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3.2. As expectativas, os impasses e as mudanças dos sujeitos acerca do

3.2.1. Expectativas, impasses e mudanças com relação à situação de vida

O caminho para se chegar ao Prolongado tem sido quase sempre pela experiência da ocupação. É comum encontrar entre famílias assentadas pessoas que não têm aproximação nenhuma com a militância do Movimento, ou apenas uma pessoa da família está desenvolvendo algum trabalho de base. Ocorre também de encontrar pessoas residentes nos centros urbanos que conheçam ou tenham parentes assentadas e queiram visitar. Essa aproximação com as pessoas que não conhecem o Movimento, mas que tem alguém conhecido vinculado é importante para dar credibilidade e contribuir para organizar novas mobilizações.

A esperança de uma vida melhor motiva as pessoas a lutar por um pedaço de terra. Num lugar sem muitas opções, pensam que pior não pode ficar e

investem as forças que tem na ocupação. Conversando com alguns “prolongadianos” sobre sua situação de vida e aproximação com o MST identificamos nas falas que a maior necessidade é de terra para morar e produzir. Em depoimento, um educando fala de sua vida:

Em 1989, eu e minha família e outros viemos ocupar a fazenda São Joaquim no município de Madalena – CE. Onde foi um dos momentos mais difícil das nossas vidas, nos primeiros anos de ocupação daquela enorme fazenda onde passamos muitas dificuldades e sofrimentos em baixo de barracos de lona preta. Mais ao longo dos dias as coisas melhoraram pra todos nós acampado em São Joaquim. Onde vivi maior parte da minha infância e vivo até hoje, passando algumas coisas boas. Como exemplo, a terra pra trabalhar e um local pra morar, e foi aonde estudei até a 8ª série.

O jovem fala das dificuldades que ele e sua família passaram morando debaixo das lonas pretas, enfrentando a fome, a sede e a vontade de desistir. Mas todo sofrimento é superado pela conquista da terra e esta significa uma mudança em suas vidas, pois a vida construída em um assentamento segue normas e condutas bem diferentes do que estão acostumados. Para aprenderem a viver em coletividade e conhecerem de fato o MST, a juventude é convidada a participar do Curso Prolongado. Isso se confirma pela fala de Vinícius, um militante que teve a experiência de fazer o curso no Maranhão e cinco anos depois participar da coordenação do primeiro Prolongado no Ceará:

No meu caso eu vim pro movimento a partir da necessidade da terra, na época eu tinha 19 anos e já tinha constituído família, já era casado. Surgiu uma oportunidade de ir pra terra, e como eu sou filho de camponês sem terra, fui pra ocupação. Na ocupação fui convidado pra fazer um curso, que era exatamente o prolongado em 1995, no Maranhão.

A juventude do Prolongado tem suas raízes no campo, são filhos ou netos de trabalhadores rurais que, pelas dificuldades com a seca e com as relações de trabalho com os latifúndios, estão perdendo sua identidade e peregrinando em busca de melhores condições de trabalho e de um endereço para morar. Perdem também seus vínculos familiares com avós, tios, primos e até irmãos, pois com a busca incessante por melhores condições de vida, vão distanciando-se das suas raízes, do seu passado e das suas lembranças.

Em entrevista, o professor Edson, do setor de educação do Ceará, nos conta como era sua vida e de sua família antes de conhecer o Movimento, que diz não ser diferente dos outros integrantes:

Meu pai é camponês, sempre morou no campo e trabalhando para fazendeiros, até que teve um período que ele precisou ir pra cidade quando eu tinha 7 anos de idade. Inclusive no latifúndio onde eu nasci hoje é assentamento e eu tenho o orgulho disso, Assentamento Alegre em Canindé. Meu pai trabalhou em muitas fazendas. Como eu disse meu pai precisou ir pra cidade quando eu tinha 7 anos, e ele tinha como muita gente tem a ilusão de que a cidade é melhor, né? Então a gente foi pra cidade no sentido de buscar melhoria de vida. (...) Eu fiquei dos 7 aos 16 anos na cidade. Então minha infância e adolescência foi no meio urbano. (...) Mesmo a gente morando na cidade, meu pai continuava plantando na roça das fazendas vizinhas do município. E aí no inverno nossa atividade era essa, né? Pela manhã ia pra roça e de tarde voltava pra ir pra escola.

Enfim, meu pai sempre com o sonho de voltar pro campo, ficou desiludido porque na cidade a gente não tinha alternativa mesmo.

As precariedades marcam suas vidas e o desenraizamento das suas origens é um dos fatores mais prejudiciais. Quando precisam buscar trabalho ou estudar longe de casa, começa o distanciamento da família. A fragmentação da família provoca uma perda cultural de valores, da memória, da religião e dos saberes que são transmitidos por gerações. Conhecem a fome e as dificuldades da vida de perto, o que os faz ter interesse por oportunidades que prometem uma vida diferente dessas, alimentados pelo sonho de voltar a viver no campo. O que levou o pai do entrevistado a participar da primeira ocupação do MST no estado do Ceará.

Para ajudar na renda familiar, as circunstâncias levaram Edson para a capital, como muitos jovens são levados pelo destino da migração e não conseguem mais voltar. Como relata: “Estudava, mas meu estudo tinha muitas falhas, tinha necessidade mesmo de trabalhar. Cheguei a ir pra Fortaleza com 10 anos de idade e minha primeira atividade foi trabalhar de camelô.” O que se pode esperar para o futuro de uma criança do campo que vai para a cidade sem a sua família trabalhar de camelô? Quantos “Edsons” não temos pelas ruas das capitais?

As jovens têm saído do campo para trabalhar de doméstica na cidade. O que se confirma em depoimento de uma jovem que foi obrigada pelo pai a sair do Prolongado por muitas dificuldades que a família vinha passando, para ir trabalhar em casa de família: “A necessidade me obrigou a sair de casa outra vez. A primeira vez em Fortaleza passei um ano trabalhando, na época trabalhava que nem uma escrava. Não agüentei e voltei pra casa.” E aquelas meninas que não

tem mais casa para voltar e são vítimas da exploração sexual, como vemos diariamente nas ruas e nos telejornais?

A situação dessa família não era diferente das demais. O caso dessa jovem que deixou o Prolongado e começou a assumir as responsabilidades da sua casa depois da morte da mãe é semelhante às muitas outras que o pai já havia trabalhado em várias fazendas e depois de muitas dificuldades por falta de trabalho soube que uma das fazendas estava sendo desapropriada. Foi quando a família resolveu se assentar e passou a ter um lugar para morar, mas como a família não estava vinculada organicamente ao Movimento não tinham projeto de vida coletiva. Ser assentado não é suficiente para ter autonomia e garantir a estabilidade das famílias. Esta realidade descreve uma situação comum na vida dos trabalhadores rurais que se reflete nas perspectivas da juventude, como no depoimento do coordenador Élder (Prolongado – MA):

Minha entrada no movimento foi a partir da ocupação da terra, (...) antes daí eu não sei dizer se eu tinha perspectiva de vida, é bem complicado de explicar isso porque, na zona rural quando não se tem uma discussão ampla de um projeto de sociedade e não se tem contato com nada, não se pensa numa perspectiva de avançar. E dentro do projeto de educação isso não aponta para uma perspectiva maior. Isso faz com que as pessoas passam também a não pensar num projeto diferente, em fazer uma faculdade, continuar o estudo porque a própria realidade não dá horizonte, coloca aquilo ali como um limite e faz com que as pessoas não pensem além daquilo ali. (...)

A vida na zona rural no Nordeste não tem sido de muitas prosperidades para as pessoas mais pobres, principalmente para a juventude trabalhadora rural que acaba permanecendo na mesma condição de seus pais e sem perspectivas de mudança. Para o MST a primeira mudança está na ousadia de ocupação da terra, mas para garantir a sustentabilidade dos assentamentos são necessárias novas estratégias de produção e transformação das pessoas para a organização de uma vida coletiva.

No intuito de desenvolver novas relações, comportamentos e posturas de vida para essa mudança de perspectivas, o Movimento propôs o Prolongado como um dos mais importantes espaços de convivência para jovens, que também se formam para uma ação política. Segundo Élder:

O curso Prolongado surgiu na necessidade de organização do próprio assentamento. É uma criação própria do movimento que tem como específico a formação política. E que inicialmente se voltou principalmente pra formação de militantes, que esses militantes teriam como referencia a organização de assentamentos e acampamentos. Então logo com o decorrer do tempo novas questões vão surgindo, e uma questão que surgiu também foi à própria questão da escolarização, dentro dos cursos de formação.

O cotidiano do curso, em meio à postura disciplinar já comentada, exige dos participantes uma grande força de vontade e de superação das dificuldades e limites de cada um, quanto à escolarização e ao isolamento da família. Porém, são justamente as adversidades que lhes estimulam a ser militantes do MST. Na verdade, as coordenações costumam dizer que essas posturas são necessárias, pois os militantes assumem uma vida missionária e a disciplina é fundamental para as boas relações no grupo e continuidade do projeto popular.

Mas reunir 66 jovens com seus vícios e dificuldades, durante 3 meses ininterruptos não parece tarefa fácil. Diante dessa experiência observamos o início do depoimento de Valter (outrora citado à página 90) quanto à sua impressão da rotina das atividades:

Quando eu cheguei no curso, a primeira impressão que eu tive foi “Pô, eu to no lugar errado! Isso aqui não é pra mim”. Se levantá seis horas, seis horas tu já tem que tá estudando. Aí sete horas tu toma café. Sete e quarenta e cinco tu vai pra formatura. Oito horas tu vai pra sala de aula, na plenária. Aí tu fica até as dez. Dez e quinze tu tem um intervalo, aí tu vai até meio-dia. Aí de meio-dia às duas horas tu tem uma hora pro almoço e o resto é atividade prática. Duas horas tu retorna pra plenária. Quatro horas tu tem um intervalo até quatro e quinze. Aí vai até cinco horas na plenária, cinco e meia. O resto é atividade prática e à noite tem estudo de novo. A primeira semana pra mim foi um choque!

A sensação de “choque” que o educando expressa, do estranhamento àquela realidade, acab por ser um tanto “natural” para a grande maioria, já que se encontram normalmente fora do cotidiano mais diretamente “mergulhado” nas agruras da luta pela terra. Sobretudo para os jovens provenientes dos meios urbanos, essa é realmente uma rotina desmotivadora. As primeiras semanas são destinadas para recepção e interação dos educandos e educadores. Como seres de relações, esses jovens passam a conviver com as diferenças e singularidades, com o medo e a esperança de tantos caminhos que se encontram no curso Prolongado.

O mesmo Valter, por exemplo, só conhecia o MST de ouvir falar na televisão. Sua aproximação com o Movimento foi através de um tio assentado,

que ele foi visitar, pois morava na Região Metropolitana de Fortaleza e não tinha experiência com modos de vida coletiva em assentamentos da Reforma Agrária. Tudo era muito novo, inclusive a disciplina, a organização do coletivo em núcleos de base, a divisão das tarefas práticas e, além de tudo isso, era responsabilidade do grupo o incentivo para auxiliar “os companheiros” que estejam com dificuldades de cumprir os horários.

Como referido na página 90, a cada dia no curso ele expressava vontade de sair e falta de identificação como esse processo de formação da personalidade, que é entendido pelo Movimento como a “junção dos hábitos, comportamentos, interesses, sentimentos adquiridos no ambiente e que constituem uma maneira de ser/viver, sentir, agir, mesmo que sejam praticados sem se dar conta (hábitos)” (ITERRA, 2004, p. 126-7).

O cotidiano da vida desses jovens antes do Prolongado era bem diferente do vivenciado no curso com relação à organização do tempo, à divisão de papéis nas tarefas domésticas e na maneira de se relacionar com as outras pessoas. Não é por acaso que eles passam 90 dias estudando, compartilhando espaços, sensações e aprendendo a expressar seus desejos e opiniões.

Essa questão é trabalhada na convivência com os vícios relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas (que são totalmente proibidas nos espaços do curso e prejudiciais à saúde) e aos vícios de comportamento, que, segundo o MST, são históricos e decorrentes do processo de produção e para superá-los é preciso conhecê-los, que são: individualismo, personalismo,

espontaneísmo, anarquismo, imobilismo, comodismo, sectarismo, liquidacionismo, aventureirismo.

Para superar essas dificuldades, um elemento crucial é o caderno de reflexões já mencionado, em que, por solicitação da coordenação, deve ser preenchido todas as noites, estimulando a prática da auto-crítica.

Mas tanta disciplina não faz parte de nenhuma seleção para quem pode e quem não pode atuar na militância. Na verdade, o que se pede é que o jovem assuma posturas no resgate da cultura popular e na criação de uma cultura Sem Terra, recriando suas raízes, que muitas vezes se perderam nos convívios urbanos ou pela mídia.

Para Makarenko (2004), a disciplina deve contribuir na superação das dificuldades. Deve ser uma disciplina da luta e da aspiração.

Se retomarmos aqui, mais uma vez, o depoimento de Valter (citado à página 90), podemos compreender seu momento como uma crise da falta de identificação com a metodologia do curso. Percebe-se a resistência à proposta que pensa na composição do ser como sujeito, e não objeto. E a resistência é, naturalmente, a manifestação da dificuldade de mudar. Se olharmos para esse processo todo através da teoria do materialismo dialético, percebemos que a dificuldade de mudança pode ser vista como uma manifestação da lei da negação

da negação ou negação dialética. Baseado na evolução e no estudo das classes

em movimento, significa a passagem do fenômeno velho ao novo ou o contrário. De acordo com Triviños (1987, p. 72):

Na luta dos contrários, o novo que surge não elimina o velho de forma absoluta. O novo significa um novo objeto, uma nova qualidade, mas o novo possui muitos elementos do antigo, os elementos que são considerados na estrutura do novo e que, de acordo com as circunstâncias onde se desenvolverá o novo, continuam existindo neste. (...) o novo também envelhece e é negado por outro fenômeno. A primeira negação já é a negação da negação e todo o desenvolvimento está constituído por graus de desenvolvimento nos quais um é negação do outro.

Com relação à proposta do curso, há inicialmente, por parte do jovem uma rejeição. Durante toda a sua vida ele aprendeu a ser de um jeito, a conduzir as coisas de uma forma e no curso começa a perceber que aquelas posturas são diferentes da sua, o que o leva a negar as novas. Neste momento é posto para ele escolher, entre ficar no curso e ampliar sua forma de ver a realidade ou voltar para casa permanecendo com sua concepção de mundo inicial.

Pela abordagem da lei da negação, quando há uma mudança em curso, elementos das concepções anteriores continuam existindo quando são consideradas positivas para o contexto. O que ocorre, então é uma transformação das idéias pela chegada de novas informações, que estão sendo acrescentadas e criando suporte para a reflexão das concepções condicionadas. Quando termina o curso, a opinião de Valter já não parecia a mesma:

O Prolongado foi o início de tudo, certo? Minha aproximação do Movimento foi no começo de 2002, mas no Prolongado foi onde eu adquiri os conhecimentos que eu achava necessário pra mim compreender a totalidade do Movimento. A totalidade entre aspas. Porque como era o início, eu tava adquirindo alguns conhecimentos com o passar dos tempos ele ia sendo renovado a cada dia que passava. Aí como lá foi o inicio de tudo pra mim, (...) Aí terminou o Prolongado e eu já era um cara mais crítico. Porque até então, minha criticidade antes de entrar pro Prolongado era pouca com relação à realidade.

O educando vai percebendo que seus conhecimentos estão em constante movimento, que todos os dias alguma coisa em nós está mudando, pois somos considerados seres de criação e recriação das idéias e do mundo. O despertar da percepção sobre situações antes irrefletidas (mas agora radicais) é o caminho para estimular a consciência reflexiva da realidade, que o sujeito se desafia a transformar.

Tal transformação é diametralmente oposta à educação que adapta o educando, deixando-o imerso e condicionado a gestos mecanizados, sem capacidade de transpor os limites para o desenvolvimento do pensar crítico. Para Valter, o curso Prolongado possibilitou o surgimento de uma nova fase da sua vida, não só como militante do MST, mas principalmente como uma pessoa mais crítica.

Nesse processo educativo, verificamos que só foi possível a superação do conflito entre os novos saberes e os antigos pela proposta de educação como unidade entre teoria e prática. Uma educação da práxis, compreendida como um processo de desenvolvimento das capacidades cognitivas que contribuam para uma intervenção na realidade dessas pessoas.

Essa proposta educativa valoriza a interação das pessoas como condição de aprendizagem com o outro e de superação das suas “situações- limite”. Entendemos esse termo, também utilizado por Freire, como momentos desafiantes para os educandos, que pela educação libertadora propõe a criação de novas posturas para enfrentar os problemas. Tendo em vista que a educação bancária leva a uma acomodação. Sobre isso, Freire (1979, p. 32) acrescenta:

Uma educação que pretendesse adaptar o homem estaria matando suas possibilidades de ação, transformando-o em abelha. A educação deve estimular a opção e afirmar o homem como homem. Adaptar é acomodar, não transformar. O homem integra-se e não se acomoda.

Conversando em vários momentos com pessoas da coordenação político-pedagógica, sobre os objetivos do curso enquanto possibilidades de atuação da juventude como militância, foi possível perceber que o conceito de

adaptação não correspondia à proposta do curso. Inconscientemente, esse termo

é utilizado para alguém que está fora dos padrões estabelecidos, que precisa se acomodar a alguma situação e pode repeti-la sem questionar. Como exemplo a

coordenadora Cíntia nos fala das razões das dificuldades da juventude com a disciplina e possivelmente com a continuação dos trabalhos de militância:

Uns tem dificuldade de se inserir mesmo por essa própria questão da educação familiar que já teve, né? A grande maioria se inserem e começam a contribuir.(...) Agora uma coisa é assim, se você tem organização familiar, você foi educado de um jeito, se você nunca teve uma organização familiar e se a família é uma total desorganização que não tem limite, você tem muita dificuldade de se adaptar à questão da disciplina.

Tínhamos ouvido muito dos educandos a respeito das dificuldades de “se adaptarem” à questão da disciplina nas primeiras semanas. Essa palavra ficou me incomodando, porque Freire nos esclarece que na verdade esses primeiros momentos são de interação, das pessoas se conhecerem e estimularem a capacidade de relacionar-se. Não corresponde a uma situação em que as pessoas devam se “ajustar” à disciplina do curso, mas criar posturas de comportamento compatíveis com o comprometimento político. Ter um perfil de militante não deixa de ser um ideal para o jovem Sem Terra, mas está no sentido de libertação de uma postura passiva diante do mundo e não uma adaptação à identidade Sem Terra, sem meios de compreensão das razões que lhes oprimem. A aceitação ou não de continuar no curso ou na militância, também faz parte do exercício de decisão por concepções ideológicas e de se afirmar como sujeito da sua história. Ainda com as palavras de Cíntia:

O prolongado de fato é um curso básico pra as pessoas conhecerem o Movimento Sem Terra e ao conhecerem definir se querem continuar sendo militantes. Continuar no movimento certamente vão continuar, se não na militância, no acampamento, assentamento vão permanecer. Alguns desistem é claro, isso é muito tranqüilo, mas uma grande maioria permanece. (...) E o prolongado é o momento de você saber se você quer seguir nessa atuação de militância, mesmo que não seja militante estadual, mas dos assentamentos, de algum canto, né?

Segundo os dados coletados da avaliação interna feita pela coordenação no final do curso de 2005, da turma de 66 participantes, apenas 8 educandos expressaram claramente sua decisão de ser militantes do MST e os