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Explorando o campo das pesquisas com cartilhas

No documento História da alfabetização e suas fontes (páginas 62-66)

A análise do conteúdo dos resumos foi realizada com base em uma fi cha que continha as seguintes informações: base de dados, título, autor, data de defesa, palavras-chave, instituição, objetivo geral, fundamentação teórica, cartilhas analisadas, orientador, grau.

O quadro 1 evidencia o esforço de rastreamento feito e chama a atenção para o grande número de trabalhos que mencionam os descritores eleitos, em especial, cartilhas de alfabetização (CAPES), evidenciando que essas estão presentes nos discursos sobre práticas alfabetizadoras, leitura e escrita, formação de professores, memórias, entre outros temas. No entanto, o número de trabalhos que efetivamente se debruçam sobre este objeto/fonte pode ser considerado pequeno, se comparado à quantidade de registros: um total de 57 trabalhos, sendo 42 dissertações e 15 teses.

Quadro 1 – Banco de Dissertações e Teses da Capes e do BDTD-IBCT

CAPES BDTD-IBCT

Descritores Número de

Registros Com Filtros

Número de

Registros Com Filtros

Cartilhas de alfabetização 900.682 6.940 35 11 Cartilhas escolares 15.842 7.004 69 22 Cartilhas 293 149 325 22 Cartilha 528 16 325 - Selecionados7 49 8 Dissertações 42 Teses 15 Total Selecionado 57

Fonte: Dados elaborados pelas autoras.7

7 Neste cômputo estão apenas os trabalhos novos, ou seja, não se encontram os trabalhos que se repetiram em relação

O gráfi co 1 representa a produção acumulada ao longo dos últimos trinta e oito anos, evidenciando, na lista dos anos, lacunas e picos na produção acadêmica, a respeito do tema cartilhas:

Gráfi co 1 – Produção de dissertações, teses e total acumulado

Fonte: Dados elaborados pelas autoras.

Notamos que na década de 1970 apareceu um único trabalho (dissertação), na década de 1980, dois trabalhos (teses) e, na década de 1990, dois trabalhos (dissertação e tese). A produção ganha força na década de 2000, especialmente a partir de 2006, chegando a um total de seis trabalhos (dissertações) em 2010. O crescimento continua nos anos seguintes (2011-2016), atingindo seu ápice em 2013, com dez trabalhos (seis dissertações e quatro teses).

O crescimento da produção pode ser atribuído ao aumento do número dos Programas de Pós- Graduação, em especial Mestrados, aliado ao interesse dos pesquisadores que, dadas as demandas da CAPES para avaliação dos Programas de Pós-Graduação, passam a se organizar mais articuladamente em grupos de pesquisa e, sobretudo, às novas abordagens históricas que se dedicam à cultura material escolar.

Assim, observa-se que, de 2006 em diante, não há mais lacunas na representação gráfi ca da produção acadêmico-científi ca, pois todos os anos, até 2016, estão representados por, pelo menos, um trabalho.

Tabela 1 – Número de Dissertações e Teses por Instituição

Instituição Dissertação Tese Total %

UFES 5 4 9 16% UNESP-Marília 5 1 6 11% UFMT 6   6 11% UFU 3 1 4 7% UFPel 4   4 7% PUC-SP 1 3 4 7% UFPE 3   3 5% USP 1 2 3 5% UNICAMP 1 1 2 4% Outras8 13 3 16 28% Total geral 42 15 57 100%

Fonte: Dados elaborados pelas autoras.

Em 25 instituições brasileiras, situadas em 14 estados, pesquisadores se debruçaram sobre o tema cartilhas, ampliando bastante este campo de pesquisa.

Identifi camos, neste contexto, duas redes de pesquisa que, valendo-se de estratégias diferentes, tiveram grande impacto sobre esse campo do conhecimento: a) a criação, em 1994, do Grupo de Pesquisa “História do Ensino de Língua e Literatura no Brasil” (GPHELLB), coordenado por Maria do Rosário Mortatti; b) a associação, em 2001, de grupos de pesquisadores da UFMG, UFMT, UFPel e, mais tarde, UFES, UFF e UFMA na Pesquisa Interinstitucional “Cartilhas escolares: ideários, práticas pedagógicas e editoriais; construção de fontese de conhecimento sobre a História da Alfabetização e das cartilhas (MG/ RS/MT/AM/ES/RJ)”, coordenada por Isabel Cristina Alves da Silva Frade.

Desde a produção de sua pesquisa de livre docência em 1994,9 que se materializou na obra Os

sentidos da alfabetização: São Paulo - 1876/1994, publicada em 2000, Mortatti tem contribuído signifi cativa e sistematicamente na produção relativa à alfabetização e sua história, o que inclui, necessariamente, as cartilhas.10 Criou o GPHELLB, investindo na estratégia de fortalecimento e crescimento vertical do grupo

em torno de um “Projeto Integrado de Pesquisa ‘História do Ensino de Língua e Literatura no Brasil’ (PI- PHELLB), que vem sendo desenvolvido, em etapas trienais, desde 1995”, organizando-se em torno de “temática, objetivo geral e método de investigação que são comuns a todas as pesquisas de seus integrantes.” (Mortatti, 2014, p.12).

8 Neste item encontram-se as 16 instituições que contribuíram com 1 trabalho cada uma: UFMG; UFC; UniUbe; UFRGS;

UFSM; UNISINOS; UFPB; UFMS; UDESC; UFRJ; UFSC; UnoChapecó; UFMA; UFG; UNESC; UEPG.

9 Infelizmente, os bancos de dados consultados não incluem pesquisas de Livre Docência e de Pós-Doutorado.

O “Grupo das Cartilhas”, como passou a ser conhecido após a proposição da Pesquisa Interinstitucional, reuniu os grupos de pesquisa do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE/UFMG),11 História

da Alfabetização, Leitura, Escrita e dos Livros Escolares (HISALES/UFPel),12 Alfabetização e Letramento

Escolar (ALFALE/UFMT),13 Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alfabetização, Leitura e Escrita do Espírito

Santo (NEPALES/UFES),14 Programa de Alfabetização e Leitura (PROALE/UFF)15, além de um pesquisador

da UFAM.16 Teve como estratégia o fortalecimento e crescimento horizontal de seus vários grupos, buscando:

em primeiro lugar, [...] articular e re-construir a História da Alfabetização em seis estados brasileiros; em segundo lugar, [...] estabelecer vínculos e dissonâncias entre os pressupostos teóricos presentes nos manuais, nos programas ofi ciais dos estados e na prática pedagógica dos professores e, em terceiro lugar, evidenciar outros

aspectos relacionados às práticas editoriais ligadas à materialidade do impresso (Frade, 2011, p.7-8).17

Ressaltamos o papel dessas duas redes, na medida em que os dados evidenciam que quatro das universidades associadas na pesquisa interinstitucional (UFES, UFMT, UFPel e UFMG), e mais especifi camente os grupos acima referidos, respondem pela orientação de 17 trabalhos (29,8%) da produção do período analisado18 e o GPHELLB responde pela orientação de 6 trabalhos (10,5%). A produção dessas

duas redes totaliza 23 trabalhos, ou seja, 40,3% do total do período.

Outros grupos de pesquisa que também se dedicam à história da educação, da leitura, dos livros escolares e/ou da alfabetização ou estudam estes temas na perspectiva contemporânea (PUC/SP, UFU, USP, UNICAMP, UFPE) produziram 16 trabalhos (28,0%).19 O restante da produção – 16 trabalhos (28,0%) - está

distribuído em 16 instituições.

Essa análise nos leva diretamente para o tipo de abordagem contida nos 57 trabalhos deste corpus: 7 se vinculam à perspectiva contemporânea e 50 à perspectiva histórica.

11 Representado por Isabel Cristina Alves da Silva Frade (coordenadora geral da pesquisa) e Francisca Isabel Pereira

Maciel.

12 Coordenado por Eliane Teresinha Peres.

13 Representado por Cancionila Janzkovski Cardoso e Lázara Nanci de Barros Amâncio.

14 Representado por Cláudia Maria Mendes Gontijo e Cleonara Maria Schwartz.

15 Representado por Cecilia Maria Aldigueri Goulart.

16 Carlos Humberto Alves Corrêa.

17 Sobre a produção desses pesquisadores e grupos de pesquisa de diversas regiões, envolvidos na construção desse

campo de conhecimento, ver, especialmente, as obras organizadas por Frade e Maciel (2006), Schwartz, Peres e Frade (2010). Sobre a produção de diferentes grupos, ver também Mortatti (2011) e Mortatti e Frade (2014).

18 Além desses, há mais três trabalhos oriundos da UFES, UFPel e UFMT que foram orientados por outros grupos de

pesquisa, não participantes dessa rede em questão.

19 Vale lembrar que a maior parte desses grupos, além de pesquisar, organiza e cuida de acervos de livros escolares e

No documento História da alfabetização e suas fontes (páginas 62-66)

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