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Um teste complementar relacionou a adequação das mesmas 38 tipograias, acrescidas de outros 17 tipos para títulos, que deveriam ser associados a oito conceitos:

1. Vigor, força; 5. Precisão, delicadeza;

2. Economia, sobriedade; 6. Higiene, frescor;

3. Luxo, reinamento; 7. Coniabilidade, solidez;

4. Distinção, dignidade; 8. Calidez, conforto.

figura 030_ Tabela referente à classiicação da tipograia Bodoni Bold no experimento realizado por Pofenberger e Franken, em 1923. Curiosamente, este tipo foi julgado inapropriado para ‘luxo’, ‘jóias’ e ‘perfume’, contrariando o que ocorre nos dias atuais.

A tipograia customizada como elemento identitário em Sistemas de Identidades Visuais A tipograia customizada como elemento identitário em Sistemas de Identidades Visuais 01 05 10 15 20 25 30 35 01 05 10 15 20 25 30 35

3. O caráter dos caracteres 3. O caráter dos caracteres

Os tipos selecionados para o teste são muito distintos entre si, variando em serifados, sem serifa, tipos bold, regular e light, condensados e expan- didos, tipos romanos, itálicos e estilo manuscritos. Para classiicar as amostras, parâmetros descritivos foram atribuídos a cada tipograia. Usando como exemplo a mesma Bodoni dos testes de Pofenberger e Franken, o tipo foi considerado (OVINK, 1938:149. tABELA xVI), em primeiro lugar, (1) luxuoso, seguido por (2) preciso, (3) digno, (4) confortável, (5) higiênico, (6) econômico, (7) forte e (8) coniável. Foi relacionado a temas (1) satíricos e poemas, (3) tragédia, (4) aventura, (5) relatórios práticos, (6) análises objetivas e estilo de vida fazendeiro e (8) técnicos (OVINK, 1938:146. tABELA xII).

Os resultados foram tratados em 14 tabelas e quadros descritivos. Entretanto, Ovink aponta a impossibilidade de extrair mais detalhes das informações obtidas. Reconhece e conclui preliminarmente que, para o público comum, os valores atmosféricos da tipograia não são tão distintos e constata que o layout da composição pode inluenciar a percepção das qualidades de um tipo, tornando-o inadequado para situações não muito apropriadas. Por outro lado, os resultados demonstraram que qualidades especíicas foram atribuídas como adequadas para ao menos uma tipo- graia e que a dimensão do peso das letras (light e bold) é responsável por signiicados emocionais dos tipos. Ovink inaliza aconselhando:

“Portanto, o tipógrafo, que não acertou no tipo especialmente adequado, não terá causado um prejuízo efetivo na transmissão do significado do texto, mas ele terá perdido a oportunidade de inten- sificar a força da impressão do texto em um grau considerável” (OVINK, 1938:177 — grifo meu, tradução minha19).

Em 1968, Albert J. Kastl e Irwin L. Child (1968), ampliaram os estudos anteriores reunindo nos testes as variações de estilos bold e light, tipos com formas mais angulares e mais arredondadas, estruturas mais simples e outras mais adornadas, tipos serifados e sem serifa, que foram relacionados a oito grupos de sensações ou “humores” (moods). Informa- ções importantes como contraste, presença de eixo e tipo de serifa, não foram incorporadas nos resultados. A conclusão dos testes demonstram, 19 “The typographer therefore, who did not hit upon the specially appropriate type, will not have done actual harm to the transmition of he meaning of the text, but he missed an opportunity to intensify the force of impression of the text in a considerable degree.” (OVINK, 1938:177).

por exemplo, que tipos bold simples e sem ornamentos, estão relaciona- dos a algo fúnebre, melancólico, pesado e trágico, enquanto tipos light, simples e mais curvilíneos são alegres, vivazes, sonhadores, graciosos e poéticos (figura 031).

Um pouco mais recentes, as pesquisas de Veronica M. Hofman, de 1988, e Eva R. Brumberger, em 2003, abordaram os mesmos questionamentos: as conotações e os valores emocionais associados à tipograia, incluindo métodos semelhantes para aferição dos valores. Hofman avança na análi- se da eiciência de tipograias, associadas em estudos anteriores a certos sentimentos e conotações, quando aplicadas a conteúdos relacionados a tais signiicados, reforçando essas mensagens para o leitor. Os concei- tos para os testes foram apresentados aos participantes pelo método de diferencial semântico, em que pares bipolares de adjetivos ou antô- nimos representam signiicados opostos (HOFMAN, 1988:10) (figura 032). Cada par de conceitos recebe um valor na escala de 1 a 7, indicando a intensidade de cada um. Por exemplo, o par quente/frio é composto por: (1) extremamente quente; (2) quente; (3) mais quente do que frio (4) neutro (5) mais frio do que quente; (6) frio (7) extremante frio.

Um exemplo do resultado obtido foi a classiicação da Garamond como “cara, tradicional, pacíica e madura” enquanto a Helvetica Bold foi considerada “rude, imóvel, direta/franca e imparcial” (Ibid.:52). Entretanto, uma conclusão baseada no fato de a Garamond ser um tipo com design originado da escrita manual, com fortes características humanísticas,

figura 031_Tabela de conclusão dos testes de Kastl e Child com a relação entre as características dos tipos em combinação com grupos de sensações, adjetivos e interações com variação de estilos.

figura 032_ Lista dos 22 pares de conceitos opostos usado nos testes de Veronica Hofman em 1988.

A tipograia customizada como elemento identitário em Sistemas de Identidades Visuais A tipograia customizada como elemento identitário em Sistemas de Identidades Visuais 01 05 10 15 20 25 30 35 01 05 10 15 20 25 30 35

3. O caráter dos caracteres 3. O caráter dos caracteres

não pode ser generalizada. Se compararmos duas versões da fonte (figura 033), uma produzida pela type foundry Monotype© e outra pela

H. Berthold©, é possível perceber uma sutil mudança em seu tom, nas

informações subjetivas que as formas transmitem e que inluenciam a resposta emocional do leitor. Na primeira, as hastes nem sempre são paralelas, revelando a tensão no traçado caligráico, e as formas curvas dos arcos, bojos e ganchos são mais luídas e contínuas do que na segun- da. Ainda, o contraste é bem maior e a itálica é mais inclinada e condensada. Conforme os parâmetros citados na lista de conceitos, a versão da Monotype parece ser mais liberal, ágil, rápida na escrita, assim como mais elegante e feminina. A versão da Berthold, tem uma postura mais estável entediada, madura, masculina. Evidentemente, essas observações passam pelo crivo do repertório pessoal de um designer e podem discordar da opinião de outro observador.

No estudo de Brumberger (2003:210), a escala de diferencial semân- tico, baseada em conceitos opostos, foi substituída por uma lista de atri- butos unidimensionais concentrada naqueles conotativos (figura 034), excluindo os denotativos como “escura”, “redonda”, “angulosa”, etc. Essa direção única dos conceitos, segundo a pesquisadora, evita distorções de compreensão e entendimento do que são, de fato, opostos. Uma oposição entre os conceitos “masculino” e “feminino” poderia ser interpretada de formas diferentes e inluenciar o resultado.

O objetivo do estudo de Brumberger foi estabelecer uma perso- nalidade para cada uma das 15 tipograias avaliadas, no contexto da palavra e em passagens de texto. Os dados obtidos nas entrevistas foram entabulados em sotwares matemáticos para determinar coeficientes e analisar variantes e correlações entre as tipografias. Apesar de identi- icar personalidades para os tipos avaliados, a pesquisa também reve- lou que a adequação dessas personalidades é determinada pela lingua- gem do texto, estilo da escrita, tema em que o texto está centrado e a audiência e propósito aos quais o texto é direcionado, ampliando muito as variantes para que se alcancem conclusões absolutas.

Em 2006, Chaparro, Fox e Shaikh (2006, s.n.) conduziram estudo baseado em testes com cerca de 1000 participantes, expostos a 20 tipo- graias (figura 035), que analisaram as fontes sobres suas personalidades e a situação de uso mais apropriada (websites, documentos comerciais, assuntos infantis e mensagens informais de cumprimentos). As fontes foram apresentadas aos participantes em quadros simples, com o alfa- beto e sinais de pontuação sem diagramação especíica. Para os testes de personalidade, foi usado o método de diferencial semântico com 15 pares de adjetivos opostos, em uma escala de quatro pontos. Os resulta- dos gerais compilados reuniram grupos de fontes que compartilham os mesmos traços de personalidades:

Fontes sem serifa: não se destacaram como um grupo, sendo classiicadas como fontes para uso geral;

Fontes serifadas: uso em temas mais tradicionais; estável, prática, madura e formal;

Fontes manuscritas ou fantasia: uso em temas criativos e alegres; jovem, feliz, criativa, rebelde, feminina, descontraída, e amigável; Fontes display “modernas”: para temas assertivos e ousados; masculina, assertiva, rude, triste e grosseira;

Fontes monoespaçadas: temas simples; desinteressante, sem graça, sem imaginação e previsível.

Outra compilação listou os 30 adjetivos e as três fontes que mais foram relacionadas a cada um. As conclusões desse teste não surpreendem. Fontes sem serifa, por exemplo, são preferidas em ambientes digitais, como website e revistas online, e não são apontadas para temas infantis, que

figura 033_Amostras da Garamond Monotype©, em cima, e da Garamond

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