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Exercícios desenvolvidos

No documento A imaginação do ator, um voo indizivel (páginas 139-143)

Capítulo II Ações e Reflexões em Experiência

2.2 Estrutura do laboratório e delimitação metodológica de abordagem

2.2.2 Metodologia de abordagem

2.2.2.3 Exercícios desenvolvidos

i) Respiração da garça : este exercício é feito no sentido horário e passa pelos 6 órgãos internos: coração, baço, pulmão, rim, fígado e tchi ou ch’i (órgão sutil denominado pela respiração tai chi chuan).

Inspiração: profunda e lenta pelo nariz, enquanto os braços sobem pela frente do corpo e se abrem a partir de cima, descendo pela lateral do corpo, permanecendo alinhados na altura dos ombros. Movimento associado à intenção de entrar ar fresco na região do coração.

Expiração: pela boca, com o som ou não de cara orgão75, enquanto os braços simultaneamente se aproximam na frente do corpo, com o foco da intenção na aproximação dos cotovelos e dos pulsos. Durante a saída do ar, ao mesmo tempo em que o tronco desce para frente até o topo da cabeça ficar em direção ao chão. Movimento associado pela intenção da saída do ar.

Sobe-se o tronco desenrolando a coluna e deixando o ar entrar livremente. Expira- se naturalmente. Inicia-se novamente o mesmo movimento mais 2 vezes até completar uma seqüência de 3 vezes da mesma respiração em cada órgão, completando um ciclo de 18 respirações.

ii) Exercício da tartaruga:

Inspiração: pelo nariz enquanto os braços sobem pela lateral do corpo até atingir o alinhamento com os ombros.

Expiração: dobrar os joelhos até atingir a posição quase agachada, enquanto os braços se fecham na frente do corpo e fazem os cotovelos se aproximarem do osso púbis. Os antebraços tocam as coxas e os braços tocam a parte anterior do tronco, configurando uma posição próxima da posição fetal (num outro ângulo, pois os pés estão no chão). Ao chegar nessa posição, as mãos se fecham, as arcadas dentárias se apertam uma contra outra.

Segunda inspiração: com o movimento dos braços que se abrem pela lateral e sobem acima da altura dos ombros, terminando com uma remada que empurra as palmas das mãos, pela lateral do corpo, no sentido da bacia. Simultaneamente, o tronco do corpo sobe e fica numa posição diagonal para frente num ângulo aproximadamente de 90 graus em relação ao chão. Ainda, na mesma posição inclinada e os braços alinhados na lateral do corpo, acontecem variações simultâneas que trabalham a fluência da energia pelo corpo em diagonal. Empurrar as palmas das mãos para trás, empurrar o metatarso para o chão como quem caminha sem sair do lugar –o caminho interno da energia é em diagonal na relação dos braços com o empurrar dos ísquios para trás em diagonal ao chão- e, ainda, empurrar a cabeça girando para um lado e para o outro como se quisesse sair do tronco.

Relaxar e retornar a posição inicial.

Essa respiração é feita pela percepção dos movimentos de expansão e recolhimento do corpo, trabalhados nos limites físicos extremos de abrir e fechar o corpo. Ele é executado com a expansão do movimento associada à imagem que propõem a ação da tartaruga saindo do casco, pernas e cabeça para fora. Trabalhamos seqüências de 6 ou 8 respirações.

75 Cada órgão tem um som equivalente pronunciado nas expirações como pequenas vibrações vocais em volume baixo, sincronizado com a saída do ar, do som e da conclusão do movimento correspondente. Esse domínio corporal sincroniza respiração,

iii) Respiração da tartaruga em pé e no eixo:

Inspiração: levando o direcionamento (imaginário) da entrada do ar no corpo até chegar à parte infra-abdominal (reconhecimento físico pelo movimento muscular do abdômen até o períneo), ao mesmo tempo em que se alonga o tronco do corpo, primeiro para cima e depois levemente, numa inclinação para a diagonal superior e para trás. O osso esterno fica em paralelo com o canto superior da sala, entre o teto e a parede. Os ísquios conscientemente apontados para o chão, entre os calcanhares.

Expiração: as mãos, que foram empurradas pelo abdômen na inspiração, agora empurram o abdômen em direção às costas, a qual também exerce sua própria força muscular para expiração com a intenção de encostar o abdômen nas costas, ao mesmo tempo o corpo se dobra pelas articulações entre o fêmur e a bacia (coxofemural), deixando o tronco paralelo ao chão, num ângulo reto entre as pernas e o tronco.

Segunda inspiração: ao mesmo tempo em que se levanta a cabeça e olha para frente, se empurra os ísquios para cima (quase formando um arco na coluna). Segunda expiração: acontece de forma mais súbita, enquanto o tronco relaxa e a cabeça direciona o topo ao chão.

Sobe-se o tronco desenrolando a coluna: vértebra por vértebra até ficar totalmente em pé, novamente.

Acrescentamos às respirações os seguintes elementos:

Na primeira inspiração: sem perder o alongamento do tronco, com a intenção de abrir espaços na região abdominal e alongar a musculatura. As mãos, uma sobre a outra, repousam na região do baixo ventre, os cotovelos cedendo à gravidade, ou seja, apontando para baixo e fechados. Essa organização dos braços e das mãos encaixa e abre (sensação imaginária de espaço entre as articulações) a região dos

ombros. As mãos são empurradas pelo abdômen pelo movimento gerado pela entrada do ar que estufa a região inferior do abdômen.

IMAGEM: inspirar no baixo ventre e empurrar o chão com os pés, os ísquios apontando para o chão e o abdômen para fora.

Na primeira expiração: aumentar o espaço entre as vértebras da coluna pela intenção de empurrar a cabeça para uma extremidade e os ísquios para a outra. Oposição e dilatação.

Na segunda inspiração: empurrar o chão pela planta dos pés ao mesmo tempo em que empurrados os ísquios e a cabeça, abria mais espaço na parte posterior das pernas e das articulações das pernas com a bacia. E, empurrar o abdômen para fora permitia abrir mais espaços entre as coxas e o abdômen, na parte anterior da virilha.

Na segunda expiração: a saída do ar era feita voluntariamente pelo esforço abdominal e pela compreensão do centro do corpo no eixo, até a mudança da estrutura em movimento.

iv) Treinamento de comer o sol:

Inspiração: pela boca, com as arcadas superior e inferior fechadas, associadas ao movimento imaginário de sugar o ar pela boca e entre os dentes e, depois, pelo

movimento de engolir; associadas com movimentos dos braços que sobem pela

lateral do corpo até em cima atingindo a verticalidade, enquanto os metatarsos empurram o chão e os pés ficam na meia ponta.

Expiração: enquanto o ar sai pelo nariz, os braços descem pela frente do corpo com as palmas das mãos apontadas para baixo, como que empurrando o ar para o chão.

v) Caminhar da forma Baguá76: forma codificada para andar e girar em torno de um círculo, em organizações que se alternam e se transformam entre o lado esquerdo e o direito; o objetivo do círculo é preservar o equilíbrio entre o centro do próprio círculo e o centro do corpo de quem por ele caminha. Este equilíbrio é observado e identificado pela distância entre os dois eixos que deve ser preservada durante a caminhada. A dificuldade está em andar de forma circular específica, trocando de lado sem mudar a distância entre os eixos e preservar o eixo do caminhar, o que se compõe pela fusão do eixo do círculo imaginário traçado no chão com o eixo de quem por ele caminha.

No documento A imaginação do ator, um voo indizivel (páginas 139-143)