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CAPÍTULO II – AGÔ: DEIXA O FARÁ IMORÁ FALAR

2.2 Fará Imorá: Processo de consolidação do Ilê Fará Imorá Odé

A fim de conhecer o processo que leva à estruturação da comunidade de terreiro, faz-se necessário ouvir e destacar aqui os relatos de pai Marcos de Oxóssi, sacerdote deste lugar, bem como trazer a fala de alguns de seus filhos que acompanharam essa trajetória que contribuíram e participaram do processo de surgimento do Ilê Fará Imorá Odé. Suas vozes são de suma importância e por isso, serão utilizadas entrevistas que foram realizadas durante o processo de pesquisa na graduação, deste autor , e que deu seguimento durante essa pesquisa de mestrado.

As entrevistas realizadas foram direcionadas principalmente aos membros da comunidade de terreiro que fizeram parte do processo de consolidação da casa de culto aos orixás. Assim sendo, foram entrevistados Natalia de Obá que exerce o cargo de Yákekere87 no Fará Imorá; também a Ekedi88 Jamile de Oxum; e por último o Ògán89

Allan de Airá, todos esses, cujas falas serão inseridas neste subtópico, participaram efetivamente do processo de construção do Ilê Fará Imorá Odé e de todas as funções realizadas pela comunidade a fim de que houvesse a consolidação da mesma.

As referidas entrevistas foram realizadas através de questionários, estes, por sua vez elaborados pelo próprio pesquisador e quanto à coleta dos dados foi utilizado um aparelho celular para que as entrevistas fossem gravadas e logo após, transcritas. Estas transcrições na íntegra podem ser averiguadas nos anexos da monografia Fotografia e memória: registros iconográficos do Ilê Asé Fará Imorá Odé (2017) para que o leitor possa ter maior compreensão de como foram conduzidas.

Como já dito anteriormente, a comunidade de terreiro funcionava antes de sua construção, no ano de 2013, na residência do pai de santo. Apenas algumas atividades, mais especificamente o que o referido babalorixá chama de culto aos egunguns ou giras de catiços (exus e pombo giras)90, eram desenvolvidas. Quanto a isso, pai Marcos de Oxóssi, em entrevista, fala das atividades realizadas em sua residência antes da primeira inauguração da comunidade de terreiro em 2013.

Eu já tocava as giras. Eu interrompi durante um desentendimento, mas tocava assim ocasionalmente. Mas Seu Balança sempre virava dentro de casa, Ângela era ekedji, Seu Balança tinha uma ligação muito forte

87 Yá kékeré: mãe pequena do terreiro, na ausência do babalorixá a yá kékeré responde pelo terreiro.

88 Ekedi: cargo exclusivamente feminino, que tem como responsabilidade assegurar a segurança e o conforto das pessoas que estão manifestadas nos orixás.

89 Ògán: posto exclusivamente masculino responsável por cantar e tocar nas cerimonias e festividades do candomblé

90 O culto aos Egunguns ou giras de catiços (exu, pombo gira) trata-se do culto aos ancestrais, este culto é praticado em grande maioria das casas de santo, tendo maior ênfase na umbanda.

com ela. Aí recebia, atendia, depois passavam meses sem ter. Nesse período eu vim pra cá, para essa casa, eu já estava aqui quando eu paguei meus sete anos. Acho que construí essa casa em 2005, 2006. Aí tocava aqui, em menor regularidade. Certamente com maior regularidade a partir de 2007, 2008 (SOUZA, 2020, p. 102).

Percebe-se que há uma movimentação do babalorixá antes da primeira inauguração da comunidade, tendo como ponto de partida primeiramente atividades não relacionadas diretamente ao candomblé, mas sim ao culto que é muito praticado pelos umbandistas que cultuam exús, pombo giras91, caboclos, ciganos e outras entidades. Quanto às atividades relacionadas ao candomblé, a casa era impossibilitada de realizar algumas funções, pois não havia, neste caso, um lugar apropriado e preparado para realização destas, exemplo disso são as obrigações de santo ou mais especificamente a raspagem de iaôs.

Natália de Obá, Yá Kékeré do terreiro, que não só como filha de santo, mas também como cargo que coordena as funções e demais cargos da casa e substitui o babalorixá na sua ausência, esteve e acompanhou parte desse processo de surgimento da casa. Ao ser entrevistada, evidencia um pouco desse processo de surgimento da comunidade de terreiro de Babá Marcos e como as atividades funcionavam antes da sua consolidação:

Bem, quando entrei na casa, ela ainda funcionava numa varanda na casa do Babá, do meu babalorixá Professor Marcos Torres. Funcionava na varanda da casa dele e tinha aproximadamente umas dez, quinze pessoas na época, algumas dessas pessoas, elas já saíram da casa, mas no mais as outras, elas continuam até hoje. Desde então nós tínhamos reuniões semanais com as giras de catiços, que não tem nenhuma relação direta com o candomblé, como é conhecido o candomblé historicamente hoje. E a casa em si, a casa de santo em si foi constituída mesmo em 2013, em outubro de 2013 (PORTO, 2017, p 66).

Ainda assim, como um terreiro improvisado e limitado, estruturalmente falando, para a realização de grande maioria das práticas ritualísticas do candomblé, havia mesmo assim , alguns iniciados na casa, estes por sua vez foram iniciados na cidade de Águas Lindas, no entorno de Brasília, na casa do Babalorixá Djair de Logunedé, até então sacerdote do Babá Marcos de Oxóssi. Nesta época existiam poucos iniciados e

91 Alguns sacerdotes denominam as giras a um exú do gênero feminino, entretanto, as pombo-giras não se tratam de exús, e sim de entidades de mulheres que já viveram no mundo terreno como profissionais do sexo, bruxas, feiticeiras, rezadeiras.

frequentadores no terreiro improvisado, cerca de 10 a 15 pessoas, fora as pessoas que circulavam nas citadas reuniões neste período, mas que não se intitulavam pertencentes a casa.

Natália de Obá em seu depoimento diz:

Nós precisávamos de um espaço também para que pudéssemos fazer as iniciações das pessoas de uma forma mais fácil, porque sim, já havia iniciados quando entrei na casa. E assim que entrei na casa já havia três, e depois foram mais três que não foram nessa casa de santo que hoje está instituída, era em Águas Lindas e foi por uma necessidade na época, mas há todo um desgaste financeiro e físico para o pessoal se deslocar até lá (PORTO, 2017, p.66).

Como o terreiro ainda não estava consolidado como casa de santo, com todos os espaços necessários para existir como tal e não possuía forma de fazer iniciações, tendo apenas cinco iaôs e os cargos Ekedis e Ogãs, que não eram confirmados92, a comunidade não possuía uma hierarquia acentuada, porém as regras e o respeito por aqueles que eram apontados e suspensos pelo Orixá dono e regente da casa, Oxóssi93, eram consideradas e cumpriam com suas obrigações religiosas normalmente.

Compreendendo que o Fará Imorá Odé iniciou suas atividades em um espaço improvisado na residência do Babalorixá Marcos de Oxóssi entre os anos de 2007 até 2013, é preciso compreender como fora possível a comunidade se consolidar em seu primeiro espaço, no qual o terreiro inaugura sua primeira casa em um lote alugado no Residencial Talismã na cidade de Goiânia e depois caminha para sua segunda inauguração já em terreno próprio no Setor Caraíbas em Goiânia. Ao longo de onze anos até a consolidação da casa de axé, o Babalorixá realizou atividades para angariar fundos para sua construção que se realizou em 2013 em primeiro momento e depois para sua construção já no terreno comprado pela comunidade em 2018.

Tais atividades eram realizadas pelos filhos da casa, que se envolviam em todos os trabalhos necessários para sua realização, buscando assegurar o espaço físico sagrado da comunidade já constituída. Eventos, rifas, a contribuição mensal paga pelos membros, empréstimos bancários e por último e não menos importante o esforço e dedicação de pai Marcos de Oxóssi em fundar a casa de Oxóssi.

92 Confirmado neste caso refere-se ao ato de iniciação, o mesmo que os yawôs passam, porém os cargos Ekejis e Ogãns que não entram em transe no Orixá são apenas confirmados para o Orixá regente de suas cabeças, passando pelo processo muito parecido dos Yawôs só que um pouco mais reduzido e com Orós as vezes um pouco diferenciados.

93 Oxóssi: orixá relacionado à fartura e a prosperidade, segundo a mitologia dos orixás Oxóssi era rei de ketu.

Destaca-se aqui parte do depoimento da Ekedi Jamile de Oxum que resume um pouco sobre essa jornada enfrentada pela comunidade de terreiro a fim de conseguirem o levantamento de fundos para a construção da casa de santo em 2013 e que foi um pontapé inicial para sua reinauguração em 2018:

(...) sim. Nós temos nossa feijoada que nós temos até hoje, feijoada sempre, assim, era o evento maior, com que a gente mais focou nela. Nós tivemos outras coisas, tinha as pessoas, temos até hoje, assim menos, temos pessoas amigos da casa, que ajudaram para que a gente consolidasse nosso Ilê, precisa disso até hoje (PORTO, 2017, p.70). Observa-se no depoimento da Ekeji Jamile de Oxum o empenho dos integrantes da casa com foco em conseguirem a construção da casa, isso demonstra efetivamente a noção de comunidade que o candomblé carrega, além disso, também, a ajuda e apoio daqueles que acreditam e têm simpatia pela religião, os que podem ser chamados de amigos do axé, que fazem sua contribuição e ajudam de alguma maneira os terreiros de candomblé. O Ilê Fará Imorá Odé por sua vez é um exemplo de comunidade que recebeu inúmeras contribuições para que sua construção fosse realizada. O Ogan Allan fala sobre essa movimentação dos membros da casa e inclusive aqueles que estavam dispostos a contribuírem com a comunidade de terreiro mesmo não fazendo parte dela, neste trecho da entrevista94.

Moisés: Allan, quais foram os recursos que a casa utilizou para ela se consolidar, as formas que ela utilizou para que ela pudesse se constituir casa realmente?

Allan: recursos financeiros que você fala? Moisés: isso!

Allan: ah basicamente a comunhão da comunidade mesmo, vaquinha né? Muito compartilhamento de contas, inclusive o próprio pai de santo que se dispôs também de muito do seu patrimônio, além de seu tempo, do seu dinheiro mesmo, seu patrimônio. O Babá doou muito dinheiro para a casa, mas todos nós, sempre temos uma cota mensal que agente contribui até hoje desde a época de 2008, não tão organizado como está hoje, né?! Mas desde a época de 2008 já tinha uma cota que agente contribuía, lá mesmo no nosso escritório de advocacia quando o Cláudio, que é meu sócio, que é meu irmão de santo também, que também é ogã, Pejigãn da casa, na época o Gustavo que também era Ogã da casa. A gente tinha um acordo de passar uma porcentagem até mesmo dos nossos ganhos mensais para a casa. Isso funcionou durante um período que se não me engano de

94 Entrevista concedida por HAHNEMANN, Allan Ferreira. Entrevista II. [ 15/07/2017 ].Entrevistador: Autor,2020, arquivo MP3 (30 min)

2010 até 2013, por aí, foi uns dois anos, três anos, uma experiência nossa mesmo de contribuição (PORTO,2017,p. 73).

Além dessa ideia de comunidade , expressa pelos integrantes do Ilê Fará Imorá Odé, observa-se as dificuldades que a casa enfrentou para que pudesse ser edificada. Em uma discussão mais ampla é possível averiguar que as casas que cultuam religiões afro-brasileiras enfrentam grandes dificuldades para se estabelecerem como tal, haja vista a ausência de lei específica que conceda benefícios para tanto. O que existe, nesse sentido, são imunidades tributárias previstas constitucionalmente a todos os templos, conforme artigo a seguir: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre: b) templos de qualquer culto” (Constituição Federal, art. 150, inciso IV, B).

No entanto, em 2013 a casa entra em construção e no mês de outubro é fundada com a obrigação de 14 anos do Babalorixá Marcos de Oxóssi e da confirmação das ekejis95 Jamile de Oxum e Lorena de Oxóssi, primeiras Ekejis de Oxóssi confirmadas no solo sagrado do Ilê Fará Imorá Odé. Desde então, inúmeras obrigações foram realizadas na comunidade de terreiro durante sua permanência no Residencial Talismã. Cerca de dezessete obrigações até o ano de 2016, número que continuou crescendo durante os anos. Este crescimento pode ser averiguado no gráfico a seguir, construído a partir da análise das listas de obrigações realizadas de 2013 até as obrigações realizadas no inicio de 2019, já na casa definitiva no Sítio Recreio Caraíbas:

Gráfico 1 : Crescimento do terreiro a partir da quantidade de pessoas iniciadas

95 Posto no candomblé dedicado as mulheres, possuem a função de zelar pelo orixá do sacerdote da casa e dos demais filhos da comunidade de terreiro.

7 24 40 54 60 64 72 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Fonte: elaborada pelo próprio autor (2020)

Observando o gráfico96 1, pode-se averiguar a ascensão de obrigações e iniciações, representadas pela linha em destaque, pois a quantidade de pessoas iniciadas e confirmadas entre os anos de 2013 a 2016 cresceu significativamente, saindo de vinte e quatro pessoas iniciadas para cinquenta e quatro pessoas iniciadas. Este número continua crescendo após a reinauguração do terreiro em 2018, pois este quantitativo passa de cinquenta e quatro pessoas iniciadas para setenta e duas pessoas iniciadas até o inicio de 2019. É importante ressaltar que este gráfico foi realizado apenas referente as pessoas que foram iniciadas por pai Marco de Oxóssi, não levando em consideração os abians97, que representam uma quantidade significativa no terreiro, que pode ser observada no gráfico98 2 , abaixo, demonstrando a quantidade de pessoas segundo sua posição hierárquica:

Gráfico 2 : Quantidade de integrantes segundo sua posição hierárquica

Fonte: elaborada pelo próprio autor (2020)

Pode-se verificar no gráfico acima, a quantidade de trinta abians que estão hoje na casa. Essas pessoas não foram contabilizadas no gráfico de crescimento da comunidade de terreiro, demonstrando que a casa segue em expansão e esse crescimento fica mais evidente quando os dados são cruzados com o número de pessoas iniciadas e confirmadas e também em relação às pessoas que estão à espera de serem iniciadas e confirmadas. No ano de 2016 a casa seguiu com um grande fluxo de

96 A coleta de dados do gráfico em questão foi realizada através da consulta à lista do Babalorixá de iniciados e não iniciados do Ilê Fará Imorá Odé.

97 Abian: pessoas do candomblé que ainda não foram iniciadas ou confirmadas no candomblé.

98 Gráfico 2: dados retirados da lista de integrantes do babalorixá Marcos de Oxóssi.

1 7 8 3 43 4 30 0 10 20 30 40 50

obrigações e atividades religiosas obrigatórias para as casas de santo, dentre elas festas de Ogum99, Oxóssi100, Xangô101 e Olubajé102. Além das atividades que envolvem o culto aos Egunguns (exús e pombo-giras). Esta última, pela sua regularidade, apresenta-se como a principal responsável pela entrada de membros na comunidade de terreiro. No fim, depara-se com cerca de noventa e duas pessoas que estão hoje como membros do Ilê Fará Imorá Odé, desde o início das suas atividades em 2007 até o inicio de 2019.

Neste processo de consolidação, de 2007 a 2018, a casa em questão pôde elaborar e realizar uma série de projetos, primeiramente com iniciativa de pai Marcos de Oxóssi, mas que foi abraçada por toda a comunidade de axé, uma vez que estes projetos beneficiariam tanto os membros do terreiro quanto o grupo externo, composto por frequentadores ocasionais e simpatizantes. Sobre esses projetos, destaca-se, sobretudo o surgimento do Instituto Fará Imorá, uma organização que beneficia os filhos de santo da casa e tem, também, como objetivo levar apoio e conhecimento à comunidade externa. Sobre esse assunto, o Ogan Allan, também cita em sua entrevista:

Allan: Então, a gente formatou no ano passado em 2016, redigimos um estatuto, né?! E já registramos o Instituto Fará Imorá Odé, um Instituto ligado à casa de santo, com o objetivo exatamente nessa linha de promover atividades acadêmicas, científicas, culturais, lúdicas e também outros trabalhos ligados à comunidade, trabalhos sociais ligados à comunidade, a casa tem essa característica de ter uma grande quantidade de pessoas ligadas à universidade, desde graduandos, bacharelandos, formados, bacharéis, mestres, doutores, né?! ( PORTO, 2017, p. 76)

É possível observar no Ilê Fará Imorá Odé à presença de grande quantidade de membros com titulações acadêmicas e que estão hoje na graduação, mestrados e doutorados. A presença dessas pessoas dentro da comunidade de terreiro, de forma orgânica, beneficia o Ilê Axé e facilita a comunicação e articulação com as Universidades, o que viabiliza o trabalho do Instituto e realização dos seus projetos. Esta quantidade de pessoas inseridas na academia pode ser observada no quadro103 abaixo:

99 Ogum: Orixá guerreiro do sexo masculino está ligado à energia dos metais, muito ligado a Exú.

100 Oxóssi: Orixá da prosperidade e da fartura, geralmente seu domínio é relacionado as matas por ser um orixá caçador.

101 Xangô: Orixá masculino ligado ao trovão raios e ao fogo, este orixá foi rei na cidade Africana Oyó.

102Olubajé: festa destinada ao Orixá masculino Omolú, senhor da terra e das mazelas e da cura.

103 Quadro 1: os dados para realizar o quadro foram retiradas da lista de integrantes do instituto Fará Imorá.

Quadro 1: Titulações Acadêmicas dos Membros do Ilê Fará Imorá Odé GRADUANDOS 11 GRADUADOS 23 ESPECIALISTAS 04 MESTRES 9 DOUTORANDOS 01 DOUTORES 5

Fonte: Instituto Fará Imorá (2020)

Observando o quadro 1, acima, verifica-se o grande número de pessoas inseridas na universidade que, de certa forma, facilita as articulações com estes locais e com outras instituições públicas a fim de conseguir espaço nestas e tramitar benefícios para o grupo. Por essa composição pode-se inferir ,ainda, que na comunidade há uma valorização do conhecimento acadêmico, permitindo maior mobilidade social aos membros desta.

Ogã Allan ,durante seu depoimento, citou também sobre o objetivo do Ilê Fará Imorá Odé promover atividades acadêmicas por meio do Instituto Fará Imorá criado no ano de 2016. Em resultado destes objetivos, foi promovido pelo Instituto, em novembro de 2017 o VII Colóquio de História e Imagens, com o tema Visualidades não Europeias. O evento foi promovido em parceria do Instituto Fará Imorá Odé com a Universidade Estadual de Goiás, IFG e o Grupo de Estudos de História e Imagens (GEHIM) coordenado pela professora Dra. Heloisa Selma Fernandes Capel da UFG. O evento aconteceu na sede do Conselho Estadual de Educação de Goiás, na cidade Goiânia e reuniu diversos pesquisadores que trabalham com os estudos de História e Imagens, no Estado de Goiás.

Allan de Airá ao ser entrevistado em 2017, conta também dos projetos realizados pelo Instituto Fará Imorá que, não se relacionam apenas a Universidade, mas também apresenta uma série de atividades culturais e lúdicas que beneficiam a comunidade no todo.

Ogan Allan: É também um momento histórico que a casa está vivendo nesse sentido, né?! E esse ano também inauguramos, batizamos o Bloco do Caçador que foi uma outra iniciativa cultural, lúdica também, de organizar um bloco de percussão para sair no carnaval de rua da cidade de Goiás. A gente teve uma grande ajuda do mestre Alemão, coordenador e presidente da associação Coró de Pau e a participação de vários integrantes do Coró de Pau nesse lançamento nosso. A Geovana também e a galera da casa de santo que abraçou a ideia de forma magnífica, fizemos uma saída brilhante e linda na

cidade de Goiás com cerca de uns 60 percussionistas e fizemos muito barulho, muita movimentação, só elogios também, de fora a fora ao bloco!…é, sem sombra de dúvida foi mais um momento histórico, mais uma vitória, uma realização do sonho mesmo que era do pai de santo, meu, de uma galera de sair com uma galera na rua, e estamos pretendendo outras iniciativas também do bloco para esse ano, mais umas três, quatro tocadas grandes talvez no FICA, se preparando também para o carnaval do ano que vem, mas são iniciativas que a gente pretende também angariar recursos com ela, mas também outra forma de levar nossa cultura, né?! Nossos Orixás, as nossas histórias, nossos itans104 para a rua. Que seja pela música, que seja pelas roupas, pelos artigos acadêmicos, então são todas formas de fortalecer o Instituto e dentro desse laço social, mas também são formas de angariar recursos, né?! (PORTO,2017,p.76)

O Bloco do Caçador, citado pelo Ogan Allan, referencia muito esta ideia de levar outros modos de cultura à comunidade externa, priorizando à conscientização étnico-racial para as pessoas que participam dos ensaios do bloco. Inúmeras vezes,