Yet, that was not enough. Porter wanted a complete typographical change, to signal the paper’s currency and relevance just as strongly as the Hillman design had done in the ‘80s’ ” (BLACK, 2006, s.d.).

4.3.2 O novo projeto gráfico de 2005

__ A primeira edição do

Guardian com o novo design foi publicada em 12 de setembro de 2005 (figura 125), segunda-feira. Poynor (2005) menciona que a executiva- chefe do Guardian Media Group, Carolyn McCall, considerou a edição um momento histórico para o jornal. Ficaria imediatamente aparente aos leitores que a forma e a relação destes com os conteúdos de notícias habituais haviam mudado. A mudança para o formato berliner veio pela saturação do mercado jornalístico inglês e da própria ligação do leitor com o manuseio ísico do papel. O desaio era manter a credibilidade e conseguir atrair o público que gradualmente migrava para a leitura online. Também seus concorrentes The Independent e The Times já haviam migrado em 2003 para esse formato, não deixando muitas alternativas, senão acompanhar aquele mercado editorial (POYNOR, 2005, s.n.).

O novo projeto de Mark Porter resultou no primeiro jornal de grande circulação em formato berliner a ser impresso totalmente em quatro cores. Uma preocupação fundamental era tornar o design mais leve, sem deteriorar a impressão de consistência de seu conteúdo jornalístico. A malha gráica (grid) foi ajustada para cinco colunas de texto com largura de 53 mm e calha de 5 mm entre elas; o corpo do texto é composto em 8 pontos com entrelinhas de 9.5 pontos e o alinhamento do texto nas colunas é variante: as matérias gerais são justiicadas, comentários e opiniões alinhadas à esquerda. O espaço abaixo dos títulos e subtítulos (linhas-inas) aumentou e grandes áreas de espaços vazios foram incluídas, favorecendo a clareza do design geral que impulsionam o leitor ao texto. Imagens e fotograias coloridas foram deinitivamente incorporadas, ganhando grandes dimensões e alternando sutilmente com imagens em preto e branco.

figura 125_ Capa da edição de 12 de Setembro de 2005 que inaugurou o novo projeto gráico e a introdução da tipograia Guardian Egyptian. Uma barra com o resumo das principais notícias aparece acima do logotipo. Em um quadro no canto inferior direito, os editores celebram o novo formato berliner: “Maior nem sempre é melhor”.

figura 126_ Cabeçalho da edição de im de semana mantém a faixa azul com o logotipo em branco e azul claro e reforça o apelo visual das chamadas acima.

4. Fontes personalizadas em Sistemas de Identidade Visual

4. Fontes personalizadas em Sistemas de Identidade Visual

A tipograia customizada como elemento identitário de Sistemas de Identidades Visuais A tipograia customizada como elemento identitário de Sistemas de Identidades Visuais

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Haas Grotesk (Ibid.). Na virada de 2003 para 2004, Schwartz desenvolveu um esboço completo dessa proposta, a Guardian Grot (figura 129), com até seis pesos e versões itálicas com toques mais cursivos, como um ‘a’ de um único andar e um ‘f’ com descendente.

Nesse momento, a ideia de criar uma fonte serifada customizada e proprietária, de caráter único e com necessidades particulares em mente, começou a ganhar corpo. Antes, pesquisaram algumas fontes serifadas disponíveis comercialmente ou em fase de inalização que pudessem se aplicar ao conjunto, ideia que foi logo abandonada por não se encaixar em todos os requisitos. O passo seguinte foi desenvolver uma fonte serifada, elegante o suiciente para acompanhar a Guardian Grot, o que conservava a dupla de tipos com e sem serifa. Barnes partiu da fonte Gulliver (Gerard Unger, 1993) e apresentou algumas possibilidades de design para testes em algumas letras apenas (hamburgefonstiv), com serifas mais ousadas e outras mais clássicas (figura 130). Schwartz também acrescentou algumas sugestões de caráter mais histórico, como os terminais circulares das curvas abertas (Ibid.).

em detrimento do impacto visual da área superior (figura 127). Se por um lado a redução do tamanho do jornal associada ao design totalmente colorido, mais limpo e arejado permitiu maior criatividade, de outro ponto de vista desviou o aspecto tradicional com sua linguagem visual própria, aproximando-o do aspecto de uma revista e sua conotação de leitura mais ligeira e descomprometida (figura 128).

4.3.3 As decisões conceituais para a nova tipografia

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